29/12/2015

A humilde revelação de Deus no Natal

O Natal é e sempre será uma boa notícia, pois a encarnação de Deus indica que ele não pode ser encontrado nas supostas "revelações divinas" alardeadas por aí, tampouco nos elevados sacrifícios e prodigiosas manifestações que necessitam do impulso midiático. O Natal será sempre novidade a nossos ouvidos, pois Deus se manifestou assim mesmo como está escrito e ouvimos nas celebrações do Natal: na miséria de uma curral de animais e na loucura de uma rude cruz de madeira. Deus é encontrado na manjedoura e na cruz! Por mais que a sabedoria deste mundo procure algo mais elevado e sublime, é assim que Deus escolheu se revelar aos seres humanos. E a transmissão desta revelação Deus apresenta a você de forma tão singela e simples nas Escrituras. Ali você ouve Deus falar com você, ali "você tem as fraldas e a manjedoura onde Cristo estava deitado" no dizer de Lutero.

É por isso também que Lutero é e sempre será atual contra "fanáticos", "entusiastas" (schwärmer) e "profetas celestiais" (himmlischen Propheten) que não deixam a Palavra de Deus ser verdade, com suas palavras enganosas de "sábios" e "escribas" (1 Co 1.20).

Retábulo de Clumber (O Batismo de Cristo; A Crucificação; A Natividade), pintado entre 1430-1499, por Escola Italiana (Marchigiana) da 1ª metade do séc. XIV
Nada se pode crer a respeito de Deus, descobrir ou saber a não ser aquilo que foi revelado a respeito dele. Aqui temos que nos ater ao que diz o ditado: Aquilo que está acima de nós não nos afeta! São totalmente diabólicas essas formas de conhecimento que veem coisas muito elevadas além e fora da revelação de Deus. De nada servem a não ser para lançar-nos na perdição, pois ocupam-se com um assunto que não pode ser investigado, a saber, o Deus oculto. Se Deus oculta suas decisões e mistérios, por que então nos esforçamos tanto assim para que nos sejam revelados? Desde o início, Deus sempre se opôs a esse tipo de curiosidade. Sua vontade e decisão é esta:
“Deixarei de ser um Deus oculto para ser um Deus revelado, sem deixar, todavia, de ser o mesmo Deus. Vou fazer-me carne e enviar meu Filho. Esse vai morrer pelos seus pecados e ressuscitar dos mortos. E assim vou satisfazer o seu desejo que é saber se é predestinado ou não. Veja, aqui você tem meu Filho. Escute o que ele tem a dizer, olhe para ele, como está deitado na manjedoura, no colo da mãe, pendurado na cruz. Atente para o que ele faz e diz. Ali, você, certamente, me encontrará. Se você dá ouvidos à voz de Cristo, é batizado em seu nome e ama a sua palavra, então você certamente é predestinado e pode ter certeza de sua salvação”. (Martinho Lutero)

Quem é o menino a repousar nos braços de Maria?

 
1. Quem é o menino a repousar
    nos braços de Maria?
    A quem os anjos vêm cantar
    seus hinos de alegria?
        Ele é Jesus, o Rei,
        a quem os anjos vêm cantar:
        Honra e louvor trazei
        ao Filho de Maria!

2. Por que tão pobre quis nascer
    de Deus o Filho amado?
    Aos homens veio socorrer,
    livrando-os do pecado.
        Ele é Jesus, o Rei,
        a quem os anjos vêm cantar:
        Honra e louvor trazei
        ao Filho de Maria!

3. Trazei-lhe o vosso coração,
    prostrai-vos reverentes
    aos pés do Rei, que a salvação
    vos conquistou, ó crentes!
        Ele é Jesus, o Rei,
        a quem os anjos vêm cantar:
        Honra e louvor trazei
        ao Filho de Maria!

Hinário Luterano, nº 546

28/12/2015

O Verbo de Deus nascido de uma virgem para nossa salvação


“A Virgem com Anjos” (1881), William-Adolphe Bouguereau (1825–1905)

Em uma só palavra,
toda a sua honra foi resumida,
a saber,
quando se chama a ela “Mãe de Deus”.
Ninguém pode dizer coisa mais Sublime
dela e a ela,
ainda que tivesse tantas línguas
como existem Folhas e Ervas,
Estrelas no Céu e Areia no Mar.
Também é preciso meditar no coração
o que significa ser Mãe de Deus.
(Martinho Lutero)

In einem Wort
hat man alle ihre Ehre
zusammengefasst,
so hat man sie 'Gottes Mutter' nennt;
niemand kann Größeres von ihr
noch zu ihr sagen,
und wenn er gleich so viel Zungen hätte,
als es Laub und Gras,
Sterne am Himmel und Sand am Meer gibt.
Es will auch im Herzen bedacht sein,
was es heißt, Gottes Mutter zu sein.

(Martin Luther)

26/12/2015

Santo Estêvão, Martir - 26 de dezembro

Santo Estêvão, Martir
26 de dezembro




O que significa ter uma morte feliz e bem aventurada? Alguns dirão: "Uma morte feliz e bem aventurada é uma morte sem dor e sofrimento". Será que esta seria a resposta correta? Com certeza é possível ter uma morte feliz e bem aventurada, mas para que isto ocorra precisamos confiar no Verbo encarnado, o nosso Salvador Jesus Cristo. 

