11/07/2013

A comunhão do sacramento

“Cristo com a Hóstia”, Paolo de San Leocadio (1445–1520)

“Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão”. (1 Coríntios 10. 17)

Receber este sacramento no pão e no vinho outra coisa não é do que receber um sinal seguro da comunhão e da incorporação em Cristo e todos os santos. [...] Para denotar essa comunhão, Deus também instituiu sinais deste sacramento que em toda parte se prestam a esse fim e, com suas formas, nos estimulam e impelem para essa comunhão. O pão é feito de muitos grãozinhos amassados num bolo. Os corpos de muitos grãos se transformam num só pão. Nele, cada grão perde seu corpo e forma, e assume a forma comum do pão. Assim também as uvas perdem sua forma para se tornarem em um corpo de um só vinho e bebida. Do mesmo modo também nós devemos ser – e de fato somos – se fizermos uso correto desse sacramento. Em seu amor, Cristo, juntamente com todos os santos, assume nossa forma, e conosco luta contra o pecado, a morte e todo o mal. E, a partir daí, ardentes de amor, assumimos a forma de Cristo, confiamos em sua justiça, vida e santidade, e, por meio da comunhão de sua bondade com a nossa miséria, passamos a formar um só bolo, um só pão, uma só bebida, e temos tudo em comum. Oh, este é, de fato, um grande sacramento, conforme diz São Paulo: que Cristo e sua Igreja são uma só carne e um só corpo!
Por outro lado, através desse mesmo amor, devemos transformar-nos e considerar nossas as falhas de todos os demais cristão, assumir sua forma e necessidades, deixar-lhe tudo o que tivermos de bom, para que o desfrutem. Esta é a verdadeira comunhão e o verdadeiro significado desse sacramento. Assim somos transformados um no outro e nos tornamos comuns uns aos outros através do amor, sem o qual não pode haver transformação.

-- Trecho de homilia do bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Um Sermão sobre o Venerabilíssimo Sacramento do Santo e Verdadeiro Corpo de Cristo e sobre as irmandades, OSel I, 429; 434)

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