30/04/2013

Domingo Cantate - São João 16.5-15

“Pentecostes” (1545), de Titian (Tiziano Vecelli, c.1488-1576)

Depois que Cristo deu a seus discípulos a promessa e o consolo em relação à sua despedida, dizendo que lhes enviará o Consolador, o qual não pode vir antes de sua partida, poderiam perguntar agora: “Que o Consolador deve fazer junto a nós e através de nós?” A isso, ele responde definindo claramente o ofício e a obra do Espírito Santo, afirmando que este deve repreender o mundo inteiro por causa do pecado através das palavras dos apóstolos. Ele diz do seu Reino que ele o estabelecerá na terra depois da sua ascensão ao céu e que se expandirá vigorosamente pelo mundo inteiro mediante o poder do Espírito Santo e sujeitará tudo a ele. Mas não será um governo secular. Ele não distribuirá golpes de espada, deporá ou investirá reis e senhores, ou estabelecerá uma nova ordem ou lei. Tal governo se regerá unicamente pela Palavra ou pelo ministério da pregação dos apóstolos.

Bem-aventurado Martinho Lutero, doutor e reformador da igreja 

Fonte: Os capítulos 14 e 15 de S. João, pregados e interpretados pelo Dr. Martinho Lutero e Capítulo 16 de S. João, pregado e explicado (Obras Selecionadas 11:358)

28/04/2013

Domingo Cantate: Sua vida e ação são corretas e boas

"Pentecoste" (1782), de István Dorffmeister (1741-1797)

Leitura bíblica: São João 16.12-15

Esta mensagem é realmente gloriosa. Mas, de momento, vocês ainda não a compreendem (diz Jesus), porque ela é sublime demais e ninguém pode aceitá-la por iniciativa própria. Posteriormente, todavia, quando eu for glorificado por meio da ressurreição e quando vier o Espírito Santo, vocês o compreenderão perfeitamente e saberão em seus corações que eu, por estar no Pai, me livrei de tudo que é mortal. E vocês que permanecem em mim experimentarão o mesmo. Pois assim como tudo está morto no Pai, e nada há o que é capaz, pecado, diabo, morte, também há que estar morto em mim e, de igual modo, em vocês, porque estão em mim. Por último, vocês também aprenderão que eu estarei em vocês. Porque somente em mim vocês terão ânimo e intrepidez, consoladora confiança e certeza de que o Pai é gracioso para com vocês e não está irado. Ao saberem disso, vocês também terão a certeza de que suas palavras, pregação, vida e ação são corretas e boas, pois são minha própria voz e ação. Porque sou eu quem fala, prega, batiza e faz tudo o mais em e através de vocês.

- Homilia do bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja.

27/04/2013

Domingo Cantate: Ele tomou nosso pecado sobre suas costas

"Deus convidando Cristo para se sentar no trono à sua direita" (1645), de Pieter de Grebber (1600-1652/53)

Leitura bíblica: São João 16.5-11

Para poderem subsistir perante Deus e serem declarados justos, receber poder dos pecados e vida eterna, os cristãos não deveriam conhecer outra justiça senão esta ida de Cristo para o Pai. Por ela nada mais é do que o seguinte: Ele tomou nosso pecado sobre suas costas e por causa dele deixou-se matar na cruz, foi sepultado e desceu ao inferno; mas não se deixou prender pelo pecado, a morte e o inferno, pois ressuscitou e subiu aos céus, onde, agora, à direita de Deus, reina poderosamente sobre todas as criaturas.
É bem verdade que esta justiça é escondida e oculta, não somente para o mundo e o pensamento humano, mas, também, para os próprios santos. Pois não se trata de pensamento, palavra ou obra em nós mesmos, mas está muito longe e acima de nós: É a ida de Cristo ao Pai. Ela foi posta fora do alcance de nossos sentidos e compreensão, de sorte que não pode ser vista ou sentida; só pode ser recebida por meio da fé na palavra que anuncia que o próprio Cristo é a nossa justiça, para que nos gloriemos diante de Deus, não em nós mesmos, mas unicamente neste Senhor.

- Homilia do bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja.

26/04/2013

Domingo Cantate: Vós crentes, todos, exultai!

"Anjos Cantando" (1427-29),
de Jan van Eyck (1395-1441)

Cantate, o Domingo do Cântico da Igreja, é um dia de louvar a Deus “porque ele tem feito coisas maravilhosas” (Introito).
Vós crentes, todos, exultai!” (Nun freut euch, lieben Christen g’mein) é uma sugestão de Hino do Dia (Hauptlied). A letra deste belo hino de Lutero resume a fé cristã sob a temática do Christus Victor e capta a alegria da Igreja na sua vigorosa melodia (também composta Lutero).
Não há um credo cantado e rimado que melhor exprima o que cremos:

1.Vós crentes, todos, exultai! 
   Contentes nos mostremos, 
   louvando o que de nosso Pai 
   sem paga recebemos, 
   enaltecendo o Benfeitor 
   e seu gracioso, eterno amor, 
   ao qual a paz devemos. 

2.Cativo fui de Satanás 
   e à morte condenado; 
   e noite e dia andei sem paz 
   por causa do pecado. 
   E cada vez caía mais, 
   sem me poder erguer jamais 
   daquele triste estado. 

3.Nas minha obras, sem valor, 
   nenhum proveito havia; 
   por natureza, um malfeitor, 
   odiando a Deus me via. 
   O medo, então, me fez sofrer 
   e, em desespero, compreender 
   que ao fogo eterno iria. 

4.Mas Deus me teve compaixão, 
   doeu-lhe minha sorte; 
   em seu bondoso coração 
   me quis livrar da morte. 
   Chegou-se a mim tão paternal 
   e, com extremo amor real, 
   me deu Jesus, Deus forte. 

5.Ao Filho eterno disse o Pai: 
   É tempo de piedade. 
   Salvar meu povo, agora, vai, 
   revela a caridade. 
   Ajuda-o para o mal vencer, 
   esmaga a morte e faze-o ser 
   feliz na eternidade. 

6.Ao Pai o Filho obedeceu, 
   no mundo aqui nascendo; 
   ao diabo, em luta atroz, venceu, 
   perdão e paz trazendo. 
   Ao Santo Espírito enviou, 
   que em mim por graça despertou 
   a fé que estou vivendo. 

7.Diz ele: Permanece em mim, 
   e não serás vencido. 
   Por ti combato até o fim, 
   estando a ti unido 
   na mais perfeita e santa união 
   para uma eterna salvação, 
   junto a meu Pai querido. 

Nun freut euch, lieben Christen g’mein” apareceu pela primeira vez impresso em “Etlich' christliche Lieder” (Wittenberg, 1524). A tradução que se encontra no Hinário Luterano (n.º 376) é de Martinho Lutero Hasse (1919-2004). Outra versão com todas as 10 estrofes traduzidas está no hinário Hinos dos Povos de Deus (nº 155) sob o título “Cristãos, alegres jubilai”.


2. Dem Teufel ich gefangen lag,
    Im Tod war ich verloren,
    Mein Sünd mich quälet Nacht und Tag,
    Darin ich war geboren;
    Ich fiel auch immer tiefer drein,
    Es war kein Guts am Leben mein,
    Die Sünd hat mich besessen.

3. Mein gute Werk, die golten nicht,
    Es war mit ihn verdorben,
    Der frei Will hasset Gotts Gericht,
    er war zum Gut erstorben.
    Die Angst mich zu verzweifeln treib,
    Daß nichts denn Sterben bei mir bleib,
    Zur Höllen mußt ich sinken.

4. Da jammert Gott in Ewigkeit
    Mein Elend übermaßen,
    Er dacht an sein Barmherzigkeit,
    Er wollt mir helfen lassen.
    Er wandt zu mir das Vaterherz,
    Es war bei ihm fürwahr kein Scherz,
    Er ließ sein Bestes kosten.

