29/12/2024

Lutero: Assim canta a Igreja Cristã

Davi tocando harpa diante da Arca (Ilustração do séc. XIX)

A fé não descansa nem tira férias. Ela se manifesta, fala, prega. Com júbilo, ela se põe a compor lindos salmos, canta belos hinos para, com alegria, louvar e agradecer a Deus bem como mover os demais e ensinar-lhes. Agora, isto não se refere apenas à beleza e à suavidade dos salmos, sob o ponto de vista da gramática e da música, isto é, palavras ordenadas de forma graciosa e artística e canto ou música que soa bem e agrada aos ouvidos, bom texto e bela melodia. Antes, é quando se considera sua teologia e conteúdo espiritual que os salmos se revelam de fato belos e maravilhosos. É claro, a música ou melodia também ajudam, como criatura e dom de Deus que são, especialmente quando a congregação canta e quando se leva a coisa a sério.

Davi chama seus salmos de salmos de Israel. Não os atribui a si mesmo nem tampouco quer a honra tão-somente para si. Israel deve receber, julgar e reconhecê-los como seus. Pois é necessário que uma palavra ou hino seja aceita ou não pela casa de Deus ou pelo povo de Deus. Assim, nós, cristãos, falamos de nossos salmistas.

Santo Ambrósio compôs muitos hinos bonitos, os quais são hinos da igreja porque esta os aceitou e os usa como se ela própria os tivesse composto. Por isso não dizemos, “assim canta Ambrósio, Gregório, Prudêncio, Sedúlio”, mas, “assim canta a igreja cristã”. Pois trata-se apenas de hinos que Ambrósio, Sedúlio e outros cantam em conjunto com a igreja, e a igreja com eles. E quando eles morrem, a igreja, que permanece, continuará cantando os hinos que eles compuseram.

- Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Tratado sobre as últimas palavras de Davi, 1543)

Fonte: Castelo Forte: Devoções Diárias 1983, 05/05 (São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983)

Primeiro Domingo após Natal (Ano C)

Ícone da Apresentação de Jesus (Gerges Samir)

Êxodo 13.1-3a,11-15
Salmo 111
Colossenses 3.12-17
Lucas 2.22-40

O Filho Primogênito de Deus é nosso resgate do pecado e da morte

Quando o Senhor destruiu os filhos primogênitos do Egito, poupou os filhos de Israel provendo um cordeiro no lugar deles. Por isso, todos os primogênitos pertencem a ele. Desta forma, todo filho primogênito era resgatado quando um animal macho primogênito era sacrificado (Êx 13.12-13). É por isso que os pais de Jesus “levaram o menino a Jerusalém para o apresentar ao Senhor” (Lc 2.22). No entanto, ali Jesus não será resgatado através do serviço sacerdotal, mas será consagrado para “a redenção de Jerusalém” e “a consolação de Israel” (Lc 2.25, 38). Por isso, Deus Pai não poupou o seu Filho unigênito, mas o ofereceu como o verdadeiro Cordeiro Pascal, a fim de resgatar o seu povo da escravidão. Sua cruz causa tropeço e queda de muitos, mas seu sangue expia os pecados do mundo e nos livra da morte. Agora podemos partir na paz de Cristo porque também ressuscitaremos com Ele. Quando recebemos o seu corpo e sangue no Sacramento do Altar, nos unimos a Simeão e Ana rendendo “graças a Deus Pai” e “louvando a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais”, o que inclui o louvor do Nunc Dimittis, “com gratidão no coração” (Lc 2.28-32, 38; Cl 3.15-17).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, nosso Criador e Redentor, que nos criaste de forma maravilhosa e na encarnação de teu Filho de forma ainda mais maravilhosa restauraste nossa natureza humana, concede que possamos estar sempre vivos naquele que se tornou igual a nós; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: Lecionários (Editora Concórdia).

Davi, Rei e Profeta - 29 de dezembro

Rei Davi Penitente (c. 1633), por Hendrick Bloemaert Hendrick Bloemaert (1601-1672) - Galeria Nacional de Praga

Davi, o maior dos reis de Israel, foi governante por volta de 1010 a 970 a.C. Os eventos de sua vida estão registrados em 1 Samuel 16 até 1 Reis 2 e em 1 Crônicas 10-29. Davi também foi um músico talentoso. Foi um exímio tocador de harpa e autor de pelo menos setenta e três salmos, incluindo o belíssimo Salmo 23. Seu caráter público e pessoal revela uma mistura de bondade (como, por exemplo, na sua vitória sobre o gigante Golias [1 Sm 17]) e maldade (como em seu adultério com a esposa de Urias, seguido do assassinato de Urias [2 Sm 11]). A grandeza de Davi estava em sua profunda lealdade a Deus como líder militar e político de Israel, além da sua disposição em reconhecer seus pecados e pedir perdão de Deus (2 Sm 12 e Sl 51). Foi sob a liderança de Davi que o povo de Israel se uniu em uma única nação, tendo Jerusalém como sua capital. 

ORAÇÃO DO DIA:

Deus de majestade, a quem os santos e anjos se deleitam a adorar no céu, nós te rendemos graças por Davi que, por meio do Saltério, deu a teu povo hinos para serem cantados com júbilo em nossa adoração na terra, a fim de que possamos vislumbrar a tua beleza. Leva-nos ao cumprimento dessa esperança de perfeição que será nossa quando estivermos diante da tua glória revelada; por Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. 

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 1068)

28/12/2024

Santos Inocentes, Mártires - 28 de dezembro

Massacre das Crianças Inocentes (c. 1515), Oficina de Lucas Cranach, o Velho (1472–1553)

Jeremias 31.15–17
Salmo 54
Apocalipse 14.1–5
Mateus 2.13–18

O Evangelho de Mateus fala da trama cruel do rei Herodes contra o menino Jesus após ser “enganado” pelos Reis Magos. Se sentido ameaçado por um “recém-nascido Rei dos judeus” Herodes assassinou todas as crianças de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo (Mt 2.16-18). Esses “inocentes”, lembrados apenas três dias após a celebração do nascimento de Jesus, nos lembram não apenas da brutalidade terrível de que os seres humanos são capazes, mas de forma mais significativa, da perseguição que Jesus sofreu desde o início de sua vida terrena. Ainda que a vida de Jesus tenha sido providencialmente poupada naquele momento, anos mais tarde, outro governante, Pôncio Pilatos, sentenciaria o inocente Jesus à morte.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, os mártires inocentes de Belém manifestaram publicamente teu louvor, não pelo falar, mas pelo morrer. Faz morrer em nós tudo que está em conflito com a tua vontade, para que nossas vidas possam dar testemunho da fé que professamos com os nossos lábios; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. Kindle 32935-32939

27/12/2024

São João, Apóstolo e Evangelista - 27 de dezembro

São João Evangelista em Patmos (c. 1620), por Pedro de Orrente (1580-1645) - Museo Nacional del Prado (Madri). 

