06/01/2025

A EPIFANIA DE NOSSO SENHOR

 


O Evangelho segundo S. Mateus 2. 1-11

 

O Santo Evangelho para este dia lembra que, “tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém” (Mateus 2.1).  Movidos por um ardente desejo, estes magos se aventuram em uma perigosa e cansativa viagem, passando entre povos e lugares desconhecidos. E quando chegam em Jerusalém, começam a perguntar: “Onde está recém-nascido Rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo” (Mateus 2.2).

O objetivo da viagem deles não era investigar se havia ou não nascido o Rei dos Judeus. Pela pergunta que eles fazem, fica evidente que eles não procuram uma certeza ao término da viagem. Na verdade, certeza eles já tinham antes de viajar. E por isso, estão convictos: O Rei veio! Ele nasceu! Portanto, é um menininho. Onde ele está? Nós vimos a sua estrela!

Sua estrela! A estrela de Belém! Foi ela que despertou, motivou e conduziu os magos até a Judeia? De certa forma, sim. Porém, muito mais no sentido de ser um sinal de algo maior. Afinal, somente a aparição da estrela em si não bastaria – não importa quão grandioso tenha sido aquele fenômeno no céu – Ela Jamais levaria os magos até a terra dos judeus para adorar o Rei que havia nascido.

Mas, então, como eles sabiam que o Rei havia chegado? Os magos do oriente eram estudiosos das estrelas, e como bons estudiosos, se dedicavam a conhecer todas as profecias antigas relacionadas as estrelas. E, por isso, é muito provável que uma dessas profecias tenha chamado a atenção deles. Como, por exemplo, Isaías 60: 1-3, que diz: “Levante-se, resplandeça, porque já vem a sua luz, e a glória do Senhor está raiando sobre você. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão envolve os povos; mas sobre você aparece resplandecente o Senhor, e a sua glória já está brilhando sobre você. As nações se encaminham para a sua luz, ó Jerusalém, e os reis são atraídos para o resplendor do seu amanhecer”. Ou ainda, aquela que associava o aparecimento de uma estrela singular com o nascimento do verdadeiro Rei de Israel. Esta profecia está registrada em Números 24:17 e diz assim: “Eu o vejo, porém não agora; eu o contemplo, mas não de perto. Uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro”.

A estrela, sem dúvida, foi um sinal enviado por Deus para indicar o caminho aos magos; porém, o que levou aqueles estudiosos até a Judeia não foi a aparição da estrela; mas sim a Profecia, a Palavra de Deus. Pois sem a Profecia, sem a Palavra de Deus, aquela estrela – mesmo sendo grandiosa – seria somente mais um astro se manifestando na imensidão do firmamento. Ao chegarem em Belém, os magos “alegraram-se com grande júbilo” (Mateus 2.10). E entrando na casa, viram o Menino! E ao ver Jesus, o reconheceram, e assim, “prostraram-se e o adoraram” (Mateus 2.11).

A imagem final dessa história vocês conhecem bem. Presentes são trazidos diante do Menino: “ouro, incenso e mirra” – são ofertas; afinal, somente oferta aquele que é movido pela Palavra e que reconhece o Senhor Jesus Cristo como o seu Rei. Deste modo, se você não sente o desejo de ofertar diante do Senhor, cuidado; pois o seu problema não é com relação a dinheiro ou bens, na verdade, é um problema de confiança no Senhor Jesus Cristo. Os magos não tiveram esse problema, pois movidos pela Palavra de Deus, eles foram até o Menino, reconheceram ser ele o Rei Prometido, e ofertaram do melhor que eles tinham. E fizeram tudo isso em alegria e gratidão! Afinal, eles sabiam, e nós também precisamos ter isso em nossa mente e em nosso coração: “As riquezas e a glória vêm unicamente do Senhor” (1Crônicas 29:12).

