16/04/2019

3º Dia da Semana Santa: Terça-feira Agitada



Um Dia de Conflito e Rejeição

Jesus tem um dia agitado na terça-feira. De manhã, ele e seus discípulos passaram pela figueira seca a caminho de Jerusalém e Jesus lhes ensina sobre a fé. No Templo, os líderes religiosos desafiam violentamente a autoridade de Jesus, tentando emboscá-lo e criar uma oportunidade para sua prisão. Mas Jesus se esquiva deles, declarando: “Guias cegos! ... vocês são semelhantes aos sepulcros pintados de branco, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão!” (Mt. 23.24,25). No final da tarde, no Monte das Oliveiras, Jesus deu o “Discurso das Oliveiras”, uma profecia detalhada sobre a destruição de Jerusalém e o fim dos tempos.

Os eventos tumultuosos da Terça e do Discurso das Oliveiras estão registrados em Mateus 21.23 – 24.51, Marcos 11.20 – 13.37, Lucas 20.1 – 21.36 e João 12.20-38.

- O Sublime Louvor – Salmo 118, escrito em 1530 por Martinho Lutero:
"A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular” [Lc 20.17]. Neste versículo faz um breve resumo da paixão e morte de Cristo. Ao dizer que foi rejeitado, descreve a paixão, morte, ignomínia e escárnio a que Cristo foi submetido. Ao afirmar que se tornou pedra angular, aponta para sua ressurreição, vida e domínio em eternidade. Para tanto o compara a uma construção. Quando uma pedra não se enquadra no muro nem se adapta às demais pedras, mas desfigura toda a construção, esta é uma pedra imprestável e inútil, que deve ser lançada fora. Então aparece um mestre estranho que sabe aproveitar essa pedra e diz: Alto lá, seus tolos! Sois mestres e não sabeis aproveitar esta pedra? Pois a mim ela vem bem. Não a usarei para encher brechas nem me servirá de enchimento. Tampouco me será apenas uma pedra comum, mas uma pedra angular no alicerce, que não suportará somente um muro, mas dois, e será de maior utilidade do que qualquer outra pedra e mais do que todas as pedras em toda a construção.

Assim também Cristo não quis conformar-se de forma alguma com o espírito e a santidade dos fariseus nem do mundo inteiro. Eles não o suportam. Ele desfigurava todas as suas construções, repreendia e criticava sua linda e santa aparência exterior. Aí então se enfureceram, condenaram e rejeitaram-no, pois não sabiam para que servia. Então Deus, o verdadeiro construtor, o pegou e fez dele uma pedra angular para o alicerce sobre o qual se fundamenta toda a cristandade reunida entre judeus e gentios. A mesma coisa se dá com ele ainda hoje. Pois a pedra foi rejeitada, se a considera rejeitada, permanece rejeitada. Não obstante, ela continua cara, nobre e preciosa entre os justos e crentes, que não constroem em sua própria obra humana nem em poder de príncipes, mas sobre esta pedra.

Mas nota bem quem são os que rejeitam esta pedra. Não são pessoas simples, mas as melhores, as mais santas, mais sábias, mais eruditas, as maiores, as mais nobres. São estas as que se escandalizam com a pedra. Pois os miseráveis pobres pecadores, os entristecidos, errantes, desprezados, insignificantes, indoutos se alegram com ela e a amam de coração. Enquanto isso aqueles se chamam construtores, ou seja, os que edificam e corrigem o povo e o governam para o melhor com doutrina e pregação. Eles não têm este título porque fossem perturbadores, pessoas prejudiciais e incapazes, mas são construtores, as pessoas mais necessárias, mais úteis e as melhores sobre a face da terra, de sorte que, não fossem elas, certamente o céu viria abaixo antes de anoitecer, e tudo estaria perdido. Esses são os governantes, tanto eclesiásticos quanto seculares, que com suas leis ordenaram o país e o povo para que possa subsistir, e, além disso, ainda querem dominar a Deus mesmo. Foram os mesmos no povo judeu, os sumos sacerdotes e os príncipes em Jerusalém, e Pilatos de Roma, Herodes da Galileia. Eles rejeitaram a pedra e não a puderam tolerar em sua construção ou regime. Eles o sabiam melhor.

(Obras Selecionadas de Lutero. Volume 5: 75-76)

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