31/08/2014

Evangelho Dominical – Décimo Segundo Domingo após Pentecostes (Ano A)

“Rétire-toi Satan” (1886-1896), James Tissot (1836 –1902) - Brooklyn Museum
Evangelho segundo S. Mateus 16.21-28

21 Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia.
 22 E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.
 23 Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.
 24 Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.
 25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.
 26 Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?
 27 Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras.
 28 Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

30/08/2014

Décimo Segundo Domingo após Pentecostes – 31 de agosto de 2014 (Próprio 17 – Ano A)

“Crucificação” (1555), Lucas Cranach, o Jovem (1515-1586) - Weimar, Stadtkirche

A Glória de Deus é a Paixão e a Cruz de Cristo Jesus 

Depois que São Pedro confessou que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, nosso Senhor começou "a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia" (Mt 16.21). Após ouvir esta "teologia da cruz", Simão Pedro tropeçou numa diabólica "teologia da glória". Porém a glória de Deus é revelada na Paixão e Cruz de seu Filho encarnado. Os fiéis profetas, tais como Jeremias, sofreram perseguição e rejeição em antecipação à cruz de Jesus. Contudo, o Senhor não os abandonou, mas lembrou-se deles e esteve com eles para livrá-los (Jr 15.15-20). Através da sua cruz Jesus redimiu o mundo e em sua ressurreição vindicou todos os que confiam nele. Assim, a vida cristã é um discipulado de amor sacrificial. Visto que Cristo Jesus nos reconciliou com Deus, "tende paz com todos os homens" (Rm 12.18). Pela segurança de sua cruz e ressurreição, "alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração" (Rm 12.12).

Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Jeremias 15.15-21
† Salmo: Salmo 26 (antífona v. 8)
† Epístola: Romanos 12.9-21
† Santo Evangelho: S. Mateus 16.21-28

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, teu Filho sofreu a agonia e a vergonha da cruz de boa vontade, para a nossa redenção. Concede-nos coragem para tomar a nossa cruz a cada dia e segui-lo onde ele nos levar; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Comemoração de Santa Rebeca, Matriarca – 30 de agosto

“Rebeca no poço” (1708-13), Giovanni Antonio Pellegrini (1675 - 1741)
Rebeca era a esposa de Isaque e a segunda das quatro matriarcas do povo de Israel. Era a mãe de Jacó e Esaú. Rebeca e Isaque são um dos três "casais" enterrados na caverna de Macpela, em Hebrom, junto com Abraão e Sara, Jacó e Leia. De acordo com o relato do Livro de Gênesis, Rebeca era filha de Betuel e neta de Naor, irmão de Abraão. Era irmã de Labão, que mais tarde se tornaria o pai de Raquel e Leia, duas das esposas do filho de Rebeca, Jacó. A notícia de seu nascimento foi dita a seu tio-avô Abraão após este retornar das terras de Moriá, onde deveria oferecer Isaque em holocausto. Pouco tempo depois, a esposa de Abraão, Sara, morreu. Abraão procurou encontrar uma esposa para seu filho, Isaque, e pediu a seu servo para escolher uma jovem de sua própria família, ao invés de uma jovem cananeia local. Na viagem do servo, ele e seus auxiliares encontraram uma jovem chamada Rebeca, que ofereceu água para seus camelos. Depois disso, Rebeca foi trazida para o casa de Abraão e ela e Isaque se casaram numa cerimônia de casamento tradicional. Mais tarde, ela deu à luz filhos gêmeos, Esaú e Jacó. Rebeca morreu de velhice e foi sepultada na caverna dos Patriarcas em Hebrom.

29/08/2014

Hino para o Martírio de São João Batista



Composto por São Beda, o Venerável (c. 673-735), doutor da Igreja.

Precursor na morte como na vida

Ilustre precursor da graça e mensageiro da verdade,
João Batista, estandarte de Cristo,
Tornou-se o evangelista da Luz eterna.
O profético testemunho que nunca deixou de dar
No que dizia e no que fazia, durante toda a vida,
Dá-o hoje com o seu sangue e o seu martírio.
Em tudo precedeu o Mestre: ao nascer,
Anunciou ao mundo a Sua vinda. Ao baptizar
Os penitentes no Jordão, prefigurou
Aquele que vinha instituir o Seu batismo.
E a morte de Cristo Redentor, seu Salvador,
Que restituiu a vida ao mundo, João Batista
Sofreu-a também por antecipação,
Derramando o seu sangue por amor dele.

Um tirano cruel resolveu afastá-lo e pô-lo a ferros na prisão.
Mas as correntes não conseguem prender
Os que em Cristo abrem o coração livre ao Reino.
Como poderia a obscuridade e a tortura dum cárcere sombrio
Prevalecer sobre aquele que vê a glória do Senhor
E que dele recebe os dons do Espírito?
E de bom grado ofereceu o pescoço ao gládio do carrasco,
Pois como poderia perder a cabeça
Aquele que tem a Cristo por Cabeça?

Ao partir deste mundo, cumpre hoje o seu papel de precursor
Aquele que o fora toda a vida. Aquele
Que havia de vir e já chegara, hoje a sua morte O proclama,
Pois como poderia a mansão dos mortos reter este mensageiro que lhe escapa?
Os justos, os profetas e os mártires rejubilam com ele
Ao encontro do Senhor, e todos dele se aproximam,
Louvando-o com todo o amor. Com ele se dirigem a Cristo,
Suplicando-lhe que salve também os seus.

Magno precursor do Redentor, não tardará
Aquele que para sempre te libertou da morte!
Conduzido pelo teu Senhor,
Entra, na companhia dos santos, na glória eterna!

O Martírio de São João Batista, 29 de agosto


“Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados, graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.” (Lucas 1.76-79)

Quanto maior o mal, maiores o resultado e o auxílio divino

“Decapitação de São João Batista”, Louis Finson (1580 ou 1575–1617) - Herzog Anton Ulrich-Museum, Braunschweig
Cada qual é tentado de acordo com a medida que não excede suas forças, como diz Sl 79 [80].6: "Alimentar-nos-ás com pão e lágrimas e nos darás a beber lágrimas em medida", como também diz Paulo: "Deus é fiel, que não permitirá que sejais tentados além do que sois capazes, mas faz com que a tentação tenha um resultado tal que possais suportar." [1 Co 10.13.] Quanto maior, portanto, o mal, maiores o resultado e o auxílio divino, de sorte que a desigualdade dos sofrimentos é mais aparente do que de fato. Não nos deixa estupefatos a todos nós o B. João Batista, cuja degolação por Herodes hoje comemoramos? que tão grande homem, que de mulher não nasceu maior do que ele, amigo único do noivo, precursor de Cristo, o maior de todos os profetas, não fosse ao menos morto por julgamento público, ou então acusado por uma causa inventada (a exemplo de Cristo), ou por causa do povo, mas no cárcere, por causa de uma dançarina, filha de mulher adúltera? A morte ignominiosa desse um santo e a vida entregue na mão da mulher adúltera, extremamente infensa, de forma tão vil, de modo tão indigno, sejam um lenitivo para todos os nossos males. Onde esteve Deus, que pôde ficar olhando tais coisas? Onde esteve Cristo, que, ouvindo isto, calou inteiramente? Aquele homem morreu como se fosse desconhecido de Deus, dos seres humanos e de todas as criaturas. Que sofremos nós de que não digo que nos deveríamos gloriar, mas de que não nos deveríamos envergonhar, se comparado com a morte dele? Em que situação nos encontraremos se nada quisermos sofrer, enquanto homens deste porte sofrem, imerecidamente, até mesmo morte tão vergonhosa e seus corpos são entregues aos inimigos após a morte para objeto de escárnio? "Eis", diz Jeremias "que os que não estavam condenados a beber o cálice tiveram que bebê-lo, e tu permanecerás inocente? Não ficarás inocente, mas beberás." [Jr 49.12.]

