31/10/2025

Dia da Reforma Luterana


Em sua busca interior, Martinho Lutero indagou a si mesmo: "Como posso encontrar um Deus misericordioso?" ou, em outras palavras: "O que devo fazer para Deus me aceitar no céu?" A resposta que Lutero encontrou e anunciou é: Nada posso fazer! Somente por meio da graça de Cristo, somente por meio da Palavra de Deus, somente por meio da fé no Deus Trino sou salvo para a vida eterna.

Por isso, Lutero não ficou indiferente às falsas promessas de salvação oferecidas no comércio de indulgências. Na tentativa de despertar um debate e correção da prática abusiva, Lutero afixou 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg em 31 de outubro de 1517. Foi o estopim de um verdadeiro movimento de Reforma. A palavra Reforma (do latim “reformatio”: restauração, renovação) expressa o desejo original de uma renovação da Igreja, não de cisma ou separação.

Lutero e seus colegas queriam que a Igreja retornasse à mensagem bíblica. Eles não eram pessoas perfeitas, mas com firmeza, corajosa defesa da fé e perguntas sinceras sobre Deus, moldaram profundamente a história. Em apenas 40 anos o movimento se alastrou por toda a Europa. Para muitos historiadores, a Reforma marca o fim da Idade Média e o início da Era Moderna. O Dia da Reforma é uma oportunidade não apenas para relembrar as tradições sobre as quais a nossa confissão se fundamenta, mas também para questionar os problemas atuais que ainda persistem na cristandade e ofuscam o verdadeiro evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

30/10/2025

Reforma Luterana: uma revolução do cuidado pastoral

 Em 31 de outubro de 1517, o monge alemão Martinho Lutero afixou 95 proposições acadêmicas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg para um debate sobre a prática das indulgências. Este convite para debates acadêmicos era uma prática comum. Mas essas teses em particular transformaram o cristianismo e o mundo ocidental para sempre.

O que moveu Lutero a escrever as 95 teses foi a venda de indulgências papais pelo frade dominicano João Tetzel na região de Wittenberg. Lutero viu que o povo estava gastando os parcos recursos que possuía com falsas promessas de salvação, que os desviavam do verdadeiro arrependimento e da confiança somente em Cristo. Como pastor, verdadeiro cura d'almas, Lutero não conseguiu ficar em silêncio. Nos dizeres do teólogo Robert Kolb, "a Reforma que ele iniciou foi, em essência, uma revolução do cuidado pastoral". Foi a profunda preocupação com o efeito do abuso da venda de indulgências sobre a fé dos paroquianos de Wittenberg, que moveu Lutero a agir, atraindo para si os holofotes da igreja ocidental de sua época.



O Período da Reforma e o Cuidado Pastoral (J. Denny Autrey)

A Reforma foi construída com base na centralidade da Bíblia. Os princípios sobre os quais os reformadores lançaram seu apelo à mudança eram simples: Sola Deo Gloria (“glória somente a Deus”), Sola Gratia (“somente a graça”) e, claro, Sola Scriptura (“somente as Escrituras”). Tudo isso veio do estudo e do ensino da Palavra. Sola Scriptura indica “a liberdade das Escrituras para governar como Palavra de Deus na igreja, separada do magistério e da tradição papal e eclesiástica” [1]. A ênfase nas Escrituras trouxe uma preocupação contínua com a importância do cuidado pastoral na igreja. 

