31/03/2020

José, Patriarca - 31 de março

Jesus não quer ficar irado com Seus irmãos, mas quer cuidar, consolar e falar amavelmente a eles, assim como José fez (Gênesis 50.19–20).

José disse a seus irmãos: “Vocês planejaram o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem”. Somente Deus tem essa qualificação. Com toda certeza nós somos hábeis em transformar o bem em mal. Nisto nós somos mestres. Mas tornar o mal em bem exige sabedoria e onipotência divinas, e Deus usa essa qualificação para a honra de todos que, como José, confiam e se apegam a Ele de todo o coração. Por isso, Agostinho diz: “O Senhor Deus não permite que aconteça nenhum mal, do qual Ele não poderá ou não irá obter algum bem”. E São Paulo diz: “Aos que amam a Deus, todas as coisas lhes cooperam para o bem” (Rm 8.28)...

Assim como José era uma imagem de nosso Senhor Jesus, agora também vemos no coração pacífico de José um retrato do coração amável e doce de nosso Senhor Jesus. Sobre isso, o profeta Isaías profetiza: “Ele não será vingativo ou cruel” (Is 42.4).

Ó Senhor Jesus, tens um coração suave e clemente para com todos os Teus irmãos arrependidos quando eles vêm a Ti e confessam. Não ficas irado com eles para sempre, não importando o quão frequente e ofensivo é o pecado deles contra Ti. Assim como José consolou e falou amavelmente com seus irmãos, assim Tu chamas a nós, Teus irmãos pecadores: “Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11.28 [–29]). Agradeço a Ti, amado José celestial, por este consolo. Rogo a Ti neste momento que perdoes minha transgressão e pecado, pois fiz o que é mal e provoquei a tua ira. Rogo a Ti agora que perdoes a transgressão de teu irmão, que sou eu. Diga à minha alma como disseste ao profeta Isaías: “Não tema... porque sou o seu Deus” (Is 41.10). Consola e absolve-me. Fala amavelmente ao meu coração e concede-me Tua fidelidade fraternal, para que eu possa louvar a Tua mansidão e humildade.

José disse a seus irmãos: “Vocês planejaram o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem”. Assim aconteceu no Teu sofrimento, Senhor Jesus. Os Teus irmãos judeus planejaram o mal contra ti, desejando se livrar de Ti e destruí-Lo; mas Deus, o Pai celestial planejou tornar isso em bem, pois dessa forma a seria extinta a Tua ira, devastado o inferno, apagado o pecado, derrotado o diabo, aberto o céu aberto e conquistada a salvação para nós. Louvada seja a maravilhosa sabedoria de Deus para sempre!

- Valerius Herberger (1562-1627), pastor na igreja paroquial de Santa Maria, em Fraustadt, Silésia (atual Wschowa, na Polônia)

Fonte: Herberger, Valerius. [Magnalia Dei] The great works of God, or, Jesus, the heart and center of Scripture Parts Three and Four: The mysteries of Christ in the Book of Genesis, chapters 16–50. St. Louis: Concordia Publishing House, 2011. p. 506–507.

29/03/2020

Quinto Domingo na Quaresma – 29 de março de 2020 (Ano A)


Ezequiel 37.1-14
Salmo 130
Romanos 8.1-11
João 11.1-45 (46-53) ou João 11.17-27,38-53


Jesus Cristo é a Ressurreição e a Vida

A doença e a morte de Lázaro ocorreram para “que o Filho de Deus seja glorificado” (Jo 11.4). O milagre que Jesus operou ao ressuscitar Lázaro, o levou à prisão e crucificação, através da qual ele iria “morrer pela nação” e reuniria “em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos” (Jo 11.51-52). Da mesma forma que Jesus chamou Lázaro do túmulo e ordenou: “Desamarrem-no e deixem que ele vá” (Jo 11.44), Jesus também nos chama e nos liberta das ataduras do pecado e da morte. Nossa natureza humana “não está sujeita à lei de Deus” e tampouco pode “agradar a Deus” (Rm 8.7-8), mas “Deus condenou o pecado” na sua própria carne, “ a fim de que a exigência da lei se cumprisse em nós” (Rm 8.3-4). Agora, por meio do Evangelho, em nós “habita o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos” (Rm 8.11). A Palavra do Senhor sopra seu Espírito em nossa carne mortal, animando-nos com sua própria vida. Quando seus ministros pregam de acordo com sua divina ordenança, o Senhor Jesus nos chama da sepultura e nos leva para a boa terra que ele nos dá (Ez 37.12, 14).