Apocalipse 1.1–6
Salmo 11
1 João 1.1–2.2
João 21.10–25

São João Evangelista resume o Natal em um versículo: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). João não foi martirizado, contudo foi uma testemunha viva, que segundo a tradição, foi exilado em Patmos e morreu em avançada idade. Ele “atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu” (Ap 1.2). Acima de tudo, João foi uma testemunha ocular de Cristo que nos proclama o que viu e ouviu “a respeito do Verbo da vida”, “que estava com o Pai e nos foi manifestada” (1Jo 1.1–3). “E sabemos que o seu testemunho é verdadeiro” (Jo 21.24). As leituras de hoje incluem o testemunho de João acerca da morte expiatória de Cristo e sua terceira aparição “depois de ressuscitado dentre os mortos” (Jo 21.14). No terceiro dia de Natal nos alegramos e jubilamos juntamente com João e todos os santos apóstolos, pois “temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”, que “é a propiciação pelos nossos pecados — e não somente pelos nossos próprios, mas também pelos do mundo inteiro” (1Jo 2.1–2).

ORAÇÃO DO DIA:

Misericordioso Senhor, lança os raios brilhantes da tua luz sobre a tua Igreja, a fim de que nós, sendo instruídos na doutrina de teu bem-aventurado apóstolo e evangelista João, possamos chegar à luz da vida eterna; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: Lecionários (Editora Concórdia).


26/12/2024

O NATAL DE NOSSO SENHOR

 


O Evangelho segundo S. João 1: 1-3, 14

 

O apóstolo Paulo, em um único verso de sua segunda epístola aos Coríntios, oferece uma belíssima Pregação de Natal: “O nosso Senhor Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que, por meio da pobreza dele, vocês se tornassem ricos” (2Co 8:9). Com estas palavras, o Apóstolo recorda um dos principais aspectos do nascimento de nosso Salvador: a humildade! Humildade que é refletida inclusive no anuncio que os anjos fizeram aos pastores que estavam nos campos de Belém: “Vocês encontrarão uma criança enrolada em faixas e deitada em uma manjedoura” (Lc 2:12). De fato, o nascimento daquele que é o Rei dos reis, é marcado e rodeado pela humildade.

Humildade, no entanto, não é algo que, em Jesus, se limita à ausência de bens materiais. Essa condição também reflete a um certo estado de impotência. Por exemplo: na manjedoura repousa um menino frágil, incapaz de se defender ou realizar qualquer coisa sozinho, mesmo sendo ele o “Filho do Altíssimo” (Lc 1:32).

Foi assim, de uma forma totalmente inesperada – e inimaginável, especialmente se tratando do Messias prometido, o Desejado das nações, que – como escreve João, conforme o Evangelho de hoje: “o Verbo, que estava com Deus e que era Deus, se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1: 1, 14).

Vocês já pararam para refletir sobre o que isso significa? O Filho eterno de Deus, glorioso e todo-poderoso, escolheu manifestar-se na humildade e na fragilidade de um menino. O Criador e Senhor de todas as coisas revelou-se na miséria da carne humana. Isso parece absurdo? Não só parece, como é! Afinal, a história e a mensagem do Natal são absurdas! Quem estaria disposto a renunciar tudo o que possui, inclusive a vida, por outro alguém? Jesus Cristo fez exatamente isso! E, como proclamou Paulo, ele o fez “por amor a vocês!

No primeiro Natal, Deus não se colocou no esplendor de um palácio. Ele estava em uma manjedoura, no canto de uma casa, enrolado em panos humildes por vocês! E hoje não é diferente. Ele continua a se manifestar e a se revelar nas coisas mais simples e comuns do cotidiano: em um pouco de água, nas palavras – as vezes trêmulas ou roucas – de um pregador, em folhas de papel, em um pedaço de pão e em um pequeno cálice de vinho. E assim ele continua “por amor a vocês”! Afinal, é claro que Deus pode fazer coisas grandiosas e espetaculares, ele é Deus! Porém, ele prefere muitas agir em humildade. E sabe por quê? Porque assim vocês podem ouvi-lo, vê-lo, tocá-lo, recebê-lo! De outra forma, isto seria impossível para qualquer um.

No primeiro Natal, Jesus Cristo, ao nascer em humildade, iniciou uma dura caminhada. Caminhada esta em que ele tomou sobre si não apenas a miséria das suas necessidades humanas, mas também a sua falência espiritual, as suas transgressões e as suas dores! Tudo o que vocês sofrem, tudo o que vocês passam de ruim, tudo aquilo que traz angústia, medo e tribulação a vocês, Jesus Cristo sentiu, viveu e enfrentou. Ele podia seguir reinando nos altos céus com toda a pompa de sua majestade, mas ele preferiu e escolheu se aproximar de vocês, e fazer por vocês aquilo que era tão necessário. E para tanto, ele precisava agir, e de fato agiu, em humildade.

O nosso Senhor Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que, por meio da pobreza dele, vocês se tornassem ricos”. Talvez ao ouvir isto, vocês questionem: O primeiro Natal já aconteceu há mais de dois mil anos. Quando essa mensagem irá se concretizar?  Em certo sentido, desde aquele dia ela está se acontecendo em nossas vidas. Afinal, aquilo de mais precioso que existe nós já recebemos por Graça da parte de nosso Senhor: sua Palavra e seus Sacramentos. Inclusive, como ensinou o Apóstolo Pedro, “nós não fomos resgatados com ouro ou prata, mas sim com algo muito mais valioso: o santo e precioso Sangue de Jesus”.

Entretanto, a concretização e a plenitude desta mensagem de Natal se darão, quando no último dia este mesmo Senhor vier novamente para brindar vocês com a maior glória e riqueza que pode existir: a Ressurreição e a Vida Eterna! Naquele dia, a celebração do Natal será concluída, naquele dia o Menino de Belém, o Filho de Maria, o Verbo que se fez carne será tudo em todos, e toda a sua glória e riqueza serão para o deleite de vocês, não por um tempo, mas sim, para todo o sempre!

