Descida de Cristo ao Inferno, Saltério do séc. XIII |
Cristo nos libertou, não de uma servidão humana, mas da ira eterna. Onde? Na consciência. Aqui, nossa liberdade tem que ficar e ela não vai além disso. Pois Cristo nos libertou em sentido teológico e espiritual, isto é, ele nos libertou de modo que nossa consciência está livre, é feliz e não teme a ira vindoura. essa é a verdadeira liberdade que jamais alguém pode valorizar tanto quanto deveria. Pois quem tem palavras suficientes para exprimir algo tão grandioso assim: a pessoa tem certeza de que Deus não está irado com ela, sim, jamais voltará a ficar irado; que Deus é e quer ser para sempre um Pai gracioso e misericordioso por causa de Cristo. Esse é, da fato, uma gloriosa e incompreensível liberdade, que o majestoso Deus seja gracioso com alguém.
Disso resulta uma outra liberdade, a saber: por meio de Cristo somos libertos da lei, do pecado, da morte, do poder do diabo e do inferno. Pois assim como a ira de Deus não nos pode amedrontar, pois dela fomos libertos por Cristo, também a lei e o pecado não nos podem acusar nem condenar.
-- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja.
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