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, pela tua enorme bondade e misericórdia olha para o teu povo, a fim de sermos sempre governados e preservados em corpo e alma; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

Imagem: Ressurreição de Lázaro, por Carl Bloch (1870)

25/03/2020

A Anunciação de Nosso Senhor (25 de março)


Isaías 7.10–14
Hebreus 10.4-10
Lucas 1.26–38


Se encarnou pelo Espírito Santo na Virgem Maria e foi feito homem

“É impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb 10.4). Mas "nada será impossível para Deus" (Lc 1.37). O Senhor abre os ouvidos para ouvir e o ventre das mulheres para conceber. “Aqui está a serva do Senhor; que aconteça comigo o que você falou”, disse Santa Maria (Lc 1.38). O Altíssimo, que antigamente habitou no tabernáculo, envolveu Maria com a sua sombra e ela que creu na “anunciação” do anjo (Lc 1.35). “O Senhor mesmo lhes dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14). Em Jesus Cristo, Deus está conosco, indicando que Jesus é Deus desde o momento de sua concepção. Este milagre, que Maria se tornaria a mãe de Deus, era um sinal contra os orgulhosos em Israel e também o cumprimento das profecias de Isaías e Davi. Cristo diz: “agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu” (Sl 40.8). Da carne de Maria, o Altíssimo preparou um corpo para Seu Filho (Hb 10.5), que foi oferecido “uma vez por todas” como o único sacrifício que tira os pecados e dá uma justiça sem a Lei (Hb 10.10). Fomos santificados através da encarnação, vida e morte do Filho. E, assim como a Bem-aventurada Virgem Maria, que “guardava todas estas palavras, meditando-as no coração” (Lc 2.19), assim também, “bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Lc 11.28).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Senhor, assim como conhecemos a encarnação de teu Filho, Jesus Cristo, pela mensagem do anjo à virgem Maria, assim também, pela mensagem de sua cruz e sofrimento, traze-nos à glória de sua sua ressurreição; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

Como a Festa da Anunciação pode nos ajudar nos tempos de Coronavírus?


Apesar dos tempos caóticos que vivemos, hoje é a Festa da Anunciação. Nesse caos, a população geral fica sem norte, pois até as autoridades estão divididas. São tantas informações e orientações que chegam até nós que fica difícil decidir o que seguir.

O medo paira em nossos corações. O medo de perder as pessoas que amamos é amenizado pelo lavar das mãos, pelo uso do álcool gel e o uso de máscaras. E devemos usar tudo isso para nos proteger e para proteger quem amamos.

No meio deste turbilhão, nós podemos nos perguntar como a Festa da Anunciação pode nos dar lições importantes. Destaco três lições importantes:
  1. Objetivo da Anunciação: O objetivo da anunciação é falar sobre o nascimento do Salvador. Jesus se encarnou com objetivo bem específico, para que com sua vida, morte, ressurreição e Ascensão nos desse vida e vida eterna. É importante lembrar que a função do Estado é criar orientações para nos manter vivos, pois a vida é preciosa (5º Mandamento). A função da Igreja é nos preparar para a morte com base na obra de Cristo e essa obra começa a se materializar na Anunciação. 
  2. Graça e Medo: O texto de Lucas 1. 26-38 retrata essa visita, mas destaco as palavras do anjo: O anjo disse: “Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus”. A Bem-aventurada Virgem Maria achou graça diante os olhos de Deus, mas essa graça não a isentou de sentir medo e de ficar com dúvida em relação às palavras do anjo. Ela mesmo perguntou: “Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?Nos tempo de Coronavírus, Deus também diz as mesmas palavras para ti: “Não temas, pois, através de Jesus, tu achaste graças diante meus olhos.” Assim como Maria estava debaixo da proteção do Espírito Santo, nós também estamos. O ‘não temas’ também é para nós. Não temas, pois, desde o teu Batismo, Deus Espírito Santo está sobre ti todos os dias da tua vida.
  3. Colocar-se a disposição de Deus: Maria se colocou à disposição de Deus para que Ele fizesse segundo a sua vontade e querer. Se o COVID-19 bater a nossa porta ou na porta de quem amamos, que reconheçamos que tudo acontece para o bem daqueles que amam a Deus. Supliquemos que Deus Espírito Santo nos capacite a enfrentar todas as coisas, pois as aflições deste mundo são efêmeras, são passageiras. Que nós também tenhamos este mesmo coração da Bem-aventurada virgem Maria: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra.
Que a graça de Deus esteja sobre nós e sobre todas as pessoas que amamos.