-- Bem-aventurado Martinho Lutero, Catorze Consolações para os que sofrem e estão onerados, Capítulo 6, A Sexta Imagem, O Mal Direito ou à Direita (OSel 2:27)

Evangelho do Dia – Festa do Martírio de São João Batista

“A Decapitação de São João Batista”, Pierre Puvis de Chavannes (1824-1898)
Evangelho segundo S. Marcos 6.14-29

14   O rei Herodes ouviu falar de tudo isso porque a fama de Jesus se havia espalhado por toda parte. Alguns diziam: — Esse homem é João Batista, que foi ressuscitado! Por isso esse homem tem poder para fazer milagres.
15   Outros diziam que ele era Elias. Mas alguns afirmavam: — Ele é profeta, como um daqueles profetas antigos.
16   Quando Herodes ouviu isso, disse: — Ele é João Batista! Eu mandei cortar a cabeça dele, e agora ele foi ressuscitado!
17   Pois tinha sido Herodes mesmo quem havia mandado prender João, amarrar as suas mãos e jogá-lo na cadeia. Ele havia feito isso por causa de Herodias, com quem havia casado, embora ela fosse esposa do seu irmão Filipe.
18   Por isso João tinha dito muitas vezes a Herodes: “Pela nossa Lei você é proibido de casar com a esposa do seu irmão!”
19   Herodias estava furiosa com João e queria matá-lo. Mas não podia 20   porque Herodes tinha medo dele, pois sabia que ele era um homem bom e dedicado a Deus. Por isso Herodes protegia João. E, quando o ouvia falar, ficava sem saber o que fazer, mas mesmo assim gostava de escutá-lo.
21   Porém no dia do aniversário de Herodes apareceu a ocasião que Herodias estava esperando. Nesse dia Herodes deu um banquete para as pessoas importantes do seu governo: altos funcionários, chefes militares e autoridades da Galileia.
22   Durante o banquete a filha de Herodias entrou no salão e dançou. Herodes e os seus convidados gostaram muito da dança. Então o rei disse à moça: — Peça o que quiser, e eu lhe darei.
23   E jurou: — Prometo que darei o que você pedir, mesmo que seja a metade do meu reino!
24   Ela foi perguntar à sua mãe o que devia pedir. E a mãe respondeu: — Peça a cabeça de João Batista.
25   No mesmo instante a moça voltou depressa aonde estava o rei e pediu: — Quero a cabeça de João Batista num prato, agora mesmo!
26   Herodes ficou muito triste, mas, por causa do juramento que havia feito na frente dos convidados, não pôde deixar de atender o pedido da moça.
27   Mandou imediatamente um soldado da guarda trazer a cabeça de João. O soldado foi à cadeia, cortou a cabeça de João, 28   pôs num prato e deu à moça. E ela a entregou à sua mãe.
29   Quando os discípulos de João souberam disso, vieram, levaram o corpo dele e o sepultaram.

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

Festa do Martírio de São João Batista – 29 de agosto

ícone da “Decapitação de São João Batista” (1750 - 1799), de autor desconhecido (Benaki Museum)

Em contraste com a Natividade de São João Batista (observada em 24 de junho), esta festa comemora sua decapitação pelo tetrarca Herodes Antipas. Do ponto-de-vista terreno, a vida de João Batista teve um fim indigno. Mas foi, para dizer a verdade. uma nobre participação na cruz de Cristo, que era a maior glória de todas para João. O próprio Cristo disse que não havia surgido nenhum maior que João Batista. Ele foi o último dos profetas do Antigo Testamento e também o arauto do Novo Testamento. Como o precursor de Cristo, João cumpriu a profecia de que o grande profeta Elias voltaria antes do grande e terrível Dia do Senhor. Através da sua pregação e batismo de arrependimento, João Batista converteu “o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais” (Ml 4.6). Seguindo os passos dos profetas que vieram antes dele — antecipando o Cristo cujo caminho ele preparou — este servo do Senhor manifestou a cruz pelo testemunho de sua morte.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

† Primeira Leitura: Apocalipse 6.9-11
† Salmo: Salmo 71.1-8 (antífona vers. 23 )
† Epístola: Romanos 6.1-5
† Santo Evangelho: S. Marcos 6.14-29

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, tu concedeste a teu servo João Batista ser o precursor de teu Filho, Jesus Cristo, tanto na sua pregação de arrependimento quanto na sua morte inocente. Concede que nós, que morremos e ressuscitamos com Cristo no Santo Batismo, possamos nos arrepender diariamente de nossos pecados, sofrer com paciência por amor da verdade e testemunhar sem medo a tua vitória sobre a morte; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 670)

28/08/2014

Te Deum Laudamus

"O Batismo de Santo Agostinho" (entre 1464-65), Benozzo Gozzoli (1420–1497)
A pintura acima feita por Benozzo Gozzoli representa o “Batismo de Santo Agostinho” pelas nas mãos de Santo Ambrósio, bispo de Milão. O texto que aparece atrás de sua cabeça é o início do do hino medieval Te Deum Laudamus. De acordo com a tradição, Agostinho e Ambrósio teriam improvisado o cântico conjuntamente naquele momento, tanto que não são poucos os manuscritos, breviários, e saltérios que incluem títulos como, Hymnus Ambrosianus, Hymnus Augustini, Hymnus sanctorum doctorum Ambrosii et Augustini, etc

Muito foi discutida a autoria do Te Deum, sem que se conseguisse comprovar a autoria de Ambrósio de Milão. Há quem atribua a autoria a Hilário, bispo de Poitiers; a Nicésio, bispo de Tréveris e a Nicetas, Bispo de Remesiana.

O hino é conhecido dos luteranos pelo cântico do Ofício das Matinas e pela versão alemã composta por Martinho Lutero.

Texto Latino:

Te Deum laudamus:
te Dominum confitemur.
Te æternum Patrem
omnis terra veneratur.
Tibi omnes Angeli, tibi coeli
et universæ Potestates,
tibi Cherubim et Seraphim
incessabili voce proclamant:
Sanctus,
sanctus,
sanctus Dominus Deus Sabaoth
Pleni sunt coeli et terra
majestatis gloriæ tuæ.

Te gloriosus Apostolorum chorus,
te Prophetarum laudabilis numerus,
te Martyrum candidatus laudat exercitus.

Te per orbem terrarum
sancta confitetur Ecclesia
Patrem immensæ majestatis
venerandum tuum verum et unicum Filium;
Sanctum quoque Paraclitum Spiritum.

Tu Rex gloriæ, Christe.
Tu Patris sempiternus es Filius.
Tu, ad liberandum
suscepturus hominem,
non horruisti Virginis uterum.

Tu, devicto mortis aculeo,
aperuisti credentibus regna coelorum.
Tu ad dexteram Dei sedes,
in gloria Patris.
Judex crederis esse venturus.

Te ergo quæsumus, tuis famulis subveni,
quos pretioso sanguine redemisti
Æterna fac cum Sanctis tuis
in gloria numerari.
Salvum fac populum tuum, Domine,
et benedic hæreditati tuæ.
Et rege eos, et extolle illos
usque in æternum.
Per singulos dies benedicimus te,
et laudamus nomen tuum in sæculum, et in sæculum sæculi.
Dignare, Domine, die isto sine peccato nos custodire

Miserere nostri, Domine
miserere nostri
Fiat misericordia tua, Domine super nos,
quemadmodum speravimus in te.
In te speravi
non confundar in æternum.

