A Igreja sempre se prepara do mesmo jeito: através do arrependimento. A Quaresma é um tempo de arrependimento. Ela dura quarenta dias, sem contar os domingos, nos fazendo lembrar do jejum de nosso Senhor no deserto e da peregrinação dos israelitas no deserto; dois acontecimentos de cunho austero. Como parte desse arrependimento, a Quaresma é um tempo no qual se intensifica a oração, o jejum e donativos aos pobres. No entanto, assim como o verdadeiro arrependimento não é simplesmente lamentar, mas é voltar-se do pecado em direção a Deus, não é só tristeza pelo pecado, mas ter fé em Jesus, assim também, a Quaresma não é somente um tempo de renunciar coisas, mas é também um tempo para acrescentar coisas que aumentam a nossa consciência da misericórdia de Deus em Cristo Jesus.
É por isso que a grande maioria de nossas congregações aumentam os cultos de adoração durante a Quaresma. O tempo da Quaresma oferece mais oportunidades para receber os dons de Deus conquistados pela morte e ressurreição de Cristo. Os cultos no meio da semana podem ser vistos como abrir mão do tempo livre ou do lazer, mas podem ser encarados de forma mais positiva como algo valioso sendo acrescentado às nossas vidas e como preparação para a vida por vir. O jejum também pode ser entendido desta forma. Não deve ser entendido simplesmente como negar alguma coisa ao corpo. O Jejum pode ser um treino para o corpo. Esse treino pode ser bom para a saúde física do corpo e serve como um preparo para os momentos de tentação ou perseguição. O mesmo acontece com as doações de caridade. Podemos ser tentados a pensar que estamos doando mais do nosso dinheiro, abrindo mão dele, mas é melhor pensar em como Deus tem nos abençoado não apenas com coisas materiais, mas também com a salvação e com o privilégio de repartir com os necessitados.
De qualquer forma, quer seja renunciando ou acrescentando algo, essas tradições adotadas na Quaresma não são salvíficas e nenhum pecado é cometido se forem ignoradas. Tais obras não impressionam a Deus, nem fazem merecer seu favor. Não precisamos impressionar a Deus. Ele já está satisfeito conosco através do Filho e nos ama. Essas tradições, no entanto, provaram ser benéficas para os cristãos ao longo dos séculos, e não há dúvida de que elas também serão benéficas para nós.
Rev. David Petersen, pastor sênior da Igreja Luterana Redentor, Fort Wayne, Indiana, EUA.
Tradução do artigo publicado na revista Lutheran Witness da Igreja Luterana - Sínodo Missouri.
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