Jesus Cristo, o Deus que se fez carne  a fim de nos salvar, é a chave da morte feliz e bem aventurada.  Santo Estêvão, Martir, teve a morte mais feliz e bem aventurada que a história tem registro, pois, além de estar cheio do Espírito Santo, também viu o céu aberto e Jesus lhe esperando: "Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus." A morte de Santo Estêvão foi feliz e bem aventurada, mas, a sua morte foi extremamente dolorosa. Ele morreu apedrejado. 

Deus concede a todo ser humano um dom chamado vida. E Ele santificou este dom através da vida e obra de nosso Senhor Jesus Cristo. A chave de ter uma morte feliz e bem aventurada é Cristo, somente Ele. Podemos pedir para termos uma morte sem dor e sem sofrimento? Claro, por que não. Mas deveríamos pedir para que Deus Espírito Santo nos mantenha na fé, confiando e amando Jesus como nosso único Salvador.  



Textos para a celebração de Santo Estêvão conforme Lecionário Luterano da IELB 

Salmo para a comemoração de Santo Estêvão (Lecionário Luterano - IELB) (Sl 31.1,3 e5; Antifona Ape 7.14b)

São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro,

1 Em ti, SENHOR, me refugio; não seja eu jamais envergonhado; livra-me por tua justiça.

3 Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás.

5 Nas tuas mãos, entrego o meu espírito; tu me remiste, SENHOR, Deus da verdade.

São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro,

Coleta do dia (Oração)
Pai celestial, em meio aos nossos sofrimentos por causa de Cristo, concede-nos a graça de seguir o exemplo de Estevão, o primeiro mártir, para que também nós possamos olhar para aquele que sofreu e foi crucificado em nosso favor e orar por aqueles que nos fazem o mal; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Primeira Leitura / Antigo Testamento: 2 Crônicas 24.17-22
  1. 17  Depois da morte de Joiada, vieram os príncipes de Judá e se prostraram perante o rei, e o rei os ouviu. / 18 Deixaram a Casa do SENHOR, Deus de seus pais, e serviram aos postes-ídolos e aos ídolos; e, por esta sua culpa, veio grande ira sobre Judá e Jerusalém. / 19 Porém o SENHOR lhes enviou profetas para os reconduzir a si; estes profetas testemunharam contra eles, mas eles não deram ouvidos. / 20 O Espírito de Deus se apoderou de Zacarias, filho do sacerdote Joiada, o qual se pôs em pé diante do povo e lhes disse: Assim diz Deus: Por que transgredis os mandamentos do SENHOR, de modo que não prosperais? Porque deixastes o SENHOR, também ele vos deixará./ 21 Conspiraram contra ele e o apedrejaram, por mandado do rei, no pátio da Casa do SENHOR. / 22 Assim, o rei Joás não se lembrou da beneficência que Joiada, pai de Zacarias, lhe fizera, porém matou-lhe o filho; este, ao expirar, disse: O SENHOR o verá e o retribuirá.
Gradual (Salmo 34.9-19)
  1. 9 Temei o SENHOR, vós os seus santos, pois nada falta aos que o temem. / 19 Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra.

Segunda leitura (Atos 6.8-7.2a, 51-60)

8 Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. / 9 Levantaram-se, porém, alguns dos que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia e Ásia, e discutiam com Estêvão; / 10 e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava. / 11 Então, subornaram homens que dissessem: Temos ouvido este homem proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus.
12 Sublevaram o povo, os anciãos e os escribas e, investindo, o arrebataram, levando-o ao Sinédrio. / 13 Apresentaram testemunhas falsas, que depuseram: Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei; / 14 porque o temos ouvido dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu. / 15 Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estêvão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo.
7.2a: Estêvão respondeu:7. 51-60: 51 Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis. / 52 Qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos, / 53 vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes. / 54 Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele. / 55 Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, / 56 e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus. / 57 Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. / 58 E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. / 59 E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! / 60 Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.


Aleluia e Verso

C Aleluia! Aleluia! Aleluia!
L Aleluia. Preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos. Aleluia.
C Aleluia! Aleluia! Aleluia!


Leitura do Evangelho: Mateus 23.34-39
Glórias a ti, Senhor Jesus!
        34 Por isso, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas. A uns matareis e crucificareis; a outros açoitareis nas vossas sinagogas e perseguireis de cidade em cidade;/ 35 para que sobre vós recaia todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o santuário e o altar. / 36 Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre a presente geração. / 37 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!/ 38 Eis que a vossa casa vos ficará deserta./ 39 Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!
Glórias a ti, ó Cristo Jesus! 

