31/10/2012

A História e Significado da Rosa de Lutero


A Rosa de Lutero, também conhecida como Selo de Lutero, é o símbolo mais conhecido do Luteranismo. As suas origens são bem interessantes.

Em 1520 Lutero foi convidado a criar um símbolo pessoal para resumir a sua fé, uma vez que seus escritos tornaram-se cada vez mais popular. Havia um desejo por parte dos impressores Wittenberg de algum meio que indicasse uma publicação autorizada das obras de Lutero, então eles pediram ao próprio Lutero o que ele gostaria de ter como sua marca pessoal em seus trabalhos publicados.

Em 1530, o príncipe João Frederico queria dar a Lutero um presente na forma de um anel de sinete. Este gesto era um agradecimento por Lutero haver dedicado ao príncipe sua tradução do livro de Daniel e uma expressão do seu apreço, amor e respeito pelo Dr. Lutero. O presente foi dado pessoalmente a Lutero, pelo príncipe João, no Castelo de Coburgo em 14 de setembro, Dia da Santa Cruz, quando o príncipe parou em Coburgo, retornando da Dieta de Augsburgo.

Lazarus Spengler, de Nürnberg, que ajudou a preparar o anel, pediu a Lutero uma explicação sobre o selo. Lutero forneceu não só uma explicação, como também uma indicação das cores que ele deveria conter.

Abaixo está a carta de Lutero datada de 8 de julho de 1530, explicando o seu selo, quando foi indagado por Lazarus Spengler que estava preparando o anel a pedido Príncipe João:

"Graça e paz por parte do Senhor. Como você deseja saber se o selo pintado, que você me enviou, acertou o alvo, devo responder de forma amigável e lhe dizer sobre meus pensamentos e razões originais porque meu selo é um símbolo da minha teologia.
Primeiro, deve haver uma cruz preta dentro de um coração – o qual retém a sua cor natural – para que eu seja lembrado que a fé no Crucificado nos salva. Pois quem crê de coração será justificado (Romanos 10.10). Embora seja uma cruz preta, que mortifica e que também deve causar dor, ela deixa o coração em sua cor natural. Ela não corrompe a natureza, isto, ela não mata, mas mantém vivo. "O justo viverá por fé" (Romanos 1.17), mas pela fé no Crucificado.
Tal coração deve estar no meio de uma rosa branca, para mostrar que a fé dá alegria, conforto e paz. Em outras palavras, ela coloca o crente em uma rosa branca, de alegria, pois esta fé não dá paz e alegria como o mundo dá (João 14.27). É por isso que a rosa deve ser branca, e não vermelha, pois o branco é a cor dos espíritos e dos anjos (conforme Mateus 28.3; João 20.12).
Tal rosa deve estar numa área de azul celeste, simbolizando que tal alegria em espírito e fé é o começo da futura alegria celestial, que já começa, mas é obtida em esperança, pois ainda não é revelada.
Ao redor dessa área está um círculo dourado, simbolizando que tal bênção no céu dura para sempre; é sem fim. Tal bênção vai além de toda a alegria e bens, assim como o ouro é o melhor metal, o mais valioso e precioso.
Este é o meu compendium theoligae [o sumário da teologia]. Eu queria mostrar a você em boa amizade, esperando por sua apreciação. Que Cristo, nosso amado Senhor, seja com o teu espírito até a vida futura. Amém."

O texto pode ser encontrado na Edição Weimar das Obras de Lutero (Briefe Vol. 5:444s) e na edição inglesa das obras de Lutero (Luther's Works: American Edition, Vol. 49:356-359).



Halloween: diversão inocente ou algo a ser evitado?


por Rev. William M. Cwirla 

O Halloween se tornou um feriado comercial importante nos Estados Unidos, o segundo em potencial de lucro, perdendo apenas para o Natal. Uma família americana normal já gasta mais de 100 dólares cada ano em truques, doces e decorações assustadoras.

O que nós cristãos temos a ver com o Halloween? É diversão inocente ou algo a ser evitado?

História

Halloween é a abreviatura de All Hallows Eve [Véspera de Todos os Santos], ou seja, a noite antes do Dia de Todos os Santos, um dia sagrado cristão no qual os crentes honravam os santos (hallowed), os heróis e mártires da fé. Para os luteranos, All Hallows Eve é também o Dia da Reforma, o dia em que Martinho Lutero afixou suas 95 Teses para debate na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg.

