“O Evangelho de nosso Senhor segundo São Lucas
1. 46-55”
Em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!
“A minha alma engrandece ao Senhor”
(São Lucas 1.46)
Com
estas palavras, a Virgem Maria que havia sido agraciada com o privilégio de
carregar em seu ventre e ser a mãe do próprio Deus encarnado, engradece
exclusivamente a Deus, atribui tudo o que recebe somente a ele. Isto fica
evidente até mesmo no louvor que está entoando, pois ela não diz “eu
engradeço ao Senhor”, mas “a minha alma”. Ou seja, Maria se
reconhece não mais dona de si mesma, porém, envolvida pelo Espírito Santo, sua
vida, seu ser, seus sentidos e suas forças atribuem grandes coisas ao Senhor.
Desta forma, a Virgem ensina que o verdadeiro louvor ao Senhor não é uma obra
humana, e sim o fruto da ação do Espírito Santo na vida dos servos de Deus.
Por causa deste reconhecimento,
Maria não se considera maior do que a pessoa mais humilde da terra. Mesmo tendo
o privilégio de ser a Mãe de Deus, ela continua simples e serena, e com os
olhos voltados unicamente para o Senhor, ela confessa:
“O meu espírito se alegrou em Deus, meu
Salvador, porque ele atentou para a humildade da sua serva”
(São Lucas 1. 47-48a)
O
bem-aventurado Dr. Martinho Lutero, ao ler estas palavras de Maria, ensina que
com elas, a Virgem estava dizendo: “Deus olhou para mim, uma moça pobre,
desprezada e insignificante. Ele poderia ter escolhido ricas, importantes,
nobres e poderosas rainhas. Porém ele olhou para mim, não porque houvesse algo
diferenciado em mim, e sim por pura bondade. Afinal, diante dele ninguém
deveria vangloriar-se. Por isso, também eu tenho que confessar que se trata de
pura Graça e Misericórdia. Não há merecimento ou dignidade nenhuma de minha
parte”.
Esta
leitura de Lutero está correta, pois olhando para o texto bíblico você percebe
que Maria, em momento algum, se vangloria de sua dignidade, mas somente do
olhar de Deus. E aqui está o ponto: A ênfase da Virgem, com seu cântico e sua
vida, não é em sua “humildade”, e sim no “atentar”, no “contemplar”
de Deus. Em outras palavras, a Virgem Maria está dizendo que não é a sua
humildade que deve ser louvada, mas a atenção por parte de Deus.
Maria,
de fato, está reconhecendo o “contemplar” como a primeira obra de Deus
realizada nela. Esta também é a obra maior, na qual se baseiam todas as demais
e da qual procedem. Pois quando Deus volta o seu rosto e o seu olhar para
alguém, aí reinam a pura Graça e a Bem-aventurança! E isto fica muito claro na
continuação do seu cântico, quando a Virgem declara que, por causa desse “contemplar
de Deus” ela será considerada bem-aventurada!
“Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão
bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome”
(São Lucas 1. 48b-49)
Preste
atenção a estas palavras: Maria não diz que vão elogiar sua virtude ou exaltar
sua virgindade e humildade. Pelo contrário, falarão do fato de Deus ter posto
os seus olhos nela. Ou seja, a partir do fato do Senhor a ter agraciado Maria,
ela, então será declarada bem-aventurada, santa. Mas, isso não seria idolatria?
Não! Pois Maria está ensinando a louvar não a ela, e sim a Graça de Deus para
com ela. E por isso, ela faz questão de enfatizar: “todas as gerações me
considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas”.
A
Virgem Maria somente é “bendita entre todas as mulheres”, como afirmou
sua prima Isabel, porque o “Senhor está com ela”. Maria sabe disso, e ao
contrário do que, infelizmente, muitos cristãos dizem por aí sobre ela, a
Virgem nunca desejou que você venha a ela, e sim que você encontre o
Menino-Deus quando olhar para ela.