Prefácio próprio para a celebração de apóstolos e evangelistas (Manual de liturgia da IELB):
        É verdadeiramente digno, justo e do nosso dever que em todos os tempos e em todos os lugares te demos graças, ó Senhor, Santo Pai, onipotente, eterno Deus, pois, com poder governas e proteges a tua Santa Igreja, na qual os abençoados apóstolos e evangelistas proclamaram o Evangelho divino e Salvador. Portanto, com os patriarcas e profetas, com os apóstolos e evangelistas, com Santo Estêvão, e com toda a companhia celeste, louvamos e magnificamos o teu glorioso nome, exaltando-te sempre, cantando:



Textos para o dia de Natal

Textos para o dia de Natal

Introito (Salmo 98.1-4 e Isaías 9.6)
Antífona
Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o no-so rei./ Ele será chamado de “Conselheiro Maravilhoso”, “Deus Poderoso”, “Pai Eterno”, “Príncipe da Paz”./


1. Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque ele tem feito mara-vi-lhas;/ a sua destra e o seu braço santo lhe alcançaram a vi-tó-ria./
2. O SENHOR fez notória a sua sal-va-ção;/ manifestou a sua justiça perante os olhos das na-ções./
3. Lembrou-se da sua misericórdia e da sua fidelidade para com a casa de Is-rael;/ todos os confins da terra viram a salvação do no-sso Deus./
4. Celebrai com júbilo ao SENHOR, todos os confins da te-rra;/ aclamai, regozijai-vos e cantai lou-vo-res.
Glória ao Pai e ao Filho/ e ao Espírito San-to, como era no prin-cípio, agora é e para sempre será - de eternidade a eternidade. Amém./
ANTÍFONA
Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o no-sso rei./ Ele será chamado de “Conselheiro Maravilhoso”, “Deus Poderoso”, “Pai Eterno”, “Príncipe da Paz”./

Oração do dia
Todo-poderoso Deus, concede que o nascimento de Teu único Filho nos liberte da escravidão do pecado; através de Jesus Cristo, Teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Primeira leitura: Isaías 52.7-10
7 Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina! / 8 Eis o grito dos teus atalaias! Eles erguem a voz, juntamente exultam; porque com seus próprios olhos distintamente vêem o retorno do SENHOR a Sião. / 9 Rompei em júbilo, exultai à uma, ó ruínas de Jerusalém; porque o SENHOR consolou o seu povo, remiu a Jerusalém. / 10 O SENHOR desnudou o seu santo braço à vista de todas as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.

Gradual (Isaías 9.6; Salmo 98.1ª)
Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o no-sso rei./ Ele será chamado de “Conselheiro Maravilhoso”, “Deus Poderoso”, “Pai Eterno”, “Príncipe da Paz”./
Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque ele tem feito maravilhas.


Segunda leitura: Hebreus 1.1-6
1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, / 2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. / 3 Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, / 4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles. / 5 Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho? / 6 E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.

Verso/ Aleluia (João 1.14)
Aleluia! Aleluia! Aleluia!
Aleluia. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. Aleluia.
Aleluia! Aleluia! Aleluia!

Leitura do Evangelho:
Glórias a ti, Senhor Jesus!
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus./ 2 Ele estava no princípio com Deus. / 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. / 4 A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. / 5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. / 6 Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. / 7 Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. / 8 Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, / 9 a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem. / 10 O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. / 11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. / 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; / 13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. / 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
Glórias a ti, ó Cristo Jesus!


Prefácio próprio de Natal:
É verdadeiramente digno, justo e do nosso dever que em todos os tempos e em todos os lugares te demos graças, ó Senhor, Santo Pai, onipotente, eterno Deus, mediante Jesus Cristo Nosso Senhor, pois, no mistério do Verbo que se fez carne Tu nos deste nova revelação de Tua glória, a fim de que, vendo-te na pessoa de Teu Filho, possamos conhecer e amar as coisas que não podemos ver. Portanto, com os anjos e arcanjos e com toda a companhia celeste, louvamos e magnificamos o teu glorioso nome, exaltando-te sempre, cantando:

24/12/2015

O Nascimento do Senhor - Véspera de Natal

John Singleton Copley
Introito: Salmo 24.1,3-5; antífona Salmo 2.7

Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.
1 Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.
3 Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar?
4 O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente.
5 Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação.
Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.
Coleta (Oração do Dia)

Ó Deus, que nos alegras a cada ano quando lembramos do nascimento de teu único Filho Jesus Cristo, concede que possamos recebe-lo alegremente como nosso Redentor e, nesta verdadeira confiança, estaremos prontos a olhar para Ele quando vier como nosso Juiz; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Primeira Leitura: Antigo Testamento: Isaías 7.10-14

E continuou o SENHOR a falar com Acaz, dizendo: /11 Pede ao SENHOR, teu Deus, um sinal, quer seja embaixo, nas profundezas, ou em cima, nas alturas. / 12 Acaz, porém, disse: Não o pedirei, nem tentarei ao SENHOR. / 13 Então, disse o profeta: Ouvi, agora, ó casa de Davi: acaso, não vos basta fatigardes os homens, mas ainda fatigais também ao meu Deus? / 14 Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel.

Gradual: Isaías 9.6; Salmo 98.1

Pois já nasceu uma criança, Deus nos mandou um menino que será o no-sso rei./ Ele será chamado de “Conselheiro Maravilhoso”, “Deus Poderoso”, “Pai Eterno”, “Príncipe da Paz”./
Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque ele tem feito maravilhas

Segunda Leitura: Epístola: I João 4.7-16


7 Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. / 8 Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. / 9 Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. / 10 Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. / 11 Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. / 12 Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado. / 13 Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito. / 14 E nós temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. / 15 Aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele, em Deus. / 16 E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.