Na Idade Média, as pessoas tinham uma profunda sensação do demoníaco. Basta pensar no hino da Reforma de Lutero, o “Castelo Forte”: “O mundo venham assaltar demônios mil, furiosos, jamais nos podem assombrar”. As pessoas acreditavam que os demônios estavam em atividade especialmente na véspera de Todos os Santos. As pessoas esculpiam abóboras com caras feias e as colocavam fora de casa para protegê-las. Isso é parecido com a prática de esculpir gárgulas grotescas sobre as calhas de drenagem das catedrais para afastar demônios. As pessoas desfilavam nas ruas vestidas com fantasias e máscaras para atrapalhar os demônios e confundir seus planos.

O dia sagrado de Todos os Santos quase desapareceu, especialmente no cristianismo protestante, que mal reconhece os santos e muito menos os honram. A cultura popular grudou no All Hallows Eve e o transformou em mais um artifício de ganhar dinheiro. A maior parte da diversão é inocente, se bem que ruim para os dentes. Crianças se vestem de Power Rangers, bailarinas e Bob Esponja e se fartam com os doces que pediram aos vizinhos mediante permissão especial dos pais e dentistas.

No entanto, existe um lado mais sombrio e sinistro do Halloween. Grupos satânicos e pagãos fizeram do Halloween seu próprio “grande dia sagrado”. Os protetores de animais alertam os donos de gatos pretos para mantê-los dentro de casa para que eles não sejam prejudicados. Uma noite que já foi de confronto com o diabo se tornou uma celebração de todas as coisas diabólicas. A velha natureza sempre prefere as trevas à Luz.

Convém aos cristãos participar? A resposta mais fácil poderia ser um simples e profundo “não”. Mas toda estrada tem dois lados, e o Halloween não é exceção.

De um lado

Há o perigo de tomar a morte e o diabo com muita leviandade. Não se engane: O diabo é real. Ele não é um cara vermelho com uma cauda pontuda e um tridente. Ele é um mentiroso, o pai da mentira e um assassino. Ele se disfarça de anjo de luz, parecendo ser muito religioso, a fim de enganar as pessoas e chamar a sua atenção para longe de Jesus Cristo (2 Co 11.14).

Um crente batizado pertence inteiramente ao Senhor e não tem comunhão com o diabo e seus demônios. Então, quando os cristãos tomam parte no lado sombrio do Halloween, podem criar a falsa impressão de que a morte e o diabo não são um negócio sério, ou que não há problema em os cristãos tomarem uma refeição com o diabo de vez em quando, contanto que suas colheres sejam longas o suficiente. Nenhum cristão fiel, que leva a sério o pecado, a morte e o diabo, iria querer alguma coisa com isso.

Do outro lado

Há o perigo de levar o diabo muito a sério. Ao contrário do que alguns parecem acreditar, o diabo não é todo-poderoso, onisciente, onipotente, ou presente em toda parte. Ele é um anjo caído, uma criatura de Deus que se voltou contra o seu Criador. Ele está preso e derrotado pela morte e ressurreição de Jesus. Ele é um mentiroso e um perdedor, e sua única esperança, com o pouco tempo que lhe resta, é convencer o mundo de que a morte de Jesus na cruz não é suficiente para nos salvar.

Jesus Cristo venceu a morte por todas as pessoas, de uma vez por todas. Ele derrotou o diabo através da sua morte na cruz. Podemos viver em confiança, libertos do medo da morte e do diabo, sabendo que Deus está em paz conosco na morte de Jesus, que Jesus ressuscitou dentre os mortos e que nós também seremos ressuscitados. Cristo venceu. O diabo está derrotado. “Julgado ele está; vencido cairá” [Das macht, er ist gericht’t].

O caminho do meio

Jesus não pendeu em uma cruz para que seus cristãos saíssem por aí com um olhar severo em seus rostos, julgando todos à sua volta. Quando cristãos se tornam excessivamente críticos do Halloween, podem criar a falsa impressão de que Jesus não reina desde já sobre todas as coisas, incluindo o diabo, que Ele não venceu a morte através da sua morte e ressurreição ou que o diabo deve ser mais temido do que Deus.