Te deum laudamus (Senhor, nós te louvamos), traduzido pelo Dr. Martinho Lutero

O Te Deum alemão (Das Deutsche Tedeum [Herr Gott, dich loben wir]) de Lutero, muitas vezes referido como Der Ambrosianische Lobgesang (“o Hino de Louvor de Santo Ambrósio”) é uma versão livre deste canto de louvor ambrosiano, que já na Igreja Antiga era visto como expressão clássica da fé cristã e equiparado ao Credo Apostólico. Lutero também o considerava como um dos credos mais importantes da Igreja, eclipsado apenas pelo Credo dos Apóstolos e o Credo de Atanásio. É provável que a versão de Lutero tenha sido feita em 1529.

Texto alemão:

Herr Gott dich loben wir,
Herr Gott, wir danken dir.
Dich Vater in Ewigkeit,
ehrt die Welt weit und breit.
All Engel und Himmelsheer
und was dienet deiner Ehr,
auch Cherubim und Seraphim
singen immer mit hoher Stimm:
“Heilig ist unser Gott,
heilig ist unser Gott,

heilig ist unser Gott, der Herre Zebaoth.”

Dein göttlich Macht und Herrlichkeit
geht übr Himmel und Erden weit.
Der heiligen zwölf Boten Zahl
und die lieben Propheten all,
die teuren Märtrer all zumal
loben dich, Herr, mit großem Schall.
Die ganze werte Christenheit
rühmt dich auf Erden allezeit
Dich, Gott Vater im höchsten Thron,
deinen rechten und eingen Sohn,
den Heilgen Geist und Tröster wert
mit rechtem Dienst sie lobt und ehrt.
Du König der Ehren Jesu Christ,
Gott Vaters ewger Sohn du bist;
der Jungfrau Leib nicht hast verschmäht
zu ‘rlösen das menschlich Geschlecht.
Du hast dem Tod zerstört sein Macht
und all Christen zum Himmel bracht.
Du sitzt zur Rechten Gottes gleich
mit aller Ehr ins Vaters Reich.
Ein Richter du zukünftig bist
alles das tot und lebend ist.
Nun hilf uns, Herr, den Dienern dein,
die mit deim teurn Blut erlöset sein;
laß uns im Himmel haben teil
mit den Heiligen in ewgem Heil.
Hilf deinem Volk, Herr Jesu Christ,
und segne, das dein Erbteil ist,
wart und pfleg ihr’ zu aller Zeit
und heb sie hoch in Ewigkeit.
Täglich, Herr Gott, wir loben dich
und ehrn dein’ Namen stetiglich.
Behüt uns heut, o treuer Gott,
vor aller Sünd und Missetat.
Sei uns gnädig, o Herre Gott,
sei uns gnädig in aller Not.
Zeig uns deine Barmherzigkeit,
wie unsre Hoffnung zu dir steht.
Auf dich hoffen wir lieber Herr,
in Schanden laß uns nimmermehr.

Amen.

Versão em português de Ilson Kayser
Partitura nas Obras Selecionadas de Lutero, vol. 7.

[Coro I / Coro II]

Senhor, louvamos-te
        e agradecemos-te.
Dá honras, ó Pai, a ti
        a terra toda aqui;
Os exércitos do céu
        e o que serve ao nome teu.
Também, Senhor, os querubins
        te exaltam com os serafins:
Santo é Deus, o Senhor,
        santo é Deus, o Senhor.

[Ambos os coros em conjunto:]

Santo é Deus, o Senhor, de tudo o Criador.

[Coro I / Coro II]

A glória e o domínio teu
        abrangem toda a terra e céu,
Os doze apóstolos te dão
        louvor perene e adoração;
E os mártires com seu sofrer,
        elevam, Deus, o teu poder;
A cristandade sem cessar
        a ti somente há de exaltar,
Ao poderoso Pai no céu
        e a Jesus Cristo, o Filho seu,
Ao Espírito Consolador
        só rende ao trino Deus louvor.
Jesus, vieste a nós dos céus
        Filho unigênito de Deus,
Igual a nós, homem nascer
        a fim de a todos absolver.
Por tua morte, tua cruz,
        do céu nos concedeste a luz
Sentas do Pai à destra mão,
        a ti seja honra, adoração;
E todos tu virás julgar,
        quando este mundo se findar.
Ajuda-nos, o povo teu,
        salvos pelo caro sangue teu;
Queiras o céu nos conceder,
        vida eterna com os santos ter.
Pedimos-te, Jesus Senhor,
        que nos proteja o teu amor,
Nos livre aqui de todo o mal
        e nos dê a vida eternal.
A ti sempre damos louvor,
        honrando o nome teu, Senhor;
Preserva-nos de tentação
        e dá-nos força na aflição;
De nós tem compaixão, Senhor,
        e ampara-nos em toda dor.
Nossa oração atende aqui,
        pois confiamos só em ti;
Em ti estamos a esperar,
        não queiras nos abandonar.

[Ambos os coros:]

AMÉM.

Texto no Hinário da IECLB editado em 1964 (nº 207)

Senhor, louvamos-Te e agradecemos-Te
Antífona

1. Senhor, louvamos-Te (Coro)
e agradecemos-Te (Comunidade)
dá honras, ó Pai, a Ti.
a terra toda aqui
os exércitos do céu
e o que serve ao nome Teu,
também, Senhor, os querubins
Te exaltam com os serafins:
“Santo é Seus, o Senhor, santo é Deus, o Senhor.
Santo é Deus, o Senhor, de tudo o Criador.” (Coro e Comunidade)

2. A glória e o domínio Teu
abrangem toda a terra e céu.
Os doze apóstolos Te dão
louvor perene e adoração, 
e os mártires com seu sofrer,
elevam Deus, o Teu poder, 
a cristandade sem cessar
a Ti somente há de exaltar,
ao poderosos pai no céu
e a Jesus Cristo, o Filho Seu
ao Espírito Consolador,
só rende ao Trino Deus louvor.

3. Jesus, vieste a nós, dos céus,
Filho unigênito de Deus 
igual a nós, homem nascer
a fim de a todos absolver 
por Tua morte Tua cruz
do céu nos concedeste a luz
sentas do Pai à destra mão,
a Ti seja honra, adoração
e todos Tu virás julgar
quando este mundo se findar.

4. Ajuda-nos, o povo Teu,
salvos pelo caro sangue Teu,
queiras o céu nos conceder
vida eterna co’os santos ter. 
Pedimos-Te Jesus, Senhor
que nos proteja o Teu amor.



Texto do Ofício das Matinas (IELB)

A ti, ó Deus, louvamos, e por Senhor nosso confessamos.
A ti, ó eterno Pai, adora toda a terra.
A ti clamam todos os anjos, os céus e todas as suas potestades;
A ti os querubins e os serafins continuamente bradam.

Santo, santo, santo, Senhor Deus dos Exércitos;
Os céus e a terra estão cheios da majestade da tua glória.
A ti louva o glorioso coro dos apóstolos.
A ti louva a santa congregação dos profetas.

A ti louva o nobre exército dos mártires.
A ti reconhece, por toda a terra, a santa igreja:
Como o Pai de infinita majestade;
como adorável, verdadeiro e único Filho;
E como o Espírito Santo, o Consolador.

Tu és o Rei da Glória, ó Cristo.
Tu és do Pai o sempiterno Filho.

Tu, quando tomaste sobre ti livrar o homem,
te humilhaste a nascer duma virgem.
Tu, quando venceste o aguilhão da morte,
abriste a todos os fiéis o reino celeste.

Tu, à direita de Deus, estás sentado na glória do Pai.
Cremos que virás, ser nosso Juiz.

Portanto, te suplicamos, socorras a teus servos,
aos quais com teu precioso sangue redimiste.
Faze com que sejam contados entre os santos teus na glória eterna.