Abençoada Festa da Anunciação!


25 de março - A Anunciação de Nosso Senhor



O anjo Gabriel aparece a Maria e anuncia que Deus a agraciou e vai usá-la como meio para o nascimento do Messias. Então Maria concebe Jesus quando o anjo diz: "O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a envolverá com a sua sombra" (Lc 1.35). Este mesmo Espírito que “se movia sobre as águas” e gerou a criação (Gn 1.2) também "movia" sobre as águas do ventre de Maria para conceber o Redentor da criação. Quando o Espírito Santo desce sobre Maria, ela concebe Jesus “pelo ouvido” (no dizer de Martinho Lutero). O ente concebido é chamado de Santo, o Filho de Deus. Assim aconteceu a encarnação de nosso Senhor. A data da Anunciação cai em 25 de março pois a Igreja Antiga acreditava que este era o dia da crucificação. Visto que os antigos atrelavam o dia da concepção de uma pessoa ao dia de sua morte, a Igreja juntou na Anunciação a encarnação de Jesus e seu sacrifício expiatório.


ORAÇÃO DO DIA:


Ó Senhor, assim como conhecemos a encarnação de teu Filho Jesus Cristo, pela mensagem do anjo à virgem Maria, assim também pela mensagem de sua cruz e paixão, leva-nos para a glória da tua ressurreição; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 1287)

Imagem: A Anunciação, por Agostino Masucci (1742)

Anunciação - uma adaptação de Jose Acácio de Santana



ANUNCIAÇÃO

Este texto é uma adaptação da cantata Natividade de José Acácio de Santana. Essa obra foi encenada na Congregação Evangélica Luterana São Paulo de Porto Alegre sob maestria do Reverendo Doutor Paulo Gerhard Pietzsch. Essa obra foi executada no natal de 2011.
Neste dia tão especial, dia da Anunciação do anjo à mais bem aventurada de todas as mulheres, a Virgem Maria, é salutar refletir nas palavras deste talentosíssimo compositor Brasileiro. José Acácio Santana (São Pedro de Alcântara, 10 de outubro de 1939 — Florianópolis, 11 de julho de 2011) foi um maestro, compositor, poeta e professor catarinense. Dedicou-se à música, especialmente à música sacra cristã, onde ganhou reconhecimento nacional e até mesmo internacional por suas composições, com cerca de três mil obras de vida artística, 200 corais fundados e 1500 atendidos, autor de alguns livros e pioneiro em música sacra pós Concílio Vaticano II (Wikipedia)


CRONISTA: O anjo do Senhor foi enviado à cidade de Nazaré, a uma mulher desposada com um jovem chamado José. Entrando o anjo onde estava Maria, saudou-a e transmitiu-lhe o anúncio do Senhor.
ANJO:  Salve, Salve, Salve, Salve Maria, cheia de graça, Deus é contigo, bendita és entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre, Jesus!
CORO: Salve, Maria conceberás, este menino é do mundo a paz. Cristo tomou-se o nosso irmão, veio trazer-nos a salvação.
MARIA: Como isto acontecerá? Como serei a mãe do Senhor?
ANJO:  O Espírito Santo virá sobre ti e a  sombra do Altíssimo te cobrirá e o Santo gerado por ti vai chamar-se Filho de Deus!
CORO: Salve, Maria conceberás, este menino é do mundo a paz. Cristo tomou-se o nosso irmão, veio trazer-nos a salvação.
 CORO: As virtudes deste Rei serão por todos proclamadas e as nações de toda a terra serão nele abençoadas.
MARIA:  Eis aqui, Senhor, a tua serva! Faça-se em mim tua palavra!
CORO:  Eis    aqui, Senhor, a tua serva! Faça-se em mim tua palavra!

