Quem
é esta “mulher vestida de sol com a lua debaixo
dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça”? (Apocalipse 12:1).
E o que ela simboliza?
Para responder a estas questões
precisamos, antes de qualquer coisa, olhar como se encerrou o capítulo
anterior. E Apocalipse 11, em seu último verso traz a seguinte afirmação:
“Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se
acha no céu, e foi vista a Arca da sua Aliança no seu Santuário” (Apocalipse
11:19).
Na
sequência desta visão da “Arca da Aliança no
Santuário de Deus”, o Apóstolo João, diz: “Viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida de sol”
(Apocalipse 12:1). Com base nessa estrutura, questionamos: Que conexão
há entre essas duas visões? E meus queridos irmãos, apesar de num primeiro
momento não parecer, a resposta para isso é bastante simples, porém, muito
significativa!
Uma boa forma de compreendermos a
simbologia em Apocalipse é conhecendo bem o Antigo Testamento, e aqui, ele mais
uma vez nos fornece um grande auxílio.
O
que era a Arca da Aliança no Antigo Testamento? Ora, era um Meio da Presença do
Senhor junto ao seu povo, visto que através dela “Deus
se fazia presente e falava à Israel” (Êxodo 25:22). Assim, “quando Moisés entrava na tenda
do encontro, ele ouvia a voz do Senhor, que lhe falava de cima do
propiciatório, que está sobre a arca da aliança entre os dois querubins!”
(Números 7:89).
Então,
quer dizer que a Arca em si era um objeto tão sagrado que fazia acontecer a
Presença de Deus? Não era bem assim! Na verdade, o que tornava a Arca da
Aliança tão santa não era ela própria, mas sim o que ela carregava: “A Palavra de Deus em tábuas de pedra” (Êxodo
25: 16 e 21), “o Maná que milagrosamente veio
do Céu” (Êxodo 16:34) e “o
Cajado do sumo sacerdote Arão que floresceu” (Números 17: 1-13).
Mas,
o que tudo isso tem a ver com a “mulher”
que aparece em Apocalipse 12? Pois
bem, observe primeiramente que ela não está apenas “vestida
de sol”, ela também “estava grávida”
(Apocalipse 12:2), e havia um “dragão”
(Apocalipse 12:3) – que nós sabemos que em Apocalipse é uma imagem para
a antiga serpente, Satanás – querendo “devorar o
filho dela quando nascesse” (Apocalipse 12:4).
E
quem seria esse filho? O Apóstolo o descreve como “um
filho homem, que há de governar todas as nações, e que foi arrebatado para
junto de Deus e do seu trono” (Apocalipse 12:5). Ou seja, o “Filho” dessa mulher é “Homem”, é o “Rei
sobre tudo” e está “junto de Deus, em
seu próprio Trono”, um lugar reservado somente para Deus.
Ora,
quem é o único nas Sagradas Escrituras que é chamado “Filho”, que é “Rei
sobre tudo” e que mesmo sendo “verdadeiro
Homem” também é “verdadeiro Deus”?
Isso mesmo: Jesus Cristo! Portanto, se o filho é Jesus, a mulher só pode ser a
Virgem Maria.
Agora
que está claro que esta “mulher” em Apocalipse
12 é a abençoada Virgem Maria, fica fácil compreender sua relação com a “Arca da Aliança” da qual falamos anteriormente.
Vejam:
A Arca da Aliança carregava a Palavra de Deus escrita em pedras; a Virgem Maria
trazia em seu ventre a Palavra de Deus que se fez carne. Na Arca da Aliança
havia o Maná que veio do céu; a Virgem Maria deu à luz ao Pão Vivo que desce do
céu. A Arca da Aliança continha o cajado do sumo sacerdote Arão; a Virgem Maria
foi a mãe de Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote para todo o sempre!
Essas
relações que aparecem entre a “Arca da Aliança”
e a “Mulher” aqui de Apocalipse 12
revelam algo muito importante para nós: a Virgem Maria é sim, abençoada,
sagrada e santa como foi a Arca da Aliança. Porém, nada disso ela obteve por si
mesma. Na verdade, o que a fez ser uma mulher especial foi “aquele que ela carregou em seu ventre”. Ou
seja, o foco principal da história de Maria, da Arca da Aliança e aqui de Apocalipse
12 é Jesus Cristo! Afinal, o objetivo desse capítulo é falar sobre a “Encarnação do Verbo”, o “nascimento do Filho de Deus” e, a partir disso,
revelar como sua Igreja vem sendo perseguida e atacada pelo inimigo.
Mas,
onde está a Igreja nisso tudo? Ora, esta “Mulher”
que aqui aparece é descrita como “vestida de sol”,
justamente para indicar que ela está “revestida
de Cristo”, pois ele é o “Sol da
Justiça”, como muito bem destacado pelo profeta Malaquias (Malaquias
4:3).
Esta
“mulher”, no entanto, não simboliza
somente a Virgem Maria! Ela simboliza também algo a mais, e as “12 estrelas em sua cabeça” (Apocalipse 12:1)
ajuda a perceber isso. Afinal, o número 12 em Apocalipse sempre lembra o povo
de Deus e estrelas normalmente são uma referência aos Ministros do Senhor.
Portanto,
a figura desta “mulher” também está
atrelada a Igreja de Cristo, e isso até porque, mesmo tendo tido a honra de ser
“a mãe do Filho de Deus”, a Virgem
Maria também era uma “serva do Senhor”,
uma “seguidora de seu Filho”, que
confiava nele como sendo “o seu Salvador”.
Deste modo, ela já prefigura a imagem da “Igreja
Cristã”, isto é, de “todos aqueles que
fazem parte do Corpo de Cristo, e por isso também são revestidos pelo Sol da
Justiça”.
E
a Igreja, assim como ocorreu com a Virgem Maria, é constantemente perseguida e
atacada pelo Inimigo. Porém, há um detalhe muito importante a respeito disso: Os
que são revestidos de Cristo são protegidos por Deus. Isto é, “aqueles que guardam os seus mandamentos e têm o testemunho
de Jesus em suas vidas” (Apocalipse 12:17), podem sofrer, e
de fato, irão sofrer, porém, em Cristo, serão “mais
que vencedores”, pois ele luta e vence pelos seus!
E
como Apocalipse 12 nos leva para esta dupla simbologia, falando da Vigem
Maria, mas também da Igreja de Cristo como um todo, nada melhor do que nesta
semana em que lembramos o dia da Mãe de nosso Senhor, seguirmos a boa tradição
que temos por herança e orarmos como Igreja, como Corpo de Cristo, da mesma
forma que um dia a abençoada Virgem Maria orou: “A
minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu
Salvador!” (S. Lucas 1:46)
Amém!
Rev.
Helvécio J. Batista Jr.
Ministro do Senhor na Igreja Luterana em Naviraí/MS - Agosto, 2022 AD
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