Enquanto esse dia não chega, olhem para a miséria em vocês e ao seu redor, e ao fazer isso, olhem para a humildade de Cristo; e assim, permaneçam buscando e encontrando o Senhor onde ele prometeu estar, o que, na maioria das vezes, são os locais e as pessoas grandes, fortes e majestosos, mas os simples, pequenos, pobres e humildes.

Para concluir esta Homilia de Natal, recito para vocês um belo texto, escrito por S. Agostinho por volta do ano 400, que retrata muito bem a história do Natal e a mensagem que o nascimento de Cristo traz: “O sustentador do Sol se colocou debaixo do sol. O grandioso que não cabe no universo, deitou-se numa manjedoura. O imenso na forma de Deus se fez minúsculo na forma de servo. O Filho de Deus, gerado por uma mãe que ele mesmo criou e carregado por mãos que ele mesmo formou, se fez filho de homem, para que os filhos dos homens fossem feitos filhos de Deus!

Amém!


Rev. Helvécio J. Batista Júnior
Ministro do Senhor na Igreja Luterana Santíssima Trindade
Naviraí/MS, 2024 AD


Dia de Santo Estêvão: uma lembrança dos sofrimentos no tempo de Natal

O Martírio de Santo Estêvão, por Jean Baptiste de Champaigne (1631–1681)

O dia 26 de dezembro é o Segundo Dia do Natal (Zweite Weihnachtsfeiertag), um feriado em muitos lugares onde a cultura foi moldada pelo luteranismo.

Contudo, a igreja cristã também lembra neste dia o protomártir (i.e. primeiro mártir) Estêvão, um dos santos que fazem parte do “Comites Christi” (latim) ou “Begleiter des Christuskindes” (alemão), o cortejo honorífico do Menino Jesus, juntamente com São João Evangelista (dia 27) e as Crianças Inocentes (dia 28) massacradas por ordem de Herodes.

A lembrança do primeiro mártir cristão neste dia é um convite para não esquecermos que, apesar de toda a alegria da celebração natalina, muitos são perseguidos por causa da sua fé em Jesus Cristo. Em algumas igrejas este dia é dedicado à oração pelos cristãos perseguidos.

Algumas igrejas luteranas costumam ter cultos neste dia (preferencialmente à noite) com os próprios do Dia de Santo Estêvão ao invés do Segundo Dia de Natal, pois a memória do protomártir tem uma tradição mais antiga que o Natal (cf. Evangelischen Gottesdienstbuch). Na Coleta do culto, Estêvão é lembrado como modelo de amor aos inimigos que nos perseguem.

Valerius Herberger (1562-1627), teólogo luterano e pastor na igreja paroquial de Santa Maria, em Fraustadt, Silésia (atual Wschowa, na Polônia) escreveu:

"É um costume antigo e louvável comemorar Santo Estêvão no segundo dia de Natal. Pois assim como as crianças inocentes foram os primeiros mártires após o nascimento de Cristo, assim também Santo Estevão foi o primeiro depois da ascensão de Cristo a louvar o nosso glorioso rei Jesus com o seu sangue. Nossos precursores costumavam dizer: Heri natus est Christus in munda ut hodie Stephanus nasceretur in coelo. 'Ontem Cristo  nasceu no mundo, para que hoje Estêvão pudesse nascer no céu'. Isto é verdadeiramente o fruto do nascimento de Jesus Cristo". 

Fontes: Karl-Heinrich Bieritz. Das Kirchenjahr: Feste, Gedenk- und Feiertage in Geschichte und Gegenwart. Verlag C. H. Beck, 2005. pp. 198, 213-214; Lexikon (Selbständige Evangelisch-Lutherische Kirche - SELK);  Treasury of Daily Prayer. Concordia Publishing House, 2008. p. 1057.

25/12/2024

A Natividade de Nosso Senhor: Dia de Natal (25 de dezembro)

Isaías 52.7-10
Salmo 2
Hebreus 1.1-6 (7-12)
João 1.1-14 (15-18)

A Palavra viva e vivificadora de Deus habita entre nós encarnada

O Senhor envia seus ministros do Evangelho para fazer discípulos “de todas as nações” e “todo os confins da terra verão a salvação de nosso Deus”. Na pessoa do Cristo encarnado, o Senhor “desnudou o seu santo braço” (Is 52.7, 10). O Menino na manjedoura, nascido da Virgem Maria, é a própria Palavra de Deus, o Filho unigênito do Pai, “a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também fez o universo” (Hb 1.2). Assim como “todas as coisas foram feitas por ele” (Jo 1.3), assim também todas as coisas são redimidas e renovadas Nele. Em seu corpo de carne e sangue, contemplamos “o resplendor da glória de Deus” (Hb 1.3), “glória como do unigênito do Pai”, “cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14) . Ele habita entre nós com paz para que possamos ter vida, luz e salvação Nele. Pois, por sua Palavra do Evangelho, nascemos de novo como filhos de Deus, carregando seu nome e compartilhando sua vida eterna.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, concede que o nascimento de teu único Filho nos liberte da escravidão do pecado; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: Lecionários (Editora Concórdia).

A Natividade de Nosso Senhor: Alvorada de Natal (25 de dezembro)

Adoração do Cristo Menino e Anunciação aos Pastores (c. 1520-1525), por Bernardino Luini (c. 1480-1532)

Isaías 62.10-12
Salmo 98
Tito 3.4-7
Lucas 2.1–14 (15–20)

Cristo Jesus se revela nos sinais que ele mesmo deu à sua igreja

O Senhor não nos abandonou. Ele veio até nós e nos chamou para sermos “Povo Santo”, “Remidos do Senhor” (Is 62.11-12), “a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros segundo a esperança da vida eterna” (Tt 3.7). Em Cristo Jesus, concebido e nascido de Maria, “se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor por todos” (Tt 3.4). Agora ele é levantado como “um estandarte para os povos” através do Evangelho (Is 62.10), chamando a todos para se alegrar na sua salvação. São Lucas enfatiza os sinais pelos quais os pastores encontraram a salvação: em Belém, a Cidade de Davi, “envolta em faixas e deitada em manjedoura” (Lc 2.12). O mesmo Senhor Jesus se revela a nós nos sinais seguros e infalíveis do seu Evangelho. Sua Igreja é uma verdadeira Belém (Casa do Pão), pois nela o Filho de Davi, “o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11), nos alimenta com o seu corpo e sangue na manjedoura do seu altar, envolto em, com e sob o pão e o vinho. Meditamos nestes mistérios conforme recebemos a Palavra de Deus e vivemos nossas vocações “glorificando e louvando a Deus” (Lc 2.19-20).