Um pietismo azedo por parte dos cristãos confirma a noção equivocada que o mundo tem de que o cristianismo não é nada mais do que uma religião de regras controlado por babás moralistas que querem acabar com a diversão em tudo. Martinho Lutero nos lembrou que precisamos humilhar o diabo sempre que tivermos chance [WA 18:277.35]. Lutero fez isto muitas vezes de maneiras bastante pitorescas. O Halloween certamente proporciona a oportunidade para zombar do "velho inimigo maligno" [Der alt’ böse Feind].

Tendo definido os dois lados, vamos voltar à questão que começou toda esta discussão. Convém aos cristãos participar do Halloween? Tudo depende. É claro que não imagino crentes batizados em Jesus Cristo dançando na floresta em volta de fogueiras enquanto cantam orações pagãs para a deusa mãe ou sacrificando gatos pretos, não obstante todo o liberalismo ecumênico. Por outro lado, a principal tarefa do diabo é nos afastar da morte e ressurreição de Cristo e nos fazer focar em nossas próprias obras, orações e piedade. Ele parece estar se saindo muito bem dentro do mega-cristianismo. Pra falar de uma maneira geral, toda a bobagem cultural associada com o Halloween tem tanto a ver com o diabo quanto o Natal hoje tem a ver com a encarnação do Filho de Deus.

Como vamos decidir? 

O amor ao próximo e a preocupação pela sua salvação deve fazer-nos refletir algumas questões. O que seu próximo, sua família, seus filhos, seu irmão ou irmã em Cristo pensam da sua festa do Halloween? Isso vai ajudar ou atrapalhar a fé deles em Jesus? Será que seu divertimento no Halloween testemunha a vitória e a liberdade que Jesus conquistou com sua morte e a ressurreição, ou ela exalta os poderes das trevas e morte? Será que dá atenção de forma indevida às coisas sombrias e demoníacas, ou zomba dessas coisas que já foram derrotadas? Você é capaz de falar francamente com seus filhos sobre a realidade da morte e do diabo e contar a eles sobre vitória de Jesus?

A liberdade em Cristo é sempre temperada pelo amor ao próximo. Você é completamente livre em Jesus para servir o seu próximo em amor (Rm 14.1-23).

Você deve decidir por si mesmo como e até que ponto você e sua família participarão em festas de Halloween. O contexto é importante. Pode variar de acordo com a experiência local. O melhor conselho que posso dar é humilhar o diabo, honrar a Cristo e tirar aquele olhar severo de seu rosto. Lembre-se de quem você é através do Santo Batismo: um sacerdote batizado no sacerdócio santo de Cristo “a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9 NAA).
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Sobre o Autor: Rev. William M. Cwirla é pastor da Holy Trinity Lutheran Church, em Hacienda Heights, Califórnia 

Outubro de 2010 

William Cwirla

Tradução do artigo "Dancing on the Devil’s Grave", publicado originalmente na revista The Lutheran Witness - Oct 2010, Vol.129 #10.

Luteranos podem comemorar o Halloween?

Para dar um subsídio mais evangélico às nossas ponderações sobre o Halloween, traduzi um artigo de procedência luterana, publicado originalmente no portal Higher Things.

Neste artigo o Rev. Mark Buetow nos encoraja a encarar o Halloween da mesma forma como vivemos todos os outros dias e suas circunstâncias: como filhos de Deus batizados!

O Evangelho de Halloween


Bruxas, magos, esqueletos, espíritos do mal e super-heróis? Não importa. Precisamos conseguir um doce! À medida que o Halloween se aproxima, muitos dos que se autodenominam cristãos se empolgam com essa festividade supostamente satânica. Colocando a ênfase nas bruxas, nos espíritos do mal e no terror violento, tais pessoas ficam incomodadas e dizem que cristãos não têm nada a ver com essa festividade e devem fazer algo melhor neste dia, alguma coisa mais religiosa e piedosa. Dessa forma, todas as festas de “Halloween” são substituídas por “Festivais de Outono”. Há até um grupo que inventou uma nova festividade em 31 de outubro chamada Jesus Ween (Alguém mais acha que isso soa estranho e assustador?). Você pode ser um cristão e comemorar o Halloween? Você pode se fantasiar e ir a uma festa? Pedir gostosuras ou travessuras? Divertir-se? O fato é que um cristão PODE comemorar e aproveitar o Halloween. Leia mais para descobrir o porquê.

