O conteúdo doutrinário de toda a Escritura Sagrada, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, é constituído por duas doutrinas essencialmente distintas entre si: a lei e o evangelho.
Ambos são igualmente necessários. Sem a lei não se compreende o evangelho; sem o evangelho, de nada nos aproveita a lei.
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Tanto a lei quanto o evangelho têm como finalidade última a salvação do homem; apenas que a lei, desde a queda, não mais nos pode conduzir à salvação; ela pode apenas preparar-nos para a mensagem do evangelho. Outrossim, é através do evangelho que recebemos a capacidade de cumprir a lei, até certo ponto.
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Cada uma é distinta da outra, mas ambas estão na mais perfeita harmonia entre si.
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A lei nos diz o que devemos fazer. O evangelho revela-nos apenas o que Deus está fazendo. A lei refere-se às nossas obras; o evangelho, às grandes obras de Deus. Na lei confronta-nos a intimidação que se repete dez vezes: “não...” O evangelho, por outro lado, não faz exigências de espécie alguma. A lei nada tem a dizer a respeito de perdão, graça. Ela apenas emite ordens e exigências. O evangelho, por seu turno, constitui-se puramente de promessas. O evangelho não contém outra coisa senão graça e verdade!
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A pregação da lei se dirige a pecadores imperturbados, a do evangelho a pecadores atemorizados.
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A pecadores miseráveis, abatidos – eu o repito – não se deve pregar nada da lei. Ai do pregador que insistisse em pregar a lei a um pecador desesperado! Tal pecador, ao contrário, precisa ouvir palavras como estas: “Venha! Ainda há lugar! Não importa quão pecador você seja, ainda há lugar para você. Mesmo que você seja um Judas ou um Caim, ainda há lugar. Venha, sim, venha a Jesus!” Indivíduos nesta situação são o alvo correto para a ação do evangelho.
Fonte: C. F. W. Walther. Lei e Evangelho (Condensado por Walter C. Pieper). Porto Alegre: Editora Concórdia, 1977.
A edição completa de "A Correta Distinção entre Lei e Evangelho" está disponível na Editora Concórdia.
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