Comemoração de Santo Agostinho de Hipona, Pastor e Teólogo – 28 de agosto

“Santo Agostinho em seus Estudos”, Alexandre Cabanel (1823-1889)

Agostinho foi um dos grandes pais latinos da igreja e foi de significativa influência na formação do cristianismo ocidental, incluindo o luteranismo. Nascido em 354, no Norte da África, a juventude de Agostinho foi marcada pelo excepcional progresso como professor de retórica. Em suas Confissões ele descreve sua vida antes de sua conversão ao Cristianismo, quando foi arrastado para a lassidão moral e foi pai de um filho ilegítimo. Através da devoção de sua santa mãe Mônica e da pregação de Ambrósio, bispo de Milão (339-397), Agostinho foi convertido à fé cristã. Durante as grandes controvérsias pelagianos do século V, Agostinho enfatizou a graça unilateral de Deus na salvação da humanidade. Bispo e teólogo de Hipona no norte da África a partir de 395 até sua morte em 430, Agostinho foi um homem de grande inteligência, um ferrenho defensor da fé ortodoxa, e um prolífico escritor. Além das Confissões, Cidade de Deus foi outro livro de Agostinho que exerceu um grande impacto sobre a igreja em toda a Idade Média e Renascimento.

LEITURAS:

† Salmo 87 
† Isaías 62.6-12
† Hebreus 12.22-24,28-29 
† S. João 14.6-15   

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor Deus, luz das mentes que te conhecem, vida das almas que te amam e força dos corações que te servem, concede-nos força para seguir o exemplo de teu servo Agostinho de Hipona, de modo que, conhecendo a ti, possamos te amar verdadeiramente, e amando a ti, possamos te servir inteiramente – pois servir-te é a perfeita liberdade; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 666-667)

27/08/2014

Comemoração de Santa Mônica, Mãe Fiel - 27 de agosto

“Santa Mônica” (1845), Alexandre Cabanel (1823-1889)

Nascida no Norte da África do Norte, Mônica (333-387) foi a devotada mãe de Santo Agostinho. Ao longo de sua vida, ela procurou o bem-estar espiritual de seus filhos, especialmente de seu brilhante filho Agostinho. Tendo ficado viúva numa idade jovem, Mônica se dedicou completamente à sua família, orando durante muitos anos pela conversão de Agostinho. Quando Agostinho deixou o Norte da África para ir à Itália, ela o seguiu até Roma e, em seguida, até Milão. Lá, ela teve a alegria de testemunhar a conversão de seu filho para a fé cristã. Enfraquecida pela suas viagens, Mônica morreu em Óstia, na Itália, na viagem que a levaria de volta para sua África natal. Em alguns calendários eclesiásticos, Mônica é lembrada em 4 de maio.

LEITURAS:

† Salmo 115.12-18
† Juízes 13.2-8
† Gálatas 4.1-12a
† S. Lucas 7.11-17 ou S. João16.20-42

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor, tu fortaleceste a tua paciente serva Mônica por meio da disciplina espiritual para perseverar em oferecer seu amor, suas orações e suas lágrimas pela conversão de seu marido e de Agostinho, seu filho. Intensifica a nossa devoção para levar outros, até mesmo a nossa própria família, a reconhecer Jesus Cristo como Salvador e Senhor, que contigo e o Espírito Santo vive e reina, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 663)

25/08/2014

São Bartolomeu, Apóstolo - 24 de agosto

“São Bartolomeu” (Pala di Sant Agostino, 1512-1523), Pietro Perugino (1446-1524)

Esta é uma festa da igreja do Oriente introduzida no Ocidente por volta do século VIII. A data pretendia recordar a remoção das relíquias do santo e comemorar a sua morte. A partir de uma comparação entre as narrativas do Evangelho é comum inferir que São Bartolomeu é a mesma pessoa que Natanael. Se isso for verdade, sua terra natal foi Caná da Galileia (João 21.2), e Natanael era o seu nome próprio e Bartolomeu um patronímico: Bar-Tolmai, filho de Tolmai, assim como São Pedro foi chamado Simão e Bar-Jona. São Jerônimo diz que Bartolomeu era o único dos Doze de nascimento nobre. Isso pode ser por causa da conjectura que se tornou uma tradição, de que o nome era derivado de Tolmai ou Talmai, rei de Gesur, cuja filha Maaca era uma esposa de Davi e mãe de Absalão (2 Samuel 3.3). Posteriormente, foi esquecido quem era Tolmai, e supôs-se que ele devia ser Ptolomeu, rei do Egito. A partir daí ganhou forma a fábula de que Bartolomeu era de estirpe real egípcia. São João fala dele sempre como Bartolomeu, enquanto os outros evangelistas o chamam de Natanael. Diz-se que teria sido o mais instruído entre os Doze, talvez um jovem rabino, um doutor da lei judaica. Filipe apresentou-o pela primeira vez a Cristo (João 1.43-51). Ambos eram provavelmente discípulos de João Batista. Segundo o relato de São João, Bartolomeu foi um dos sete que viu o Senhor ressuscitado nas margens do Mar de Tiberíades. A tradição nos diz que ele levou o Evangelho por vários países do Oriente, incluindo a Arábia e Pérsia, e ainda a remota Índia. Diz a lenda que ele sofreu o martírio sendo esfolado vivo ou esfolado antes de ser decapitado ou crucificado. Não parece haver traço de alguma conexão entre ele e o Evangelho apontado para a comemoração de sua vida e labor. É bem possível que a discussão da qual o santo Evangelho fala girava em torno dele, porque os outros discípulos olhavam para ele como tendo o direito de preeminência, se ele era o mais erudito e de descendência real, e se os outros lembravam que nosso Senhor disse sobre ele: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!” Somente de João Batista ele falou nesses termos elogiosos.

Introito: “Sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia. Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto.”

Coleta: “Todo-Poderoso Deus, que por meio de Teu Filho Jesus Cristo escolheste São Bartolomeu para ser um apóstolo para pregar o bendito Evangelho, concede à Tua Igreja mestres cada vez mais fiéis para proclamar a glória do Teu Nome.”

Epístola: 2 Coríntios 4.7-10.

Gradual: “Por toda a terra se fez ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo. Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Aleluia! Aleluia! Eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça. Aleluia!”

Evangelho: São Lucas 22.24-30.

Prefácio Próprio: “Pois, com poder, governas e proteges a Tua santa Igreja, a qual os bem-aventurados Apóstolos e Evangelistas instruíram na Tua divina e salvadora verdade.”

-- Fred H. Lindemann (The Sermons and The Propers III: - Trinity Season - First Half. St. Louis: Concordia Publishing House, 1958. pp. 51-52)

Festa de São Bartolomeu, Apóstolo - 24 de agosto

“O Apóstolo Bartolomeu” (1311), Duccio di Buoninsegna (Siena, 1255-1319)

São Bartolomeu (ou Natanael, como é chamado no Evangelho de São João) foi um dos primeiros dos doze discípulos de Jesus. Sua casa ficava na cidade de Caná, na Galileia (Jo 21.2), onde Jesus realizou seu primeiro milagre. Ele foi convidado para ser um dos Doze por Filipe, que lhe disse haver encontrado o Messias na pessoa de Jesus de Nazaré (Jo 1.45). A hesitação inicial de Bartolomeu em crer, por causa da origem de Jesus de Nazaré, foi substituída rapidamente por uma declaração clara e inequívoca de fé: “Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!” (Jo 1.49). Bartolomeu esteve presente com os outros discípulos (Jo 21.1-13), quando tiveram o privilégio de ver, conversar e comer com o seu Senhor e Salvador ressuscitado. De acordo com alguns Pais da Igreja Antiga, Bartolomeu levou o Evangelho para a Armênia, onde foi martirizado ao ser esfolado vivo.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Provérbios 3.1-8
† Salmo: Salmo 121 (antífona vers. 8 )
† Epístola: 2 Coríntios 4.7-10
† Santo Evangelho: S. Lucas 22.24-30 ou S. João 1.43-51

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, teu Filho, Jesus Cristo, escolheu Bartolomeu para ser um apóstolo a pregar o bendito Evangelho. Concede que tua Igreja possa amar o que ele creu e pregar o que ele ensinou; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p.654)

24/08/2014

Homilia para o Décimo Primeiro Domingo após Pentecostes (Próprio 16 – Mateus 16.13-20)

 “Ordenação (Cristo entrega as Chaves para São Pedro)” (c. 1636-40), Nicolas Poussin (1594–1665) 
Quem? O quê?

