16/08/2019

15 de Agosto ~ Dia da Virgem Maria, Mãe de nosso Senhor


O Evangelho de nosso Senhor segundo São Lucas 1. 46-55

            Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!


A minha alma engrandece ao Senhor
(São Lucas 1.46)

Com estas palavras, a Virgem Maria que havia sido agraciada com o privilégio de carregar em seu ventre e ser a mãe do próprio Deus encarnado, engradece exclusivamente a Deus, atribui tudo o que recebe somente a ele. Isto fica evidente até mesmo no louvor que está entoando, pois ela não diz “eu engradeço ao Senhor”, mas “a minha alma”. Ou seja, Maria se reconhece não mais dona de si mesma, porém, envolvida pelo Espírito Santo, sua vida, seu ser, seus sentidos e suas forças atribuem grandes coisas ao Senhor. Desta forma, a Virgem ensina que o verdadeiro louvor ao Senhor não é uma obra humana, e sim o fruto da ação do Espírito Santo na vida dos servos de Deus.

Por causa deste reconhecimento, Maria não se considera maior do que a pessoa mais humilde da terra. Mesmo tendo o privilégio de ser a Mãe de Deus, ela continua simples e serena, e com os olhos voltados unicamente para o Senhor, ela confessa:


O meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador, porque ele atentou para a humildade da sua serva
(São Lucas 1. 47-48a)

O bem-aventurado Dr. Martinho Lutero, ao ler estas palavras de Maria, ensina que com elas, a Virgem estava dizendo: “Deus olhou para mim, uma moça pobre, desprezada e insignificante. Ele poderia ter escolhido ricas, importantes, nobres e poderosas rainhas. Porém ele olhou para mim, não porque houvesse algo diferenciado em mim, e sim por pura bondade. Afinal, diante dele ninguém deveria vangloriar-se. Por isso, também eu tenho que confessar que se trata de pura Graça e Misericórdia. Não há merecimento ou dignidade nenhuma de minha parte”.


Esta leitura de Lutero está correta, pois olhando para o texto bíblico você percebe que Maria, em momento algum, se vangloria de sua dignidade, mas somente do olhar de Deus. E aqui está o ponto: A ênfase da Virgem, com seu cântico e sua vida, não é em sua “humildade”, e sim no “atentar”, no “contemplar” de Deus. Em outras palavras, a Virgem Maria está dizendo que não é a sua humildade que deve ser louvada, mas a atenção por parte de Deus.

Maria, de fato, está reconhecendo o “contemplar” como a primeira obra de Deus realizada nela. Esta também é a obra maior, na qual se baseiam todas as demais e da qual procedem. Pois quando Deus volta o seu rosto e o seu olhar para alguém, aí reinam a pura Graça e a Bem-aventurança! E isto fica muito claro na continuação do seu cântico, quando a Virgem declara que, por causa desse “contemplar de Deus” ela será considerada bem-aventurada!


Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome
(São Lucas 1. 48b-49)

Preste atenção a estas palavras: Maria não diz que vão elogiar sua virtude ou exaltar sua virgindade e humildade. Pelo contrário, falarão do fato de Deus ter posto os seus olhos nela. Ou seja, a partir do fato do Senhor a ter agraciado Maria, ela, então será declarada bem-aventurada, santa. Mas, isso não seria idolatria? Não! Pois Maria está ensinando a louvar não a ela, e sim a Graça de Deus para com ela. E por isso, ela faz questão de enfatizar: “todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas”.

A Virgem Maria somente é “bendita entre todas as mulheres”, como afirmou sua prima Isabel, porque o “Senhor está com ela”. Maria sabe disso, e ao contrário do que, infelizmente, muitos cristãos dizem por aí sobre ela, a Virgem nunca desejou que você venha a ela, e sim que você encontre o Menino-Deus quando olhar para ela.

Maria deve ser olhada como uma mulher qualquer? Não! Ora, mas ela possui algo que a faça ser mais honrada do que as outras? Nela não! Porém, ela é especial porque carregou em seu ventre o Filho de Deus! Deste modo, toda a honra de Maria foi resumida numa única expressão: Mãe de Deus! Esta honra, Maria também não atribui a ela, mas totalmente a Graça de Deus, pois confessa que o Senhor fez nela grandes coisas! É como se Maria estivesse dizendo: Nada de todas estas grandes coisas é meu. Na verdade, aquele que é o Todo-Poderoso é quem atua e, de fato, realiza grandes coisas!

Agora, após reconhecer a ação exclusiva de Deus em sua vida, a Virgem prossegue com seu cântico, descrevendo o que este mesmo Deus e Senhor fez e continua fazendo na vida de todo o seu povo.


A sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem. Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos. Derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos. Amparou Israel, seu servo, a fim de lembrar-se da sua misericórdia a favor de Abraão e de sua descendência, para sempre, como havia prometido aos nossos pais
(São Lucas 1. 50-55)

Para com os seus, o Senhor age em “Misericórdia”, ou seja, em Amor. E a Virgem Maria canta sobre a Misericórdia de Deus porque em seu ventre ela carrega a expressão máxima do Amor de Deus: Jesus Cristo!

Para com o seus, o Senhor também destrói a soberba e derruba os que se acham poderosos. Afinal, a soberba e a vangloria não têm lugar diante daquele que age em coisas e pessoas insignificantes, nulas, rejeitadas e que estão totalmente desesperadas de si mesmas! Por outro lado, ele exalta os humildes e sacia os famintos.

Por fim, a Virgem Maria conclui o seu cântico da mesma maneira que iniciou: enfatizando unicamente o Senhor e não o ser humano. Deste modo, ela destaca que Deus amparou a Israel não porque ele tenha percebido algum mérito ou dignidade em seu povo. Não! Maria está deixando claro em todas as suas palavras que nem nela, nem em Israel e nem em nenhum ser humano há qualquer gota de dignidade ou mérito, pelo contrário, todos são necessitados e totalmente indignos. Por causa disso, ela enfatiza que Deus amparou a Israel porque ele se lembrou da sua Misericórdia. Ou seja, a sua Misericórdia é o que faz Deus ir ao encontro dos seus, como assim o fez na vida da Virgem Maria e assim continua fazendo na sua vida!

Através deste seu precioso e inspirado cântico, percebe-se claramente que Maria não deseja ser engrandecida pelo que possa ter feito, mas sim, que com suas palavras todos possam engrandecer o Senhor – aquele que é Todo-Poderoso e que fez Grandes Coisas na vida dela! Por causa disso, a Igreja não lembra o Dia da Virgem Maria, a Mãe de nosso Senhor, com a finalidade de adorar Maria. De forma alguma! A Igreja lembra este dia especial para que os cristãos possam aprender com as palavras da Virgem Maria como adorar a Deus, o Senhor!

E nós temos o privilégio de adorar a Deus unicamente porque somos envolvidos pelo Espírito Santo. E envolvidos pelo Espírito Santo, assim como a Virgem Maria, nossa vida engrandece ao Senhor e se alegra somente em Deus, o nosso Salvador!

Amém!


Rev. Helvécio José Batista Júnior
Dia da Virgem Maria, Mãe de nosso Senhor, 2019 AD
*Esta mensagem foi escrita tendo como base o Livreto do Bem-aventurado Dr. Martinho Lutero, chamado: "O Louvor de Maria"

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