19/04/2019

6º Dia da Semana Santa: A Sexta-feira da Paixão


O Dia Crucial

Sexta-Feira Santa é o dia mais árduo da Semana da Paixão. A jornada de Cristo se torna traiçoeira e extremamente dolorosa nas horas finais que conduzem à sua morte. Antes da terceira hora (9 da manhã), Jesus sofre a vergonha de falsas acusações, a condenação, o escárnio, as bofetadas e o abandono. Após vários julgamentos ilegais, ele é condenado à morte por crucificação, um dos métodos mais horríveis e vergonhosos de pena capital. Jesus carrega sua própria cruz para o Calvário, onde o pregam no madeiro. Jesus declara as sete palavras finais da cruz. Suas primeiras palavras foram: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34) e as últimas: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23.45). Então, na nona hora (3 da tarde), Jesus expirou e morreu. Por volta das 6 horas da noite de Sexta-feira, Nicodemos e José de Arimateia tiraram o corpo de Jesus da cruz e o depositaram num túmulo.

Os eventos de Sexta-feira estão registrados em Mateus 27.1-62, Marcos 15.1-47, Lucas 22.63 – 23.56 e João 18.28 – 19.37.

Um Sermão sobre a Preparação para Morte (1519), de Martinho Lutero:

Aquele que, abandonado por Deus como um condenado, venceu o inferno através de seu amor todo-poderoso, testemunhando, assim, que é o Filho mais querido e que tornou isso propriedade de todos nós, se assim cremos.

Como se tudo isso não bastasse, ele não apenas venceu o pecado, a morte e o inferno em si mesmo e nos conclamou a crer nisso, mas, para nosso maior consolo, sofreu e venceu, ele mesmo, a tribulação que essas imagens nos causam. Ele foi atribulado pela imagem da morte, do pecado e do inferno quanto nós o somos.

Como vemos, Cristo permanece em silêncio frente a todas essas palavras e imagens horríveis, não as combate, faz de conta que não as ouve ou vê, não responde a nada (pois se tivesse respondido, apenas teria dado motivo para que berrassem e se manifestassem com vigor e horror maiores ainda). Mas Cristo só presta atenção a vontade mais amada de seu Pai, tão completamente, que se esquece de sua morte, de seu pecado, de seu inferno, que haviam sido lançados contra ele, e intercede por eles, pela morte, pelo pecado e pelo inferno deles. Da mesma forma devemos nós deixar que as mesmas imagens nos assaltem e nos abandonem, como queiram ou possam. Devemos pensar apenas em nos apegar a vontade de Deus, que é que nos agarremos a Cristo e creiamos firmemente que nossa morte, pecado e inferno nele foram vencidos em nosso favor e não podem nos fazer mal nenhum, de sorte que unicamente a imagem de Cristo esteja em nós e que só com ele conversemos e negociemos.

(Obras Selecionadas de Lutero, vol. 1. p. 392, 393.)

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