Alguma vez você já tentou se inserir numa história? No texto do Evangelho desta manhã, Jesus faz uma pergunta muito vigorosa aos discípulos: "Quem diz o povo ser o Filho do Homem?". Os discípulos apresentam uma variedade de respostas que ouviram do povo. Alguns dizem que é João Batista. Alguns dizem que é Elias. Alguns dizem que é Jeremias. Alguns dizem que é um dos profetas. Sim, estas são as coisas que alguns dizem. O próprio Herodes Antipas acreditava que Jesus era João Batista que havia ressuscitado dos mortos. Conforme foi mostrado, este é o relato do povo.

Em seguida, Jesus volta a questão para os discípulos. Ele a torna totalmente pessoal. "Mas vós, quem dizeis que eu sou?" É aqui, bem aqui que eu gostaria de me inserir na história. Qual personagem? Simão, é claro! Olha o quão rapidamente ele responde à pergunta do Senhor: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Uau, isso é que é um bocado de confissão salvífica. Nenhum dos profetas, não é Jeremias, não é Elias, não é João Batista, mas é aquele a quem todos estes anunciaram – o Cristo. O Cristo, o Ungido de Deus, que veio para "pregar boas-novas aos quebrantados, a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória" (Is 61.1-3). Aqui, diante dos discípulos está o Cristo, que é também o próprio Filho de Deus! Que tremenda declaração sai da boca de um homem.

Jesus responde à confissão de Simão com outra bendita dose de realidade. "Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus" (Mt 16.17). Certamente esta confissão não teve origem no íntimo de Simão. Simão não improvisou nada; não é um rumor carnal, mas é o que o próprio Deus revela. Sim, se alguém pudesse se inserir nessa história, Simão parece ser um grande candidato.

No entanto, se você assumir o papel de Simão, você deve assumir tudo dele. No versículo 17 nós ouvimos Simão fazer esta firme confissão que não vem de sua carne e sangue, mas de Deus. No entanto, no versículo 22 Pedro é rápido em cogitar-se nas coisas dos homens, e não nas coisas de Deus (23). Pedro fez a confissão de quem Jesus é – o Cristo. Agora, trata-se daquilo que o Cristo é. O Cristo é o único que necessita "seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia. Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá". A confissão de Simão transforma-se rapidamente em repreensão de Pedro. Ele vai bem sobre quem o Cristo é, mas tem dificuldades sobre o que o Cristo é.

Assim sendo, é este realmente o personagem que você gostaria de assumir o papel? Poderia muito bem ser este, pois ele representa muito bem a você! Admitir que o Cristo necessita sofrer e morrer requer que se admita que há uma razão para este sofrimento e morte. A lei de Deus mostra a você clara e poderosamente que a razão é você. A Palavra de Deus mostra que a penalidade é severa. Você certamente pecou e está destituído da glória de Deus [Rm 3.23]. Você está morto em seus delitos [Ef 2.1]. Você não viveu esta semana de acordo com a boa e graciosa vontade de Deus. Você não se deleitou plenamente nos dons que Deus oferece. Você buscou suas próprias soluções equivocadas para aquilo que aflige a sua alma. A verdade que deve tratar a sua situação se resume a isto: o Filho do Homem necessita sofrer e morrer. Este é o Cristo!

O Cristo veio para que as coisas de Deus sejam cumpridas. Pedro pode não ter cogitado das coisas de Deus, mas Jesus, o Cristo, sim. As coisas de Deus definem o Cristo. Lembre-se de como Jesus andou com os dois discípulos após sua ressurreição. Eles estavam discutindo as coisas que tinham acontecido em Jerusalém. Jesus lhes perguntou sobre sua conversa. Eles responderam, dizendo: "És tu só peregrino em Jerusalém e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias?" (Lc 24.18). Jesus pergunta: "Que coisas?" Eles continuam descrevendo a prisão, morte e ressurreição de Jesus.

Jesus responde a eles, como se dissesse: "Vocês ouvem as palavras que saem de suas bocas? Vocês não reconhecem que as coisas que vocês mencionam descrevem o que o Cristo veio fazer? Vocês não reconhecem que as coisas que vocês descrevem soam familiar, pois é estas coisas que eu disse que o Cristo deveria fazer?". "E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lc 24.27).

Então, quem é Jesus? Ele é o Cristo, o Filho de Deus. O que isso significa? Significa cruz e crucificação. Significa ressurreição e redenção. Significa as coisas de Deus dadas a você para que você tenha vida e a tenha em abundância (Jo 10.10).

À confissão de Simão, Jesus afirma: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (18). Jesus não vai edificar sua igreja em qualquer coisa, mas vai edificá-la aqui. Ele vai edificá-la "sobre esta pedra" que é Pedro. Ele vai edificá-la sobre discípulos a quem Jesus dá a instrução para "que a ninguém dissessem ser ele é o Cristo" (20). Pedro confessa, os discípulos confessam, e é sobre esta pedra, é sobre eles, que o Senhor vai edificar a sua igreja. Como diz Paulo, ela é edificada "sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito" (Ef 2.20-21).

Então, como você se inseriria nessa história? Bem, não há realmente nenhuma necessidade de se preocupar com isso. O próprio Deus inseriu você nessa história, que é ao mesmo tempo a história dele e a nossa história. Ele fez de você o principal personagem, aquele que é o beneficiário das coisas de Deus pela ação do Cristo crucificado. Ele trouxe você para dentro do corpo do seu próprio Filho, a igreja, a qual tem como fundamento Pedro, todos os apóstolos, os profetas, e Cristo como pedra angular.

Desta forma, quem nós dizemos que Jesus é? Ele é o Cristo, o crucificado, o Salvador, o autor e consumador, a fundação do edifício no qual agora habitamos. Isso é o que Deus nos concede; isso é o que Deus revela.

Rev. Kyle Castens, pastor na Immanuel Lutheran Church (Festus/Crystal City, Missouri, USA). Traduzido de Concordia Journal (Summer 2011, v. 37, n.º 3, p; 231-233)

Evangelho Dominical – Décimo Primeiro Domingo após Pentecostes (Ano A)

Ilustração da Confissão de Pedro na Postila da Igreja (Kercken Postilla, dat ys, Vthlegginge der Epistelen vnd Euangelien, an de Söndagen vnde vornemesten Festen) de Martinho Lutero

Evangelho segundo S. Mateus 16.13-20

13 Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem?
 14 E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.
 15 Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?
 16 Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
 17 Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.
 18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
 19 Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus.
 20 Então, advertiu os discípulos de que a ninguém dissessem ser ele o Cristo.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