ORAÇÃO DO DIA:

Misericordioso Deus, que fizestes a tua Palavra eterna se encarnar através de Maria, concede graça ao teu povo para abandonar os desejos pecaminosos, a fim de que possa se preparar para a tua visitação; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: Lecionários (Editora Concórdia).

A Natividade de Nosso Senhor: Meia-Noite de Natal (25 de dezembro)

 

Adoração dos Pastores, por Gerard van Honthorst (1592–1656)

Isaías 9.2-7
Salmo 96
Tito 2.11-14
Lucas 2.1-14 (15-20)

A Luz de Cristo brilha nas trevas

Céus e terra se alegram nesta noite porque a glória da Santíssima Trindade se manifestou no nascimento humano do “nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (Tt 2.13). Através dele a graça, a misericórdia e a paz do Pai repousam sobre o mundo. O silêncio da morte é quebrado por esta “boa-nova de grande alegria, que será para todo o povo” (Lc 2.10). E todos nós que nos desgarramos como ovelhas perdidas e errantes, que “andava nas trevas” da dúvida, do medo e da incredulidade pecaminosa, contemplam uma “grande luz” no nascimento de Cristo (Is 9.2). “A graça de Deus se manifestou” nele (Tt 2.11). Este Filho de Maria que nasceu para nós, este amado Filho de Deus que nos é dado, levará o fardo do nosso pecado e morte em seu próprio corpo na cruz. Ele estabelece assim um governo de paz, “com juízo e justiça”, que não terá fim; não por obra do homem, mas “o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto” (Is 9.7).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que fizeste brilhar a verdadeira Luz nesta santa noite, concede que conheçamos os mistérios desta Luz aqui na terra e possamos alcançar todas as suas alegrias nos céus; através do mesmo Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

24/12/2024

A Natividade de Nosso Senhor: Véspera de Natal (24 de dezembro)

O Sonho de São José (c. 1700), por Luca Giordano (1632–1705)

Isaías 7.10–14
Salmo 110.1-4
1 João 4.7–16
Mateus 1.18–25

A Palavra do Senhor se cumpre na carne de Jesus

O Senhor dá um sinal à casa de Davi de que “a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14). Com esta promessa, Ele quer dizer que a salvação é somente pela sua graça. Não é obra nem realização da humanidade caída, mas obra e dom gratuito do Senhor. A promessa é cumprida quando o Filho de Deus é concebido e nascido da Virgem Maria e o sinal é recebido em fé pela casa de Davi na pessoa de José (Mt 1.20-24). “Se encarnou pelo Espírito Santo na Virgem Maria e foi feito homem” (Credo Niceno). Deus está conosco (Emanuel) na carne de Jesus, o Filho de Maria. José crê nessa Palavra de Deus e assim demonstra um exemplo maravilhoso em sua obediência imediata e silenciosa, tomando Maria para ser sua esposa e cuidando dela com fé e amor. Ele a ama porque o amor de Deus é manifesto nisto, que “o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo”, “como propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 4.9–10, 14).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que nos alegras a cada ano quando lembramos do nascimento de teu único Filho Jesus Cristo, concede que possamos recebe-lo alegremente como nosso Redentor e, nesta verdadeira confiança, estaremos prontos a olhar para Ele quando vier como nosso Juiz; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

23/12/2024

Antífonas do Ó - Ó Emanuel (23 de dezembro)

Ó Emanuel (23 de dezembro)

Antífonas do Ó

Ó Emanuel, nosso rei e legislador, 
esperança das nações e salvador do mundo: 
vem salvar-nos, Senhor nosso Deus.

LEITURA BÍBLICA: Isaías 43.14a, 15–19a; 7.14–15

Assim diz o Senhor, o seu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o Santo Deus de vocês, o Criador de Israel e o seu Rei. Assim diz o Senhor, que preparou um caminho no mar e uma vereda nas águas impetuosas; que fez sair os carros de guerra e os cavalos, o exército e a força, e eles jazem ali e jamais se levantarão; estão extintos, apagados como um pavio. Não fiquem lembrando das coisas passadas, nem pensem nas coisas antigas. Eis que faço uma coisa nova. Agora mesmo ela está saindo à luz.

Portanto, o Senhor mesmo lhes dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. Ele comerá manteiga e mel quando souber desprezar o mal e escolher o bem.

HINO:

Ó vem, ó vem, Emanuel!
Redime o povo de Israel,
que geme em triste exílio e dor
e aguarda, crente, o Redentor! (HL 10:1)
Dai glória a Deus! Emanuel
 virá em breve, ó Israel!

Ilustração de Edward Riojas (Veni, Veni, Emmanuel. Kloria Publishing, 2021)


22/12/2024

Antífonas do Ó - Ó Rei das Nações (22 de dezembro)

Ó Rei das Nações (22 de dezembro)

Antífonas do Ó

Ó Rei das nações 
e Pedra angular da Igreja, 
vem salvar o homem que formastes do pó da terra.

LEITURA BÍBLICA: Isaías 52.13–15

“Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado, e será mui sublime. Como muitos pasmaram à vista dele — pois o seu aspecto estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens — , assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a sua boca por causa dele. Porque verão aquilo que não lhes foi anunciado, e entenderão aquilo que não tinham ouvido.”

HINO:

Ó, desejado das nações,
Unidos faze os corações
Do mundo vem tirar o mal
E dar-lhe a paz celestial. (HA 140:3)
Dai glória a Deus! Emanuel
 virá em breve, ó Israel!

Ilustração de Edward Riojas (Veni, Veni, Emmanuel. Kloria Publishing, 2021)


21/12/2024

Quarto Domingo no Advento (Ano C)

Visitação de Maria e Isabel - adcrucem.com

Miqueias 5.2–5a
Salmo 80.1-7
Hebreus 10.5–10
Lucas 1.39–45 (46–56)

O Senhor vem nos visitar com a sua paz

O Quarto Domingo no Advento volta nossa atenção para o nascimento de nosso Senhor. Juntamente com Maria, aguardamos a vinda do Cristo, seu Filho, concebido em seu ventre pelo Espírito de Deus. Assim como o Senhor a tratou com bondade e fez grandes coisas por ela (Lc 1.48-49), assim também Ele manifesta a si mesmo e sua glória para nós em misericórdia e mansidão. Ele vem governar seu povo com paz “e apascentará o povo na força do Senhor” (Mq 5.4). Ele não vem da grande capital Roma ou Jerusalém, mas da humilde e pequena Belém (Mq 5.2, 4). Ele vem para ser o sacrifício para a salvação e santificação do seu povo, em cumprimento a vontade do Pai (Hb 10.10). Aquele que uma vez visitou Isabel enquanto ainda estava oculto no ventre de Maria (Lc 1.39-45), agora vem nos visitar oculto na simplicidade da água, do pão e do vinho.