5. Er sprach zu seinem lieben Sohn:
    Die Zeit ist hie zurbarmen,
    Fahr hin, meins Herzens werte Kron,
    Und sei das Heil der Armen
    Und hilf ihm aus der Sünden Not,
    Erwürg für ihn den bittern Tod
    Und laß ihn mit dir leben.

6. Der Sohn dem Vater ghorsam ward,
    Er kam zu mir auf Erden
    Von einer Jungfrau rein und zart,
    Er sollt mein Bruder werden.
    Gar heimlich führt er sein Gewalt,
    Er ging in meiner armen Gstalt,
    Den Teufel wollt er fangen.

7. Er sprach zu mir: “Halt dich an mich,
    Es soll dir jetzt gelingen;
    Ich geb mich selber ganz für dich,
    Da will ich für dich ringen;
    Denn ich bin dein und du bist mein,
    Und wo ich bleib, da sollst du sein,
    Uns soll der Feind nicht scheiden.

8. Vergießen wird er mir mein Blut,
    Dazu mein Leben rauben,
    Das leid ich alles dir zu gut,
    Das halt mit festem Glauben,
    Den Tod verschlingt das Leben mein,
    Mein Unschuld trägt die Sünde dein,
    Da bist Du selig worden.

9. Gen Himmel zu dem Vater mein
    Fahr ich von diesem Leben,
    Da will ich sein der Meister dein,
    Den Geist will ich dir geben,
    Der dich in Trübnis trösten soll
    Und lernen mich erkennen wohl
    Und in der Wahrheit leiten.

10.Was ich getan hab und gelehrt,
    Das sollst du tun und lehren,
    Damit das Reich Gottes werd gemehrt
    Zu Lob und seinen Ehren.
    Und hüt dich vor der Menschen Satz,
    Davon verdirbt der edle Schatz:
    Das laß ich dir zu Letze.”

FonteMartin Luther Gesangbuch (Kirchengemeinde Höchstenbach)


Coleta para o Quinto Domingo de Páscoa (Cantate)

“A Virgem Maria em Oração” (1518), de Albrecht Dürer (1471-1528)

Uma das coletas mais belas é a oração para este domingo. É oportuno orá-la todos dos dias e pedir a Deus tão grandiosa dádiva:

Ó Deus, que fazes as mentes dos teus fiéis terem a mesma vontade, concede ao teu povo que possam amar o que ordenas e desejar as tuas promessas, para que, em meio às muitas mudanças deste mundo, nossos corações estejam fixos onde as verdadeiras alegrias podem ser encontradas.

Fixar nossos corações onde as verdadeiras alegrias podem ser encontradas... Assim é Cristo para nós. Nossa âncora certa e imutável que nos mantém seguros e firmes em meio a um mundo de incertezas.

Esta oração é dirigida a Deus Pai, mas podemos atribuir a sua realização ao Espírito Santo, que une os fiéis em uma singela unidade, o corpo místico de Cristo, com uma só vontade, um só amor e um só desejo. O objetivo desta união é o lugar para onde Cristo foi. No mar instável da vida os nossos corações estão ancoradas no céu. Lá as verdadeiras alegrias estão nos esperando. Na Coleta tornamos a base para nossa petição a ação do Consolador nas mentes dos fiéis e enfatizamos a unidade dos crentes em amar as ordenanças, desejar as promessas e fixar os corações nas verdadeiras alegrias em Cristo. A ideia de que ressuscitamos em novidade de vida na Páscoa está novamente presente. “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus” (Colossenses 3.1-3). – Fred H. Lindemann (The Sermons and The Propers: Volume II - Pre-Lent to Pentecost. St. Louis: Concordia Publishing House, 1958. p. 208)

Quinto Domingo de Páscoa - Cantate

"O Espírito Santo" (1750), de Corrado Giaquinto (1703-1766)

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:

Antigo Testamento: Isaías 12.1-6
Salmo: Salmo 66.1-8 (antífona. v. 5)
Epístola: Tiago 1.16-21
Santo Evangelho: São João 16.5-15

Jesus prometeu enviar seu Espírito Santo, o Consolador 

Embora Jesus tenha partido para estar à mão direita do Pai que o enviou e se apartado visivelmente de seu povo, isto ainda é favorável a nós. Pois Jesus – que é Senhor de toda a criação, que intercede por nós junto ao Pai, que está preparando um lugar para nós no céu – enviou o Consolador, o Espírito da Verdade (São João 16.5-15). “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes” através de Jesus Cristo (Tiago 1.17). O Espírito Santo nos auxilia ao tomar o que é de Cristo e declarar isto como nosso. Na Palavra da verdade, o Espírito produz arrependimento e entrega-nos o perdão dos pecados, a justiça de Cristo e a vitória sobre o diabo. O príncipe deste mundo está julgado e derrotado pela cruz. Através do ministério do Espírito Santo fomos trazidos para a nova vida em Cristo, que é as primícias dos que dormem. Confiantes de nossa ressurreição com Cristo nós confessamos: “Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei” (Isaías 12.2). — Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod)

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que fazes as mentes dos teus fiéis terem a mesma vontade, concede que possamos amar o que ordenas e desejar o que prometes, para que, em meio às muitas mudanças deste mundo nossos corações possam estar fixados onde se encontram as verdadeiras alegrias; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

25/04/2013

São Marcos - “Útil para o ministério”



Hoje a Igreja celebra o Dia de São Marcos, o santo Evangelista. 
Abaixo, homilia para o dia de hoje baseada em 2 Timóteo 4:


“Útil para o ministério”
2 Timóteo 4.11

Toma Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério” (2 Tm 4.11). Esta simples menção no final de 2 Timóteo, ao fim da vida de Paulo, nos diz que a história teve um final feliz.

Você se lembra da última menção que Paulo fez de Marcos, não é? Barnabé queria levar Marcos com eles em sua revisitação das Igrejas e Paulo bateu o pé. De jeito nenhum teriam João Marcos a acompanhá-los novamente, seja primo de Barnabé ou não. Você se lembra por quê? João Marcos tinha sentido saudades de casa durante a primeira viagem missionária e deixou Paulo e Barnabé. Para Paulo, e sua consagração total à missão de difundir o Evangelho, esta era uma questão de seriedade. Talvez ele tenha recordado as palavras do Senhor sobre aqueles que olham para trás depois de colocar a mão no arado.

Barnabé, cujo nome é apropriado e significa "filho da consolação", era tudo pela segunda chance, mas Paulo era irredutível. A discussão deles foi tão forte, que seguiram caminhos separados. Barnabé e Marcos deixaram Paulo para seguir seu próprio caminho.

E, contudo, na epístola de hoje, Paulo instrui Timóteo para trazer-lhe Marcos, Marcos que “me é muito útil para o ministério”.

O que aconteceu? Podemos apenas imaginar os detalhes, mas sabemos com certeza por que isso sucedeu. Você não pode viver no amor de Jesus Cristo e nutrir ressentimento. Você não pode viver no perdão de Cristo e se recusar a perdoar. É impossível.

Não há dúvida de que João Marcos estava errado por voltar atrás. E eu não duvido que ele confessou para Paulo cara a cara. Mas se Paulo estava partindo para continuar a viver e servir a este seu Senhor que o havia derrubado de seu cavalo na estrada de Damasco e o transformado em apóstolo da graça, então a graça deveria ter a palavra final em todos os seus relacionamentos também. O perdão convenceu o coração de Paulo. Como poderia ser de outra maneira?