Aclamação do Santo Evangelho e Verso do Dia

Aleluia! Aleluia! Aleluia!
Aleluia! Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Aleluia.
Aleluia! Aleluia! Aleluia!
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus 1.18-25
Glórias a ti, Senhor
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. / 19 Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente. / 20 Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. / 21 Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. / 22 Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: / 23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco). / 24 Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. / 25 Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus.
Glórias a ti, ó Cristo.

18/12/2015

18 de Dezembro: Ó Adonai


GRANDES ANTÍFONAS DO ADVENTO
18 de Dezembro: Ó Adonai

ANTÍFONA
Ó Adonai, guia da casa de Israel,
que aparecestes a Moisés na sarça ardente
e lhe destes vossa lei sobre o Sinai:
vinde salvar-nos com o braço poderoso!

MAGNIFICAT
A minha alma engrandece ao Senhor,
e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador,
porque ele contemplou na humildade da sua serva.
Pois desde agora todas as gerações me considerarão bem-aventurada,
porque o Poderoso me fez grandes coisas.
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia vai de geração em geração  sobre os que o temem.
Agiu com o seu braço valorosamente;
dispersou os que no coração alimentavam pensamentos soberbos.
Derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes.
Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos.
Amparou a Israel, seu servo, a fim de lembrar-se da sua misericórdia,
a favor de Abraão e de sua descendência para sempre,
como prometera aos nossos pais.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
como era no princípio,
agora é e para sempre será - de eternidade a eternidade. Amém.

ANTÍFONA
Ó Adonai, guia da casa de Israel,
que aparecestes a Moisés na sarça ardente
e lhe destes vossa lei sobre o Sinai:
vinde salvar-nos com o braço poderoso!

17/12/2015

17 de Dezembro: Ó Sabedoria

“Deus criando o Sol, a Lua e as Estrelas” (séc. XVII), Jan Brueghel, O Jovem (1601–1678)

GRANDES ANTÍFONAS DO ADVENTO
17 de dezembro: Ó Sabedoria

ANTÍFONA
Ó Sabedoria, que saístes da boca do Altíssimo,
e atingis até os confins de todo o universo
e com força e suavidade governais o mundo inteiro:
oh vinde ensinar-nos o caminho da prudência!

MAGNIFICAT
A minha alma engrandece ao Senhor,
e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador,
porque ele contemplou na humildade da sua serva.
Pois desde agora todas as gerações me considerarão bem-aventurada,
porque o Poderoso me fez grandes coisas.
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.
Agiu com o seu braço valorosamente;
dispersou os que no coração alimentavam pensamentos soberbos.
Derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes.
Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos.
Amparou a Israel, seu servo, a fim de lembrar-se da sua misericórdia,
a favor de Abraão e de sua descendência para sempre,
como prometera aos nossos pais.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
como era no princípio,
agora é e para sempre será - de eternidade a eternidade. Amém.

ANTÍFONA
Ó Sabedoria, que saístes da boca do Altíssimo,
e atingis até os confins de todo o universo
e com força e suavidade governais o mundo inteiro:
oh vinde ensinar-nos o caminho da prudência!

As Grandes Antífonas do Advento


 As Grandes Antífonas do Advento são orações curtas entoadas (ou lidas) nos últimos dias do Advento (17 a 23 de dezembro) durante o ofício das Vésperas (oração ao anoitecer, que marca o início do novo dia litúrgico). Quando a Igreja se reúne para o ofício das Vésperas, é cantado o Magnificat (Hinário Luterano, pág. 55), o Cântico de Maria encontrado em Lucas 1.46-55. Antes e depois do Magnificat é cantada uma antífona. Uma antífona é um versículo ou grupo de versículos que serve como anteparos de um salmo ou cântico.
As Grandes Antífonas são mais conhecidas como “Antífonas do Ó”, em virtude de iniciarem pelo vocativo ‘Ó’! (exclamativo). Cada uma delas traz um magnífico título messiânico para Cristo a partir de profecias do Antigo Testamento e uma petição para Jesus vir cumprir a promessa contida neste título e profecia. As profecias messiânicas de Isaías, especialmente no capítulo 11, constituem o coração das sete antífonas.
Iniciando em 17 de dezembro as antífonas do Ó são cantadas até 23 de dezembro, nos dando uma rica e profunda forma de se preparar para a vinda de nosso Senhor, nosso Emanuel, Jesus Cristo.
A ordem tradicional das sete antífonas é:

17 de dezembro: O Sapientia      - Ó Sabedoria [Isaías 11. 2-3]

18 de dezembro: O Adonai         - Ó Adonai [Isaías 11. 4-5]

19 de dezembro: O Radix Iesse  - Ó Raiz de Jessé [Isaías 11.1 e 10]

20 de dezembro: O Clavis David - Ó Chave de Davi [Isaías 22.22]

21 de dezembro: O Oriens           - Ó Sol do Oriente [Isaías 9.2]

22 de dezembro: O Rex gentium - Ó Rei das Nações [Isaías 2.4; 9.6; 11.10-12]

23 de dezembro: O Emmanuel     - Ó Emanuel [Isaías 7.14]

