"A Descida do Espirito Santo" (1618-1620), de Antoon van Dyck (1599 - 1641) |
Observe aqui, o Espírito Santo desce e enche os corações dos discípulos que estavam reunidos em meio a temor e tristeza. Ele torna as suas línguas ardentes e soltas e inflama-os com amor até ousarem na pregação de Cristo - até a enunciação livre e destemida. Obviamente, então, não é ofício do Espírito escrever livros ou instituir leis. Ele escreve nos corações dos homens, criando um novo coração, para que o homem possa se alegrar diante de Deus, plenos de amor por ele e, consequentemente, prontos para servir seus semelhantes com gratidão.
Quais meios e processos o Espírito emprega para mudar e renovar o coração? Por meio da pregação de Jesus Cristo, o Senhor, como o próprio Cristo diz (São João 15.26): “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”. Como temos ouvido muitas vezes, o Evangelho é a mensagem que Deus teria pregado no mundo inteiro, declarando a cada indivíduo que, uma vez que ninguém pode, através da Lei ser justo, mas deve antes tornar-se mais injusto, Deus enviou seu próprio Filho para derramar o seu sangue e morrer pelos nossos pecados, dos quais não poderíamos ser libertados por nosso próprio esforço.
-- Homilia do bem-aventurado Martinho Lutero sobre Atos 2.1-13 para o Domingo de Pentecostes, publicado em sua Postila da Igreja de 1523 (The Sermons of Martin Luther VII:332-333 (Baker Book House, 1983)
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