12/10/2013

Os pais podem ganhar o céu através dos próprios filhos

"Cristo abençoa as crianças" (1540), Lucas Cranach, o Jovem (1515-1586)
“E quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe. Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe dependurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fora afogado na profundeza do mar”. (Mateus 18.5)

Assim também é verdadeira a afirmação de que os pais podem ganhar o céu através dos próprios filhos, mesmo que não façam outra coisa além de serem pais. Se os pais educam os filhos para que sejam servos de Deus, terão as duas mãos cheias de boas obras por fazer. Pois quem são os famintos, os sedentos, aqueles que não têm roupa, os prisioneiros, os doentes, os estrangeiros, senão as almas de seus próprios filhos (Mateus 25.35-36)? Com eles, Deus transforma sua casa num hospital, colocando-o como diretor do mesmo, para que você cuide deles, os alimente e lhes dê de beber com boas obras e palavras, de sorte que aprendam a confiar em Deus, crer nele, temer e depositar sua confiança nele, honrar seu nome, não jurar nem amaldiçoar, trabalhar, participar do culto e ouvir a palavra de Deus; que aprendam a desprezar as coisas deste mundo, suportar desgraças com paciência, não Ter medo da morte nem amar a presente vida! Oh, que lar e que casamento feliz não é aquele onde existem pais assim! De fato, seria uma verdadeira igreja, excelente mosteiro, sim, um paraíso.
Por outro lado, nada mais fácil para os pais do que serem condenados ao inferno por causa de sua atitude em relação aos filhos, em seu próprio lar, se negligenciam os filhos e não lhes ensinam as coisas mencionadas acima. De que adianta matar-se jejuando, orando, fazendo romarias e praticando toda sorte de obras? Por ocasião da morte e do juízo final, Deus não vai perguntar a respeito disso aí; vai exigir, isso sim, os filhos que ele lhes deu.

-- Trecho de homilia do bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja.

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