“O Martírio de São Bartolomeu” (1722), Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770) |
Esta é uma festa oriental introduzida no Ocidente por volta do século VIII. A data é supostamente para recordar a remoção das relíquias do santo e comemorar a sua morte. A partir de uma comparação entre as narrativas do Evangelho é comum inferir que São Bartolomeu é a mesma pessoa que Natanael. Se isso for verdade, sua terra natal foi Caná da Galileia (João 21.2), e Natanael era o seu nome próprio e Bartolomeu um patronímico: Bar-Tolmai, filho de Tolmai, assim como São Pedro foi chamado Simão e Bar-Jona. São Jerônimo diz que Bartolomeu era o único dos Doze de nascimento nobre. Isso pode ser por causa da conjectura que se tornou uma tradição, de que o nome foi derivado de Tolmai ou Talmai, rei de Gesur, cuja filha Maaca era uma esposa de Davi e mãe de Absalão (2 Samuel 3.3). Posteriormente, foi esquecido quem era Tolmai, e supôs-se que ele devia ser Ptolomeu, rei do Egito. A partir daí ganhou forma a fábula de que Bartolomeu era de estirpe real egípcia. São João fala dele sempre como Bartolomeu, enquanto os outros evangelistas o chamam de Natanael. Diz-se que teria sido o mais instruído entre os Doze, talvez um jovem rabino, um doutor da lei judaica. Filipe apresentou-o pela primeira vez a Cristo (João 1.43-51). Ambos eram provavelmente discípulos de João Batista. Segundo o relato de São João, Bartolomeu foi um dos sete que viu o Senhor ressuscitado nas margens do Mar de Tiberíades. A tradição nos diz que ele levou o Evangelho por vários países do Oriente, incluindo a Arábia e Pérsia, e ainda a remota Índia. Diz a lenda que ele sofreu o martírio sendo esfolado vivo ou esfolado antes de ser decapitado ou crucificado. Não parece haver traço de alguma conexão entre ele e o Evangelho [São Lucas 22.24-30] apontado para a comemoração de sua vida e labor. É bem possível que a discussão da qual o santo Evangelho fala girava em torno dele, porque os outros discípulos olhavam para ele como tendo o direito de preeminência, se ele era o mais erudito e de descendência real, e se os outros lembravam que nosso Senhor disse sobre ele: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!” Somente de João Batista ele falara nesses termos elogiosos.
-- Fred H. Lindemann (The Sermons and The Propers III: Trinity Season - First Half. St. Louis: Concordia Publishing House, 1958. pp. 51-52)
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