22/08/2014

Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja

“Cristo entrega as chaves a Pedro” (1515) em tapeçaria para a Capela Sistina, projetada por Rafael Sanzio (1483-1520) e tecida em Bruxelas por Pieter van Aelst (1502-1556)
Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. Também: “Dar-te-ei as chaves”. Igualmente: “Apascenta as minhas ovelhas”. [...] Em todas essas passagens, Pedro é o representante de todo o grupo dos apóstolos, conforme se evidencia do próprio texto. Pois Cristo não interroga somente a Pedro, mas diz: “Vós, quem dizeis que eu sou?” E o que aqui é dito no número singular – “Dar-te-ei as chaves”, “o que ligares” -, em outro lugar é dito no plural: “O que ligardes, etc.” E em João: “Aqueles a quem perdoardes os pecados, etc.” Atestam essas palavras que as chaves são dadas igualmente a todos os apóstolos, e que todos os apóstolos são enviados igualmente. Além disso, é necessário reconhecer que as chaves não pertencem à pessoa de determinado homem, porém à igreja, conforme atestam muitos argumentos claríssimos e firmíssimos. Pois Cristo, falando das chaves, Mateus 18, acrescenta: “Onde quer que dois ou três concordem na terra, etc.” De sorte que atribui as chaves principal e imediatamente à igreja, assim como também por essa razão a igreja principalmente tem o direito de chamar. É necessário, por isso, que nessas passagens Pedro seja o representante de todo o grupo dos apóstolos. Razão por que não atribuem a Pedro qualquer prerrogativa, ou superioridade, ou domínio.
Mas quanto à declaração: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja”, por certo que a igreja não foi edificada sobre a autoridade do homem, porém sobre o ministério daquela profissão que Pedro fez, na qual proclama que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. De sorte que se endereça a ele como ministro: “Sobre esta pedra”, isto é, sobre este ministério. Ora, o ministério do Novo Testamento não está preso a lugares e pessoas como o ministério levítico, porém está disperso pelo mundo inteiro e está onde Deus dá os seus dons, apóstolos, profetas, pastores, doutores. E esse ministério não vela por causa da autoridade de qualquer pessoa, mas por causa da palavra dada por Cristo. E a maioria dos santos Pais, como Orígenes, Ambrósio, Cipriano, Hilário, Beda, interpretam a sentença “sobre esta pedra” desse modo, não como referente à pessoa ou à superioridade de Pedro. Assim diz Crisóstomo: “‘Sobre esta pedra’, diz ele, não ‘sobre Pedro’. Pois edificou sua igreja não sobre o homem, mas sobre a fé de Pedro. Mas qual foi a fé? Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Hilário: “A Pedro revelou o Pai que dissesse: Tu és o Filho do Deus vivo. A edificação da igreja é, portanto, sobre a pedra dessa confissão. Essa fé é o fundamento da igreja”.

-- As Confissões Luteranas (Tractatus de Potestate et Primatu Papae, 1537)

21/08/2014

Décimo Primeiro Domingo após Pentecostes – 24 de agosto de 2014 (Próprio 16 – Ano A)

Pintura do séc. XVIII ilustrando a profissão de fé de Pedro segundo o evangelho de São Mateus (Igreja Saint-Barthélemy na cidade francesa de Cahors)

O Senhor Jesus Cristo é o Filho do Deus Vivo 

Jesus perguntou aos discípulos: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (Mt 16.15.). A questão também é direcionada a nós: Quem você diz que Ele é? O entendimento humano não revela isso a nós, mas através do ministério do Evangelho, o Pai que está nos céus revela o Seu Filho a nós aqui na terra, o qual se tornou carne e sofreu a morte pela nossa salvação. Assim, cremos e confessamos que Ele é "o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16.16). Assim como Ele morreu por causa das nossas transgressões e ressuscitou para nossa justificação, Ele nos liberta de todos os nossos pecados e preserva a nossa vida dentro da sua Igreja, contra a qual até mesmo "as portas do inferno não prevalecerão" (Mt 16.18-19.). Sua salvação é para sempre e a Sua "justiça não será anulada" (Is 51. 6). Ele nos conforta com o Evangelho em Sua Igreja, de modo que "gozo e alegria se achará nela, ação de graças, e voz de melodia" (Is 51.3). Por isso, "segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um" (Rm 12.3), também oferecemos a nós mesmos como "sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Rm 12: 1.) por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Isaías 51.1-6
† Salmo: Salmo 138 (antífona v. 8a)
† Epístola: Romanos 11.33-12.8
† Santo Evangelho: S. Mateus 16.13-20

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, conhecer a ti é ter a vida eterna. Concede-nos conhecer a teu filho Jesus como o caminho, a verdade e a vida, pra que possamos confessar com coragem que ele é o Cristo e fielmente seguir no caminho que leva à vida eterna; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

20/08/2014

Comemoração do Santo Profeta Samuel - 20 de agosto

“O Menino Samuel” (1776), Sir Joshua Reynolds (1723-1792)
Samuel, o último dos juízes do Antigo Testamento e o primeiro dos profetas (depois de Moisés), viveu durante o século XI a.C. Filho de Elcana, um efraimita, e sua esposa Ana, Samuel foi consagrado desde cedo por seus pais para o serviço divino e instruído na casa do Senhor, em Siló, pelo sacerdote Eli. A autoridade de Samuel como profeta foi estabelecida por Deus (1 Samuel 3.20). Ele ungiu Saul para ser o primeiro rei de Israel (10.1). Mais tarde, como resultado da desobediência de Saul a Deus, Samuel repudiou a liderança de Saul e ungiu Davi para ser rei no lugar de Saul (16.13). A lealdade de Samuel a Deus, o seu discernimento espiritual, e sua capacidade de inspirar outras pessoas fizeram dele um dos grandes líderes do povo de Israel.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, em tua misericórdia tu deste a Samuel a coragem de chamar Israel ao arrependimento e renovar a sua dedicação ao Senhor. Chama-nos ao arrependimento como Natã chamou Davi ao arrependimento, e então pelo sangue de Jesus, o Filho de Davi, possamos receber o perdão de todos os nossos pecados; através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 642)

19/08/2014

Por que e em que modo Deus há de ser amado?


Vós quereis ouvir de mim por que e em que modo Deus há de ser amado? E eu vos respondo: a causa pela qual Deus há de ser amado é o próprio Deus; o modo é amar sem modo. É suficiente isso? Talvez seja, mas para os sábios. Mas eu estou em dívida em relação aos ignorantes (cf. Rm 1,14): embora, para os sábios, o que foi dito seja suficiente, para os outros deve ser explicado. Portanto, não será gravoso repetir o mesmo de forma mais extensa, porém não mais profunda, em prol daqueles que demoram mais para entender. Deus há de ser amado por Ele mesmo em base a uma dúplice razão: porque nada de mais justo e nada de mais vantajoso pode ser amado. Indagar a respeito de Deus, investigando o porquê há de ser amado, gera uma dúplice forma de pensamento. De fato, pode-se duvidar se Deus há de ser amado por mérito dele ou para nossa vantagem. Na realidade, eu responderia o mesmo em ambos os casos, quer dizer, não há por mim outra razão digna de amar a Deus a não ser Ele mesmo. Primeiramente vejamos o mérito da questão- Ele mereceu muito por nós, pois entregou-se por nós que não merecíamos. O que Ele podia dar de melhor do que si mesmo? Portanto, se se procurar a causa pela qual Deus há de ser amado, se busca o mérito de Deus, e aquele é o fundamental: que Ele por primeiro nos amou. Por isso, Ele é digno de ter seu amor de volta, especialmente quando observa-se quem amou, quem foi amado e quanto tenha amado. Quem, portanto, amou? Não é aquele a quem todo espírito confessa: Tu és o meu Deus, por que não precisas dos meus bens? (SI 15,2). É verdadeira, portanto, a caridade dessa majestade, porque não procura seu próprio interesse. Mas a quem se oferece tamanha pureza? Quando ainda, disse, éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus (Rm 8,32). Deus, portanto, amou os inimigos e, ainda por cima, gratuitamente. Mas quanto? Quanto o afirma João: Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho único (Jo 3,16) e também Paulo, que diz: Quem não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós (Rm 8,32). Também o próprio Filho disse a seu respeito: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos (Jo 15,13). Esse é o mérito que o justo recebeu junto aos ímpios, o mérito que Aquele que está acima de todas as coisas recebeu junto aos que são da mais baixa condição, o mérito que o Todo-poderoso recebeu junto aos fracos. Contudo, alguém diz: assim, com certeza, fez para os homens, mas não para os anjos. Isso é verdadeiro, porque não foi necessário. De resto, quem veio em ajuda dos homens, nesta necessidade, dela preservou os anjos: e quem, amando os homens, operou de tal modo que não permanecessem como eram, é o mesmo que, amando igualmente os anjos, concedeu-lhes que não se tornassem como nós.

