29/11/2013

Oração do Dilúvio


Em 1523, Lutero publicou o Manual do Batismo (Taufbüchlein), basicamente, uma tradução da liturgia romana do Batismo, praticada na época em Wittenberg. Em 1526 Lutero publicou uma versão revisada do Taufbüchlein, onde se destaca esta Oração do Dilúvio (Sintflutgebet):

Onipotente eterno Deus, que de acordo com teu reto juízo condenaste o mundo incrédulo pelo dilúvio e, por tua grande misericórdia, conservaste o crente Noé e mais sete pessoas de sua família; que afogaste o endurecido Faraó com todos os seus, no mar Vermelho; que conduziste o teu povo Israel através do mesmo em terra seca, prefigurando, com isso, este banho do teu santo Batismo; e que, pelo Batismo de teu querido Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, consagraste e instituíste o Jordão e todas as águas como um dilúvio bem-aventurado e uma rica lavagem dos pecados: pedimos por essa mesma [lavagem] tua profunda misericórdia, que queiras olhar graciosamente para este N. e abençoá-lo com fé verdadeira no Espírito; para que, por meio deste dilúvio salvador, tudo o que lhe é inato desde Adão e que ele mesmo a isto acrescentou seja afogado nele e desapareça; que seja separado dentre o número dos descrentes, conservado seco e seguro na santa arca da cristandade, sirva sempre a teu nome, ardendo em Espírito e alegre em esperança; para que, junto com todos os crentes, ele se torne digno de alcançar vida eterna, de acordo com a tua promessa; por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

-- Martinho Lutero, O Manual do Batismo Traduzido para o Alemão Revisado, 1526 (OSel 7, 218-219)

Esta Grande Oração do Dilúvio é ainda hoje utilizada, de uma forma adaptada, no rito batismal de muitas Igrejas Luteranas, como aparece, por exemplo, no Lutheran Service Book (pág. 268-269) da Igreja Luterana - Sínodo Missouri (LCMS). A oração foi traduzida para o inglês por Thomas Cranmer nos Livros de Oração do Rei Eduardo VI (1549 e 1552) e também é utilizada na tradição anglicana.

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