Martinho Lutero inspirou muitos ao trazer a pregação de volta ao centro do culto. Através de uma reavaliação dos sermões de João Crisóstomo, por homens como Ulrich Zwingli e João Oecolampadius, muitos dos reformadores abandonaram o método alegórico, que ainda era a prática comum de interpretação, em favor de uma abordagem mais literal, histórica e gramatical da interpretação hermenêutica. No entanto, como Robert Kolb descreve, não foi um mero debate teórico, mas a própria crise do cuidado pastoral que trouxe Lutero para o centro das atenções.
O apelo fundamental da Reforma de Lutero surgiu de sua resposta eficaz à crise no cuidado pastoral que afligia a igreja ocidental no final da Idade Média. Durante o século XV, os cristãos europeus estavam cada vez mais ativos na expressão de sua piedade de maneiras tradicionais. Ao mesmo tempo, muitos sentiam uma frustração crescente porque o antigo sistema de cuidar das almas cristãs parecia não estar funcionando. Os sacerdotes não conseguiam ser bons pastores. Lutero foi impulsionado ao centro da cena da Igreja Ocidental por acontecimentos que brotaram de sua profunda preocupação pessoal com o efeito que o abuso da venda de indulgências estava causando à piedade dos paroquianos de Wittenberg. A Reforma que ele iniciou foi, em essência, uma revolução do cuidado pastoral.[2] 
Antes mesmo de desenvolver sua teologia da justificação pela fé, Lutero já reconhecia que o cuidado das almas fora profundamente minado pela corrupção das indulgências e pela indiferença dos sacerdotes da Igreja. Em relação ao trabalho do pastor, Lutero diz: “Os homens que ocupam o ofício do ministério devem ter o coração de uma mãe para com a igreja; pois, se não tiverem esse coração, logo se tornarão preguiçosos e desanimados, e especialmente diante do sofrimento se mostrarão relutantes. ... A menos que seu coração para com as ovelhas seja como o de uma mãe para com seus filhos — uma mãe que atravessa o fogo para salvá-los —, não serás digno de ser pregador... Todo tipo de sofrimento te encontrará neste ofício. Se, então, o coração de mãe, esse grande amor, não estiver presente para impulsionar os pregadores, as ovelhas serão mal cuidadas.”[3]


1. David F. Wright, “Protestantism,” in Evangelical Dictionary of Theology, ed. Walter A. Elwell, (Grand Rapids: Baker, 1984), 889.
2. Robert Kolb, “The Doctrine of Ministry in Martin Luther and the Lutheran Confessions,” in The Reformation in Medieval Perspective, ed. Steven E. Ozment (Chicago: Quadrangle, 1971), 50-75.
3. Martin Luther, “Ministers,” in What Luther Says: A Practical In-home Anthology for the Active Christian, ed. Ewald M. Plass (St. Louis: Concordia, 1959), 932.

Fonte: J. Denny Autrey. The Doctrine of the Future and Pastoral Care. In: D. Jeffrey Bingham, Glenn R. Kreider (Ed.). Eschatology: Biblical, Historical, and Practical Approaches. Grand Rapids: Kregel Academic, 2016. p. 468-470.

29/05/2025

A ASCENSÃO DE NOSSO SENHOR

 


O Evangelho de nosso Senhor segundo S. Lucas 24: 36-53

Despedidas normalmente não são agradáveis, e muitas vezes nos entristecem e nos fazem chorar. Mudanças repentinas, perdas, distâncias. Quando alguém amado se vai, o coração automaticamente associa a partida com a ausência e o fim. E isso machuca.

Agora pensem comigo: os discípulos passaram três anos com Jesus. Viram os milagres, ouviram as palavras de vida eterna, foram chamados de amigos. Depois, viram seu Senhor ser preso, açoitado, crucificado. Sentiram o luto mais profundo. Mas então, ele ressuscitou. Voltou! E, por quarenta dias, lhes apareceu vivo. Eles o viram, o tocaram, comeram com ele. A esperança havia renascido. Mas, agora ele sobe. Ele é elevado diante dos olhos deles. E uma nuvem o encobre.

Não seria esse mais um momento de perda? Não seria a Ascensão o fim de sua presença entre nós? Observe com atenção o que acontece no relato da Ascensão: Jesus não simplesmente “vai embora”. Ele é elevado à vista deles, e uma nuvem o encobre. E aqui há algo precioso: essa nuvem não é um véu de ausência, mas um sinal da presença. Não é o fechamento de uma porta, mas a abertura de uma realidade maior.

Como assim? Ora, lembrem-se: no Antigo Testamento, a nuvem sempre foi sinal da presença do Senhor. Era assim no deserto, quando uma coluna de nuvem guiava Israel. Era assim no Templo, quando a nuvem enchia a Casa do Senhor. A nuvem significava: Ele está aqui. Invisível, sim. Mas presente. Realmente presente.

Portanto, quando Jesus é envolto pela nuvem, ele não está indo embora, no sentido de estar deixando ou se distanciando dos seus. Ele está sendo ocultado aos nossos olhos, mas não ao nosso coração. Pois agora, ele está presente de uma nova maneira, mais profunda e mais acessível.

E onde ele está? A resposta é clara: Ele está onde prometeu estar. Está em sua Palavra, viva e eficaz. Está na Absolvição, que nos lava dos pecados. Está no Santo Batismo, onde nos une a sua morte e ressurreição. E está de um forma sublime e singular na Santa Ceia, onde o seu verdadeiro corpo e o seu verdadeiro sangue nos são dados para perdão, vida e salvação.