E o perdão é uma força poderosa. Marcos pode ter voltado atrás uma vez e abandonado a missão, mas no amor perdoador de Seu Salvador, ele foi ficando cada vez mais ousado. Teve alento para passar aqueles últimos meses com Pedro e escrever a sua história de Cristo - o que nós chamamos hoje de Evangelho de Marcos – visto que Pedro fora condenado e sentenciado à morte. E foi com coragem e alegria que Marcos viajou para Alexandria e tornou-se o bispo daquela cidade, apenas para ser martirizado por proclamar a todos a boa notícia: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Evangelho de hoje).

Longe de fugir da missão, Marcos terminou sua vida como uma testemunha poderosa do Salvador, cujo sangue apagou os pecados do mundo e cuja ressurreição abriu um caminho através da morte. A Igreja se alegra em seu Evangelho, sua anotação do testemunho de Pedro. E ela se alegra de que em Cristo, aqueles que estão em desentendimento uns com os outros – mesmo aqueles desentendimentos ao fazer o trabalho do Senhor! – podem deixar de lado as acusações e auto-justiça e se alegrarem juntos, pois todos nós somos, apesar de tudo, apenas companheiros destinatários da misericórdia do Cristo crucificado, ressuscitado e Rei Senhor, para quem, com o Pai e o Espírito Santo e toda glória e domínio, para todo o sempre! Amém.


- Tradução da homilia publicada no blog do Rev. William C. Weedon, diretor de Culto e capelão do Centro Internacional da Igreja Luterana – Sínodo Missouri.

Festa de São Marcos, Evangelista - 25 de abril

"São Marcos, o Evangelista" (1804-1809), de Vladimir Borovikovsky (1757-1825)

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

Antigo Testamento: Isaías 52.7-10
Salmo: Salmo 146 (antífona. v. 5)
Epístola: 2 Timóteo 4.4-18
Santo Evangelho: São Marcos 16.14-20

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, tu enriqueceste tua Igreja com a proclamação do Evangelho através do evangelista Marcos. Fazei com que possamos crer firmemente nestas boas novas e diariamente andar de acordo com a tua Palavra; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.


São Marcos é o autor do segundo Evangelho, que ele compôs, segundo alguns Pais da Igreja, quando os cristãos de Roma lhe pediram para escrever a pregação do apóstolo São Pedro. Seu relato começa pela missão de João Batista, cuja “voz clama no deserto”. Daí ser representado com um leão aos seus pés ou por um leão alado, cujos rugidos faz estremecer o deserto. Esta simbologia vem das visões de João em Apocalipse (Cap. 4) e do profeta Ezequiel (Cap. 1 e 10). O leão, o boi, o homem e a águia que ali aparecem são utilizados para representar os quatro Evangelhos ou os quatro evangelistas.
Marcos, também conhecido como João Marcos, era originalmente de Jerusalém, onde a casa de sua mãe Maria fora o centro inicial da Igreja de Jerusalém (Atos 12.12). Ele foi trazido de Jerusalém a Antioquia por Paulo e Barnabé (Atos 12.25), de onde partiram na primeira viagem missionária. Quando Paulo e Barnabé estavam se preparando para ir para a segunda viagem missionária, Barnabé queria levar Marcos com eles novamente, mas Paulo se opôs porque Marcos os havia deixado durante a primeira viagem. Barnabé levou Marcos e foi para Chipre, enquanto que Paulo tomou a Silas como seu novo companheiro (Atos 15.37-40). Mais tarde, São Paulo reconciliou-se com Marcos, trabalhando juntos novamente (Colossenses 4.10; Filemom 24; 2 Timóteo 4.11). Finalmente, Marcos é encontrado trabalhando com Pedro em Roma (1 Pedro 5.13). A tradição diz que São Marcos foi fundamental na fundação da Igreja em Alexandria, tornando-se seu primeiro bispo e, também, que foi martirizado no dia da Páscoa.

24/04/2013

Comemoração de Johann Walter, Mestre de capela - 24 de abril

"Anjos músicos" (1480), de Hans Memling (1430-1494)

Johann Walter (1496-1570) começou sua carreira como compositor e cantor na capela da corte de Frederico, o Sábio, com 21 anos de idade. Em 1524, publicou uma coleção de hinos arranjados de acordo com o Ano da Igreja. Além de servir por 30 anos como mestre de capela nas cidades de Torgau e Dresden, também auxiliou Martinho Lutero na preparação da Deutsche Messe (1526). Walter é lembrado como o primeiro mestre de capela e compositor de música sacra da Igreja Luterana.

COLETA:

Majestoso Deus, cujos santos e anjos se deleitam em adorar no céu, nós te damos graças por teres provido música para a tua Igreja por intermédio de Johann Walter. Através da música tu nos dás alegria na terra assim como tomamos parte nos cânticos do céu. Conduze-nos para a realização deste cântico que será nosso quando nos encontrarmos com todos os teus santos diante da tua glória revelada; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

23/04/2013

A parábola da alegria - Domingo Jubilate

"Madonna e a Criança", de Jason Jenicke (1978- )

"Quando uma mulher está para dar à luz, ela fica triste porque chegou a sua hora de sofrer. Mas, depois que a criança nasce, a mulher fica tão alegre, que nem lembra mais do seu sofrimento. Assim acontece também com vocês: agora estão tristes, mas eu os verei novamente. Aí vocês ficarão cheios de alegria, e ninguém poderá tirar essa alegria de vocês. — Quando chegar aquele dia, vocês não me pedirão nada. E eu afirmo a vocês que isto é verdade: se vocês pedirem ao Pai alguma coisa em meu nome, ele lhes dará. Até agora vocês não pediram nada em meu nome; peçam e receberão para que a alegria de vocês seja completa." (São João 16.21-24)

Devemos examinar esse exemplo com todo cuidado. Porque tal como acontece neste caso, sucede também na tentação e, especialmente, na angústia da morte. Veja como Deus trata com uma mulher que está para dar à luz. Ninguém a ajuda nessa hora de dor. Também, ninguém pode fazê-lo. Sim, criatura alguma pode livrá-la dessa situação, pois depende unicamente do poder de Deus. A parteira e outros que se acham à sua volta podem, é claro, consolá-la, mas não podem afastar as dores do parto. Ela tem de passar por isso e arriscar a sua vida. Pode tanto morrer como pode dar à luz uma criança. Ela se encontra realmente em meio à angústia de morte e está completamente rodeada de morte.
O mesmo acontece quando as consciências se angustiam ou se deparam com a morte: razão, criatura ou obra nenhuma pode nos ajudar, e não importa de que espécie seja. Não resta nenhum consolo, a ponto de você pensar que está abandonado por Deus e por todas as criaturas, sim, que Deus e todas as criaturas se voltaram contra você. Nessa hora, você tem de ficar tranquilo e apegar-se unicamente a Deus. Ele deve livrá-lo dessa situação e nenhuma outra criatura, seja do céu, seja da terra, poderá fazê-lo. E Deus ajuda no momento que ele julga apropriado, assim como faz com a mulher, dando-lhe um rosto sorridente, assim que não se lembra mais das dores. E se, antes, tudo que havia era morte e miséria, agora não há senão vida e alegria. Assim também acontece conosco: em meio às tentações e à angústia de morte, Deus, e somente ele, nos torna felizes e nos dá paz e alegria onde antes não havia senão desgraça e angústia.