1.     Reconheça o mundo inteiro ter chegado a salvação. Já se escuta o mensageiro anunciar a Redenção. Pela graça anunciada, o Senhor louvado seja redenção concretizada. Sou seu povo e sua Igreja.
2.    Acontece a Profecia: Virgem mãe vai dar à luz. Gabriel vem a Maria e anuncia-lhe Jesus. Pela graça anunciada, o Senhor louvado seja redenção concretizada. Sou seu povo e sua Igreja.
3.    E Maria, então, concebe pelo Espírito do amor. Em seu corpo ela recebe Jesus Cristo Salvador.  Pela graça anunciada, o Senhor louvado seja redenção concretizada. Sou seu povo e sua Igreja.
4.    Tudo o que fora manchado pela culpa de Adão, será novo e recriado, a partir da Encarnação. Pela graça anunciada, o Senhor louvado seja redenção concretizada. Sou seu povo e sua Igreja.




22/03/2020

Quarto Domingo na Quaresma – 22 de março de 2020 (Ano A)


Isaías 42.14–21
Salmo 142
Efésios 5.8–14
João 9.1–41 ou João 9.1–7, 13–17, 34–39


Através da sua Palavra do Evangelho, Jesus nos chama das trevas para a sua maravilhosa luz

O Senhor se entristece com a cegueira espiritual de seu povo, mas em sua misericórdia, não os deixa desamparado. O Senhor freia a ira e mantém a sua paz até abrir os olhos e ouvidos do seu povo para vê-lo e ouvi-lo. “Por amor da sua própria justiça”, o Senhor engrandece a sua Palavra e a torna gloriosa na vinda de Cristo Jesus (Is 42.21). Jesus torna “as trevas em luz diante deles” (Is 42.16), pois ele é “a luz do mundo” (Jo 9.5). O Filho de Deus encarnado faz as obras de seu Pai e manifesta a glória divina na sua própria carne “enquanto é dia”, até que a noite venha, “quando ninguém pode trabalhar” (Jo 9.4). “Por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.26), Cristo abre os olhos dos cegos e concede repouso aos cansados. Por isso, “no passado vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor” (Ef 5.8). Através de nosso batismo em Cristo, agora vivemos no eterno dia de sua Ressurreição, no qual Cristo resplandece sobre nós. Mas, todas as vezes que caímos de volta nas trevas do pecado, o Senhor nos chama através do Evangelho: “Desperte, você que está dormindo, levante-se dentre os mortos” (Ef 5.14).

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, nosso Pai celestial, tuas misericórdias são novas a cada manhã; e apesar de merecermos somente punição, nos recebes como teus filhos e atendes todas as nossas necessidades, do corpo e da alma. Concede que reconheçamos de coração a tua bondade misericordiosa, dando graças por todos os teus benefícios e servindo-te de boa vontade; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

19/03/2020

São José, tutor de Jesus (19 de março)


2 Samuel 7.4–16
Romanos 4.13–18
Mateus 2.13–15; 19-23


Foi ideia do rei Davi construir uma casa permanente para a Arca da Aliança e ao Nome do Senhor (2 Sm 7.5–7). O templo que Davi planejou foi construído pelo rei Salomão, mas na realidade não foi Davi ou Salomão que realmente deram abrigo e proteção a Deus. “Ele, o Senhor, fará uma casa” para eles (2 Sm 7.11). São José não era o pai legítimo de Jesus, uma vez que o filho “que nela [Maria] foi gerado é do Espírito Santo” (Mt 1.20). A Igreja o comemora como o “tutor de Jesus”. Ouvindo a palavra dos anjos de Deus, protegendo o Cristo que estava no ventre de Maria, salvando o menino Jesus da ira de Herodes, trazendo-o “do Egito” novamente (Mt 2.13–23) e educando-o “na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4), José é um exemplo para todos os pais e tutores cristãos. Mas, assim como aconteceu com Davi que “deu abrigo” ao Senhor, mas Deus é que realmente lhe fez uma casa, assim também José nunca foi o tutor na realidade. Cristo era seu tutor. Seu nome é “Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). A “descendência” prometida a Abraão e renovada nas promessas a Davi é Aquele “que vivifica os mortos” (Rm 4.16–18). Ele é o Rei de Davi, o Senhor de Abraão, o tutor de José e o nosso Salvador.

