17/05/2019

Corra ao sepulcro!


Os discípulos Pedro e João correndo ao sepulcro na manhã da Ressurreição, por Eugene Burnand (c. 1898)
A Páscoa é o ponto alto do Ano Eclesiástico, pois a ressurreição de nosso Senhor Jesus é o acontecimento transformador da realidade humana. O Domingo de Páscoa foi apenas o começo! Para meditarmos mais demoradamente sobre o significado da Páscoa, o brilho da ressurreição é estendido por cinquenta dias até o Pentecostes.

É assim que o evangelista Lucas narra este acontecimento fundamental da fé cristã: “No primeiro dia da semana, de manhã bem cedo, as mulheres tomaram as especiarias aromáticas que haviam preparado e foram ao sepulcro. Encontraram removida a pedra do sepulcro, mas, quando entraram, não encontraram o corpo do Senhor Jesus. Ficaram perplexas, sem saber o que fazer. De repente dois homens com roupas que brilhavam como a luz do sol colocaram-se ao lado delas. Amedrontadas, as mulheres baixaram o rosto para o chão, e os homens lhes disseram: “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se do que ele lhes disse, quando ainda estava com vocês na Galileia: ‘É necessário que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, seja crucificado e ressuscite no terceiro dia’“. Então se lembraram das suas palavras. Quando voltaram do sepulcro, elas contaram todas estas coisas aos Onze e a todos os outros. As que contaram estas coisas aos apóstolos foram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago, e as outras que estavam com elas. Mas eles não acreditaram nas mulheres; as palavras delas lhes pareciam loucura. Pedro, todavia, levantou-se e correu ao sepulcro.” (Lc 24.1-12 NVI)

Talvez Pedro fosse o mais desconsolado entre os discípulos de Jesus, não só por haver negado seu Senhor, mas pela eternidade que as horas pareciam durar. As trevas daquela primeira Sexta-feira Santa eram tão densas e sombrias. O silêncio daquele Sábado Santo parecia interminável. A chama da esperança estava se extinguindo em seu coração ansioso. Os discípulos, ao ouvirem das mulheres o testemunho da Ressurreição, não acreditaram. Mas Pedro levantou-se e correu ao sepulcro.

Há momentos em nossas vidas em que nos encontramos como Pedro, aflitos pelo sentimento de culpa, pela solitude e pela ansiedade. Muitas vezes nos sentimos no escuro, sem saber onde ir ou a quem recorrer. Quantas vezes o silêncio perturbador foi tudo o que encontramos depois de nossas orações? Nestes momentos, tudo aquilo que acreditamos parece não fazer mais sentido. A esperança e a fé se apequenam diante de tantas tribulações. A vida cristã não é aquilo que esperávamos e nossas expectativas são frustradas! É nestes momentos que o Espírito de Deus nos convida para correr ao sepulcro. Não de forma literal, mas buscando em oração e fé confiante aquele que ressuscitou dentre os mortos.

Quando as mulheres e Pedro correram ao sepulcro, “então se lembraram das palavras de Jesus” (Lc 24.8). Em outro relato dos Evangelhos, o anjo disse às mulheres: “Ele ressuscitou dentre os mortos e está indo adiante de vocês...” (Mt 28.7). Sim! Jesus está sempre adiante, à nossa frente! Ele excede todas as nossas expectativas e entendimento e nos dá a paz de Deus (Fp 4.7). Talvez tudo o que precisamos fazer agora é também correr para o sepulcro. É nesta experiência que os primeiros discípulos e cristãos de todos tempos buscaram alento, esperança e fé para suas vidas cansadas e desorientadas. No sepulcro vazio você também vai lembrar das palavras de Jesus e das promessas de Deus. Então, dentro de você vai ressuscitar a fé e a esperança! Jesus está à nossa frente cuidando de cada detalhe de nossa vida atribulada neste vale de lágrimas. “Eis Jesus ressuscitado, ricos dons a conceder! Junto ao Pai não cessa nunca, de por nós interceder” (do hino de Philip P. Bliss).

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