-- São Bernardo de Claraval, (De diligendo Deo: "Deus há de ser amado"; tradução de Matteo Raschíetti. Petrópolis: Vozes, 2013)

Comemoração de São Bernardo de Claraval, Escritor de Hinos e Teólogo – 19 de agosto

São Bernardo de Claraval (Séc. XVII), no estilo de Philippe de Champaigne (atualmente em Saint-Étienne-du-Mont, Paris)

Um líder na Europa cristã da primeira metade do século XI, Bernardo é honrado em sua terra natal, a França, e em todo o mundo. Nascido em uma família nobre na Borgonha em 1090, Bernardo deixou a riqueza de sua herança e entrou no mosteiro de Cister com a idade de 22 anos. Após dois anos, foi enviado para iniciar uma nova casa monástica em Claraval, onde sua obra foi abençoada de várias maneiras. O mosteiro de Claraval cresceu em missão e serviço, estabelecendo, finalmente, cerca de 68 outros mosteiros. Bernardo é lembrado por sua caridade e habilidades políticas, mas especialmente por sua pregação e composição de hinos. Os textos dos hinos “Jesus, o Rei admirável” (Jesu, rex admirabilis) e “Ó fronte ensanguentada” (Salve caput cruentatum) são parte da herança da fé deixada por São Bernardo.
Em 1153, participando de uma missão em Lorena, adoeceu. Percebendo a gravidade do seu estado, pediu para ser conduzido para o seu Mosteiro de Claraval, onde pouco tempo depois morreu, no dia 20 de agosto do mesmo ano.

LEITURAS:

† Salmo 139.1-9 ou Salmo 19.7-11 (12-14)
† Eclesiástico 39.1-10
† São João 15.7-11

ORAÇÃO DO DIA:
Ó Deus, inflamado com o fogo do teu amor, teu servo Bernardo de Claraval tornou-se uma ardente e brilhante luz em tua Igreja. Por tua misericórdia, concede que também sejamos inflamados com o espírito de amor e disciplina e andemos sempre na tua presença como filhos da luz; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 638-639)

18/08/2014

Comemoração do Bem-aventurado Johann Gerhard, Teólogo - 17 de agosto

Johann Gerhard (1582-1637) em gravura do séc. XVII (Granger)

 

Johann Gerhard (1582-1637) foi um grande teólogo luterano na tradição de Martinho Lutero (1483-1546) e Martin Chemnitz (1522-1586) e o mais influente dos teólogos dogmáticos do século XVII. Seu monumental Loci Theologici (23 grandes volumes) ainda é considerado por muitos como uma declaração definitiva da ortodoxia luterana. Gerhard nasceu em Quedlinburg, Alemanha. Com a idade de 15 anos, foi acometido por uma doença que ameaçou tirar-lhe a vida. Esta experiência, juntamente com o acompanhamento de seu pastor, Johann Arndt, marcou uma virada na sua vida. Ele dedicou o resto de sua vida à teologia. Tornou-se professor na Universidade de Jena e serviu por muitos anos como superintendente (espécie de bispo) de Heldberg. Gerhard era um homem de profunda piedade evangélica e amor por Jesus. Ele escreveu inúmeros livros sobre exegese, teologia, literatura devocional e história e controvérsias. Seus sermões continuam sendo amplamente divulgados e lidos.

LEITURAS:

† Salmo 46
† Isaías 55.6-11
† Romanos 10.5-17
† São João 15.1-11

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que pelo teu Espírito Santo concede a alguns a palavra de sabedoria, a outros a palavra de conhecimento e para outros, a palavra da fé. Nós te louvamos pelos dons da graça concedidos a teu servo Johann, e oramos para que por teu ensinamento sejamos levados a um conhecimento mais profundo da verdade que temos visto em teu Filho Jesus Cristo nosso Senhor. Amém

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 632)

17/08/2014

Evangelho Dominical – Décimo Domingo após Pentecostes (Ano A)

“Cristo e a Mulher Cananeia” (1617), Pieter Pietersz Lastman (1583-1633)
Evangelho segundo S. Mateus 15.21-28

21 Partindo Jesus dali, retirou-se para os lados de Tiro e Sidom.
 22 E eis que uma mulher cananeia, que viera daquelas regiões, clamava: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada.
 23 Ele, porém, não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, aproximando-se, rogaram-lhe: Despede-a, pois vem clamando atrás de nós.
 24 Mas Jesus respondeu: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
 25 Ela, porém, veio e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me!
 26 Então, ele, respondendo, disse: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.
 27 Ela, contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.
 28 Então, lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou sã.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

16/08/2014

Lutero sobre o sacrifício de Isaque e a provação de Abraão

"O sacrifício de Isaque" (c. 1700), Il Baciccio  (1639–1709)

Por ser o primeiro e maior dos santos patriarcas, Abraão tem que passar por tentações verdadeiramente patriarcais, que seus descendentes não teriam podido suportar.

Nessa passagem, a Escritura diz expressamente que Abraão foi tentado por Deus, não pela mulher, nem pelo ouro, nem pela prata, nem pela morte, nem pela vida, mas pela contradição das Sagradas Escrituras. Pois aqui, Deus se contradiz abertamente. Não diz que viria um ladrão para raptar seu filho secretamente, pois, neste caso, Abraão ainda poderia ter tido esperança de que seu filho viveria e voltaria para casa. Mas Abraão recebe a ordem de matá-lo com suas próprias mãos, para que não restasse dúvida nenhuma que Isaque estava realmente morto.

Esta tentação não pode ser vencida, e é mais do que evidente que não a podemos compreender. Quando Deus manda matar o filho, não resta a mínima esperança. Ele simplesmente coloca Abraão diante da contradição. E que Deus até então parecia ser seu melhor amigo, revela-se agora inimigo e tirano.

Neste ponto, a razão humana simplesmente chegaria à conclusão de que ou a promessa era falsa ou a ordem não procedia de Deus, mas do diabo. Pois se Isaque deve ser morto, fica anulada a promessa. Agora, se a promessa é válida, então é impossível acreditar que a ordem de matá-lo tenha partido de Deus.

Abraão, apesar da manifesta contradição (pois não há meio-termo entre vida e morte), não se afasta da promessa, mas acredita que seu filho, que está para morrer, terá descendência. Desta forma, Abraão apega-se à promessa e reconhece que Deus pode trazer seu filho morte de volta à vida... Assim, Abraão compreendeu o artigo da ressurreição dos mortos, e, unicamente com este artigo, conseguiu superar aquela contradição que não pode ser superada de outra forma. E não é sem motivo que sua fé é exaltada pelos profetas e apóstolos. Ele pensou assim: Hoje tenho um filho; amanhã não terei nada senão cinzas. As cinzas ficarão espalhadas por não sei quanto tempo, mas, por outro lado, tornarão a receber vida, se não durante minha vida, então, talvez, mil anos depois de minha morte; pois a palavra me diz que terei descendência por meio desse Isaque reduzido a cinzas.

Esse consolo deve ficar. O que Deus disse, isso ele não muda. Se você é batizado, e se no batismo você tem a promessa de Deus, saiba que essa palavra é imutável, e dela você não deve afastar-se.

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja, sobre Gênesis 22 na sua "Preleção sobre Gênesis" (1535-1545), WA 43:20-270.