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja:

22/04/2013

Cantata de J. S Bach para o Domingo Jubilate

Retrato de Johann Sebastian Bach (1685-1750) por Elias Gottlob Haussmann (1695-1774).
Johann Sebastian Bach compôs Wir müssen durch viel Trübsal (Devemos, mediante muitas tribulações), BWV 146, especialmente para o Domingo Jubilate.
A antítese “tristeza-alegria” do evangelho para este domingo (São João 16.16-22) forma a base do poema da cantata. No texto do evangelho Jesus diz: “Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria” (São João 16.20).
A citação de Atos 14.22 (fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus), com ligeira modificação, abre a cantata. Os três movimentos seguintes (3-4) lamentam os sofrimentos que o cristão, assediado pelo mundo, tem de suportar nesta vida mortal. Já os três últimos movimentos (6-8) apontam para a alegre esperança da vida futura no Reino de Deus.
A aria n.º 5 (Ich säe meine Zähren) parafraseia o Salmo 126.5 (Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão) e o recitativo n.º 6 faz alusão a Romanos 8.18 (Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós).
O coro conclusivo foi transmitido sem texto. Wustmann recomenta o nono verso do hino "Lasset ab von euren Tränen" de Gregorius Richter (1658). Petzoldt recomenda o primeiro verso de "Freu dich sehr, o meine Seele" (Freiberg, 1620). Neumann T sugere o verso 7 de "Alle Menschen müssen sterben" de Johann Rosenmüller ou Johann Georg Albinus (1652).
O texto da cantata abaixo encontra-se nas páginas 311 a 313 do livro "The Cantatas of J. S. Bach" (Oxford University Press, 2006), de Alfred Dürr e também nas páginas 230 e 231 de J. S. Bach: The Complete Cantatas" (Scarecrow Press, 2000), de Richard Stokes.

Wir müssen durch viel Trübsal
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
BWV 146
(Tradução do texto da cantata para o inglês espanhol)

1. SINFONIA

2. CORO [S, C, T, B]
‘Wir müssen durch viel Trübsal in das Reich Gottes eingehen.’

3. ARIA [CONTRALTO]
Ich will nach dem Himmel zu,
Schnödes Sodom, ich und du
Sind nunmehr geschieden.
  Meines Bleibens ist nicht hier,
  Denn ich lebe doch bei dir
  Nimmermehr in Frieden.

4. RECITATIVO [SOPRANO]
Ach! wer doch schon im Himmel wär!
Wie dränget mich nicht die böse Welt!
Mit Weinen steh ich auf,
Mit Weinen leg ich mich zu Bette,
Wie trüglich wird mir nachgestellt!
Herr! merke, schaue drauf,
Sie hassen mich, und ohne Schuld,
Als wenn die Welt die Macht,
Mich gar zu töten hätte;
Und leb ich denn mit Seufzen und Geduld
Verlassen und veracht',
So hat sie noch an meinem Leide
Die größte Freude.
Mein Gott, das fällt mir schwer.
Ach! wenn ich doch,
Mein Jesu, heute noch
Bei dir im Himmel wär!

5. ARIA [SOPRANO]
Ich säe meine Zähren
Mit bangem Herzen aus.
Jedoch mein Herzeleid
Wird mir die Herrlichkeit
Am Tage der seligen Ernte gebären.

6. RECITATIVO [TENOR]
Ich bin bereit,
Mein Kreuz geduldig zu ertragen;
Ich weiß, daß alle meine Plagen
Nicht wert der Herrlichkeit,
Die Gott an den erwählten Scharen
Und auch an mir wird offenbaren.
Itzt wein ich, da das Weltgetümmel
Bei meinem Jammer fröhlich scheint.
Bald kommt die Zeit,
Da sich mein Herz erfreut,
Und da die Welt einst ohne Tröster weint.
Wer mit dem Feinde ringt und schlägt,
Dem wird die Krone beigelegt;
Denn Gott trägt keinen nicht mit Händen in dem Himmel.

7. ARIA (DUETO) [Tenor, Bajo]
Wie will ich mich freuen, wie will ich mich laben,
Wenn alle vergängliche Trübsal vorbei!
  Da glänz ich wie Sterne und leuchte wie   Sonne,
  Da störet die himmlische selige Wonne
  Kein Trauern, Heulen und Geschrei.

8. CORAL [S, C, T, B]
[Denn wer selig dahin fähret,
Da kein Tod mehr klopfet an,
Dem ist alles wohl gewähret
Was er ihm nur wünschen kann.
Er ist in der festen Stadt,
Da Gott seine Wohnung hat;
Er ist in das Schloss geführet,
Das kein Unglück nie berühret.]
Texto: Gregorius Richter - "Lasset ab von euren Tränen" verso 9 (1658)

Outros textos sugeridos para o movimento 8:

Johann Rosenmüller ou Johann Georg Albinus - "Alle Menschen müssen sterben", verso 7 (1652):
   Ach, ich habe schon erblicket
   Diese große Herrlichkeit;
   Jetzo werd ich schön geschmücket
   Mit dem weißen Himmelskleid;
   Mit der güldnen Ehrenkrone
   Steh ich da vor Gottes Throne,
   Schaue solche Freude an,
   Die kein Ende nehmen kann.

Christoph Demantius - "Freu dich sehr", estrofe 1 (1620): 
   Freu dich sehr, o meine Seele,
   und vergiß all Not und Qual,
   weil dich nun Christus, dein Herre,
   ruft aus diesem Jammertal.
   Aus Trübsal und großem Leid
   sollst du fahren in die Freud,
   die kein Ohre hat gehöret
   und in Ewigkeit auch währet.



21/04/2013

Tua luz iluminou a minha noite



Em honra de Santo Anselmo, que comemoramos neste dia:

Ó bom Mestre, Jesus Cristo, estava eu sem amparo, não pedia nada, nem sequer pensava nisso, e a Tua luz iluminou a minha noite. [...] Afastaste de mim a carga que me esmagava, afastaste os que me assaltavam, chamaste-me com um novo nome (Ap 2.17), emprestando-me o Teu, o nome de cristão. Sentia-me oprimido e Tu reergueste-me. Tu disseste-me: "Tem confiança, Eu resgatei-te, dei a Minha vida por ti. Se quiseres unir-te a Mim, escaparás ao mal e ao abismo para onde corres, e conduzir-te-ei ao Meu Reino".
Sim, Senhor, fizeste tudo por mim! Estava nas trevas e não sabia nada [...], descia para o abismo da injustiça, tinha caído na miséria dos tempos para descer ainda mais baixo. Quando me encontrava desamparado, iluminaste-me. Sem eu To ter pedido, iluminaste-me. Na Tua luz, vi quem eram os outros e aquilo que eu sou [...]; deste-me confiança e a salvação, Tu que deste a Tua vida por mim [...]. Reconheço-o, ó Cristo, entrego-me inteiramente ao Teu amor.

- Santo Anselmo de Cantuária (1033-1109), teólogo, bispo e doutor da igreja - Meditações (a partir da trad. Maredsous 1923, p. 142 rev. Tournay)

Domingo Jubilate: Alegria no Espírito Santo

"Ressurreição" (c. 1499), de Pietro Perugino (1450-1523)

Tudo depende de nós confiarmos em nosso amado Senhor Cristo e aceitarmos como verdade a sua palavra que, mesmo que nos afetem desgraça e tentação, isso é de nenhuma importância. Assim nos consolamos no sofrimento. Pois não se pode gozar de alegrias quando antes não se passou por dor e sofrimento.
É maravilhoso como o Senhor revela a seus discípulos a alegria que os aguarda. “Outra vez vos verei”, diz ele. Isso aconteceu no dia da santa Páscoa, quando o viram em vida nova, eterna. Da mesma forma Cristo vê também a nós, e o nosso coração se alegra quando nos apropriamos de sua ressurreição e vemos como ele venceu por nós pecado, a morte e o diabo, para que, por meio dele, vivamos também nós eternamente. Essa é a verdadeira alegria permanente e eterna, alegria que transforma tristeza em alegria e que jamais nos será tirada. Por isso não devemos ser impacientes e desanimados quando estamos sob a cruz. Pois Cristo ressuscitou e está sentado à direita de seu Pai, para nos defender contra o diabo e todo o sofrimento e nos tornar eternamente bem-aventurado. Conceda-nos isso o fiel Deus e Pai, por meio de seu Filho e nosso Salvador, Jesus Cristo. Amém.