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Jesus, pedimos que venhas com o teu poder e nos ajudes para que os pecados que nos fazem sofrer sejam logo retirados pela tua graça e misericórdia; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano: lecionários (Editora Concórdia).

São Tomé, Apóstolo - 21 de dezembro

Cristo Ressurreto e a dúvida de Tomé, por Gerges Samir.

Todos os quatro Evangelhos mencionam São Tomé como um dos doze discípulos de Jesus. O Evangelho de João, que o chama de “o Gêmeo” (Jo 11.16), utiliza as perguntas de Tomé para revelar verdades sobre Jesus. É Tomé que diz: “Senhor, nós não sabemos aonde é que o senhor vai. Como podemos saber o caminho?” A esta pergunta, Jesus responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim.” (Jo 14.5-6). O Evangelho de João também diz como Tomé, na noite do dia da ressurreição de Jesus, duvida do relato dos discípulos de que eles tinham visto Jesus. Mais tarde, o “incrédulo Tomé” torna-se o “crente Tomé” quando confessa Jesus como “meu Senhor e meu Deus” (Jo 20.24-29). De acordo com a tradição, Tomé viajou para o leste após o Pentecostes, alcançando a Índia, onde ainda hoje um grupo de crentes se denominam “Cristãos de São Tomé”. Tomé foi martirizado por causa de sua fé ao ser transpassado por lanças até a morte.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso e eterno Deus, tu fortaleceste teu apóstolo Tomé com fé firme e segura na ressurreição de teu Filho. Concede-nos semelhante fé em Jesus Cristo, nosso Senhor e nosso Deus, para que nunca sejamos achados em falta à tua vista; através do mesmo Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1038-1039)

Antífonas do Ó - Ó Sol Nascente (21 de dezembro)

 Ó Sol Nascente (21 de dezembro)

Antífonas do Ó 

Ó Sol nascente, 
esplendor da luz eterna e sol de justiça: 
vem iluminar os que vivem nas trevas e na sombra da morte.

LEITURA BÍBLICA: Isaías 9.2–5

O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz. Tu, Senhor, tens multiplicado este povo e aumentaste a sua alegria; eles se alegram diante de ti, como se alegram no tempo da colheita e como exultam quando repartem os despojos. Porque tu quebraste o jugo que pesava sobre eles, a vara que lhes feria os ombros e o cetro do seu opressor, como no dia da vitória sobre os midianitas. Porque toda bota com que o guerreiro anda no tumulto da batalha e toda roupa revolvida em sangue serão queimadas, servirão de pasto ao fogo.

HINO:

Ó vem aqui nos animar
e nossas almas despertar;
dispersa as sombras do temor
e as nuvens densas do terror. (HL 10:1)
Dai glória a Deus! Emanuel
 virá em breve, ó Israel!

Ilustração de Edward Riojas (Veni, Veni, Emmanuel. Kloria Publishing, 2021)


20/12/2024

Catarina von Bora - 20 de dezembro

Catarina von Bora (1499-1552) foi levada a um convento quando ainda era criança, tornando-se freira em 1515. Em abril 1523, ela e outras oito freiras foram resgatadas do convento e trazidas para Wittenberg. Lá Martinho Lutero ajudou a retornar algumas para suas antigas casas e colocou outras em boas famílias. Catarina e Martinho se casaram em 13 de junho de 1525. O casamento deles foi feliz e abençoado com seis filhos. Catarina administrou habilmente a casa da família, a qual sempre parecia crescer por causa de hospitalidade generosa de Lutero. Depois da morte de Lutero, em 1546, Catarina permaneceu em Wittenberg, mas viveu a maior parte do tempo na pobreza. Ela saiu de Wittenberg a fim de escapar da peste, mas sofreu um acidente durante a viagem para Torgau, vindo a falecer meses depois.

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, nosso refúgio e fortaleza, tu levantaste tua serva Catarina para apoiar o marido na tarefa de reformar e renovar tua Igreja à luz da tua Palavra. Defende e purifica a Igreja de hoje e fazei que, pela fé, possamos com ousadia apoiar e encorajar nossos pastores e mestres da fé quando proclamam e administram as riquezas da tua graça encontradas em Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House: 2008), p. 1035. 

Catarina von Bora: esposa e parceira de Lutero na Reforma

Serenata para Catarina. Gravura (c. 1890), de Paul Poetzsch

Catarina von Bora nasceu em 29 de janeiro de 1499, filha de um nobre saxão empobrecido, em Lippendorf. Aos seis anos de idade, ela passou a frequentar a escola do convento beneditino em Brehna, onde Catarina aprendeu a leitura, a escrita, a aritmética e o latim. A partir de 1509, ela viveu no convento cisterciense Marienthron, em Nimbschen, onde fez seus votos em 1515. 

Inspirada pelos escritos dos reformadores, ela foi uma das doze freiras a deixar o convento na Sexta-feira Santa de 1523. De acordo com a tradição, o comerciante de Torgau, Leonard Koppe, contrabandeou as freiras cistercienses para fora do convento, escondidas em barris de peixe. De Torgau, as mulheres viajaram para Wittenberg, onde foram alojadas em boas famílias de classe média e depois se casaram.

Durante esse período, Catarina von Bora morou e trabalhou na casa do pintor Lucas Cranach. Após rejeitar sem hesitação a proposta do professor de Wittenberg Caspar Glatz, Catarina acabou se casando com Martinho Lutero em 13 de junho de 1525.

Casamento de Lutero e Catarina (Gravura séc. XIX)

Após o casamento, o casal foi morar no antigo Convento Negro em Wittenberg, onde viviam com seus filhos, parentes, estudantes, convidados e empregados. Catarina era uma mulher empreendedora e contribuiu significativamente para a prosperidade da família. Além da grande casa, ela administrava uma chácara, mantinha uma cervejaria e arrendava uma criação de peixes no Elba. 