FonteCastelo Forte: Devoções Diárias 1983 (São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983)

Décimo Domingo após Pentecostes – 17 de agosto de 2014 (Próprio 15 – Ano A)

“Cristo e a Mulher Cananeia” (1743), Jean-Franсois de Troy (1679-1752)
A Igreja vive sob a cruz de Cristo e intercede na esperança de sua misericórdia 

A mulher cananeia confessou corajosamente sua fé em Deus (Mt 15.27-28), através de sua súplica persistente para que Jesus tivesse misericórdia e a ajudasse (Mt 15.22, 24), e mesmo diante do silêncio inicial e aparente rejeição de Jesus (Mt 15.23-26). Seu belo exemplo nos encoraja a apegar-se às palavras e promessas do Evangelho, mesmo em face da Lei que nos acusa e condena. "Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis" (Rm 11.29) e sua Lei "encerrou a todos debaixo da desobediência" a fim de que ele use de "misericórdia para com todos" (Rm 11.32). Por isso, a fé e a esperança da mulher cananeia não foram frustradas, mas suas preces foram atendidas na misericórdia de Cristo. Ele não somente nos concede as migalhas de sua Mesa, como também nos alimenta com o "pão dos filhos" na casa de seu Pai (Mt 15.26-27.). Ele nos leva para o seu "santo monte" e nos torna felizes em sua casa, onde Ele ouve nossas orações e aceita o nosso sacrifício de louvor sobre o altar de sua cruz (Is 56.7). — Lectionary Summaries LCMS 

Cor litúrgica: Verde

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Isaías 56.1,6-8
† Salmo: Salmo 67 (antífona v. 5)
† Epístola: Romanos 11.1-2a, 13-15,28-32
† Santo Evangelho: S. Mateus 15.21-28

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso e eterno Pai, que dás aos teus filhos muitas bênçãos mesmo quando não somos merecedores, em cada problema e tentação concede-nos confiança em tua bondade e misericórdia amorosa; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
(
Culto Luterano – Lecionários)

Comemoração do Santo Patriarca Isaque - 16 de agosto


Isaque, o filho prometido e tão esperada de Abraão e Sara, nasceu quando seu pai estava com 100 anos e sua mãe com 91. O anúncio de seu nascimento trouxe alegria e riso a seus pais já idosos (por isso o nome “Isaque”, que significa “riso”). Quando jovem, Isaque acompanhou seu pai ao Monte Moriá, onde Abraão, em obediência ao mandato de Deus, o preparou para sacrificá-lo em holocausto. Mas Deus interveio, poupando a vida de Isaque e proporcionando um cordeiro como oferta substitutiva (Gn 22.1-14), apontando, assim, para o sacrifício vicário de Cristo pelos pecados do mundo. Isaque foi dado em casamento a Rebeca (Gn 24.15), e tiveram dois filhos gêmeos: Esaú e Jacó (Gn 25.19-26). Em sua velhice, Isaque, cego e fraco, queria dar a sua bênção e herança para seu filho favorito e mais velho: Esaú. Mas por intermédio de fraude, Rebeca fez Jacó recebê-la, resultando em anos de inimizade familiar. Isaque morreu com a idade de 180 anos e foi sepultado por seus filhos, que nessa altura já haviam se reconciliado, na sepultura da família na caverna de Macpela (Gn 35.28-29).

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, Pai Celestial, através do patriarca Isaque tu preservaste a semente do Messias e trouxeste a nova criação. Continue a preservar a Igreja como o Israel de Deus de forma que ela manifeste a glória de teu Santo Nome, ao persistir na adoração do teu Filho, o menino de Maria; através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 628-629)

15/08/2014

15 de agosto - Festa de Santa Maria

“Madonna e o Menino” (c. 1620 e c. 1662), Carlo Francesco Nuvolone (1609–1662)

A função da bem-aventurada Virgem Maria nas Sagradas Escrituras na história da salvação e na fé e no culto da Igreja, é apontar para o seu Filho. O retrato mais nobre que pode ser pintado dela é com seu filho em seus braços. 

– Bem-aventurado Arthur Carl Piepkorn (1907-1973), pastor da Igreja Luterana – Sínodo Missouri. (The Church: Selected Writings of Arthur Carl Piepkorn, p. 328)

Bendita cidade de Deus

“A Virgem com os Anjos” (1900), William-Adolphe Bouguereau (1825–1905)

Ó que bendita cidade de Deus, na qual tantas crianças, virgens e mártires foram recebidos, onde poderemos ver por toda a eternidade os apóstolos, profetas, patriarcas e todos os justos que creram em Cristo, desde Adão até o último cristão na terra! Veremos coros de anjos e a mãe santíssima, ela mesma que é o membro mais nobre do corpo místico, e finalmente, a única fonte de eterna alegria para os anjos e seres humanos, Jesus Cristo, o Rei da glória, e Deus que é tudo em todos. Ao recordarmos reverentemente tais coisas, a fé em nossa gloriosa ressurreição e vida futura certamente será estimulada, nutrida e confirmada em nós.

-- Urbanus Rhegius (1489-1541), confessor em Esmalcalde, pastor e superintendente de Lüneburg. Extraído e traduzido de HENDRIX, Scott H. (Ed.). Preaching the Reformation: The Homiletical Handbook of Urbanus Rhegius. Milwaukee: Marquette University Press, 2003. p. 95, 97.

Evangelho do Dia – Festa de Santa Maria, Mãe de Nosso Senhor

"Madonna do Magnificat", Jean-Baptiste Jouvenet (1644 –1717)
Evangelho segundo S. Lucas 1. 46-55

46   Então, disse Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
47   e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador,
48   porque contemplou na humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada,
49   porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome.
50   A sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.
51   Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos.
52   Derribou do seu trono os poderosos e exaltou os humildes.
53   Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos.
54   Amparou a Israel, seu servo, a fim de lembrar-se da sua misericórdia
55   a favor de Abraão e de sua descendência, para sempre, como prometera aos nossos pais.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

Festa de Santa Maria, Mãe de Nosso Senhor - 15 de agosto

“A Virgem e o Menino com um broto de Oliveira”, Andrea Previtali (c. 1480 –1528)

Santa Maria, a mãe de Jesus, é mencionada várias vezes nos Evangelhos e no livro de Atos, com aproximadamente uma dezena de ocorrências pontuais de sua vida sendo registrados: seu noivado com José; a anunciação pelo anjo Gabriel de que ela seria a mãe do Messias; sua visitação a Isabel, a mãe de João Batista; o nascimento de nosso Senhor; a visita dos pastores e magos; a apresentação do menino Jesus no templo; a fuga para o Egito; a visita a Jerusalém na Páscoa, quando Jesus tinha doze anos; o casamento em Caná da Galileia; sua presença na crucificação, quando seu Filho a confia aos cuidados de seu discípulo João, e seu encontro com os apóstolos no Cenáculo após a Ascensão, à espera do Espírito Santo prometido. Desta forma, Maria está presente na maioria dos eventos importantes na vida de seu Filho. Ela é especialmente lembrada e honrado por sua obediência incondicional à vontade de Deus (“Cumpra em mim conforme a tua Palavra” [Lucas 1.38]), por sua lealdade a seu Filho, mesmo quando ela não o compreendia (“Fazei tudo o que ele vos disser” [João 2.1-11]), e sobretudo pela mais alta honra que o céu lhe agraciou por ser a mãe de nosso Senhor (“Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre!” [Lucas 1.42]) . Segundo a tradição, Maria foi para Éfeso com o apóstolo João, onde morreu.

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:

† Antigo Testamento: Isaías 61.7-11
† Salmo: Salmo 45.10-17 (antífona vers. 6 )
† Epístola: Gálatas 4.4-7
† Santo Evangelho: S. Lucas 1.(39-45) 46-55

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, tu escolheste a Virgem Maria para ser a mãe de teu único Filho. Concede que nós, que fomos redimidos pelo seu sangue, possamos tomar parte com ela na glória do teu reino eterno; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 625-626.)