E por favor, não digam que os magos tiveram privilégios que hoje não temos. Pois o mesmo guia, isto é, a Palavra de Deus, que despertou, motivou e conduziu os magos até a presença real de Jesus Cristo, é o que hoje continua sendo o grande guia que nos conduz a presença real deste mesmo Senhor e Salvador.  Por isso, todos nós, aqui na Casa de Deus, também nos prostamos, adoramos e ofertamos; pois “o Senhor, a quem buscamos, vem e está aqui” (Malaquias 3:1).

Para concluir esta homilia, eu afirmo a todos vocês que aqui estão: Nossa jornada como filhos de Deus continua e é longa; porém, temos um guia para o nosso caminhar: A Palavra de Deus, aquela que é a “lâmpada para os nossos pés, e a luz para os nossos caminhos” (Salmo 119.105). E movidos por esta Palavra, “da qual eu fui constituído Ministro, e tenho o privilégio e a Graça de pregar” (Efésios 3: 7-8), nós podemos ter a plena certeza de que não há outro lugar para estar a não ser diante daquele que é o Rei dos Reis, o Menino de Belém – Jesus Cristo, nossa Salvação!

Amém!

Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Igreja Luterana Santíssima Trindade em Naviraí/MS
A Epifania de nosso Senhor, 2025 AD


29/12/2024

Lutero: Assim canta a Igreja Cristã

Davi tocando harpa diante da Arca (Ilustração do séc. XIX)

A fé não descansa nem tira férias. Ela se manifesta, fala, prega. Com júbilo, ela se põe a compor lindos salmos, canta belos hinos para, com alegria, louvar e agradecer a Deus bem como mover os demais e ensinar-lhes. Agora, isto não se refere apenas à beleza e à suavidade dos salmos, sob o ponto de vista da gramática e da música, isto é, palavras ordenadas de forma graciosa e artística e canto ou música que soa bem e agrada aos ouvidos, bom texto e bela melodia. Antes, é quando se considera sua teologia e conteúdo espiritual que os salmos se revelam de fato belos e maravilhosos. É claro, a música ou melodia também ajudam, como criatura e dom de Deus que são, especialmente quando a congregação canta e quando se leva a coisa a sério.

Davi chama seus salmos de salmos de Israel. Não os atribui a si mesmo nem tampouco quer a honra tão-somente para si. Israel deve receber, julgar e reconhecê-los como seus. Pois é necessário que uma palavra ou hino seja aceita ou não pela casa de Deus ou pelo povo de Deus. Assim, nós, cristãos, falamos de nossos salmistas.

Santo Ambrósio compôs muitos hinos bonitos, os quais são hinos da igreja porque esta os aceitou e os usa como se ela própria os tivesse composto. Por isso não dizemos, “assim canta Ambrósio, Gregório, Prudêncio, Sedúlio”, mas, “assim canta a igreja cristã”. Pois trata-se apenas de hinos que Ambrósio, Sedúlio e outros cantam em conjunto com a igreja, e a igreja com eles. E quando eles morrem, a igreja, que permanece, continuará cantando os hinos que eles compuseram.

- Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Tratado sobre as últimas palavras de Davi, 1543)

Fonte: Castelo Forte: Devoções Diárias 1983, 05/05 (São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983)

Primeiro Domingo após Natal (Ano C)

Ícone da Apresentação de Jesus (Gerges Samir)

