Hoje, no Calendário Luterano é lembrado Jerônimo, tradutor da Bíblia no século IV. Martin Chemnitz (1522-1586), o Segundo Martinho, assim escreveu sobre Jerônimo:
“A genialidade de Jerônimo foi muitíssimo marcante. Sua obra ímpar lhe confere direito a louvor eterno, porque traduziu a Bíblia a partir de suas línguas originais [...] E por ser também um homem de muita leitura, muitas perguntas difíceis foram sabiamente explicadas por ele. Assim, nesta área e, especialmente, em seus comentários, ele é valioso e digno de ser lido.” (Chemnitz, Loci I:32).
As Confissões Luteranas citam Jerônimo em vários momentos, mas é especial a referência sobre a justificação, no artigo IV:173 da Confissão de Augsburgo:
“Por conseguinte, somos justificados quando nos confessamos pecadores, e nossa justiça consiste na misericórdia de Deus, não em mérito próprio.” (Jerônimo, Diálogo contra os Pelagianos)
Jerônimo também é citado nas Confissões Luteranas por causa de seu ensino bíblico sobre a igualdade dos ministros na igreja:
“Jerônimo ensina abertamente que nas cartas apostólicas todos os que presidem às igrejas são tanto bispos como presbíteros, e cita de Tito: “Por esta causa te deixei em Creta, para que constituas presbíteros nas cidades”. [...] E então acrescenta: “Mas que depois foi escolhido um para ser posto sobre os demais, isso foi feito como remédio contra cisma, a fim de não acontecer que, com cada qual atraindo para si, a igreja de Cristo se despedaçasse. Pois também em Alexandria, desde Marcos evangelista até o tempo dos bispos Esdras e Dionísio, os presbíteros sempre elegiam um dentre eles e o colocavam em lugar mais elevado, chamando-o bispo. Assim como um exército estabelece um comandante para si, os diáconos, por sua vez, elejam dentre eles um do qual saibam que é ativo e o nomeiem arcediácono. Pois, excetuada a ordenação, que faz o bispo que o presbítero não faça?” [Epístola a Evágrio]. Ensina, portanto, Jerônimo que os graus de bispo e presbítero ou pastor são distintos por autoridade humana. [...] Onde quer que esteja a igreja, aí existe o direito de administrar o evangelho. Razão por que é necessário que a igreja retenha o direito de chamar, eleger e ordenar ministros.” (Tractatus de potestate papae 60-67)
Imagem: São Jerônimo (ou Filósofo Lendo), por Giuseppe Antonio Petrini (1677−c. 1755/1759), National Gallery of Slovenia, Ljubljana.
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