“Então ouvi
uma voz do céu, dizendo: Escreva: Bem-aventurados os mortos que, desde agora,
morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito Santo, para que descansem das suas
fadigas, pois as suas obras os acompanham”
(Apocalipse 14:13)
A Graça de nosso
Senhor Jesus T Cristo e o Amor do Pai
e a Comunhão do Espírito Santo sejam com todos!
No livro O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien, em um momento de guerra, em que a sombra da morte parecia cobrir toda a Terra Média, Gandalf – o Mago Branco, é questionado: “Então assim é o fim? Assim é a morte?”. Ao ouvir estas palavras, ele responde: “Fim? Não! A jornada não acaba aqui! A morte é apenas outro caminho que temos que tomar. Quando a cortina cinza desse mundo se enrola e tudo se transforma em vidro prata, aí você vê, praias brancas e o além, os campos verdes longínquos sob um belo amanhecer!”.
Ao ler estas palavras pela primeira vez, eu lembrei de tantas pessoas queridas em minha vida que já partiram. E ao pensar nessas pessoas me dei conta de que Gandalf – o Mago Branco, realmente estava certo: “A morte não é o fim! Ela não pode ser o fim! A jornada não pode terminar dessa forma!” Afinal, se eu acreditar que as histórias terminam no momento em que alguém fecha os olhos neste mundo, então eu estarei jogando fora toda a Esperança que as Sagradas Escrituras ensinam. “Ainda há praias brancas e o além, e campos verdes longínquos sob um belo amanhecer”. Ou seja, “há um novo dia” tanto para mim quanto para aqueles que já cerraram os seus olhos para esses dias.
A morte, em Cristo, é
uma bem-aventurança, como nos ensina o próprio Espírito Santo no texto de Apocalipse
14:13, justamente pelo fato de que ela não representa e não é o fim da
história! “Ela é apenas outro caminho”. E mais, ela é um outro caminho já trilhado e renovado pelo Senhor e
Salvador Jesus.
Por causa dele e da obra redentora que ele realizou, todas as pessoas que vivem nele não precisam mais se desesperar ou mesmo temer a morte, pois ela agora é um inimigo que se lança sobre nós já derrotado. E é por isso que assim proclama o Apóstolo Paulo: “Tragada foi a morte pela vitória de Cristo!” E continua: “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” (1Coríntios 15: 54-56). Essa vitória, obviamente, não nos impede de chorar. Mas, é importante que se diga: “Nem todas as lágrimas são ruins” (Gandalf, O Senhor dos Anéis). Afinal, o amor e o desejo de estar juntos novamente com os nossos queridos também se revelam em nós através das nossas lágrimas.
Olhando, então, para esta realidade, a Igreja Cristã desde muito cedo instituiu um dia de Celebração da Esperança e da Vitória sobre a morte: O Dia de Todos os Santos! E esta Celebração, também gerou uma importante ramificação: O Dia dos Fiéis Defuntos, um dia em que os cristãos lembram e choram pelos seus entes queridos.
Em seu início, infelizmente essa data servia para lembrar as almas que estavam no purgatório. Porém, os verdadeiros cristãos que sabem que o purgatório nada mais é do que uma invenção humana e um ensino contrário a Fé, passaram a ter o Dia dos Fiéis Defuntos como sendo um dia de lembrança daqueles entes queridos que já haviam partido. Porém, não fazem isso em desespero e desolação, “como aqueles que não têm esperança” (1Tessalonicenses 4:13). Não! E é possível perceber isso justamente em uma das mais belas tradições que existe neste dia: O ato de levar flores aos cemitérios e colocá-las junto aos túmulos.
Vocês já se perguntaram do porquê deste costume? Pois bem, a história é simples e significativa: Existe algo na natureza que melhor expresse a vida do que um belo arranjo de flores? Não! E por isso, os cristãos desde cedo depositam flores junto aos seus pois creem que um dia naquele local de morte florescerá a vida novamente. Afinal, “a morte não é o fim!” E se “são bem-aventurados os que morrem no Senhor”, então cremos como destaca um de nossos hinos: “Em Cristo os santos vão ressuscitar!” (Hinário Luterano, 403.5). E nisto nos agarramos porque assim o próprio Jesus prometeu, ao dizer: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá!” (S. João 11:25).
O Dia de Todos os Santos e o Dia dos Fiéis Defuntos, portanto, celebram a vitória de Cristo sobre a morte. Pois conforme ensinam as Sagradas Escrituras: Todos aqueles que morreram em Cristo, alguns até de forma cruel como mártires, possuem as suas vidas guardadas junto ao Salvador, descansando e louvando seu nome, orando pela Igreja militante, pela Igreja aqui na terra, e no aguardo do Grande Dia do Senhor.
O Apóstolo João nos brinda com essa verdade, descrevendo que ele viu junto ao Santuário Celestial uma “grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestes brancas, com ramos de palmeira nas mãos” (Apocalipse 7:9). Mas, quem são estes que fazem parte desta grande multidão celestial?
“Estes são os que vêm da grande tribulação, que lavaram suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro!” (Apocalipse 7:14). Ou seja, são todos aqueles que foram regenerados, purificados, justificados e santificados pelo Cordeiro de Deus que tira o pecado mundo. E por isso, naquele que seria o fim de seus dias, morreram no Senhor e, deste modo fazem parte da “Nova Jerusalém” que no último dia “descerá da parte de Deus, como uma noiva adornada para o seu noivo” (Apocalipse 21:2). Por tudo isso, eles são chamados santos, pois são bem-aventurados!
Por fim, ainda cabe
dizer que estes Santos não formam um grupo estático. Não! A cada dia ele cresce
mais! Pois sempre que alguém é lavado e revestido pelo Cordeiro no Santo
Batismo ele é tornado santo. E assim, permanecendo em Cristo, quando chega sua
hora derradeira, ele também morre em Cristo. E ao morrer em Cristo, toma “este outro
caminho”, que leva à Comunhão
Celestial – a Igreja Triunfante – que em Cristo, aguarda a Ressurreição no
último dia.
E neste último dia, todos os que estiverem em Cristo poderão desfrutar, para todo o sempre, da Criação restaurada – o novo céu e nova terra, onde o próprio Deus enxugará “toda a lágrima. Onde não existirá mais morte, e não haverá luto, nem pranto e nem dor!” (Apocalipse 21:4).
Até lá: “Rendemos glória ao nome de Jesus por todos os que estão na eterna luz”, pois “Cristo foi para eles a salvação, foi a luz deles na densa escuridão, e no combate deles, a proteção”. Assim sendo, “todos nós, crentes, podemos continuar a pelejar, e como os santos, no final ganhar o prêmio eterno, o galardão sem par!”. Isto é viver a comunhão dos santos, “uma comunhão bendita e divinal: nós fracos, e eles em poder real, mas todos – no céu e na terra – em Cristo, triunfando contra o mal” (Hinário Luterano, 297).
Até lá, até o grande e glorioso Dia do Senhor, esperamos em Cristo na certeza de que todas as cores serão uma só, de que o céu e a terra se abraçarão para todo o sempre e junto aos nossos entes queridos poderemos desfrutar da história que jamais termina, da vida em abundância, do lugar que se chama eternidade!
Amém!
Rev. Helvécio J. Batista Júnior
Ministro do Senhor na Igreja Luterana em Naviraí/MS
02 de Novembro, 2022 AD
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