Lutero e Catarina. Schmahendes Flugblatt (c. 1550)

Ao longo dos 20 anos de casamento, ela deu à luz seis filhos: Johannes, o Hans (1526-1575), Elisabeth (1527-1528), Magdalena (1529-1942), Martin (1531-1965), Paul (1533-1593) e Margarete (1534-1570). De personalidade forte, Catarina não foi apenas uma esposa para Lutero, mas também uma de suas parceiras mais importantes. Ele não apenas a chamava de “minha querida” ou “minha estrela da manhã de Wittenberg”, mas também de “meu Senhor Käthe” em virtude de seu protagonismo na casa.

Lar dos Lutero. Gravura (1847), de Gustav König (1808-1869)

Em seu testamento, Lutero nomeou Catarina como sua única herdeira e guardiã de seus filhos. Esse testamento incomum contradizia a lei da época, segundo a qual era necessário nomear um tutor para a esposa viúva. O testamento foi contestado e a família perdeu importantes fontes de renda.

Em setembro de 1552, Catarina von Bora fugiu da peste com sua filha Margarete e deixou Wittenberg. No caminho para Torgau, Catarina se feriu em um acidente na carroça. Ela morreu em 20 de dezembro de 1552 em decorrência do acidente e foi sepultada com honras na Igreja de Santa Maria em Torgau.

Lutero e sua família. Gravura (1839), de Christian Franz Gottlieb Stang


Antífonas do Ó - Ó Chave de Davi (20 de dezembro)

Ó Chave de Davi (20 de dezembro)

Antífonas do Ó

Ó Chave da casa de Davi, 
que abre e ninguém pode fechar, fecha e ninguém pode abrir: 
vem libertar os que vivem nas trevas do cativeiro e nas sombras da morte.

LEITURA BÍBLICA: Isaías 22.20–23

— Naquele dia, chamarei o meu servo Eliaquim, filho de Hilquias. Eu o vestirei com a túnica que você usava, irei cingi-lo com a faixa que era sua e lhe entregarei nas mãos o poder que você tinha. Ele será como um pai para os moradores de Jerusalém e para a casa de Judá. Porei sobre o ombro dele a chave da casa de Davi. Ele abrirá, e ninguém fechará; fechará, e ninguém abrirá. Vou fincá-lo como estaca em lugar firme, e ele será como um trono de honra para a casa de seu pai.

HINO:

Vem, Filho de Davi, ó, vem!
Descerra o céu de todo bem
e ali na porta que abrirás,
suprema glória nos dará. (HCC 85:3)
 Dai glória a Deus! Emanuel
 virá em breve, ó Israel!

Ilustração de Edward Riojas (Veni, Veni, Emmanuel. Kloria Publishing, 2021)


19/12/2024

Adão e Eva - 19 de dezembro

A criação de Adão e Eva, por Theodore Poulakis (1622–1692)

Hoje lembramos no Calendário Luterano os nossos primeiros pais, os primeiros santos e pecadores:

Adão foi o primeiro homem, feito à imagem de Deus, tendo recebido o domínio sobre toda a Terra (Gênesis 1.26). Eva foi a primeira mulher, formada a partir de uma das costelas de Adão para ser sua companheira e auxiliadora (2.18-24). Deus os colocou no Jardim do Éden para cuidar da criação como seus representantes. Mas eles abandonaram a Palavra de Deus e mergulharam o mundo no pecado (3.1-7). Por causa dessa desobediência, Deus os expulsou do Jardim. Eva sofreu as dores do parto e se sujeitou a Adão. Adão labutou em meio a espinhos e ervas daninhas até voltar ao pó da terra. Ainda assim, Deus prometeu que a Semente da mulher esmagaria a cabeça da serpente (3.8-24). O pecado entrou na criação perfeita de Deus e a modificou até que Deus a restaurasse novamente por meio de Cristo. Eva é a mãe da raça humana, enquanto Adão é o representante de toda a humanidade e sua Queda, como escreve São Paulo: “Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Co 15.22).

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Deus, Pai Celestial, tu criaste Adão a sua imagem e lhe deste Eva como companheira, e após a queda deles em pecado, tu lhes prometeste um Salvador que esmagaria o poder do diabo. Por tua misericórdia, conta-nos entre os que vieram da grande tribulação com o selo do Deus vivo em nossas testas e cujas vestes foram lavadas e alvejadas no sangue do Cordeiro; através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1031-1032)

Lutero: Adão e Eva e todos os que creem até o último dia vivem e vencem mediante essa esperança

Ilustração de Edward Riojas (Dear Christians, One and All, Rejoice, Kloria Publishing, 2020)

"Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela. Este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar." (Gênesis 3.15)

Foi assim que Adão e Eva compreenderam este texto. Eles se consolaram do pecado e do desespero com a esperança nesse esmagamento futuro através de Cristo e, na esperança dessa promessa, também ressurgirão no último dia para a vida eterna... Adão e Eva, estimulados por essa promessa, acolheram de todo coração a esperança da restauração e, cheios de fé, viram que Deus se preocupava com a sua salvação...

Este texto vivificou Adão e Eva e os ressuscitou da morte para a vida, que eles haviam perdido mediante o pecado, mas trata-se, antes, de uma esperança e não de uma posse... Esta vida, depois de ter sido infectada pelo pecado, não pode mais ser chamada propriamente de vida por causa do pecado e do castigo do pecado: a morte. Pois imediatamente, desde o útero da mãe, começamos a morrer.

Mediante o Batismo, porém, somos restituídos a uma vida de esperança, ou melhor, a uma esperança de vida. Pois a verdadeira vida é unicamente aquela que se vive diante de Deus. Antes de chegarmos a ela, estamos no meio da morte, morremos e apodrecemos na terra, como os outros cadáveres, como se não houvesse vida em lugar nenhum.  Mas nós, que cremos em Cristo, temos a esperança de que seremos ressuscitados no último dia para a vida eterna...

Desse modo, Adão também foi ressuscitado por essa declaração do Senhor, certamente não de modo perfeito, pois ele ainda não havia recuperado a vida que perdera. Mas ele recebeu a esperança desta vida quando ouviu que a tirania de Satanás seria esmagada... Dessa maneira, Adão, Eva e todos os que creem até o último dia vivem e vencem mediante essa esperança...