- Homilia do bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja.

Leitura bíblica: São João 16.16-23

Comemoração de Anselmo de Cantuária - 21 de abril



Hoje a igreja cristã comemora alegremente Santo Anselmo de Cantuária.

Nascido na Itália, em 1033, Santo Anselmo é mais associado com a Inglaterra, onde serviu como arcebispo de Cantuária durante muitos anos. Um estudioso e escritor brilhante, Anselmo apresentava argumentos tão pacíficos diante dos reis britânicos em benefício da igreja cristã estabelecida, afirmando que é a liderança da igreja, e não o Estado, quem tem a responsabilidade de estabelecer sua estrutura e manter a ordem entre o clero. Anselmo é especialmente lembrado por seu clássico livro “Por que Deus se fez homem?” (Cur Deus homo), no qual ensina que a razão para a encarnação de Jesus, o Filho de Deus, era que deveria sofrer e morrer em lugar dos pecadores.

LEITURAS:

† Salmo 139.1-9 ou 37.3-6, 32-33
† Romanos 5.1-11
† São Mateus 11.25-30

COLETA:

Todo-Poderoso Deus, que levantaste teu servo Anselmo para ensinar a Igreja de seu tempo para compreender a fé no teu eterno ser, a perfeita justiça e a misericórdia salvadora. Provê tua Igreja em todas as épocas com estudiosos e mestres devotos e instruídos, para que sejamos capazes de dar a razão da esperança que há em nós; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

20/04/2013

Quarto Domingo de Páscoa - Jubilate


"Ressurreição", de Hans Memling (1440-1494)

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:

Antigo Testamento: Isaías 40.25-31 ou Lamentações 3.22-33
Salmo: Salmo 23 (antífona. v. 6)
Epístola: 1 S. Pedro 2.11-20 ou 1 S. João 3.1-3
Santo Evangelho: São João 16.16-22

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, que mostras àqueles que estão em erro a luz da tua verdade para que possam voltar ao caminho correto, concede fidelidade a todos que foram trazidos à comunhão da igreja de Cristo, a fim de que sejam preservados de qualquer coisa que seja contrária à sua confissão e possam seguir aquelas que são agradáveis a ti; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Aqueles que esperam no Senhor se alegram

O povo de Deus é peregrino e forasteiros neste mundo, contemplando à frente um destino ainda por vir (1 S. Pedro 2.11-20). Já somos agora filhos de Deus, mas a plenitude do que seremos ainda não foi revelada (1 S. João 3.1-3). Nós somos aqueles que esperam no Senhor. “Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca” (Lamentações 3.25). Jesus nos diz que a espera é por pouco tempo. “Um pouco, e não mais me vereis; outra vez um pouco, e ver-me-eis” (São João 16.16). Ainda que você experimente tristeza por um tempo, ainda que você viva como estranho em um mundo que está em inimizade com Cristo, a tua tristeza se converterá em alegria quando Ele voltar. “Mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças” (Isaías 40.31). O pouco tempo de choro será substituído por uma eternidade de alegria na presença de Cristo, o Salvador crucificado e ressuscitado. “E a vossa alegria ninguém poderá tirar” (São João 16.22). — Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod)

Comemoração de Johannes Bugenhagen, Pastor - 20 de abril

Johannes Bugenhagen (1532), de Lucas Cranach, o Velho (1472-1553)

Hoje lembramos e agradecemos a Deus pelo fiel labor do Rev. Dr. Johannes Bugenhagen.

Johannes Bugenhagen (1485-1558), chamado de Doutor Pomeranus por Martinho Lutero, nasceu na Pomerânia, no norte da Alemanha. Em 1523 foi nomeado pároco de Wittenberg, servindo como pastor e confessor de Lutero. Sendo um dos maiores eruditos da época da Reforma, ajudou a traduzir o Novo Testamento para a Baixa Saxônia e escreveu um comentário sobre os Salmos. Bugenhagen também trabalhou na organização da Igreja Luterana no norte da Alemanha e na Dinamarca. Em Copenhague coroou o Rei Cristiano III e a Rainha-consorte Doroteia e consagrou sete homens para os ofícios de superintendente e bispo. Ele é também chamado de segundo Apóstolo do Norte.

LEITURAS:

† Salmo 46
† Isaías 55.6-11
† Romanos 10.5-17
† São João 15.1-11

COLETA:

Ó Senhor Deus, Pai celestial, que chamaste Johannes Bugenhagen como pastor e confessor da Fé, concede pastores fiéis em nosso tempo; derrama teu Espírito Santo sobre teu povo fiel, mantendo-os firmes em tua graça e verdade, protegendo e confortando-os em toda a tentação. Defende-os contra todos os inimigos da tua Palavra e concede à Igreja militante de Cristo a tua paz salvadora; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

18/04/2013

Sobre seus ombros repousam os pecados de todos nós

"Cristo coroado com espinhos" (c. 1510), de Lucas Cranach, o Velho (1472-1553)

Este sumo sacerdote é, ao mesmo tempo, sacerdote e sacrifício, pois na cruz sacrifica seu corpo e sua vida. Com efeito, o fato de estar pendurado na cruz, despido e nu, inchado e coberto de sangue, com uma coroa de espinhos cravada na sua fronte, não parece indicar que se trata de um sacerdote. Mas, mesmo assim, ele é o verdadeiro sacerdote e bispo que se oferece a si mesmo e, em grande amor, entrega seu próprio corpo para ser consumido como que por fogo, para a redenção de toda a humanidade. O antigo sacerdócio era esplendoroso, mas esse sumo sacerdote não tem esplendor algum. Seu altar é a cruz e a forca, um altar vergonhoso, terrível e fora do comum. Por isso, aos olhos do mundo, ele é um sacerdote simples, desprezível. Seu altar é tão blasfematório e desonroso que as pessoas se atemorizam diante de seu sacrifício.
Assim, portanto, temos esse sumo sacerdote Jesus Cristo com seu altar e sacrifício, condenado à morte de forma vergonhosa pelos judeus e soldados. E, não obstante, sobre seus ombros repousam os pecados de todos nós. Ali estamos, eu, você e todos os homens, desde o primeiro homem, Adão, até o fim do mundo.

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja.

Leitura bíblica: São João 19.17-22

14/04/2013

Domingo do Bom Pastor: Somente eu sou o bom pastor, diz Jesus



Leitura bíblica: São João 10.11-18

São muitos e, infelizmente, até demais, aqueles que são chamados de pastores e assumem a tarefa de apascentar e guiar almas. Agora, somente eu sou o bom pastor, diz Jesus. Todos os outros não são bons pastores, e sim, pastores incompassivos e cruéis, pois deixam as pobres ovelhas entregues ao poder do lobo. A mim, porém, vocês devem aprender a conhecer como o pastor amado, fiel, piedoso, gracioso, doce e consolador, diante de quem seus corações devem saltar de alegria e ter a certeza de que, através de mim, vocês são salvos de todo peso, medo, dificuldade e perigo. Não quero e não posso permitir que vocês se percam. O fato de eu dar a minha vida pelas ovelhas prova isso, diz Cristo. Portanto, apeguem-se a mim com alegria e não permitam que nenhum outro governe suas consciências.

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Terceiro Sermão para o Segundo Domingo após a Páscoa; João 10.11-16; publicado na Postila da Igreja, 1544)

Fonte: Castelo Forte: Devoções Diárias 1983 (20/04). São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983.

