Em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo!
“Seis dias depois” (São Marcos 9.2).
Com estas palavras inicia-se o texto que descreve o episódio da Transfiguração
de Jesus. Este é um detalhe interessante, pois a menção dessas palavras indica
que haviam passados seis dias de algo importante e que também possui alguma
conexão com o que agora será descrito.
O
que havia ocorrido seis dias antes da Transfiguração de Jesus? Se voltarmos um
pouco no texto do Evangelho, vamos perceber que o último grande evento que
ocorreu antes de se passarem os seis dias foi a Confissão de Pedro a respeito
de quem é Jesus. Em sua resposta a Jesus, Pedro diz: “O Senhor é o Cristo” (São Marcos 8.29). Em outras palavras,
o Apóstolo Pedro junto aos outros discípulos reconhece que este Jesus é o Filho
de Deus, o Messias, o Enviado da parte do Pai.
Seis
dias após esta confissão, seguindo o texto indicado para este dia, “Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os
levou, em particular, a sós, a um alto monte. E Jesus foi transfigurado diante
deles” (São Marcos 9.2). Ou seja, uma mudança completa na forma e na
aparência de Jesus acontece. “As suas
roupas se tornaram resplandecentes, de um branco muito intenso, como nenhum
lavandeiro no mundo as poderia alvejar” (São Marcos 9.3). E isto,
unicamente porque naquele momento, diante daqueles três discípulos no alto de
um monte, Jesus estava se revelando conforme Pedro havia confessado: O Cristo,
o Filho de Deus. Jesus estava deslumbrantemente brilhante porque ali estava
manifestando a sua glória divina – quem ele realmente é: não somente verdadeiro
homem, mas também verdadeiro Deus!
A
manifestação plena de Jesus Cristo revela o Céu, e por isso também, durante sua
Transfiguração, como que em um vislumbre daquilo que se espera, o próprio Céu
toca a terra, e isto ocorre de maneira extraordinária e significativa.
Diante
dos três discípulos “apareceu Elias com
Moisés, e estavam falando com Jesus” (São Marcos 9.4). Que cena! Que
imagem maravilhosa! Mas, por que Elias e Moisés? Porque naquele lugar a Lei e
os Profetas – as Sagradas Escrituras do Antigo Testamento – ali representados
por Moisés e Elias, estavam testificando que este Jesus, o Cristo, é o
cumprimento de todas as coisas!
Mas, e o que Elias e
Moisés estavam falando com Jesus? Conforme um texto paralelo deste episódio (São
Lucas 9. 30-31), ficamos sabendo que eles estavam ali preparando Jesus para
a sua morte. Afinal, ele ainda desceria daquele monte para subir em outro – o
Gólgota – e lá dar a sua vida em resgate de muitos. Para isso ele foi enviado
da parte do Pai, por isso ele é o Cristo, como Pedro e as Escrituras
confessaram.
Quem
de nós não gostaria de estar ali naquele monte, presenciando este momento
singular? Pedro sente esta emoção, e por isso diz a Jesus: “Mestre, bom estarmos aqui” (São
Marcos 9.5). Ele “não sabia o que
dizer” (São Marcos 9.6). Aquele era um momento espetacular – era o
Céu na Terra – faltaram palavras, e na verdade, quando falamos do Céu, da
Glória do Filho de Deus nem mesmo mil dicionários conseguem conter adjetivos
que os possam descrever.
Algo
ainda estava para acontecer: “A seguir,
veio uma nuvem que os envolveu; e dela veio uma voz que dizia: Este é o meu
Filho amado; escutem o que ele diz!” (São Marcos 9.7). Ual! O
próprio Pai agora estava dizendo quem era Jesus! A Lei e os Profetas tinham
apontado, Pedro havia confessado, mas agora é o próprio Pai dizendo, da mesma
forma como já havia feito por ocasião do Batismo de Jesus. Porém lá, Pedro,
Tiago e João não estavam. Agora, eles também puderam ouvir: Este é o meu Filho
Amado; escutem o que ele diz!
Após
isso, tudo volta ao normal, e os discípulos “olhando ao redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus” (São
Marcos 9.8). “Ao descerem do monte,
Jesus lhes ordenou que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em
que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos” (São Marcos 9.9).
Isto porque o povo e até os próprios discípulos ainda não estavam preparados
para compreender tudo aquilo de maneira coerente.
Realmente
existe uma conexão deste episódio com o que ocorreu seis dias antes. A
Transfiguração de Jesus confirma o que Pedro havia dito em sua confissão: Jesus
é o Cristo, o Filho de Deus. A Transfiguração de Jesus também concede um
aperitivo do que é estar no Céu – estar na presença gloriosa de Jesus Cristo
junto com todos aqueles que foram salvos pelo SENHOR.
Quem
de nós não gostaria de estar presente naquele monte? Voltar no tempo e nos
prostrar junto com os três discípulos é impossível. No entanto, Deus permite
que sua Transfiguração chegue até nós hoje e, da mesma forma como foi uma
antecipação da glória eterna para aqueles discípulos, ela também o é para nós.
Mas,
onde e como isso ocorre? Vamos subir a um monte e alcançar Jesus? Não! Jesus já
morreu e ressuscitou, já conhecemos esta história que estava guardada para após
esses eventos. Por isso, não precisamos mais subir um monte para alcançar Jesus
e ver a sua glória divina. Na verdade, ele desce até nós, e ele vem a nós em um
pedaço de pão e um cálice de vinho e aqui, manifesta sua glória divina
perdoando os nossos pecados, fortalecendo a nossa Fé e concedendo vida – não
uma vida qualquer, mas vida Eterna!
A
Ceia do Senhor é Jesus se transfigurando e vindo até nós com sua glória; é o
Céu tocando a terra da mesma forma como aconteceu lá naquele monte, pois no
Sacramento estamos com Elias, Moisés, “os anjos, os arcanjos e toda a companhia
celeste louvando e magnificando o glorioso nome de Jesus”. Estamos dizendo o
mesmo que Pedro: “Mestre, bom é estarmos aqui!”.
Sem
dúvida alguma, é bom demais estar aqui! É bom demais saber que nosso Senhor é o
Cristo, o Filho de Deus que revelou a sua glória divina, mas também desceu do
monte e do próprio Céu, para morrer pelos nossos pecados a fim de nos perdoar e
ressuscitar dentre os mortos para que nós um dia pudéssemos também ressuscitar
e viver no Céu com nossos corpos envolvidos pela glória divina do Filho de
Deus.
Por
amor e misericórdia, esta glória divina do Filho de Deus já resplandece em
nossas vidas através dos Meios da Graça. E quando fecharmos os olhos para este
mundo e abrirmos eles nos Céus, então essa glória continuará resplandecendo por
toda a eternidade, para todo o sempre!
Amém!
Rev.
Helvécio José Batista Júnior
Ministro
do SENHOR nas Igrejas Luteranas “Bom Pastor” e “Cristo Rei” em Cariacica/ES
No
dia da Transfiguração de nosso Senhor, 2018 AD