O ato de fazer o sinal da cruz já era praticado pelos cristãos dos primeiros séculos e chegou até nós dos tempos apostólicos. Era um costume comum diário fazer o sinal da cruz, conforme registro de Tertuliano (160-220 d.C.) em De Corona Militis, escrito cerca de 201 d. C.: “Em todas as nossas ocupações – quando entramos num lugar ou ao deixá-lo, antes de nos vestir; antes de nos banhar; quando fazemos nossas refeições, quando acendemos as lâmpadas à noite; antes de repousar durante a noite; quando nos sentamos para ler; antes de cada nova tarefa – marcamos o sinal da cruz em nossas testas”. Santo Agostinho (354-430 d.C.) fala deste costume cristão em muitos de seus sermões e cartas.
O Sinal da Cruz é um dos costumes mais tradicionais conservados por Lutero e pela Igreja Luterana na Reforma do século XIV. Lutero o recomenda no seu Catecismo Menor, sob o título “Como o chefe de família deve ensinar a orar de manhã e de noite em sua casa”. Ele diz: “De manhã, quando te levantas (À noite, quando te recolhes), benzer-te-ás, dizendo: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém” (Livro de Concórdia 379.1,4). Em seu Catecismo Maior, recomenda que os pais devam ensinar os filhos a fazer o Sinal da Cruz com o propósito de recordar o seu protetor divino em momentos de perigo, assombro e tentação. Assim, o Sinal da Cruz acompanha o cristão em todo o tempo e lugar: ao deitar e ao levantar, ao sair à rua e ao entrar na igreja, à mesa quando dá graças ao Senhor pelo alimento, antes e após as refeições.
O sinal da cruz é feito tocando-se a fronte, o peito e os ombros direito e esquerdo, com os dedos da mão direita, dizendo as palavras: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.” O sinal da cruz, pode também ser feito a partir do ombro direito para o esquerdo. Esta é a forma mais antiga, ainda mantida na igreja oriental.
Ao fazer isso, nós professamos a nossa fé no Deus Uno e Trino e na nossa redenção através de Cristo crucificado. No entanto, é mais do que uma profissão de fé, é uma oração de ação de graças ou uma oração pela bênção de Deus, o Pai, no Espírito Santo, por meio de nosso único mediador, Jesus Cristo.
Na igreja, é um hábito louvável fazer o sinal da cruz no início e no final de todas as celebrações, bem como nos seguintes momentos do culto:
- Durante as palavras iniciais: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”;
- ao final da Absolvição;
- no início do Introito;
- no final do Gloria em Excelsis;
- quando o Evangelho é anunciado (Persignar-se traçando três cruzes pequenas na testa, nos lábios e no peito, significam e expressam a oração a fim de que possamos reter o Evangelho em nossas mentes, proclamá-lo com nossos lábios e recebê-lo em nossos corações);
- no final do Credo;
- durante o Sanctus, nas palavras: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor”;
- após a consagração, nas palavras “A paz do Senhor seja convosco para sempre”;
- quando recebemos o santo corpo e o precioso sangue de Cristo;
- quando o pastor diz “Ide em paz” na despedida dos comungantes;
- e no final da Bênção.
Referência:
LANG, Paul H. D. Ceremony and Celebration. Saint Louis: Concordia Publishing House, 1965. p. 14, 70, 71 e 72.