As antífonas são uma súplica ansiosa para Deus vir e redimir o seu povo. Elas avançam progressivamente através da história da Redenção, partindo do momento da criação "Ó Sabedoria", desde a eternidade, até o nascimento de Jesus em Belém "Ó Emmanuel". Desta forma, a Palavra de Deus criadora do Universo (Sapientia), que deu a Lei (Adonai), prometeu, por meio do trono de Davi (Radix Iesse), libertar os cativos do pecado (Clavis David) e trazer a Luz da salvação para raiar (Oriens) não apenas sobre o seu povo escolhido, mas sobre todas as nações (Rex gentium) e habitar entre nós e como um de nós, o Deus conosco (Emmanuel).
É interessante notar que pegando a primeira letra (após o Ó) de cada uma das antífonas e lendo em sentido inverso, temo um acróstico latino: ERO CRAS - que significa virei amanhã,serei amanhã” ou “estarei (convosco) amanhã”, como que uma resposta do Senhor à nossa súplica pela sua vinda. Isto aponta não somente para o nascimento de Cristo, que celebramos na noite do dia 24 (pois na Igreja, o anoitecer marca o início do dia seguinte), mas também nos lembra que essa criança nascida numa humilde manjedoura é o mesmo Deus revelado a Moisés no Monte Sinai como YHWH (Yahweh) – “Serei o que Serei” (ARA) em hebraico.
O hino de Advento "Ó vem, ó vem, Emanuel" (Hinário Luterano, nº 10), tradução do antigo hino latino “Veni Emmanuel”, é uma paráfrase lírica das antífonas do Ó. No entanto, a ordem das antífonas foi reajustada para o hino, como podemos ver no Hinário Luterano, onde a sétima antífona aparece na primeira estrofe deste que é o Hino do Dia para o Quarto Domingo no Advento (Rorate Coeli). Na verdade, a tradução de Leonido Krey (1913-2008) no Hinário Luterano incluiu apenas as antífonas 7, 3 e 5, nesta ordem.

Ó vem, ó vem, Emanuel, Jesus... Vem depressa!

17/11/2015

O nome de Jesus

Retrato de F. C. D. Wyneken, provavelmente pintada em Lesum (Alemanha), em 1842

“Foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.” (Lucas 2.21)
O Seu amor é um fardo ou o Seu jugo se tornou muito pesado? Você quer estar sob domínio do mundo e da sua própria justiça novamente? Você diz: “Oh não, não, mas o meu coração é fraco e indeciso, e o pecado é mais forte!” Não se desespere. Haverá tentações, provações e pecado o bastante; sim, você poderá ser dominado pela fraqueza do seu corpo. Mas você não está sob o domínio de seu próprio coração, mas de seu Jesus, que te salva de seus pecados e te dá renovada misericórdia através da Palavra e Sacramentos. O perdão dos pecados te envolve como o ar que respira; sim, ele está estendido ao seu redor como o céu. Aquele que te chamou é fiel. Ele fará isso por você. Tão Somente se agarre à Sua Palavra e Sacramento. Não abandone a oração. A morte poderá se encontrar contigo quando e onde ela quiser. Ela somente te levará para o ano eternamente novo, para a paz e bem-aventurança legítima. E mesmo quando você estiver na agonia de morte, esse nome gracioso iluminará o seu caminho e o levará com segurança ao outro lado: JESUS!

-- Rev. Friedrich Conrad Dietrich Wyneken (1810-1876), em sermão baseado em S. Lucas 2.21, em 1.1.1868, na Concordia Lutheran Church (Saint Louis, EUA)

10/11/2015

Hoje na História



Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Alemanha. Ele não foi um homem perfeito, mas aprendemos muito dele. Ainda hoje Irmão Martinho nos ajuda a sermos cristãos melhores através de seu legado.

Somente a Palavra. Somente a Graça. Somente a Fé.

09/11/2015

Comemoração do bem-aventurado Martin Chemnitz, Pastor e Confessor – 9 de novembro


Retrato de Martin Chemnitz, por Jeremy Johnson (Lakewood, CA, EUA)
Depois de Martinho Lutero, Martin Chemnitz (1522-1586) é considerado o teólogo mais importante da história da Igreja Luterana. Chemnitz combinava um intelecto penetrante e um conhecimento quase enciclopédico das Escrituras e dos Pais da Igreja com um amor genuíno pela igreja. Quando várias discordâncias doutrinárias eclodiram após a morte de Lutero, em 1546, Chemnitz dedicou-se inteiramente à restauração da unidade na Igreja Luterana. Ele se tornou o espírito empreendedor e principal autor da Fórmula de Concórdia de 1577, que pacificou as disputas doutrinais com base nas Escrituras e, em grande medida, conseguiu restaurar a unidade entre os luteranos. Chemnitz também escreveu os quatro volumes do Examen Concilii Tridentini [Exame do Concílio de Trento] (1565-1573), no qual ele submeteu rigorosamente os ensinamentos deste Concílio Católico Romano ao juízo das Escrituras e dos Pais da Igreja antiga. O Exame tornou-se a resposta luterana definitiva ao Concílio de Trento, bem como uma exposição minuciosa da fé da Confissão de Augsburgo. Como teólogo e clérigo, Chemnitz foi realmente um dom de Deus para a Igreja.