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, que da família de teu servo Davi fizeste nascer a José para ser o tutor de teu Filho encarnado e o marido de sua mãe, Maria, concede-nos a graça de seguir o exemplo deste trabalhador fiel em atender ao teu conselho e obedecer às tuas ordens; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

17/03/2020

Patrício - 17 de março

 

Hoje lembramos um dos mais conhecidos santos missionários que foi o evangelizador dos povos irlandeses e também grande propagador da doutrina da Trindade em seu tempo. O missionário Patrício costumava iniciar seus escritos com uma solene descrição de sua condição humana: “Eu, Patrício, um pecador”. Sua Confissão é, ao mesmo tempo, uma vigorosa confissão de fé e autobiografia:

Eu, Patrício, um pecador, o mais rústico e o menor entre todos os fiéis, profundamente desprezível para muitos, tive por pai o diácono Calpurnius, filho de um certo, Potitus, falecido, um presbítero que foi morador de um vilarejo chamado Bannavem Taberniae; ele tinha uma pequena casa de campo bem próxima, onde eu fui capturado. Eu tinha então cerca de dezesseis anos de idade. Eu ignorava o verdadeiro Deus e junto com milhares de pessoas fui capturado e conduzido ao cativeiro na Irlanda segundo o nosso merecimento, porque nos afastamos bastante de Deus, não guardarmos os seus preceitos, nem sermos obedientes aos nossos sacerdotes, que nos exortavam a respeito da nossa salvação. E o Senhor lançou sobre nós a violência de sua cólera e nos dispersou entre vários povos até aos confins da terra, onde agora na minha pequenez, me encontro entre estrangeiros.

E lá o Senhor abriu o entendimento de incredulidade do meu coração, afim de que, mesmo muito tarde, me recordasse dos meus pecados e me convertesse de todo coração ao Senhor meu Deus, que considerou a minha insignificância e teve misericórdia da minha mocidade e ignorância, e ele me protegeu antes que eu o conhecesse e antes que eu soubesse distinguir entre o bem e o mal e me fortificou e consolou como um pai faz ao filho.

Por esta razão não posso me calar, nem seria isto apropriado, diante de tantas dádivas e graças que o Senhor se dignou a me conceder na terra do meu cativeiro; porquanto esta é nossa maneira de retribuir para, depois da correção ou do reconhecimento de Deus, exaltar e confessar suas maravilhas diante de todas as nações que estão debaixo do céu.

Porque não há outro Deus, nunca houve antes, nem haverá no futuro, além de Deus pai não gerado, sem princípio, do qual procede todo o princípio, quem tudo possui, como dizemos; e seu filho Jesus Cristo, que assim como o pai evidentemente sempre existiu, antes do começo dos tempos em espírito ao pai. Criado inefavelmente antes da origem do mundo, e por ele mesmo foram criadas todas as coisas visíveis e invisíveis. Ele foi feito homem, venceu a morte e foi recebido no céu junto do pai, e foi-lhe dado todo poder absoluto sobre todo nome no céu, na terra e no inferno para que assim toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor e Deus, em quem nós cremos e esperamos que sua vinda breve está, como juiz dos vivos e dos mortos. Este que dará para cada um segundo os seus feitos, e derramou em vós abundantemente o seu Espírito Santo, o dom e a garantia da imortalidade, que tornou os crentes e obedientes em filhos de Deus e co-herdeiros de Cristo: aquele que confessamos e adoramos, O único Deus na trindade do seu santo nome...
Fonte: St Patrick's Confessio (© 2011 Royal Irish Academy)

13/03/2020

Terceiro Domingo na Quaresma – 15 de março de 2020 (Ano A)


Êxodo 17.1–7
Salmo 95.1-9
Romanos 5.1–8
João 4.5–26 (27–30, 39–42)


Adoramos o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo no Espírito e na Verdade do seu Evangelho
Embora o Senhor os tivesse tirado do Egito, “toda a congregação dos filhos de Israel” murmurou contra Ele porque “não havia água para o povo beber” (Êx 17.1). Apesar do povo colocar o Senhor à prova, Ele graciosamente os supriu. O Senhor não feriu o povo por causa de seus pecados, em vez disso, Ele feriu a rocha através do bordão de Moisés e deu água para o povo beber. Da mesma forma, água viva flui do lado de Cristo que foi transpassado quando Ele foi levantado na cruz “por volta da hora sexta” (Jo 4.6; 19.14) e foi ferido pelos pecados do mundo. Deus provou “o seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5.8). Jesus Cristo é “o dom de Deus” (João 4.10), é o poço do qual flui o Espírito Santo para ser no seu povo “uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14). Por “esta graça na qual estamos firmes”, agora “temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1, 2) e adoramos “o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4.23). “Nos gloriamos na esperança da glória de Deus”, “porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi dado” (Rm 5.2, 5).
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ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, cuja glória é sempre ter misericórdia, sê gracioso para todos que se desviaram dos teus caminhos e traze-os de volta com coração arrependido e fé, para que abracem e mantenham a verdade imutável da tua Palavra; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

Imagem: Cristo e a Samaritana, por Léon Viardot, 1859.