É isso que os olhos não podem ver, mas a fé crê com certeza: o Senhor ascendido enche todas as coisas, e está conosco nos Meios da Graça. A Ascensão, portanto, não é a partida do Senhor. É o seu modo glorificado de estar presente em todos os lugares onde a sua Igreja se reúne em seu nome.

Notem o que Lucas diz: “Eles voltaram para Jerusalém com grande alegria.” Estranho, não? Se Jesus tivesse partido, se a Ascensão fosse uma despedida definitiva ou um distanciamento, não seria momento de tristeza? Mas eles se alegram. Por quê? Porque agora entendem: Jesus reina no céu, mas age na terra. Ele está à direita do Pai, mas caminha conosco. Ele está oculto numa nuvem, mas presente no altar. E é por isso que, inclusive, o Evangelho termina lembrando que os discípulos, após a Ascensão, “estavam sempre no templo, louvando a Deus”.

A Ascensão de Cristo, portanto, é uma boa notícia. Não é o fim da comunhão com ele. Cristo subiu ao céu não para estar longe, mas para trazer o céu até nós. Agora, cada vez que ouvimos a sua Palavra, cada vez que o seu nome é invocado, cada vez que nos reunimos em torno de seu Sacramento – cada vez que estamos em seu templo – o céu se aproxima.

Por isso, olhar para o céu e elevar os corações, é simplesmente fixar os olhos na Palavra e nos Sacramentos, e buscar de coração estar junto daquele que mesmo ascendido ao céu, está presente entre nós através dos Meios da Graça.

E, sim, um dia o veremos de novo, com os olhos da carne. E naquele dia, a fé dará lugar à visão, a esperança se tornará alegria eterna, e a comunhão que hoje é sacramental será plena e gloriosa. Mas até lá, não chore a ausência dele. Viva a sua presença. Porque mesmo oculto, ele está aqui. Mesmo invisível, ele reina. E mesmo sem o vermos com nossos olhos físicos, nós o recebemos e somos recebidos por ele: em cada Palavra pregada, em cada perdão anunciado, em cada Pão e Vinho consagrados.

Então, alegrem-se! A nuvem não é escuridão, é glória. A ascensão não é partida, é presença. O céu não está longe, está aqui. E o Senhor, o nosso Senhor, está verdadeiramente conosco.

Amém.

 

Rev. Helvécio J. Batista Jr.
A Ascensão de nosso Senhor, 2025 AD

www.instagram.com/rev_helveciojr



06/01/2025

A EPIFANIA DE NOSSO SENHOR

 


O Evangelho segundo S. Mateus 2. 1-11

 

O Santo Evangelho para este dia lembra que, “tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém” (Mateus 2.1).  Movidos por um ardente desejo, estes magos se aventuram em uma perigosa e cansativa viagem, passando entre povos e lugares desconhecidos. E quando chegam em Jerusalém, começam a perguntar: “Onde está recém-nascido Rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo” (Mateus 2.2).

O objetivo da viagem deles não era investigar se havia ou não nascido o Rei dos Judeus. Pela pergunta que eles fazem, fica evidente que eles não procuram uma certeza ao término da viagem. Na verdade, certeza eles já tinham antes de viajar. E por isso, estão convictos: O Rei veio! Ele nasceu! Portanto, é um menininho. Onde ele está? Nós vimos a sua estrela!

Sua estrela! A estrela de Belém! Foi ela que despertou, motivou e conduziu os magos até a Judeia? De certa forma, sim. Porém, muito mais no sentido de ser um sinal de algo maior. Afinal, somente a aparição da estrela em si não bastaria – não importa quão grandioso tenha sido aquele fenômeno no céu – Ela Jamais levaria os magos até a terra dos judeus para adorar o Rei que havia nascido.

