27/06/2023

A SAGRADA LITURGIA ~ Santa Absolvição

 


SANTA ABSOLVIÇÃO

Antes de tratarmos especificamente da Santa Absolvição, observe que em seus Hinários toda essa parte que envolve a Invocação do Nome do Senhor, a Confissão de Pecados e a Santa Absolvição é denominada de “Preparação”. Obviamente, algumas perguntas que podem vir a mente são: Por que “Preparação”? Ou ainda: Como assim “Preparação”? E claro: “Preparação” para o que?

Há um texto bíblico que nos ajuda a compreender esta denominação e também responde estas questões levantadas: Êxodo 3. 2-5 – “tira as sandálias dos pés porque o lugar em que está é terra santa!

Êxodo 3 mostra que a presença do Senhor em meio a sarça fazia daquele lugar um lugar sagrado, e as sandálias – no Antigo Oriente Próximo – por carregar as sujeiras do dia-a-dia eram associadas a impureza. Mas, o que isso tem a ver com o Culto Divino? O Culto Divino é uma Sarça Ardente para nós! É o Senhor vindo falar conosco, é um momento em que estamos na presença real de nosso Deus. Porém, nós somos impuros por causa de nossa natureza pecaminosa. E agora?

Já repararam que sempre que o Senhor – o puro – vai ao encontro do pecador – o impuro – ele não se torna impuro como o pecado. Pelo contrário, ele purifica o pecador. E é exatamente isso que acontece nesta “Preparação”. Por sermos impuros não deveríamos estar na presença de Deus; porém, Deus misericordiosamente vem ao nosso encontro e, por meio da Confissão de Pecados e da Santa Absolvição, nos purifica de todo o pecado; e assim, nos prepara para que, de forma devida, estejamos na presença do Senhor, neste lugar Sagrado, para ouvirmos tudo aquilo que ele tem a nos dizer por meio de sua Palavra.

Tiramos as sandálias de nossos pés, isto é, confessamos os nossos pecados, e assim, nossa “Preparação” para ouvir a Palavra de Deus acontece. E justamente a conclusão desta “Preparação” é também a primeira Palavra que ouvimos do Senhor dirigida a nós. Esta conclusão e primeira Palavra é o que chamamos de “Santa Absolvição”, um momento sublime em que um “Ministro do Senhor, ordenado e chamado” diz: “Eu perdoo todos os seus pecados!”.

Como assim? Talvez alguém possa indagar. Um ministro, mesmo ordenado e chamado, continua sendo um ser humano, e sendo um ser humano, ele é pecador. Portanto, como ele pode dizer “Eu te perdoo”, mesmo que ele diz que é “em nome do Senhor” isso não soa estranho ou até errado? De acordo com as Sagradas Escrituras, errado é negar isso! Vejam o texto indicado em nosso Hinário: S. João 20. 19-23 – “Se vocês perdoarem os pecados de alguém, eles serão perdoados!

Jesus instituiu a Santa Absolvição para que nós tenhamos certeza do seu perdão. E para tanto, ele enviou seus primeiros Ministros – os Apóstolos – justamente com essa função de perdoar e reter pecados. “Assim como o Pai me enviou, eu envio vocês”. Assim, um ministro não só pode, como deve perdoar os pecados em Nome do Senhor porque o próprio Senhor o enviou para fazer isso!

O Apóstolo Paulo procura deixar essa verdade bem clara, ao afirmar: “Portanto, somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por meio de nós. Em nome de Cristo, pois, pedimos que vocês se reconciliem com Deus” (2Coríntios 5:20).

É assim que a Sagrada Liturgia nos prepara, é assim que ela coloca diante de nós e sobre nós esta doce e graciosa Palavra de libertação e reconciliação, que é a Santa Absolvição, da mesma forma que Deus o fez junto a Moisés no inesquecível episódio da Sarça Ardente.

 

Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Ministro do Senhor na Igreja Luterana Santíssima Trindade
Naviraí/MS - 2023 AD


19/06/2023

A SAGRADA LITURGIA ~ Confissão de Pecados

 


CONFISSÃO DE PECADOS

Após a Invocação do Nome do Senhor, a Sagrada Liturgia nos dirige para o momento de Confissão dos pecados e da Santa Absolvição.

Por que podemos confessar os nossos pecados a Deus? Antes de qualquer coisa, porque somos seus filhos e herdeiros por causa do Santo Batismo. E essa verdade foi trazida novamente a nós por meio das palavras iniciais do Culto Divino: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Atrelado a isso, podemos nos aproximar de Deus para confessar os nossos pecados porque ele se coloca diante de nós para ouvir nossa confissão e estender o seu perdão – como ressalta os versículos iniciais deste momento litúrgico.

Ao observar o Hinário Luterano, identificamos estes consoladores e motivadores textos da Palavra de nosso Deus: “O nosso socorro está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra” (Salmo 124:8). “Eu disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado” (Salmo 32:5).

O que esses versículos nos ensinam nesse momento? Somos batizados pelo Senhor e reunidos em seu Nome. Mas, quem é este Deus que está no meio de nós? Salmo 124:8bO Senhor que fez o céu e a terra”. E como sabemos que, sendo nós pecadores, podemos nos aproximar nele e buscar nele o perdão? Salmo 124:8O nosso socorro está no Nome dele”. Sabendo disso, nós então seguimos o exemplo do Rei Davi e com a mesma confiança que ele teve “confessamos ao Senhor as nossas transgressões” na certeza de que ele “perdoa a iniquidade de nosso pecado” (Salmo 32:5).

Ainda cabe mais uma observação sobre este momento de Confissão de Pecados: A quem estamos confessando os nossos pecados? Ao Ministro do Senhor ou ao próprio Senhor?

O Catecismo Menor do bem-aventurado Dr. Martinho, que é um dos Documentos Confessionais da Igreja Luterana, que nós subscrevemos de forma incondicional, ensina a respeito disso que “a confissão compreende duas partes: primeiro, que confessemos os nossos pecados; segundo, que aceitemos a absolvição do confessor como de Deus mesmo, sem duvidar de modo algum, mas crendo firmemente que por ela os pecados são perdoados perante Deus no céu” (Cm V).

A partir disso, compreende-se que a confissão é feita ao Ministro, e não há problema quanto a isso porque ele está ali “em lugar e pela autoridade” do Senhor. Desse modo, a confissão feita a ele é certamente uma confissão feita ao próprio Senhor.

Um conhecido exemplo de confissão dos pecados a um Ministro do Senhor, e que vale a pena ser ressaltado por tudo o que a envolve, ocorre no Antigo Testamento com o Rei Davi diante do Profeta Natan (2Samuel 12: 1-13).


Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Ministro do Senhor na Igreja Luterana Santíssima Trindade
Naviraí/MS, 2023 AD