07/03/2020

Perpétua e Felicidade - 7 de março


Hoje lembramos Perpétua e Felicidade, as mártires africanas de Cartago que morreram no terceiro século, sob o imperador Lúcio Sétimo Severo. Nina Targino (da Mocidade Para Cristo) nos conta sobre a fé inabalável de Perpétua e Felicidade em seu livro Mulheres que comovem o coração de Deus (Ed. Mundo Cristão):

Perpétua e Felicidade, entre muitas outras, foram duas mártires da Igreja primitiva, duas mulheres que encontraram a verdade pela qual valia a pena viver e morrer e, com seu exemplo, nos abençoam até hoje. A primeira, oriunda de uma família nobre, tinha um filho recém-nascido; e a segunda era escrava e estava grávida. As duas foram presas em Cartago, no norte da África, na época em que o imperador Severo havia decretado pena de morte para os cristãos. Felicidade teve a alegria de dar à luz na prisão, antes da sua execução. Sofrendo as dores do parto, disse ao guarda: “O que sofro agora é fruto da natureza, mas, quando for atacada pelas feras, não estarei sofrendo sozinha; Cristo sofrerá por mim!”.

Essas duas mulheres se mantiveram firmes e fizeram questão de ser batizadas, mesmo na prisão. No dia de seu martírio, Perpétua e Felicidade foram lançadas a uma vaca furiosa, que atacou primeiro Perpétua e, depois, se aproximou de Felicidade. A plateia gritava para que os guardas acabassem logo com aquele espetáculo de muito horror – a escrava ainda manava leite dos seios. Felicidade foi decapitada pelos gladiadores, mas o carrasco de Perpétua estava nervoso e errou o primeiro golpe. Então, Perpétua ofereceu o pescoço ela mesma e, dessa maneira, também morreu pela fé.

Outras mulheres incomparáveis também suportaram pela fé todo tipo de tormentos, torturas e suplícios mortais. “Que mulheres esses cristãos têm!”, é uma frase atribuída a Libânio, filósofo do século 4. Quando o cristianismo dava os primeiros passos, os pagãos, apesar de não crerem na Bíblia e de rejeitarem o evangelho, foram obrigados a reconhecer o valor dos princípios e a beleza da vida dos cristãos.

06/03/2020

Segundo Domingo na Quaresma - 8 de março de 2020 (Ano A)


Gênesis 12.1–9
Salmo 121
Romanos 4.1–8, 13–17
João 3.1–17

A Palavra do Evangelho abre os olhos da fé e fixa-os em Cristo Jesus

O Senhor chamou Abrão (Abraão) para deixar sua parentela e sua casa e ir para uma terra que Deus lhe mostraria. Ele também prometeu fazer de Abrão “uma grande nação”, abençoá-lo e engrandecer o seu nome, como uma bênção para “todas as famílias da terra” (Gn 12.2-3). “Partiu, pois, Abrão, como o Senhor lhe havia ordenado” (Gn 12.4), e “edificou um altar ao Senhor e invocou o nome do Senhor” (Gn 12.8) na terra de Canaã. “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi atribuído para justiça” (Rm 4.3). Aqui, a graça de Deus é manifestada, de modo que Ele “justifica o ímpio” (Rm 4.5), não por obras da Lei, mas pela fé em suas promessas. Deus remove todos os nossos pecados e transgressões por meio de Jesus Cristo, o descendente de Abraão, em quem todas as promessas do Senhor são cumpridas. Esse perdão dos pecados é a Palavra do Evangelho, a voz do Espírito Santo, “que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem” (Rm 4.17). A Palavra abre os olhos da fé para contemplar Cristo Jesus, o Filho do Homem levantado na cruz, “para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3.14-15).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que vês que não temos forças, por teu imenso poder, defende-nos de todas as adversidades que possam acontecer ao corpo e de todos os pensamentos ruins que possam assaltar ou prejudicar a alma; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

Imagem: Jornada de Abração de Ur até Canaã (1850), por József Molnár (1821–1899)