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Deus, Pai celestial, por meio do ensino de Martin Chemnitz tu nos prepara para a vinda de teu Filho para buscar sua Noiva, a Igreja, a fim de que, com toda a congregação dos redimidos, possamos, finalmente, entrar em tua eterna festa de casamento; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 896, 897)

31/10/2015

Lutero e as divisões do mundo

Compartilho com você o artigo do amigo Edmilson Schinelo sobre o movimento da Reforma propagado por Martinho Lutero. Boa Leitura!

Ilustração publicada em: Luther und dessen Reformation : mit 15 lithographirten folio-blättern / Baron von Löwenstern. Stuttgart, 1830. Inscrição: Anfang der Reformation / Luther lässt 95 sätze gegen den ablass an die scholsskirche zu Wittenberg anschlagen den 31 octbr. 1517.
 
Lutero e as divisões do mundo

Edmilson Schinelo
1. Em busca de uma história mais verdadeira

Há 500 anos, quando a Europa fundamentalista se lançava ao mar para conquistar novas terras, escravizando e exterminando povos indígenas e negros, muitas vozes se levantaram para denunciar o mau uso da religião. Mulheres e homens fizeram surgir, sob a ação do Espírito Santo, movimentos que ajudaram a recuperar o sonho do cristianismo primitivo.

Entre todas essas vozes, uma das que mais ecoaram foi a de um monge chamado Martinho Lutero. Com toda a sua fragilidade humana, com seus erros e acertos, Lutero conseguiu mostrar à Igreja de Cristo que estava na hora de "voltar a Jesus".

O papa Adriano VI, contemporâneo de Lutero, foi capaz de ler a ação do Espírito e assim escreveu a ele:
"Sabemos que, mesmo na Santa Sé, e desde muitos anos, muitas abominações foram cometidas (...). Faremos tudo para começar a reformar a corte de Roma, da qual veio todo o mal. É dela que sairá a cura, como dela veio a doença".
Infelizmente, o sucessor de Adriano IV não teve a mesma diplomacia. Lutero também foi se acirrando em suas posições e as rupturas se acentuaram. Disputas posteriores aumentaram as rivalidades, quase nunca permitindo, nem a católicos romanos nem a luteranos, registros históricos menos tendenciosos. Para a maioria dos romanos, Lutero transformou-se no semeador da discórdia, no culpado pelo surgimento de "outras igrejas não fundadas por Jesus Cristo". Para boa parte dos protestantes, Roma e seu poderio passaram a ser encarnação da besta do Apocalipse.

A inquisição condenou à morte Joana D'Arc, em nome da fé ela foi levada à fogueira. Mais tarde, a Igreja Romana reconheceu o seu erro e elevou Joana D'Arc à honra dos altares. No caso da Reforma, as feridas foram maiores, ainda não foi possível reconhecer todos os erros, de um lado ou de outro.

Algumas afirmações, entretanto, não podem continuar sendo repetidas. Não só por faltarem com a verdade, mas por não contribuírem para a construção da tão sonhada unidade.

2. Lutero dividiu a Igreja?

No ano de 450, sob o pretexto das discussões se Jesus tinha uma natureza (era só Deus) ou duas (a divina e a humana), houve a separação da Igreja Siriana. Em 1054, a Igreja de Constantinopla e a Igreja de Roma romperam as relações, excomungaram-se mutuamente, declarando-se inimigas. Uma chaga que até hoje não se curou. Isto para falar apenas das divisões maiores.

Cristãos e cristãs, de maneira geral, por desconhecimento histórico, continuam a repetir que Lutero foi o responsável pela divisão, sem reconhecer na verdade que, profeticamente, o que fez foi trazer à tona a divisão já existente. E ainda que acontecimentos posteriores viessem a provocar novas rupturas, é importante recuperar sua intenção inicial.

Lutero não falava em separar-se da Igreja de Cristo, mas em reformá-la. Daí o nome Reforma. Chegava aos seus ouvidos os mesmo apelos proféticos que trezentos anos antes, moveram Francisco de Assis: "Reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas". E a reconstrução passa pela busca da unidade. É por isso que o próprio Lutero assim orava a Deus:
"Ó eterno e misericordioso Deus, Tu és do Deus da Paz, do amor e da unidade e não da discórdia e da confusão, que permites em teus justos julgamentos. Este mundo, ao se esquecer de Ti, tem se dividido e quebrado. Só Tu podes criar e sustentar a unidade.

(...) Concede, então, que voltemos à tua unidade e evitemos toda discórdia. E assim, sejamos de uma só vontade, um só conhecimento, uma só disposição e uma só compreensão sobre o fundamento de Jesus Cristo, nosso Senhor".
3. Lutero e a leitura da Bíblia

Também por desconhecimento, é costume ouvir, especialmente no mundo católico romano, a afirmação de que Lutero tirou sete livros da Bíblia. Isso não é verdade. Ao contrário, como grande teólogo que era, Lutero impulsionou um grande movimento de leitura e interpretação da Bíblia. A grande sede da Palavra de Deus foi diminuída não só pelas traduções que fez (o povo não sabia grego e hebraico e nem mesmo o latim), mas também pelos seus comentários exegéticos aos livros sagrados. É bom lembrar que a tradição romana proibia o manuseio da Bíblia para quem não fosse clérigo. Nem mesmo nos cursos de teologia incentiva-se o estudo da Palavra de Deus.