Êxodo 13.1-3a,11-15
Salmo 111
Colossenses 3.12-17
Lucas 2.22-40

O Filho Primogênito de Deus é nosso resgate do pecado e da morte

Quando o Senhor destruiu os filhos primogênitos do Egito, poupou os filhos de Israel provendo um cordeiro no lugar deles. Por isso, todos os primogênitos pertencem a ele. Desta forma, todo filho primogênito era resgatado quando um animal macho primogênito era sacrificado (Êx 13.12-13). É por isso que os pais de Jesus “levaram o menino a Jerusalém para o apresentar ao Senhor” (Lc 2.22). No entanto, ali Jesus não será resgatado através do serviço sacerdotal, mas será consagrado para “a redenção de Jerusalém” e “a consolação de Israel” (Lc 2.25, 38). Por isso, Deus Pai não poupou o seu Filho unigênito, mas o ofereceu como o verdadeiro Cordeiro Pascal, a fim de resgatar o seu povo da escravidão. Sua cruz causa tropeço e queda de muitos, mas seu sangue expia os pecados do mundo e nos livra da morte. Agora podemos partir na paz de Cristo porque também ressuscitaremos com Ele. Quando recebemos o seu corpo e sangue no Sacramento do Altar, nos unimos a Simeão e Ana rendendo “graças a Deus Pai” e “louvando a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais”, o que inclui o louvor do Nunc Dimittis, “com gratidão no coração” (Lc 2.28-32, 38; Cl 3.15-17).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, nosso Criador e Redentor, que nos criaste de forma maravilhosa e na encarnação de teu Filho de forma ainda mais maravilhosa restauraste nossa natureza humana, concede que possamos estar sempre vivos naquele que se tornou igual a nós; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: Lecionários (Editora Concórdia).

Davi, Rei e Profeta - 29 de dezembro

Rei Davi Penitente (c. 1633), por Hendrick Bloemaert Hendrick Bloemaert (1601-1672) - Galeria Nacional de Praga

Davi, o maior dos reis de Israel, foi governante por volta de 1010 a 970 a.C. Os eventos de sua vida estão registrados em 1 Samuel 16 até 1 Reis 2 e em 1 Crônicas 10-29. Davi também foi um músico talentoso. Foi um exímio tocador de harpa e autor de pelo menos setenta e três salmos, incluindo o belíssimo Salmo 23. Seu caráter público e pessoal revela uma mistura de bondade (como, por exemplo, na sua vitória sobre o gigante Golias [1 Sm 17]) e maldade (como em seu adultério com a esposa de Urias, seguido do assassinato de Urias [2 Sm 11]). A grandeza de Davi estava em sua profunda lealdade a Deus como líder militar e político de Israel, além da sua disposição em reconhecer seus pecados e pedir perdão de Deus (2 Sm 12 e Sl 51). Foi sob a liderança de Davi que o povo de Israel se uniu em uma única nação, tendo Jerusalém como sua capital. 

ORAÇÃO DO DIA:

Deus de majestade, a quem os santos e anjos se deleitam a adorar no céu, nós te rendemos graças por Davi que, por meio do Saltério, deu a teu povo hinos para serem cantados com júbilo em nossa adoração na terra, a fim de que possamos vislumbrar a tua beleza. Leva-nos ao cumprimento dessa esperança de perfeição que será nossa quando estivermos diante da tua glória revelada; por Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. 

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 1068)

28/12/2024

Santos Inocentes, Mártires - 28 de dezembro

Massacre das Crianças Inocentes (c. 1515), Oficina de Lucas Cranach, o Velho (1472–1553)

Jeremias 31.15–17
Salmo 54
Apocalipse 14.1–5
Mateus 2.13–18

O Evangelho de Mateus fala da trama cruel do rei Herodes contra o menino Jesus após ser “enganado” pelos Reis Magos. Se sentido ameaçado por um “recém-nascido Rei dos judeus” Herodes assassinou todas as crianças de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo (Mt 2.16-18). Esses “inocentes”, lembrados apenas três dias após a celebração do nascimento de Jesus, nos lembram não apenas da brutalidade terrível de que os seres humanos são capazes, mas de forma mais significativa, da perseguição que Jesus sofreu desde o início de sua vida terrena. Ainda que a vida de Jesus tenha sido providencialmente poupada naquele momento, anos mais tarde, outro governante, Pôncio Pilatos, sentenciaria o inocente Jesus à morte.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, os mártires inocentes de Belém manifestaram publicamente teu louvor, não pelo falar, mas pelo morrer. Faz morrer em nós tudo que está em conflito com a tua vontade, para que nossas vidas possam dar testemunho da fé que professamos com os nossos lábios; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. Kindle 32935-32939

27/12/2024

São João, Apóstolo e Evangelista - 27 de dezembro

São João Evangelista em Patmos (c. 1620), por Pedro de Orrente (1580-1645) - Museo Nacional del Prado (Madri). 