Olha para Adão e Eva: estão repletos de pecado e morte e, no entanto, por ouvirem a promessa sobre a semente que haverá de esmagar a cabeça da serpente, têm a mesma esperança que nós temos, ou seja, que a morte será removida, o pecado será abolido, e a justiça, a vida e a paz serão restauradas etc. Nessa esperança, nossos primeiros pais vivem e morrem e, por causa dela, são verdadeiramente santos e justos. 

Também nós vivemos na mesma esperança. E, por causa de Cristo, quando morremos, mantemos essa esperança de vida, que a Palavra coloca diante de nós, enquanto nos ordena confiar nos méritos de Cristo...

Agora encontramos Adão e Eva restaurados, certamente não para a vida que tinham perdido, mas para a esperança desta vida. Através dessa esperança, eles escaparam não das primícias da morte, mas dos dízimos da morte, ou seja, embora sua carne tenha de morrer temporalmente, eles esperam a ressurreição da carne e a vida eterna depois da morte temporal, exatamente como também nós esperamos, por causa do Filho de Deus que foi prometido, que haveria de esmagar a cabeça do diabo.

- Martinho Lutero (1483-1546), Preleções acerca de Gênesis - cap. 3 (1535-1545)

Fonte: Obras Selecionadas de Martinho Lutero, Volume 12 - Interpretação do Antigo Testamento – Textos Selecionados da Preleção sobre Gênesis. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia; Canoas: Ulbra, 2014. pp. 209; 212-213.

Antífonas do Ó - Ó Raiz de Jessé (19 de dezembro)

Ó Raiz de Jessé (19 de dezembro)

Antífonas do Ó

Ó Rebento da raiz de Jessé,
sinal erguido diante dos povos, 
vem libertar-nos, não tardes mais.

LEITURA BÍBLICA: Isaías 11.1–2

Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes brotará um renovo. Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor.

HINO:

Ó vem, Rebento de Jessé,
e aos filhos teus renova a fé;
que o diabo possam derrotar
e sobre a morte triunfar! (HL 10:2)
 Dai glória a Deus! Emanuel
 virá em breve, ó Israel!

Ilustração de Edward Riojas (Veni, Veni, Emmanuel. Kloria Publishing, 2021)


18/12/2024

GAUDETE IN DOMINO ~ III Domingo no Advento

 


O Evangelho segundo S. Mateus 11: 2-5

 

Neste III Domingo no Advento, o Gaudete in Domino, o Domingo da Alegria, nós estamos diante de um João Batista encarcerado injustamente e condenado a morte que envia os seus discípulos até Jesus para fazer a pergunta mais importante de toda a história: “Você é aquele que estava para vir ou devemos esperar outro?” (Mateus 11:2).

Jesus, conhecendo os corações de todos e também conhecendo toda a aflição pela qual passava João Batista, responde àqueles homens, dizendo: “Voltem e anunciem a João o que estão ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e aos pobres está sendo pregado o Evangelho” (Mateus 11:4-5).

Essa resposta, sem dúvida alguma, encheu o coração de João Batista de alegria. Afinal, com estas palavras Jesus Cristo não somente estava respondendo com um sim à pergunta trazida a ele, mas estava mostrando, de forma clara e com exemplos concretos, quem ele era, de fato: o Messias Prometido, o Rei Esperado, o Senhor sobre toda a terra.

Ao receber esta resposta de Jesus, certamente João Batista se lembrou da bela e significativa profecia de Isaías, que proclamou: “O deserto e a terra seca se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o narciso. Então se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; os coxos saltarão, e a língua dos mudos cantará. Pois águas arrebentarão no deserto, e ribeiros, no ermo. Os resgatados do Senhor voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo. Alegria eterna coroará a sua cabeça. Ficarão tomados de júbilo e alegria, e deles fugirão a tristeza e o gemido.” (Isaías 35).

Na pessoa e na obra de Jesus Cristo todas estas palavras estavam sendo cumpridas. E por isso, alegria podia existir mesmo diante da prisão, do sofrimento e da própria morte, como era o caso de João Batista. Afinal, naquele momento tocava a terra aquele que possui toda a glória celestial. E tocava o povo, aquele que é próprio Deus encarnado. Realmente uma alegria sem tamanho brota de um coração que testemunha todas estas coisas e que pode ver e ouvir o cumprimento de profecias tão belas e tão significativas. Quem dera se nós estivéssemos lá, naquele tempo de João Batista, para desfrutar de tudo isso?

Meus irmãos, o Advento traz uma mensagem muito consoladora para todos nós. Ela já foi abordada nos outros Culto e hoje novamente aparece para fixar-se bem em nossos corações e em nossas mentes:

Não precisamos voltar no tempo para desfrutar de todas aquelas maravilhas. Hoje, este mesmo Senhor Jesus Cristo toca a terra; este mesmo Deus encarnado toca a cada um de nós. E isto ele faz por meio do Santo Ministério, por meio de sua Palavra e por meio de seus Sacramentos. Por isso, escreve o Apóstolo Paulo, “importa que todos vocês nos considerem como ministros de Cristo e encarregados dos Mistérios de Deus” (1Coríntios 4:1). Porque o Santo Ministério não está aqui entre vocês para ser um mero líder de vocês, e sim para direcionar vocês até Jesus da mesma forma que fez João Batista. E da mesma forma que os discípulos de João Batista se aproximaram do Senhor e puderam ver ele e ouvir ele, hoje vocês – de uma maneira sacramental, isto é, misteriosa – também podem. Por exemplo, neste momento especial de Culto vocês tem o privilégio de ouvir o próprio Jesus por meio da pregação de sua Palavra, e têm também o privilégio de ver Jesus por meio da sua Eucaristia, a Santa Ceia.

No momento em que vocês se derem conta disso, nunca mais vocês conseguirão faltar um Culto e se sentir confortável com isso. Porque deixar de desfrutar essas coisas é deixar de desfrutar do próprio Jesus. E se vocês não desfrutam de Jesus, vocês não têm a verdadeira alegria.

E é desejo de Deus que vocês se alegrem verdadeiramente, por isso, através do Apóstolo Paulo, ele diz: “Alegrem-se sempre no Senhor” (Filipenses 4:4). Não é em qualquer coisa ou lugar, mas é “no Senhor!”.

