"Não devemos atribuir aos apóstolos tamanha santidade como se não pudessem pecar. Lucas relata no cap. 15 de Atos que entre Paulo e Barnabé houve uma desavença tão violenta que vieram a separar-se, depois de terem sido separados para o ministério do Evangelho entre os gentios e já terem percorrido muitas regiões em que anunciaram o Evangelho. Aqui, ou Paulo ou Barnabé, se excedeu. Essa discórdia que separou esses companheiros, antes, tão unidos, deve ter sido muito veemente. É o que o texto também sugere. Tais exemplos foram escritos para o nosso conforto, pois somos plenamente consolados quando ouvimos que também tão grandes santos pecam. Esse consolo nos querem arrebatar aqueles que negam que os santos possam pecar. [...] A tais exemplos, as fracas e tímidas consciências devem dar a máxima importância, para que, por intermédio deles, aprendam a compreender melhor o que oram, quando dizem: "Perdoa-nos", etc., e entendam melhor o artigo da remissão dos pecados em que os apóstolos e todos os santos creram. E, juntamente, conosco oraram: "Pai nosso", etc. Os apóstolos não tinham nenhuma vantagem sobre nós, exceto o apostolado. Nós possuímos os mesmos bens que eles, a saber, o mesmo Cristo, o mesmo Batismo, a mesma Palavra, a mesma remissão dos pecados. De todos esses bens, também eles careciam e por eles foram santificados e salvos, como nós."
- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Comentário da Epístola aos Gálatas, 1935)
Fonte: Obras Selecionadas de Lutero, vol. 10. São Leopoldo: Editora Sinodal; Porto Alegre: Editora Concórdia; Canoas: Editora da Ulbra, 2008. p. 120-121)
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