Mas, então, como eles sabiam que o Rei havia chegado? Os magos do oriente eram estudiosos das estrelas, e como bons estudiosos, se dedicavam a conhecer todas as profecias antigas relacionadas as estrelas. E, por isso, é muito provável que uma dessas profecias tenha chamado a atenção deles. Como, por exemplo, Isaías 60: 1-3, que diz: “Levante-se, resplandeça, porque já vem a sua luz, e a glória do Senhor está raiando sobre você. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão envolve os povos; mas sobre você aparece resplandecente o Senhor, e a sua glória já está brilhando sobre você. As nações se encaminham para a sua luz, ó Jerusalém, e os reis são atraídos para o resplendor do seu amanhecer”. Ou ainda, aquela que associava o aparecimento de uma estrela singular com o nascimento do verdadeiro Rei de Israel. Esta profecia está registrada em Números 24:17 e diz assim: “Eu o vejo, porém não agora; eu o contemplo, mas não de perto. Uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro”.

A estrela, sem dúvida, foi um sinal enviado por Deus para indicar o caminho aos magos; porém, o que levou aqueles estudiosos até a Judeia não foi a aparição da estrela; mas sim a Profecia, a Palavra de Deus. Pois sem a Profecia, sem a Palavra de Deus, aquela estrela – mesmo sendo grandiosa – seria somente mais um astro se manifestando na imensidão do firmamento. Ao chegarem em Belém, os magos “alegraram-se com grande júbilo” (Mateus 2.10). E entrando na casa, viram o Menino! E ao ver Jesus, o reconheceram, e assim, “prostraram-se e o adoraram” (Mateus 2.11).

A imagem final dessa história vocês conhecem bem. Presentes são trazidos diante do Menino: “ouro, incenso e mirra” – são ofertas; afinal, somente oferta aquele que é movido pela Palavra e que reconhece o Senhor Jesus Cristo como o seu Rei. Deste modo, se você não sente o desejo de ofertar diante do Senhor, cuidado; pois o seu problema não é com relação a dinheiro ou bens, na verdade, é um problema de confiança no Senhor Jesus Cristo. Os magos não tiveram esse problema, pois movidos pela Palavra de Deus, eles foram até o Menino, reconheceram ser ele o Rei Prometido, e ofertaram do melhor que eles tinham. E fizeram tudo isso em alegria e gratidão! Afinal, eles sabiam, e nós também precisamos ter isso em nossa mente e em nosso coração: “As riquezas e a glória vêm unicamente do Senhor” (1Crônicas 29:12).

E por favor, não digam que os magos tiveram privilégios que hoje não temos. Pois o mesmo guia, isto é, a Palavra de Deus, que despertou, motivou e conduziu os magos até a presença real de Jesus Cristo, é o que hoje continua sendo o grande guia que nos conduz a presença real deste mesmo Senhor e Salvador.  Por isso, todos nós, aqui na Casa de Deus, também nos prostamos, adoramos e ofertamos; pois “o Senhor, a quem buscamos, vem e está aqui” (Malaquias 3:1).

Para concluir esta homilia, eu afirmo a todos vocês que aqui estão: Nossa jornada como filhos de Deus continua e é longa; porém, temos um guia para o nosso caminhar: A Palavra de Deus, aquela que é a “lâmpada para os nossos pés, e a luz para os nossos caminhos” (Salmo 119.105). E movidos por esta Palavra, “da qual eu fui constituído Ministro, e tenho o privilégio e a Graça de pregar” (Efésios 3: 7-8), nós podemos ter a plena certeza de que não há outro lugar para estar a não ser diante daquele que é o Rei dos Reis, o Menino de Belém – Jesus Cristo, nossa Salvação!

Amém!

Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Igreja Luterana Santíssima Trindade em Naviraí/MS
A Epifania de nosso Senhor, 2025 AD


29/12/2024

Lutero: Assim canta a Igreja Cristã

Davi tocando harpa diante da Arca (Ilustração do séc. XIX)

A fé não descansa nem tira férias. Ela se manifesta, fala, prega. Com júbilo, ela se põe a compor lindos salmos, canta belos hinos para, com alegria, louvar e agradecer a Deus bem como mover os demais e ensinar-lhes. Agora, isto não se refere apenas à beleza e à suavidade dos salmos, sob o ponto de vista da gramática e da música, isto é, palavras ordenadas de forma graciosa e artística e canto ou música que soa bem e agrada aos ouvidos, bom texto e bela melodia. Antes, é quando se considera sua teologia e conteúdo espiritual que os salmos se revelam de fato belos e maravilhosos. É claro, a música ou melodia também ajudam, como criatura e dom de Deus que são, especialmente quando a congregação canta e quando se leva a coisa a sério.

