Ilustração de Rafael Lopez no livro LifeLight: Hebrews (CPH, 2004) |
"Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, para exercer o serviço sagrado e oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados. Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés... Portanto, meus irmãos, tendo ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, 20pelo novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com um coração sincero, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e o corpo lavado com água pura." (Hb 10.11-13; 19-22)
Imagine o sumo sacerdote realizando a liturgia no Dia da Expiação e depois voltando ao Lugar Santíssimo para ser entronizado na Arca do Testemunho entre os anjos. Foi isso que Cristo fez, de fato! No Antigo Testamento, o Sumo Sacerdote servia diariamente como mediador entre Deus e o povo de Israel, mas no Dia da Expiação ele fazia a mediação de uma forma mais ampla do que em qualquer outro dia do ano. Da mesma forma, Cristo expiou os pecados do mundo por meio de seu próprio sangue, que ele levou através do véu de seu corpo para o Santo dos Santos celestial para fazer uma mediação permanente e perfeita entre Deus e os homens. Assim como o Sumo Sacerdote intercedia de forma mais abrangente por Israel entrando no Lugar Santíssimo atrás do véu com o sangue de animais, assim também Cristo entrou no Santo dos Santos celestial por meio de seu corpo e com seu sangue para assumir seu lugar de direito à direita do Pai e interceder por nós (Hb 8; 9.1-15; 10.11-12). Além disso, imagine o Sumo Sacerdote voltando do Lugar Santíssimo pela última vez a fim de conduzir seu povo fiel ao Santo dos Santos na gloriosa presença de Deus. É isso que Cristo fará por nós no último dia! Contudo, desde agora, pela fé, temos acesso ao Lugar Santíssimo no santuário celestial por meio do corpo e sangue de Cristo (Ef 2.6-7; Hb 12.22-24).
O Dia da Expiação no Antigo Testamento funcionava como um dia de juízo para pagar o preço pelo pecado e apaziguar a ira de Deus. Em decorrência disso, Deus considerava os israelitas justos. Cristo cumpriu o Dia da Expiação por meio do seu pagamento por todos os pecados na cruz. Os cristãos recebem pela fé o perdão e a justiça de Deus porque Cristo sofreu o juízo de Deus. No último dia, Cristo julgará o mundo e conduzirá de forma física o seu povo à presença gloriosa de Deus. A morte e a ressurreição de Cristo, bem como seu retorno glorioso, são juízos. Isso é evidente pelas semelhanças entre os eventos cósmicos na morte e ressurreição de Cristo e os sinais universais que ocorrerão no fim deste mundo (Mt 27.50-53). O Dia da Expiação no Antigo Testamento tipificava o juízo de Cristo na cruz, a justificação de seu povo e o juízo final no último dia (Ef 2.6-7; Hb 2.17-18; 4.14-16; 7.23-28; 8.1-6; 9; 10.1-25).
- Robert D. Macina (The Liturgy of the Old Testament: Its Festivals, Order, Purpose, and Typology)
Fonte: Concordia Theological Quarterly, Fort Wayne, v. 86, n. 3-4, jul./out. 2022. p. 236.
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