Lutero traduziu todos os livros, incluindo em sua edição também aqueles que não têm original em hebraico (chamados apócrifos em ambiente protestante ou deuterocanônicos no mundo católico). E não proibiu ninguém de utilizá-los.

Acontece que nem mesmo a Igreja de Roma tinha fechado a questão acerca do cânon, isso se dá apenas em Trento (1545-1577). Outros grupos reformados passarão a utilizar, como os judeus, apenas o cânon hebraico, mas isso não vem de Lutero. Dele, o que precisamos recuperar é o seu amor à Palavra de Deus.

4. Um bom conselho aos nossos governantes

Erasmo de Rotterdam, teólogo humanista muito admirado por Lutero, criticou fortemente o reformador quando este apoiou as atitudes dos príncipes alemães, que perseguiram com violência os movimentos camponeses que exigiam seus direitos. Ele estaria legitimando a opressão. Ora, o grande profeta da paz, Helder Câmara, apoiou o Golpe Militar de 1964, percebendo depois o seu erro. E ainda vemos hoje pastores e bispos apoiarem ações violentas contra os sem-terra.

Mas, se os príncipes alemães manipularam a intenção e o movimento de Lutero, é porque não ouviram sua própria voz. Certa vez, um príncipe pediu de Lutero alguns conselhos afim de que não agisse com tirania em relação a seu povo. A resposta de Lutero foi simples e, se fosse ouvida pelos governantes que se dizem donos do mundo, daria outros rumo a esse momento tão delicado de nossa história. Lutero lhe enviou como resposta um comentário ao Magnificat, com a seguinte introdução: "Se queres ser um bom governante, aprende da Virgem Maria. Ninguém como ela soube acreditar num Deus que derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes".

Façamos ecoar em nossos corações e em nossas relações o mesmo apelo! Só assim seremos capazes de reconstruir a unidade.

Edmilson Schinelo é biblista popular e assessor do CEBI. É católico romano.

28/10/2015

Festa de S. Simão e S. Judas, Apóstolos

“Cristo chamando seus primeiros discípulos” (1839) Adam Brenner (1800–1891)
Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu guias e mestres para o mundo inteiro, e “dispensadores dos mistérios divinos” (1 Co 4.1). Ordenou-lhes que brilhassem e iluminassem como archotes não só no país dos Judeus…, mas por toda a parte debaixo do sol, para os homens que habitem sobre toda a superfície da terra. É, portanto, verdadeira esta palavra de S. Paulo: “Ninguém atribui esta honra a si mesmo; recebemo-la por apelo de Deus” (Hb 5.4) …
Se ele achava que devia enviar os seus discípulos como o Pai o tinha enviado a ele (Jo 20.21), era necessário que estes, chamados a ser seus seguidores, descobrissem a que tarefa tinha o Pai enviado o Filho. Por isso nos explicou de diversas maneiras o caráter da sua própria missão. Disse um dia: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores, para que eles se convertam” (Lc 5.32). E também: “Eu desci do céu não para fazer a minha vontade mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38). E de outra vez: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para o julgar, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3.17).
Resumia em algumas palavras a função dos apóstolos, dizendo que os tinha enviado como o Pai o tinha enviado a ele: saberiam assim que lhes competia chamar os pecadores a se converterem, cuidar dos doentes, corporal e espiritualmente; nas suas funções de dispensadores, não procurar de modo algum fazer a sua própria vontade mas a vontade daquele que os tinha enviado; a fim de salvarem o mundo na medida em que ele aceitar os ensinamentos do Senhor.

-- São Cirilo de Alexandria (380-444), pastor e confessor (Comentários sobre o evangelho de João)

Evangelho do Dia – Festa de São Simão e São Judas

Martírio de Simão (esquerda) e Judas (direita) em gravura de Hendrik Goltzius​ (1558–1617) no seu Zyklus der Apostel-Martyrien (1577-1582). Inscrição latina: Hic summo adsurgunt celo duo lumina, pacis / Semina qui iaciunt peregrinum leta per orbem, // Sed cum Idola facris expellunt impia templis / Occumbunt gladijs velut agni, et sijndera scandut.

Evangelho segundo S. João 15. (12-16) 17-21

17 Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
18 Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim.
19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.
20 Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.
21 Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

Festa de São Simão e São Judas, Apóstolos – 28 de outubro

Nas listas dos doze apóstolos (Mt 10.2-4, Mc 3.16-19, Lc 6.14-16, At 1.13), a décima e décima primeira posição são ocupadas por Simão, o Zelote (ou “Cananeu”) e Judas (não o Iscariotes, mas “de Tiago”), que era possivelmente também conhecido como Tadeu. De acordo com a tradição cristã primitiva, Simão e Judas viajaram juntos como missionários para a Pérsia, onde foram martirizados. De uma certa forma, esta é a provável razão para estes dois apóstolos serem comemorados no mesmo dia.