Davi chama seus salmos de salmos de Israel. Não os atribui a si mesmo nem tampouco quer a honra tão-somente para si. Israel deve receber, julgar e reconhecê-los como seus. Pois é necessário que uma palavra ou hino seja aceita ou não pela casa de Deus ou pelo povo de Deus. Assim, nós, cristãos, falamos de nossos salmistas.

Santo Ambrósio compôs muitos hinos bonitos, os quais são hinos da igreja porque esta os aceitou e os usa como se ela própria os tivesse composto. Por isso não dizemos, “assim canta Ambrósio, Gregório, Prudêncio, Sedúlio”, mas, “assim canta a igreja cristã”. Pois trata-se apenas de hinos que Ambrósio, Sedúlio e outros cantam em conjunto com a igreja, e a igreja com eles. E quando eles morrem, a igreja, que permanece, continuará cantando os hinos que eles compuseram.

- Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Tratado sobre as últimas palavras de Davi, 1543)

Fonte: Castelo Forte: Devoções Diárias 1983, 05/05 (São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983)

Primeiro Domingo após Natal (Ano C)

Ícone da Apresentação de Jesus (Gerges Samir)

Êxodo 13.1-3a,11-15
Salmo 111
Colossenses 3.12-17
Lucas 2.22-40

O Filho Primogênito de Deus é nosso resgate do pecado e da morte

Quando o Senhor destruiu os filhos primogênitos do Egito, poupou os filhos de Israel provendo um cordeiro no lugar deles. Por isso, todos os primogênitos pertencem a ele. Desta forma, todo filho primogênito era resgatado quando um animal macho primogênito era sacrificado (Êx 13.12-13). É por isso que os pais de Jesus “levaram o menino a Jerusalém para o apresentar ao Senhor” (Lc 2.22). No entanto, ali Jesus não será resgatado através do serviço sacerdotal, mas será consagrado para “a redenção de Jerusalém” e “a consolação de Israel” (Lc 2.25, 38). Por isso, Deus Pai não poupou o seu Filho unigênito, mas o ofereceu como o verdadeiro Cordeiro Pascal, a fim de resgatar o seu povo da escravidão. Sua cruz causa tropeço e queda de muitos, mas seu sangue expia os pecados do mundo e nos livra da morte. Agora podemos partir na paz de Cristo porque também ressuscitaremos com Ele. Quando recebemos o seu corpo e sangue no Sacramento do Altar, nos unimos a Simeão e Ana rendendo “graças a Deus Pai” e “louvando a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais”, o que inclui o louvor do Nunc Dimittis, “com gratidão no coração” (Lc 2.28-32, 38; Cl 3.15-17).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, nosso Criador e Redentor, que nos criaste de forma maravilhosa e na encarnação de teu Filho de forma ainda mais maravilhosa restauraste nossa natureza humana, concede que possamos estar sempre vivos naquele que se tornou igual a nós; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: Lecionários (Editora Concórdia).

Davi, Rei e Profeta - 29 de dezembro

Rei Davi Penitente (c. 1633), por Hendrick Bloemaert Hendrick Bloemaert (1601-1672) - Galeria Nacional de Praga

Davi, o maior dos reis de Israel, foi governante por volta de 1010 a 970 a.C. Os eventos de sua vida estão registrados em 1 Samuel 16 até 1 Reis 2 e em 1 Crônicas 10-29. Davi também foi um músico talentoso. Foi um exímio tocador de harpa e autor de pelo menos setenta e três salmos, incluindo o belíssimo Salmo 23. Seu caráter público e pessoal revela uma mistura de bondade (como, por exemplo, na sua vitória sobre o gigante Golias [1 Sm 17]) e maldade (como em seu adultério com a esposa de Urias, seguido do assassinato de Urias [2 Sm 11]). A grandeza de Davi estava em sua profunda lealdade a Deus como líder militar e político de Israel, além da sua disposição em reconhecer seus pecados e pedir perdão de Deus (2 Sm 12 e Sl 51). Foi sob a liderança de Davi que o povo de Israel se uniu em uma única nação, tendo Jerusalém como sua capital. 

ORAÇÃO DO DIA:

Deus de majestade, a quem os santos e anjos se deleitam a adorar no céu, nós te rendemos graças por Davi que, por meio do Saltério, deu a teu povo hinos para serem cantados com júbilo em nossa adoração na terra, a fim de que possamos vislumbrar a tua beleza. Leva-nos ao cumprimento dessa esperança de perfeição que será nossa quando estivermos diante da tua glória revelada; por Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. 

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 1068)