Domingo do Bom Pastor: Ele sofreu como elas estão sofrendo e deu sua vida por elas



Leitura bíblica: São João 10.14-18

Quem é que conhece e reconhece as ovelhas mesmo quando estão submersas e atoladas em sofrimento, vergonha, humilhação, morte, escândalo, etc., de sorte que nem elas se conhecem a si mesmas? Certamente ninguém a não ser Cristo. Ele as consola, dizendo que, apesar de tudo aquilo que faz com que o mundo e nossa própria carne e sangue se escandalizem, conhece suas ovelhas, não se esquece delas nem tampouco as abandona.

E para imprimir isso mais e mais em nosso íntimo, ele apresenta esta comparação: “assim como meu Pai me conhece a mim”. Também este é, sem dúvida alguma, um conhecimento altamente oculto: que Deus, o Pai, conhece seu amado Filho unigênito, que jaz na manjedoura como filho do mais miserável dos mendigos, que não somente passa por desconhecido aos olhos de todo o seu povo, mas também é desprezado e rejeitado; sim, ele que está suspenso entre céus e terra de forma tão vergonhosa e humilhante, despido e nu, no meio de dois assassinos, como o pior blasfemo e agitador, maldito de Deus e de todo o mundo, a ponto de dirigir-se a Deus com grande e angustiante clamor: “Meu Deus, meu Deus, como tu me abandonaste”. E, mesmo assim, ele diz, nesta passagem: “Meu Pai me conhece” (mesmo em meio a esse sofrimento e vergonha e apesar dessa aparência escandalosa) como seu único Filho, enviado por ele para ser o sacrifício e dar a minha vida em favor da salvação e para o resgate de minhas ovelhas. Assim também eu o conheço e sei que ele não se esqueceu de mim nem me abandonou, mas livrará e conduzirá por vergonha, cruz e morte para honra, vida e glória eternas.

Assim também as minhas ovelhas, em sua miséria, humilhação, sofrimento e morte, devem aprender e aprenderão a me conhecer como seu amado e fiel Salvador, que também sofreu como elas estão sofrendo e que deu sua vida por elas. E, certamente, confiarão em mim, que não as esqueci nem abandonei em suas necessidades, mas que em tudo isso quero ampará-las maravilhosamente e, assim, conduzi-las à glória e vitória eterna.


- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Terceiro Sermão para o Segundo Domingo após a Páscoa; João 10.11-16; Postila da Igreja, 1544)

Fonte: Castelo Forte: Devoções Diárias 1983 (21/04). São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983.



13/04/2013

Domingo do Bom Pastor: Sou uma ovelhinha amada

"O Bom Pastor" (1765), de Miguel Mateo Maldonado y Cabrera (1695–1768)

"Esse é um evangelho muito consolador. Mostra e ensina-nos o Senhor Jesus de modo muito agradável quanto a sua pessoa, a obra que realiza e suas intenções para com o povo.

Se você perguntar se Cristo é piedoso, posso responder que sim, sem sombra de dúvida, e apresentá-lo como sendo a minha piedade, e confiar nisso com teimosia. Pois nisso sou batizado, e tenho aqui no evangelho a garantia e dos documentos de que sou uma ovelhinha amada, e ele o pastor bom e fiel, nada exigindo de mim, não me fustigando, sem ameaças nem metendo medo. Revela-me tão-somente sua doce graça, coloca-se abaixo de mim, tomando-me sobre si, de sorte que estou deitado em suas costas e me deixo carregar por ele. Por que, pois, iria temer ameaças e trovões de Moisés e, inclusive, do diabo? Pois estou sob aquele que tudo possui, que me suporta e sustenta, de sorte que não me posso extraviar, porque continuo sendo uma ovelhinha e não nego o Pastor nem dele me afasto."

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja 

- Publicado no panfleto intitulado "Sermão sobre a Ovelha Perdida, pelo Dr. M. Lutero, pregado em Wittenberg na presença do Eleitor da Saxônia, Duque João Frederico, etc., 1533" e também como sermão do Terceiro Domingo após Trindade (Lucas 15.1-10), da Postila da Igreja de 1544.

Fonte: Castelo Forte: Devoções Diárias 1983 (17/04). São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983.

Domingo do Bom Pastor: Oração de um pastor ao Bom Pastor



Ó Cristo, meu Deus, tu te inclinaste a mim, pobre ovelha perdida, para me levar sobre teus ombros (Lc 15.5), e me colocaste em pastos verdejantes (Sl 23.2). Tu saciaste a minha sede nas fontes da verdadeira doutrina por intermédio de teus pastores, dos quais tu mesmo foste Pastor antes de lhes confiar o teu rebanho... E agora, ó Senhor, tu me chamaste ... para servir os teus discípulos, não sei por que desígnio de tua Providência, pois só Tu o sabes.

Mas, Senhor, alivia o pesado fardo dos meus pecados que te ofenderam gravemente; purifica o meu espírito e o meu coração. Guia-me por caminhos retos (Sl 23.3), como uma lâmpada que me ilumina. Dá-me coragem para proclamar a tua Palavra; que a língua de fogo do teu Espírito (At 2.3) me dê uma língua perfeitamente livre e me torne sempre atento à tua presença.

Sê o meu pastor, ó Senhor, e sê comigo o pastor das tuas ovelhas, a fim de que o meu coração não se desvie nem para a direita nem para a esquerda. Que o teu Bom Espírito me guie pelo caminho reto, para que as minhas ações se realizem até ao fim segundo a tua vontade.


- São João Damasceno (c. 675-749), teólogo e escritor de hinos

Domingo do Bom Pastor: O reino de Cristo é um reino de misericórdia e graça, um constante carregar

"O Bom Pastor" de Philippe de Champaigne (1602-1674)

"Em todo o evangelho dificilmente existe exemplo mais lindo que este em que o Senhor Jesus Cristo se compara a um pastor que põe a ovelha perdida sobre os ombros e a carrega de volta ao curral. Ainda hoje ele continua fazendo isso.

Esta é, portanto, o resumo do evangelho: O reino de Cristo é um reino de misericórdia e graça, onde não há senão um constante carregar. Cristo carrega nossas fraquezas e doenças, toma sobre si nossos pecados e é paciente quando falhamos. Estamos constantemente sobre os seus ombros. E ele também não se cansa de carregar o que nos deve servir de grande consolo quando somos tentados a pecar. 
Neste reino, os pregadores devem consolar as consciências, tratar com elas de forma amigável e nutri-las com o evangelho. Devem carregar os fracos, curar os doentes e devem saber dividir corretamente a palavra e administrá-la a cada um conforme suas necessidades."

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja - Sermão para o Terceiro Domingo após Trindade (Lucas 10.25-37) publicado na Postila da Igreja de Martinho Lutero. 

Leitura bíblica: São Lucas 15.3-7

Fonte: Castelo Forte: Devoções Diárias 1983 (18/04). São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983.

O Domingo do Bom Pastor

O Bom Pastor - Escola Inglesa

O Terceiro Domingo de Páscoa no Lecionário Anual e o Quarto Domingo de Páscoa no Lecionário Trienal são tradicionalmente conhecidos como o Domingo do Bom Pastor, pois neste domingo o Santo Evangelho apresenta Jesus como o Bom Pastor. É muito significativa a relação deste Domingo com o tempo litúrgico em que se celebra a Ressurreição de Nosso Senhor, pois celebramos a ressurreição do Bom Pastor que deu a vida pelas ovelhas (S. João 10.11).

O Tempo de Páscoa e o tradicional Domingo do Bom Pastor nos dão a oportunidade de refletir sobre o papel e relação de pastores fiéis e pseudo-pastores com suas ovelhas, tendo em vista a relação com o Bom Pastor Jesus.