Primeiro um pouco de história. O termo Halloween vem do inglês arcaico “All Hallows Eve” [Véspera de Todos os Santos]. “All Hallows” refere-se a “Todos os Santos” (All Saints), que é festejado em 1º de novembro, no qual a igreja lembra todos os seus santos batizados e especialmente aqueles que adormeceram em Jesus. Visto que as festividades cristãs começam no pôr do sol do dia anterior, o dia 31 de outubro é Véspera de Todos os Santos (assim como 24 de dezembro é Véspera de Natal) ou All Hallows Eve que, encurtado ao longo do tempo, ficou “Halloween”. Logo, na sua raiz, o Halloween era apenas a véspera do dia quando todos os santos cristãos eram lembrados. E quando estamos falando de santos, estamos falando de batismo! E como pode um dia que nos lembrar de nosso batismo ser ruim?

Na Sexta-feira Santa Jesus destruiu o poder do diabo. Ele morreu pelos pecados do mundo. Ele morreu pelos seus pecados. São Paulo escreve que na cruz Jesus despojou os poderes do inferno (Colossenses 2.15). Isso quer dizer que quando o Halloween chega e fantasminhas e duendes correm por aí, eles são nada mais do que piadas e caricaturas do diabo. Ele não tem poder. Ele não pode te machucar. O diabo não tem direito sobre aqueles que foram sepultados, ressuscitados com Jesus e vestidos com Cristo em seu batismo. Aqueles que foram aspergidos pelo sangue do Cordeiro de Deus não podem ser arrancados das mãos do Pai! Isso quer dizer que quando saímos no Halloween, fantasiados ou não, nós parecemos com Jesus. Isso é o que teu Pai celestial vê quando olha para você. Você pode se fantasiar de ghoul (vampiro) ou super-herói para uma festinha ou para pedir "gostosura ou travessura", mas para teu Pai Celeste você sempre irá se parecer com seu Filho: muito amado e precioso.

Mas o 31 de outubro também não é uma data tradicional para os pagãos fazerem suas coisas? Claro. Isso porque sempre que a igreja tem um dia santo, o diabo tenta copiá-lo, zombá-lo, e desviar os demais. Por isso, o final de outubro tem sido uma época em que as religiões pagãs realizam rituais e outras práticas estranhas. Mas convenhamos: o Halloween nos Estados Unidos tornou-se nada mais do que um dia para se divertir. Peça um montão de doces. Vá na festinha e pegue maçãs com a boca (brincadeira de Halloween: apple bobbing). Coloque uma fantasia e fique um pouco pateta. Como cristãos somos tão livres, pois fomos resgatados por Cristo do pecado e da morte, que podemos achar graça das lápides infláveis e se fantasiar de zumbi. Talvez o Halloween seja uma forma do mundo tentar fingir que a morte é algo para se achar graça. Mas para aqueles que estão em Cristo, sabemos que tudo isso é o que a morte é. Algo para se rir e zombar. Pois a morte foi derrotada por Jesus. Sua morte foi vencida. Sabemos que não voltaremos como vampiros ou zumbis. Em vez disso, no Último Dia Jesus voltará e nos ressuscitará e não haverá mais morte.

Então passe o dia de Halloween do mesmo jeito que você vive todos os outros dias. Faça o sinal da cruz pela manhã para lembrar que você é um filho de Deus, marcado pelo Senhor como seu próprio filho. Aproveite seu dia e coma o seu doce com a consciência tranquila, sabendo que o seu manto de justiça não é a roupa que você veste, mas é a verdadeira vestimenta pela qual você foi coberto em Jesus. Sirva ao próximo e evite qualquer coisa que possa prejudicá-lo ou incomodá-lo (Nem TODAS as coisas do Halloween são uma boa ideia!). Ao fim do dia, faça o sinal da cruz novamente e saiba que você ainda é do Senhor por causa de Jesus. Ouse ser luterano também, lembrando que 31 de outubro é também o dia em que a Reforma começou, o momento em que Martinho Lutero lembrou a Igreja que Cristo é o mais importante e que as superstições, mesmo que estejam na igreja, ainda são bobagem e inútil. Quem precisa ter medo dessas coisas quando temos como um Salvador aquele que nos redimiu, comprou e conquistou do pecado, da morte e do poder do diabo? Então Feliz Halloween! Feliz porque você é um santo batizado em Jesus.
Rev. Mark Buetow é pastor na Bethel Lutheran Church em Du Quoin, Illinois (EUA).