Como lembramos nos últimos Culto e hoje isto está sendo reafirmado: Jesus Cristo é o Senhor que veio, mas também é o Senhor que vem. E não para por aí: para que todos nós que cremos neste Senhor possamos nos alegrar e “cantar de júbilo a Deus, celebrando-o” (Salmo 80:1) eternamente, este mesmo Jesus Cristo virá no último dia para assim completar nas nossas vidas a cura, a purificação e a restauração que ele iniciou quando se encarnou e que mantém quando nos dias atuais nos toca pela Palavra e pelos Sacramentos.

Neste dia da alegria, alegrem-se no Senhor. Mas também, alegrem-se sempre no Senhor. Porque ele veio para cumprir promessas maravilhosas da parte de Deus, ele vem hoje para trazer esse cumprimento para cada um de vocês, e ele virá novamente para que você tenha a plenitude desse cumprimento e para que de vocês fujam de uma vez por todas “a tristeza e o gemido”, e assim vocês fiquem tomados para sempre de “júbilo e alegria”.

Amém!

 

Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Igreja Luterana Santíssima Trindade em Naviraí/MS
III Domingo no Advento, 2024 AD


Antífonas do Ó - Ó Adonai (18 de dezembro)

Antífonas do Ó

Ó Adonai (18 de dezembro)

Ó Adonai, guia da casa de Israel,
que no Sinai destes a Lei a Moisés:
vem resgatar-nos com teu braço poderoso.

LEITURA BÍBLICA: Isaías 11.3–6, 9

Ele terá o seu prazer no temor do Senhor. Não julgará segundo a aparência, nem decidirá pelo que ouviu dizer, mas julgará com justiça os pobres e decidirá com equidade a favor dos mansos da terra. Castigará a terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso. O cinto dele será a justiça, e a verdade será a faixa na cintura. O lobo habitará com o cordeiro, o leopardo se deitará junto do cabrito, o bezerro, o leão novo e o novilho gordo andarão juntos, e um pequenino os guiará. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.

HINO:

Ó vem, ó vem sagrado Adonai!
Que em grande glória no Sinai
Por entre nuvens como um rei
Nos deste, Justo, a santa Lei!
 Dai glória a Deus! Emanuel
 virá em breve, ó Israel!

Ilustração de Edward Riojas (Veni, Veni, Emmanuel. Kloria Publishing, 2021)



17/12/2024

Daniel e os Três Jovens - 17 de dezembro

 

Os Três Jovens na Fornalha Ardente, por Mina Anton

O profeta Daniel e os Três Jovens - Sadraque, Mesaque e Abede-Nego - estavam entre os líderes do povo de Judá que foram levados para o cativeiro na Babilônia. Mesmo naquela terra estrangeira, eles permaneceram fiéis ao único Deus verdadeiro em sua devoção, oração e vida. Por causa dessa fidelidade inabalável diante da idolatria pagã, os três jovens foram lançados numa fornalha ardente, da qual foram salvos pelo Senhor e saíram ilesos (Daniel 3). Da mesma forma, Daniel foi lançado em uma cova de leões, da qual também foi salvo (Daniel 6). O Senhor os abençoou em todos os seus esforços e, apesar da hostilidade de alguns, Daniel e os três jovens foram promovidos a posições de liderança entre os babilônios (Dn 2.48-49; 3.30; 6.28). A Daniel, em particular, o Senhor revelou a interpretação de sonhos e sinais que foram dados ao rei Nabucodonosor e Belsazar (Daniel 2, 4, 5). Ao próprio Daniel, o Senhor deu visões sobre o fim dos tempos.

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Deus, Pai celestial, tu resgataste Daniel da cova de leões e os três jovens da fornalha ardente através da intervenção milagrosa de um anjo. Salva-nos agora através da presença de Jesus, o Leão de Judá, que venceu todos os nossos inimigos mediante seu sangue e levou todos os nossos pecados como o Cordeiro de Deus, que reina do seu trono celeste contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. pág. 1025)

Antífonas do Ó - Ó Sabedoria (17 de dezembro)

Antífonas do Ó

Ó Sabedoria (17 de dezembro)

Ó Sabedoria do Altíssimo,
que tudo governa com firmeza e suavidade
vem ensinar-nos o caminho da salvação.

LEITURA BÍBLICA: Provérbios 8.1–5; 8–11

Por acaso, não clama a Sabedoria? E o Entendimento não faz ouvir a sua voz? A Sabedoria se coloca no topo dos lugares elevados, junto ao caminho, nas encruzilhadas das veredas. Junto aos portões, à entrada da cidade, à entrada dos portões ela está gritando: “É para vocês, homens, que eu clamo; e a minha voz se dirige aos filhos dos homens. Vocês, ingênuos, entendam a prudência; e vocês, tolos, entendam a sabedoria. Todas as palavras da minha boca são justas; não há nelas nenhuma coisa torta, nem perversa. Todas são retas para os que têm compreensão e justas, para os que acham o conhecimento. Aceitem o meu ensino, em vez da prata, e o conhecimento, em lugar do ouro escolhido. Porque a sabedoria é melhor do que as joias, e tudo o que se possa desejar não se compara com ela.”

HINO:

Sabedoria que é do além
Ordena tudo aqui também!
O bom caminho, vem mostrar
E como nele sempre andar. (HA 140:2)
Dai glória a Deus! Emanuel
virá em breve, ó Israel! 

Ilustração de Edward Riojas (Veni, Veni, Emmanuel. Kloria Publishing, 2021)



Antífonas Maiores do Advento

 


As Antífonas Maiores do Advento, também chamadas do Ó por começarem assim, são uma rica tradição espiritual que tem lugar nos dias 17 a 23 de dezembro. Nestes dias, as Antífonas do Ó são lidas ou cantadas antes e depois do cântico evangélico do Magnificat no Ofício das Vésperas ou Oração da Noite.

Mas também podem ser usadas na devoção doméstica ou particular. É isso que queremos incentivar durante estes dias. Também sugerimos cantar a cada dia o verso do hino “Ó vem, ó vem, Emanuel” (Veni, Veni Emmanuel) que corresponde à antífona do dia. Este hino, também muito antigo, é uma paráfrase métrica das Antífonas do Advento.

As antífonas clamam pela presença salvadora de Deus e apresentam títulos messiânicos baseados em profecias do Antigo Testamento: O Sapientia (Ó Sabedoria), O Adonai (Ó Adonai), O Radix Jesse (Ó Raiz de Jessé), O Clavis David (Ó Chave de Davi), O Oriens (Ó Sol Nascente), O Rex Gentium (Ó Rei dos Gentios ) e O Emmanuel (Ó Deus Conosco).