Wittenberg se achava ainda sob o impacto da revolta dos camponeses, quando uma outra novidade fez sensação. A 13 de junho, menos de um mês após a batalha de Frankenhausen, o pastor Bugenhagen, assistido por Justo Jonas e por um jurista que serviam de testemunhas, deu a bênção ao matrimônio do doutor Martim Lutero com Catarina de Bora. O reformador tinha quarenta e dois anos; sua esposa tinha vinte e seis. Metida no convento sem verdadeira vocação para não estorvar o segundo matrimônio de seu pai, Catarina, como muitas de suas companheiras, deixara o claustro. Em maio, em plena tempestade, Lutero a pedira em matrimônio. “Quando pensava em bem outra coisa, escrevia, Deus me lançou de repente no estado de matrimônio. ”
Muitos de seus amigos desaprovaram energicamente este seu passo. O perigo de escândalo era demasiado evidente. “Se este monge se casa, o mundo inteiro e o próprio diabo esfregarão as mãos e toda a sua obra será aniquilada”, escrevia o jurista Schurf que, como Melanchthon, se negou a assistir às núpcias. Mas Lutero não perde a oportunidade para replica: “Por meu matrimônio chego a ser tão miserável que espero ver os anjos alegres e os diabos chorando.”
Fonte: GREINER, Albert. Lutero: ensaio biográfico. São Leopoldo: Sinodal, 1983. p. 159-160.
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