17/12/2015

As Grandes Antífonas do Advento


 As Grandes Antífonas do Advento são orações curtas entoadas (ou lidas) nos últimos dias do Advento (17 a 23 de dezembro) durante o ofício das Vésperas (oração ao anoitecer, que marca o início do novo dia litúrgico). Quando a Igreja se reúne para o ofício das Vésperas, é cantado o Magnificat (Hinário Luterano, pág. 55), o Cântico de Maria encontrado em Lucas 1.46-55. Antes e depois do Magnificat é cantada uma antífona. Uma antífona é um versículo ou grupo de versículos que serve como anteparos de um salmo ou cântico.
As Grandes Antífonas são mais conhecidas como “Antífonas do Ó”, em virtude de iniciarem pelo vocativo ‘Ó’! (exclamativo). Cada uma delas traz um magnífico título messiânico para Cristo a partir de profecias do Antigo Testamento e uma petição para Jesus vir cumprir a promessa contida neste título e profecia. As profecias messiânicas de Isaías, especialmente no capítulo 11, constituem o coração das sete antífonas.
Iniciando em 17 de dezembro as antífonas do Ó são cantadas até 23 de dezembro, nos dando uma rica e profunda forma de se preparar para a vinda de nosso Senhor, nosso Emanuel, Jesus Cristo.
A ordem tradicional das sete antífonas é:

17 de dezembro: O Sapientia      - Ó Sabedoria [Isaías 11. 2-3]

18 de dezembro: O Adonai         - Ó Adonai [Isaías 11. 4-5]

19 de dezembro: O Radix Iesse  - Ó Raiz de Jessé [Isaías 11.1 e 10]

20 de dezembro: O Clavis David - Ó Chave de Davi [Isaías 22.22]

21 de dezembro: O Oriens           - Ó Sol do Oriente [Isaías 9.2]

22 de dezembro: O Rex gentium - Ó Rei das Nações [Isaías 2.4; 9.6; 11.10-12]

23 de dezembro: O Emmanuel     - Ó Emanuel [Isaías 7.14]

As antífonas são uma súplica ansiosa para Deus vir e redimir o seu povo. Elas avançam progressivamente através da história da Redenção, partindo do momento da criação "Ó Sabedoria", desde a eternidade, até o nascimento de Jesus em Belém "Ó Emmanuel". Desta forma, a Palavra de Deus criadora do Universo (Sapientia), que deu a Lei (Adonai), prometeu, por meio do trono de Davi (Radix Iesse), libertar os cativos do pecado (Clavis David) e trazer a Luz da salvação para raiar (Oriens) não apenas sobre o seu povo escolhido, mas sobre todas as nações (Rex gentium) e habitar entre nós e como um de nós, o Deus conosco (Emmanuel).
É interessante notar que pegando a primeira letra (após o Ó) de cada uma das antífonas e lendo em sentido inverso, temo um acróstico latino: ERO CRAS - que significa virei amanhã,serei amanhã” ou “estarei (convosco) amanhã”, como que uma resposta do Senhor à nossa súplica pela sua vinda. Isto aponta não somente para o nascimento de Cristo, que celebramos na noite do dia 24 (pois na Igreja, o anoitecer marca o início do dia seguinte), mas também nos lembra que essa criança nascida numa humilde manjedoura é o mesmo Deus revelado a Moisés no Monte Sinai como YHWH (Yahweh) – “Serei o que Serei” (ARA) em hebraico.
O hino de Advento "Ó vem, ó vem, Emanuel" (Hinário Luterano, nº 10), tradução do antigo hino latino “Veni Emmanuel”, é uma paráfrase lírica das antífonas do Ó. No entanto, a ordem das antífonas foi reajustada para o hino, como podemos ver no Hinário Luterano, onde a sétima antífona aparece na primeira estrofe deste que é o Hino do Dia para o Quarto Domingo no Advento (Rorate Coeli). Na verdade, a tradução de Leonido Krey (1913-2008) no Hinário Luterano incluiu apenas as antífonas 7, 3 e 5, nesta ordem.

Ó vem, ó vem, Emanuel, Jesus... Vem depressa!

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