No Salmo para o Domingo, o amado Salmo 23, “o Senhor é o meu pastor; nada me faltará” (v. 1). É aquele proporciona segurança e sustento para o rebanho e, acima de tudo, a libertação na hora derradeira para uma vida eterna, ou seja, “do vale da sombra da morte” (v.4) para habitar “na Casa do Senhor para todo o sempre” (v. 6).

A figura do pastor é muito presente na vida do povo de Deus no Antigo Testamento, onde são reconhecidos como pastores aqueles a quem Deus escolhe para apascentar, para guiar o seu povo. No entanto, através do profeta Ezequiel, Deus fala contra os “pastores de Israel que se apascentam a si mesmos” (v. 2), não cuidando da ovelha doente, da quebrada e não buscando a desgarrada.

O capítulo 10 do Evangelho de São João é a terra firma da imagem do Bom Pastor e as palavras do próprio Pastor, aquele cujas ovelhas ouvem a sua voz e “ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas” (v. 3). O Bom Pastor também é diferente do mercenário, que não tem cuidado com as ovelhas, pois não são dele (v. 12, 13).

Terceiro Domingo de Páscoa - Misericordias Domini


"Cristo, o Bom Pastor" (1917) - Escola Germânica

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:

Antigo Testamento: Ezequiel 34.11–16
Salmo: Salmo 23 (antífona. v. 6)
Epístola: 1 Pedro 2.21–25
Santo Evangelho: S. João 10.11–16

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que pela humilhação de teu Filho fizeste levantar o mundo caído, concede aos teus fiéis, resgatados do perigo da morte eterna, felicidade perpétua e alegrias eternas; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

O Bom Pastor cuida de sua ovelha

Nosso Senhor Jesus é o Bom Pastor (S. João 10.11-16). Ele não é como o mercenário, que não se importa com as ovelhas, mas apenas consigo mesmo, que foge quando vem o lobo. Jesus, ao contrário, é o Bom Pastor que busca suas ovelhas desgarradas para livrá-las (Ezequiel 34.11-16). Ele as reúne e alimenta em rica pastagem. Ele faz curativo na machucada e fortalece a doente. Ele dá a sua vida pela ovelha errante e rebelde. Na cruz, Cristo carregou em seu corpo as agressões do pecado, da morte e do diabo para você ser salvo (1 S. Pedro 2.24). Agora ele vive para restaurar a sua alma nas águas tranquilas do Santo Batismo, para guiá-lo nos caminhos da justiça pela voz do seu Evangelho, para preparar a mesa de sua Santa Ceia diante de você, para que você possa habitar na casa do Senhor para todo o sempre (Salmo 23). “Vocês eram como ovelhas que haviam perdido o caminho, mas agora foram trazidos de volta para seguir o Pastor, que cuida da vida espiritual de vocês.” (1 S. Pedro 2.25). — Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod) 

12/04/2013

Em Cristo habita toda a plenitude da Divindade

"Infância de Cristo" (c. 1620), de Gerrit van Honthorst (1592-1656)


"Se queres, portanto, cogitar e tratar da tua salvação, então, abandona as especulações sobre a majestade; abandona todos os pensamentos sobre as obras, a tradição, a filosofia e a lei divina e corre, depressa, à manjedoura e ao regaço da mãe e agarra aquele menino e filhinho da virgem e o olha com admiração, nascendo, mamando, crescendo, vivendo entre os homens, ensinando, morrendo, ressurgindo, elevando-se sobre todos os céus e tendo autoridade sobre todas as coisas... Essa visão te conservará no caminho reto, de modo que, por onde Cristo andar, tu podes segui-lo."

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja.
Comentário da Epístola aos Gálatas

10/04/2013

A liturgia como educadora

Rev. Richard Resch

Vigília Pascal na Redeemer Evangelical Lutheran Church (Bronx, New York)
Havia um fazendeiro que adorava cantar a plenos pulmões enquanto rodava seu trator através dos campos. Ele pensou que o trator encobria seu caloroso canto. Mas não. Um dia, seu pastor entrou no campo quando ele estava arando. O pastor assistiu (nos momentos antes de ser notado) uma inesquecível versão do “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos” da liturgia.

Pastores ouvem a liturgia em muitos outros ambientes do que na igreja aos domingos de manhã. Muitas vezes no leito de doença ou da morte. O fiel desperta de um sono profundo para confessar mais uma vez: “Pai nosso, que estás nos céus...” Eles só precisam de seu pastor para iniciá-los. A liturgia é ouvida quando cada um é deixado, de maneira diferente, atônito durante uma profunda tristeza. As palavras vêm naturalmente: “Senhor, tem piedade de nós; Cristo, tem piedade de nós; Senhor tem piedade de nós”. Um pastor pode ouvir o canto de uma criança no corredor após o culto: “Demos graças a Deus e bendigamos o seu nome, falemos a todos o que Ele tem feito”.

Rezar a liturgia ao longo de toda a vida nos ensina mais do que imaginamos. Muitos de nós ouviu a nossa primeira liturgia no ventre quando nossa mãe cantava. Cada evento significativo em nossa vida de fé tem sido acompanhado pela liturgia (batismo, confirmação, primeira comunhão, cada comunhão...). Nossos votos de casamento foram envolto por ela. A liturgia estava lá nas manhãs de quarta-feira na capela da escola e nas noites de quarta-feira como a devoção antes do coro. E ela estava lá de uma maneira que nunca vai esquecer no funeral do avô. A liturgia é presente em toda a nossa vida como uma educadora da fé.
O que aprendemos ao falar e cantar a liturgia? A Igreja aprende promessas e verdades ao lembrá-las e repeti-las sempre de novo, mas, principalmente, ela aprende a receber dádivas divinas. O Professor Henry Hamann ensinou uma lição importante para as turmas de seminário: culto é pura recepção. Amiúde, suas turmas se rebelavam. De alguma forma esta descrição de culto não se encaixava no entendimento comum de que é nós que fazemos algo. Dr. Hamann, então, suavemente e pacientemente explica a beleza de uma teologia luterana do culto.

“É tudo uma questão de recepção!” repetia Dr. Hamann. O que os crentes podem fazer sem a sua fé? Nada! Onde é que os crentes obtêm a sua fé? Na dádiva do batismo. O que a dádiva da fé habilita os crentes a fazer? Confessar quem é Deus e o que Ele tem feito. Onde essa confissão é feita regularmente? No Culto/Serviço Divino. O que significa Serviço Divino? Serviço de Deus pelo qual Ele derrama dádivas da graça sobre os crentes. Quais são as dádivas? Palavra e Sacramento – as duas partes da liturgia. Qual é a nossa parte nesta atividade? O maior ato de culto é simplesmente confessar o que pela fé cremos e, então, receber as dádivas.

O homem, por natureza, quer ajudar a si mesmo. Essa é uma das razões porque a liturgia é tão importante na vida dos santos. A liturgia não permite que o homem ajude a si mesmo. A liturgia é a Escritura desnudando o que o homem, por natureza deseja, para então dar-lhe em vez disso aquilo que ele necessita – perdão. Cada palavra da liturgia reflete as verdadeiras necessidades dos crentes e como Deus vai ao encontro dessas necessidades. As palavras de abertura das Matinas e Vésperas dizem-no de forma simples: “Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará o teu louvor” (Salmo 51.15). Somos ensinados que não podemos falar até que Deus colocou as palavras em nossa boca. O homem pode querer ser o ator, mas no Serviço Divino, no culto, Deus é o ator. A liturgia, nossa gentil educadora, ajuda a manter essa mensagem de maneira clara. Assim como os anjos cantando "Santo, Santo, Santo" na visão de Isaías e aquele fazendeiro em seu trator, homens e anjos não cantam sobre si próprios, mas sobre o Senhor que os salvou.

