15/08/2022

Santa Maria, Mãe de Nosso Senhor (15 de agosto)

A festividade litúrgica de 15 de agosto remonta à uma antiga celebração estabelecida pelo imperador bizantino Maurício (582-602 d.C.), a Dormição de Maria, que comemora o “adormecer” ou morte de Maria. Já no início do século V, o dia 15 de agosto era chamado de "dia de Maria, a Mãe de Deus" numa Antologia Armênia.

Embora os evangelhos não falem sobre o fim da vida de Maria, existe uma antiga tradição patrística a tal respeito, fortalecendo a fé dos crentes de que, assim como nem o túmulo nem a morte prevaleceram sobre Maria, assim também receberão a glória da vida eterna.

A Igreja Luterana, assim como a Igreja Ortodoxa, não compartilha o recente "dogma" romano da Assunção de Maria, que até meados do séc. XX não era professado oficialmente até pela própria Igreja Romana (o Papa Pio XII definiu o dogma da Assunção em 1950).

Em virtude de sua tradição latina ocidental, muitos dos primeiros pais luteranos, bem como diversos calendários litúrgicos do início do luteranismo, celebravam o dia 15 de agosto como a Assunção de Maria, embora reconhecessem nisso uma especulação e não um dogma. Nesta questão, as próprias crenças de Martinho Lutero acerca da Assunção ou Imaculada Conceição são ainda hoje um assunto de debate acadêmico. No entanto, outros pais do luteranismo celebravam este dia como a Dormição da Bem-Aventurada Virgem Maria, honrando a data tradicional de seu adormecimento no Senhor, com base na obra salvadora de seu santo Filho, o qual ela mesma confessou como “Deus meu Salvador”. Agora, luteranos jamais afirmam dogmaticamente que o corpo de Maria foi recebido no céu de maneira extraordinária. 

A Igreja Luterana observa ainda outras festividades relacionadas à Virgem Maria: Purificação de Maria e Apresentação do Senhor (2 de fevereiro), Anunciação de Nosso Senhor (25 de março), Visitação (31 de maio). Luteranos celebram estas datas como festas da Encarnação, confessando, de acordo com o Terceiro Concílio Ecumênico de Éfeso (431 d.C.), que Maria era a Θεοτόκος (Theotokos), a portadora de Deus,  e que Jesus Cristo foi concebido pelo Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. 

Os Evangelhos e o Livro de Atos registram a presença de Maria em todos os eventos importantes da vida de seu Filho: na anunciação do Arcanjo de que ela daria à luz o Messias; na sua visitação a Isabel, mãe de São João Batista; na natividade de Nosso Senhor; nas visitas dos pastores e dos magos; na apresentação do Menino Jesus no templo segundo a Lei; na fuga para o Egito; na visita pascal a Jerusalém quando Jesus tinha doze anos; nas bodas de Caná da Galileia; na crucificação de seu Filho Jesus; na reunião dos Apóstolos no cenáculo depois da Ascensão, à espera do Espírito prometido. 

Para os cristãos, Maria representa os melhores ideais de pureza e obediência à vontade de Deus e permanece como um grande exemplo e modelo de fé na medida em que ela confiou na Palavra de Deus  e foi leal a Jesus mesmo quando não o compreendia completamente. Maria tem sido importante para a devoção cristã ao longo dos séculos porque nela, a portadora de Deus, é vista uma representação da própria Igreja.

Vitral na Igreja Luterana Santa Maria em Tomsk, Rússia

Um comentário: