“Moisés e a Serpente de Bronze”, Pierre Subleyras (1699-1749) |
"Para os fiéis a morte já está morta e não tem nada de terrível, exceto a aparência e a máscara. Da mesma forma a serpente morta ainda tem seu terrível aspecto anterior, mas na verdade ficou ali apenas a aparência externa e um mal morto e já inócuo. Sim, da mesma forma como em Nm 21.8ss. Deus ordenou erigir uma serpente de bronze, por cujo aspecto as serpentes vivas morriam, assim também morre nossa morte pela fidelíssima contemplação da morte de Cristo, e agora nada mais aparece do que uma imagem da morte. Assim, com estas belas figuras, a misericórdia de Deus preludia a nós pessoas fracas que a morte, ainda que não deva ser afastada, assim mesmo está esvaziada a tão-somente uma aparência de seu poder, razão por que as Escrituras preferem chamá-la de sono em vez de morte. O segundo bem da morte é que ela não só põe um termo aos males dos castigos da vida, mas, o que é de proveito ainda maior, põe um fim nos vícios e pecados, o que torna a morte bem mais desejável às almas fiéis, fiéis, como dissemos acima, do que o bem já referido, visto que os males da alma, os pecados, são incomparavelmente piores do que os males do corpo."
— Bem-aventurado Martinho Lutero (1483–1546), doutor e reformador da Igreja (Catorze Consolações para os que sofrem e estão onerados, 1520)
Fonte: LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas: O Programa da Reforma. Escritos de 1520. Vol. 2. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1989. pág. 25.
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