28/10/2012

Verdadeiramente livres: uma mensagem que se tornou viral

Imagem: Michael Hampshire-National Geographic Stock
Em tempos de redes sociais, estamos nos acostumando a fenômenos virais. São aqueles assuntos ou coisas que atingem um alto grau de circulação na internet, alcançando grande popularidade. De acordo com o Wikipedia, um assunto se torna viral quando seu conteúdo induz à replicação, resultando que muitas cópias são produzidas ou espalhadas, tornando-se até mesmo difícil de controlar. Este fenômeno não é novo. E a história já nos ensina que não há nada de novo debaixo do sol.

Cinco séculos antes do Facebook a mídia social fomentou o movimento da Reforma. É o que afirma um artigo da revista The Economist de dezembro/2011, concluindo que as mídias sociais hoje não apenas nos conectam uns aos outros: elas também nos ligam ao passado. O fato é que um ‘post’ de Lutero na porta da igreja de Wittenberg em 31.10.1517 deflagrou uma reação sem precedentes, de forma que dentro de 4 semanas quase toda a cristandade estava familiarizada com a mensagem. Assim como acontece com likes e retweets hoje, o número de reimpressões também era um indicador da popularidade de um determinado item. E os panfletos de Lutero eram os mais procurados, a ponto de serem proibidos de publicar. Mas já era tarde demais, pois os ‘posts’ de Lutero já tinham ultrapassado as fronteiras da Alemanha e estavam fora de controle. Para usar a linguagem moderna, a mensagem de Lutero tinha se tornado viral.

Olhando apenas desse viés, diríamos que Lutero foi agraciado com uma mídia social que tornaram seus posts virais, rendendo-lhe milhares de followers em questão de semanas. Mas quando olhamos para o outro lado, o lado onde Deus está no controle dos acontecimentos e cuja palavra não volta vazia sem fazer o que lhe agrada (Is 55.11), enxergamos a obra do Espírito Santo em todos estes eventos e circunstâncias. Afinal aquelas mensagens de Lutero só se tornaram virais porque continham algo de muito valoroso e descortinava uma novidade que fora oculta em meio às mazelas da igreja e sociedade da época.

No século XVI o povo tinha muitas dificuldades para ganhar a liberdade da culpa que só podia ser remida através de orações, jejuns, peregrinações e indulgências. Ainda hoje muitas pessoas pensem que dependem de frequência à igreja, contribuições financeiras, trabalho na igreja e atos de caridade para se sentiram aceitáveis diante de Deus.

Por isso, no mês da Reforma celebramos o dom gracioso de Deus para com a sua igreja, através de seu servo Lutero que nos lembrou da nossa liberdade da Lei por meio do Evangelho de Jesus Cristo. Lutero e seus colegas entenderam a partir das Escrituras que se nós pecadores tivéssemos de ganhar a salvação por nossos próprios méritos e boas obras, estaríamos perdidos e completamente sem esperança. Mas, pela obra do Espírito Santo, os reformadores também redescobriram o evangelho: a maravilhosa notícia de que Jesus Cristo viveu, morreu e ressuscitou para nos redimir e justificar, nos dar vida em abundância.

Com alegria aceitamos isso: o Filho me faz livre! Jesus Cristo tomou sobre si a escravidão da Lei e morreu para pagar os pecados do mundo. Deus declara o mundo justo por causa de Jesus. “Se o Filho os libertar, vocês serão, de fato, livres” (Jo 8.36). Quando Lutero descobriu esta liberdade através da fé em Cristo, ele escreveu que os portões do paraíso se abriram para ele. Estão abertos também para nós. Por isso, alegremo-nos com o nosso movimento da escravidão para a liberdade. Alegremo-nos em poder viver de fato essa liberdade. Oremos para que Deus nos mantenha fiéis ao verdadeiro evangelho e ajude-nos a proclamá-lo com alegria e torna-lo viral num mundo tão carente do amor de Jesus.

Mensagem publicada no Informativo Bom Pastor (Outubro/2012) da Comunidade Bom Pastor (Lapa, São Paulo/SP)