Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos. (Salmo 116.15)
Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram. (Hb 13.7)
Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram. (Hb 13.7)
Hoje nosso Sínodo e boa parte da cristandade lembra Bonifácio, missionário inglês que levou as Boas Novas para a Alemanha e Holanda e sofreu o martírio neste dia, no ano de 754. O missiólogo David Jacobus Bosch (1929-1992) descreve o contexto que despertou o chamado de Bonifácio para a missão:
Um exame mais preciso mostrará que a vida e o ministério dos mosteiros beneditinos eram essencialmente missionários; uma “dimensão missionária” permeava tudo que os monges realizavam. Não deveria, pois, causar surpresa que os beneditinos começassem a empreender ações explicitamente missionárias, de uma forma até mais significativa que os monges celtas [...] Com o passar do tempo, monges beneditinos e celtas e suas tradições missionárias se encontraram -e chocaram - na Nortúmbria. Foi o encontro dessas duas tradições que produziria a mais profunda e longa influência na cultura ocidental (cf. Dawson 1950:63-66). Da fusão dessas duas culturas monásticas (em que o ramo beneditino se revelou mais duradouro), surgiu um monge missionário, Bonifácio de Crediton, que recebeu o epíteto de “apóstolo da Germânia” e foi descrito como “um homem que exerceu uma influência mais profunda na história da Europa que qualquer outro inglês” (Dawson 1952:185), deveras, como “o maior inglês” (cf. o título de Reuter 1980).
Ninguém enviou Bonifácio quando ele empreendeu sua primeira jornada à Frísia; foi uma iniciativa totalmente pessoal, a resposta a um chamado interior para a missão (Talbot 1970:45). E ele não estava sozinho. Outros monges anglo-saxões, como Willibrod, Pirmin e Alcuin de York, precederam Bonifácio ou o seguiram em sua viagem ao continente (cf. Löwe 1978:192-226). Todos eles alimentavam a manifesta convicção de que não se deveria permanecer no mosteiro visando à própria salvação, mas que a tarefa consistia em salvar e servir a outros. Para os monges celtas, pregação e missão eram apêndices não planejados de sua perambulação penitencial longe de casa; para os anglo-saxões, contudo, peregrinatio (a peregrinação) era empreendida tendo em vista a missão (Rosenkranz 1977:102). Suas viagens não eram motivadas por um anseio de penitência ou pelo desejo de aperfeiçoamento pessoal; elas constituíam tão-somente tentativas de difundir o evangelho e trazer pagãos para o seio da igreja. Foi com essa visão diante de si que Bonifácio entrou em seu quase ilimitado campo de trabalho, a vasta região ao leste do Reno (cf. Reuter 1980:71-94).Fonte: David J. Bosch. Missão Transformadora: mudanças de paradigma na teologia da missão. 2. ed. São Leopoldo: EST, Sinodal, 2007. p. 288-289.
Imagem: Ilustração de São Bonifácio por Heinrich Kipp (1826–1854) / Karl Clasen (1812–1886).
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