Apocalipse 1.1–6
Salmo 11
1 João 1.1–2.2
João 21.10–25

São João Evangelista resume o Natal em um versículo: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). João não foi martirizado, contudo foi uma testemunha viva, que segundo a tradição, foi exilado em Patmos e morreu em avançada idade. Ele “atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu” (Ap 1.2). Acima de tudo, João foi uma testemunha ocular de Cristo que nos proclama o que viu e ouviu “a respeito do Verbo da vida”, “que estava com o Pai e nos foi manifestada” (1Jo 1.1–3). “E sabemos que o seu testemunho é verdadeiro” (Jo 21.24). As leituras de hoje incluem o testemunho de João acerca da morte expiatória de Cristo e sua terceira aparição “depois de ressuscitado dentre os mortos” (Jo 21.14). No terceiro dia de Natal nos alegramos e jubilamos juntamente com João e todos os santos apóstolos, pois “temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”, que “é a propiciação pelos nossos pecados — e não somente pelos nossos próprios, mas também pelos do mundo inteiro” (1Jo 2.1–2).

ORAÇÃO DO DIA:

Misericordioso Senhor, lança os raios brilhantes da tua luz sobre a tua Igreja, a fim de que nós, sendo instruídos na doutrina de teu bem-aventurado apóstolo e evangelista João, possamos chegar à luz da vida eterna; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: Lecionários (Editora Concórdia).


26/12/2024

O NATAL DE NOSSO SENHOR

 


O Evangelho segundo S. João 1: 1-3, 14

 

O apóstolo Paulo, em um único verso de sua segunda epístola aos Coríntios, oferece uma belíssima Pregação de Natal: “O nosso Senhor Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que, por meio da pobreza dele, vocês se tornassem ricos” (2Co 8:9). Com estas palavras, o Apóstolo recorda um dos principais aspectos do nascimento de nosso Salvador: a humildade! Humildade que é refletida inclusive no anuncio que os anjos fizeram aos pastores que estavam nos campos de Belém: “Vocês encontrarão uma criança enrolada em faixas e deitada em uma manjedoura” (Lc 2:12). De fato, o nascimento daquele que é o Rei dos reis, é marcado e rodeado pela humildade.

Humildade, no entanto, não é algo que, em Jesus, se limita à ausência de bens materiais. Essa condição também reflete a um certo estado de impotência. Por exemplo: na manjedoura repousa um menino frágil, incapaz de se defender ou realizar qualquer coisa sozinho, mesmo sendo ele o “Filho do Altíssimo” (Lc 1:32).

Foi assim, de uma forma totalmente inesperada – e inimaginável, especialmente se tratando do Messias prometido, o Desejado das nações, que – como escreve João, conforme o Evangelho de hoje: “o Verbo, que estava com Deus e que era Deus, se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1: 1, 14).

Vocês já pararam para refletir sobre o que isso significa? O Filho eterno de Deus, glorioso e todo-poderoso, escolheu manifestar-se na humildade e na fragilidade de um menino. O Criador e Senhor de todas as coisas revelou-se na miséria da carne humana. Isso parece absurdo? Não só parece, como é! Afinal, a história e a mensagem do Natal são absurdas! Quem estaria disposto a renunciar tudo o que possui, inclusive a vida, por outro alguém? Jesus Cristo fez exatamente isso! E, como proclamou Paulo, ele o fez “por amor a vocês!

