“À sombra de tuas asas me regozijarei”. Regozijo-me com as boas obras, porque estou à sombra de tuas asas. Se não proteges a mim pintinho, o gavião me arrebata. O próprio nosso Senhor diz em certa passagem a Jerusalém, aquela cidade, onde ele foi crucificado: “Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha recolhe os seus pintinhos debaixo das suas asas, e não o quiseste!” (Mt 23,37) Somos pequeninos; por isso, proteja-nos Deus à sombra de suas asas. Que acontecerá quando crescermos? É bom para nós que mesmo então Deus nos proteja, e continuemos como pintinhos, submissos a este Deus tão grande. Ele sempre será maior, por mais que cresçamos. Ninguém diga: Proteja-me enquanto sou pequeno, como se pudesse alguma vez chegar a tamanha grandeza que se torne auto-suficiente. Sem a proteção de Deus nada és. Queiramos sempre ser protegidos por ele; então sempre poderemos ser grandes nele, se sempre formos pequenos, submissos a ele. “À sombra de tuas asas me regozijarei”.
- Santo Agostinho de Hipona (354-430), pastor e teólogo (Patrística - Comentário aos Salmos (51-100). São Paulo: Paulus, 2014 )
Imagem: Mosaico no altar da Capela Dominus Flevit, no Monte das Oliveiras em Jerusalém.
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