Maria
deve ser olhada como uma mulher qualquer? Não! Ora, mas ela possui algo que a
faça ser mais honrada do que as outras? Nela não! Porém, ela é especial porque
carregou em seu ventre o Filho de Deus! Deste modo, toda a honra de Maria foi
resumida numa única expressão: Mãe de Deus! Esta honra, Maria também não atribui
a ela, mas totalmente a Graça de Deus, pois confessa que o Senhor fez nela
grandes coisas! É como se Maria estivesse dizendo: Nada de todas estas grandes
coisas é meu. Na verdade, aquele que é o Todo-Poderoso é quem atua e, de fato,
realiza grandes coisas!
Agora,
após reconhecer a ação exclusiva de Deus em sua vida, a Virgem prossegue com
seu cântico, descrevendo o que este mesmo Deus e Senhor fez e continua fazendo
na vida de todo o seu povo.
“A sua misericórdia vai de geração em
geração sobre os que o temem. Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os
que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos. Derrubou dos seus tronos os
poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu vazios
os ricos. Amparou Israel, seu servo, a fim de lembrar-se da sua misericórdia a
favor de Abraão e de sua descendência, para sempre, como havia prometido aos
nossos pais”
(São Lucas 1. 50-55)
Para
com os seus, o Senhor age em “Misericórdia”, ou seja, em Amor. E a
Virgem Maria canta sobre a Misericórdia de Deus porque em seu ventre ela
carrega a expressão máxima do Amor de Deus: Jesus Cristo!
Para
com o seus, o Senhor também destrói a soberba e derruba os que se acham
poderosos. Afinal, a soberba e a vangloria não têm lugar diante daquele que age
em coisas e pessoas insignificantes, nulas, rejeitadas e que estão totalmente
desesperadas de si mesmas! Por outro lado, ele exalta os humildes e sacia os
famintos.
Por
fim, a Virgem Maria conclui o seu cântico da mesma maneira que iniciou:
enfatizando unicamente o Senhor e não o ser humano. Deste modo, ela destaca que
Deus amparou a Israel não porque ele tenha percebido algum mérito ou dignidade
em seu povo. Não! Maria está deixando claro em todas as suas palavras que nem
nela, nem em Israel e nem em nenhum ser humano há qualquer gota de dignidade ou
mérito, pelo contrário, todos são necessitados e totalmente indignos. Por causa
disso, ela enfatiza que Deus amparou a Israel porque ele se lembrou da sua Misericórdia.
Ou seja, a sua Misericórdia é o que faz Deus ir ao encontro dos seus, como
assim o fez na vida da Virgem Maria e assim continua fazendo na sua vida!
Através
deste seu precioso e inspirado cântico, percebe-se claramente que Maria não
deseja ser engrandecida pelo que possa ter feito, mas sim, que com suas
palavras todos possam engrandecer o Senhor – aquele que é Todo-Poderoso e que
fez Grandes Coisas na vida dela! Por causa disso, a Igreja não lembra o Dia da
Virgem Maria, a Mãe de nosso Senhor, com a finalidade de adorar Maria. De forma
alguma! A Igreja lembra este dia especial para que os cristãos possam aprender
com as palavras da Virgem Maria como adorar a Deus, o Senhor!
E
nós temos o privilégio de adorar a Deus unicamente porque somos envolvidos pelo
Espírito Santo. E envolvidos pelo Espírito Santo, assim como a Virgem Maria,
nossa vida engrandece ao Senhor e se alegra somente em Deus, o nosso Salvador!
Amém!
Rev.
Helvécio José Batista Júnior
Dia
da Virgem Maria, Mãe de nosso Senhor, 2019 AD
*Esta mensagem foi escrita tendo como base o Livreto do Bem-aventurado Dr. Martinho Lutero, chamado: "O Louvor de Maria"
*Esta mensagem foi escrita tendo como base o Livreto do Bem-aventurado Dr. Martinho Lutero, chamado: "O Louvor de Maria"
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