São Simão (1611) de Peter Paul Rubens (1577–1640)
 Simão não é mencionado no Novo Testamento a não ser nas listas dos doze apóstolos. Consequentemente, ele é lembrado e honrado por causa de seu ofício, e assim apresenta-se diante de nós em nome e lugar de Cristo Jesus, nosso Senhor – na eternidade, assim como em sua vida e ministério terreno. Rendemos graças a Deus pelo chamado e envio de Simão, juntamente com Judas e todos os apóstolos, para pregar e ensinar o Santo Evangelho, proclamar o arrependimento e o perdão, e batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Jo 4.1-2; Mt 10; 28.16-20; Lc 24.46-49).

São Judas (c. 1609/10) de José de Ribera (1591–1652)
Judas aparece no Evangelho de João (14.22) na noite da traição de nosso Senhor e no início de sua Paixão, perguntando a Jesus por que razão ele deveria se manifestar aos discípulos e não ao mundo. A resposta que Jesus dá a esta pergunta é a ênfase pertinente para este dia festivo: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23). Seguramente, tanto Judas quanto Simão exemplificaram, na vida e na morte, seu amor por Jesus e sua fé na Palavra. Nós não apenas somos assim fortalecidos em nossa fé e vida cristã com o exemplo deles, mas somos, acima de tudo, encorajados pela fidelidade do Senhor em manter sua promessa de levá-los para fazer morada junto dele no céu. Lá eles vivem com Ele para sempre, onde devemos nos juntar a eles algum dia.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:


† Antigo Testamento: Jeremias 26.1-16
† Salmo: Salmo 43 (antífona vers. 5b)
† Epístola: 1 Pedro 1.3-9
† Santo Evangelho: S. João 15. (12-16) 17-21


ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, tu escolheste os teus servos Simão e Judas para serem enumerados na gloriosa companhia dos apóstolos. Assim como eles foram fiéis e zelosos em sua missão, assim também possamos nós, com ardente devoção, tornar conhecido o amor e a misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.
Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House​, 2008. p. 857)

27/10/2015

Lutero: cuidar das crianças


"Não existe dano maior na cristandade do que descuidar das crianças. Pois se novamente quisermos prestar ajuda à cristandade, então na verdade precisamos começar com as crianças, como já aconteceu anteriormente."  

-- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja

29/09/2015

Os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste


Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste.” Mateus 18: 10.

A citação abaixo é da Hauspostille (sermonário doméstico) de Lutero, que contem sermões que ele pregou em sua própria casa para sua família e ocupantes aos domingos e dias santos quando estava impossibilitado de pregar na igreja por conta de enfermidade. O sermão é baseado em São Mateus 18.1-10 (um dos dois Evangelhos indicados no Lecionário Luterano para o dia de São Miguel e Todos os Anjos), especialmente sobre a Palavra na qual o Senhor diz que as crianças têm anjos da guarda. Lutero atem-se ao aspecto em que o Senhor valoriza de tal forma as crianças, a ponto de enviar seus “espíritos ministradores” (Hebreus 1.14) para protegê-las e guardá-las. Com isto vemos que o Senhor não somente ordena, mas nos ajuda a criar nossos filhos, algo que nenhum governo ou escola pode fazer. Estes são para proteger e defender as famílias, não para substituí-las. E nenhum pai ou mão deveria terceirizar o privilégio que o próprio Deus lhes outorgou como seus representantes na terra de educar suas crianças.

“‘Quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe’. Em outras palavras: Quem é responsável por uma criança, física e espiritualmente, a educa corretamente para que ela aprenda a conhecer a Deus, aprenda a não amaldiçoar, jurar ou roubar; Para este eu digo que está me recebendo pessoalmente, está me amando como se estivesse carregando a mim, filho de Maria, nos braços e tomando conta de mim, assim como minha mãe, Maria tomou conta de mim. Isto é pregado sempre tão docemente e atraindo-nos sempre de forma tão cativante.
Mas por que o Senhor faz isso? Apenas pela razão de que ele entende muito bem quão ávidos os jovens são para ouvir coisas obscenas e quão facilmente eles são corrompidos. Além disso, más bocas são perfeitas em auxiliar nisso e – que clamores subam a Deus no céu! - agora encontramos meninos e meninas, de dez e doze anos de idade, que são capazes de amaldiçoar e usar palavrões sobre injúrias, distúrbios físicos, depravações e tem falta de vergonha e são vulgares no modo de falar. De quem eles aprendem isso? De mais ninguém, senão daqueles que deveriam refreá-los, de pai e mãe e de vergonhosos, péssimos criados. Os jovens vieram a saber tais coisas tão rapidamente e prestam mais atenção a elas do que à oração do Pai Nosso. Isto tem as suas raízes na velha, incendiária do mal, nossa natureza pecaminosa, que gruda em nós. É por isso que Cristo prega aqui de modo tão convincente e adverte tão ternamente para cuidar dos jovens, dizendo: Quando você educa um destes pequeninos, quando eles são criados no temor e no conhecimento de Deus, na piedade e modéstia, então você me tem feito o maior serviço. Eu tenho designado meus nobres servos, os amados anjos, para servir e cuidar destes pequeninos. Lembre-se disso e faça o mesmo, não os ofenda, não os deixe ouvir maldades, e ajude-os de bom grado.”

- Bem-aventurado Martinho Lutero, sermão da Hauspostille sobre São Mateus 18.1-10 (Evangelho para o Dia de São Miguel e Todos os Anjos)