Eucaristia na Emmaus Evangelical Lutheran Church (South Bend, Indiana-EUA)
A Igreja aprende suas lições lentamente, geralmente através da repetição. Uma criança nunca é nova demais para começar o ritmo, o ritmo reconfortante de, semana após semana, ano após ano, ouvir e repetir a liturgia. É um ritmo que é abençoado e bom para os santos de todas as idades. As orações genuínas que precisam estar em seus lábios são colocadas lá pela liturgia: Cria em mim, ó Deus, um puro coração... Ajuda, guarda, conforta e defende-nos, Senhor gracioso.... Dá-nos a tua paz. Ao mesmo tempo, as promessas de Deus são lembradas de novo e de novo: Deus é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda injustiça... Isto é o verdadeiro corpo de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, dado a morte para perdão de seus pecados. Isto é o verdadeiro sangue de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, derramado para perdão dos seus pecados... Ele virá novamente em glória a julgar os vivos e os mortos, cujo Reino não terá fim.

Não deveria surpreender-nos que estas palavras – repetidas por toda vida – são educadoras da fé. Não deveria surpreender-nos que estas palavras são capazes de animar o crente que está muito doente. E não deveria nos surpreender que estas são as palavras mais memorizadas na terra! Onde mais a memória é ensinada do berço à sepultura por intermédio de uma constante e coerente repetição das mesmas palavras? Em lugar nenhum. Do batismo até os últimos momentos da vida, a liturgia está lá apenas com as palavras certas para o filho de Deus dizê-las mais uma vez. A repetição é indolor. E as dádivas? Elas são EXTRAORDINÁRIAS!

Rev. Richard C. Resch é mestre de capela no Concordia Theological Seminary e na St. Paul Lutheran Church, Fort Wayne, IN.

Tradução de artigo publicado originalmente em Lutheran Worship Notes, Issue 29, 1994.

09/04/2013

Aleluia! Cristo triunfou sobre a morte!

"Cristo triunfando sobre a morte e o pecado" (c. 1615-1616), de Pierre Paul Rubens (1577-1640)

Ressurgiu da morte 
Cristo Rei, Deus forte! 
Vamos todos exultar: 
Cristo quer nos consolar. 
Kyrieleis

Não desesperemos, 
pois a Deus veremos: 
Cristo à vida ressurgiu 
e do céu a porta abriu! 
Kyrieleis

Aleluia, Aleluia, Aleluia! 
Vamos todos exultar: 
Cristo quer nos consolar. 
Kyrieleis.

Hino n.º 102 do Hinário Luterano.
Texto: CHRIST IST ERSTANDEN - Alemanha, séc. XII-XV; trad. Leonido Krey.
Melodia: séc. XII, Wittenberg, 1529.

08/04/2013

Festa da Anunciação de Nosso Senhor - 25 de março

“A Anunciação” (c.1644) de Philippe de Champaigne (1602-1674)

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:

Antigo Testamento: Isaías 7.10-14
Salmo: Salmo 45.7-17 (antífona v. 6)
Epístola: Hebreus 10.4-10
Santo Evangelho: S. Lucas 1.26-38

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor, assim como conhecemos a encarnação de teu Filho, Jesus Cristo, pela mensagem do anjo à virgem Maria, assim também pela mensagem de sua cruz e paixão, leva-nos à glória de sua ressurreição; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.


A Anunciação é uma festa cristológica de suma importância, observada em toda a sua plenitude na Quaresma, quando a Igreja se prepara para a Semana Santa. Isto nos ensina que mesmo em meio à morte, há vida. Entretanto, a Anunciação não deveria ser observada durante Semana Santa ou no Dia da Páscoa (ou também no Quinto Domingo na Quaresma na série anual). Neste ano de 2013, a Anunciação cairia numa Segunda-feira da Semana Santa, por isso sua celebração é transferida para o dia após o Segundo Domingo da Páscoa, que é segunda-feira, 8 de abril.

O Evangelho de S. Lucas 1.26-38 nos relata como o anjo Gabriel anunciou a Maria de Nazaré, que ela tinha sido escolhida para ser a mãe de Cristo. Maria, uma virgem prometida em casamento a José, rapidamente se perguntou como isso poderia ser, já que ela não tinha relações com homem algum.
Tendo Gabriel lhe dito que a criança seria concebida pelo Espírito Santo, ela humildemente aceitou este sagrado compromisso: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (v. 38).

Desde que nos primórdios da Igreja se observou 25 de março como a data da Anunciação, a celebração do Nascimento de Cristo é observada em 25 de dezembro, nove meses depois.

Ainda que a Visitação de Maria a sua prima Isabel tenha ocorrido algum tempo depois (ver Lucas 1.39-56) o cântico de celebração de Maria na ocasião é apropriado para lembrar a Festa da Anunciação. No Magnificat (Lucas 1.46-55) a Virgem Mãe de Deus celebrou o presente de Deus para ela, para Israel e para todas as pessoas.

O Bem-aventurado Martinho Lutero escreveu um comentário sobre este cântico. A respeito do versículo 49 ("Porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome."), ele registrou:

As “grandes coisas” nada são senão o fato de Maria ter chegado a ser a mãe de Deus. Nesta obra lhe foram dadas tantas e tantas e tão grandes obras que ninguém as pode compreender; pois é nisso que reside toda sua honra e bem-aventurança, é esse o motivo pelo qual ela é uma pessoa singular dentre todo o gênero humano. Pois ninguém se iguala a ela, porque ela tem um filho com o Pai celeste, e que filho. Ela própria é incapaz de descrever este acontecimento por ser demasiadamente grande. Tem que limitar-se a que, em seu fervor, irrompa e borbulhe, dizendo que são grandes coisas que não se podem esgotar nem mensurar em palavras. Por isso toda a sua honra foi resumida em uma só palavra, a saber, quando se lhe chama mãe de Deus. Ninguém pode dizer coisa mais sublime dela e a ela, ainda que tivesse tantas línguas como existem folhas e ervas, estrela no céu e areia no mar. Também é preciso meditar no coração o que significa ser mãe de Deus. (O Magnificat - Obras Selecionadas, v. 6, p. 49)

07/04/2013

Segundo Domingo de Páscoa (Quasimodo Geniti)

"A incredulidade de São Tomé" (1634), de Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669)
Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:

Antigo Testamento: Ezequiel 37.1–14
Salmo: Salmo 33 (antífona. v. 6)
Epístola: 1 João 5.4–10
Santo Evangelho: S. João 20.19–31

As chagas de Cristo nos dão vida

Pois há três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue” (1 S. João 5.7,8). Estes três apontam para Cristo e fluem de Cristo. Jesus mostra aos seus discípulos suas mãos e o lado, de onde saiu sangue e água, dizendo: “Paz seja convosco!” Ele apresenta as feridas que transformam o nosso medo em alegria e nos restitui ao Pai. Jesus sopra sobre seus discípulos e diz: “Recebei o Espírito Santo” (S. João 20.23). Sua respiração, suas palavras, são Espírito e vida que fazem ressurgir nossos ossos secos e mortos e nos dão nova vida e eterna (Ezequiel 37.1-14). Agora Cristo dá seus ministros para falar em seu lugar, suas palavras perdoadoras, cheias do Espírito Santo, ao penitente. Nosso Senhor continua a vir ao seu povo, apresentando suas feridas para nós nos sacramentos da água e do sangue. Ele nos convida para tocar o seu lado na sua mesa, receber o seu corpo e sangue ressuscitado em verdadeira fé, para que crendo possamos ter vida em seu nome. — Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod)

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, concede que nós, que celebramos a ressurreição do Senhor, possamos por tua graça confessar em nossa vida e por nosso falar que Jesus é senhor e Deus; através do mesmo Jesus Cristo, teu Filho, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.