No primeiro Natal, Deus não se colocou no esplendor de um palácio. Ele estava em uma manjedoura, no canto de uma casa, enrolado em panos humildes por vocês! E hoje não é diferente. Ele continua a se manifestar e a se revelar nas coisas mais simples e comuns do cotidiano: em um pouco de água, nas palavras – as vezes trêmulas ou roucas – de um pregador, em folhas de papel, em um pedaço de pão e em um pequeno cálice de vinho. E assim ele continua “por amor a vocês”! Afinal, é claro que Deus pode fazer coisas grandiosas e espetaculares, ele é Deus! Porém, ele prefere muitas agir em humildade. E sabe por quê? Porque assim vocês podem ouvi-lo, vê-lo, tocá-lo, recebê-lo! De outra forma, isto seria impossível para qualquer um.

No primeiro Natal, Jesus Cristo, ao nascer em humildade, iniciou uma dura caminhada. Caminhada esta em que ele tomou sobre si não apenas a miséria das suas necessidades humanas, mas também a sua falência espiritual, as suas transgressões e as suas dores! Tudo o que vocês sofrem, tudo o que vocês passam de ruim, tudo aquilo que traz angústia, medo e tribulação a vocês, Jesus Cristo sentiu, viveu e enfrentou. Ele podia seguir reinando nos altos céus com toda a pompa de sua majestade, mas ele preferiu e escolheu se aproximar de vocês, e fazer por vocês aquilo que era tão necessário. E para tanto, ele precisava agir, e de fato agiu, em humildade.

O nosso Senhor Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que, por meio da pobreza dele, vocês se tornassem ricos”. Talvez ao ouvir isto, vocês questionem: O primeiro Natal já aconteceu há mais de dois mil anos. Quando essa mensagem irá se concretizar?  Em certo sentido, desde aquele dia ela está se acontecendo em nossas vidas. Afinal, aquilo de mais precioso que existe nós já recebemos por Graça da parte de nosso Senhor: sua Palavra e seus Sacramentos. Inclusive, como ensinou o Apóstolo Pedro, “nós não fomos resgatados com ouro ou prata, mas sim com algo muito mais valioso: o santo e precioso Sangue de Jesus”.

Entretanto, a concretização e a plenitude desta mensagem de Natal se darão, quando no último dia este mesmo Senhor vier novamente para brindar vocês com a maior glória e riqueza que pode existir: a Ressurreição e a Vida Eterna! Naquele dia, a celebração do Natal será concluída, naquele dia o Menino de Belém, o Filho de Maria, o Verbo que se fez carne será tudo em todos, e toda a sua glória e riqueza serão para o deleite de vocês, não por um tempo, mas sim, para todo o sempre!

Enquanto esse dia não chega, olhem para a miséria em vocês e ao seu redor, e ao fazer isso, olhem para a humildade de Cristo; e assim, permaneçam buscando e encontrando o Senhor onde ele prometeu estar, o que, na maioria das vezes, são os locais e as pessoas grandes, fortes e majestosos, mas os simples, pequenos, pobres e humildes.

Para concluir esta Homilia de Natal, recito para vocês um belo texto, escrito por S. Agostinho por volta do ano 400, que retrata muito bem a história do Natal e a mensagem que o nascimento de Cristo traz: “O sustentador do Sol se colocou debaixo do sol. O grandioso que não cabe no universo, deitou-se numa manjedoura. O imenso na forma de Deus se fez minúsculo na forma de servo. O Filho de Deus, gerado por uma mãe que ele mesmo criou e carregado por mãos que ele mesmo formou, se fez filho de homem, para que os filhos dos homens fossem feitos filhos de Deus!

Amém!


Rev. Helvécio J. Batista Júnior
Ministro do Senhor na Igreja Luterana Santíssima Trindade
Naviraí/MS, 2024 AD