30/11/2022

I DOMINGO NO ADVENTO + Uma Pregação

 


O Evangelho segundo São Mateus 21. 1-9


Quem é o Rei da Glória?” (Salmo 24:8). Quem é esse para quem se levantam os “portais eternos?” (Salmo 24:9). “Quem é esse Rei da Glória?” (Salmo 24:10).

Escreve o Profeta Jeremias: “Eis que vem dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo Justo; e, como Rei que é, reinará, agirá com sabedoria e executará o juízo e a Justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro” (Jeremias 23: 5-6).

O Antigo Testamento, conforme a Profecia de Jeremias, aponta para este Rei da Glória como sendo o Descendente de Davi, aquele que vem para o seu povo, agindo com Sabedoria, executando a Justiça e trazendo Salvação!

Quando Jesus Cristo está entrando na cidade de Jerusalém, conforme ouvimos no Santo Evangelho para este dia, “as multidões, tanto as que iam adiante dele como as que o seguiam, clamavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o quem vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!” (S. Mateus 21:9). Ou seja, o povo vê Jesus como aquele que vem do Senhor, que é Descendente de Davi e que salva. Afinal, o clamor “hosana” é um clamor por Salvação.

Quem é, portanto, o Rei da Glória, que entra pelos portais eternos em nossa história, em nosso mundo e em nossa vida?

É “o SENHOR dos Exércitos” (Salmo 24:10) diz o salmista; é o “SENHOR, Justiça nossa” (Jeremias 23:6), como escreve o profeta Jeremias; é o “Filho de Davi”, aquele que “vem em nome do Senhor” (S. Mateus 21.9), como clama a multidão, na entrada de Jesus na cidade de Jerusalém, em meio aos “hosanas”.

Este “SENHOR dos Exércitos”, portanto, é aquele que deixa sua majestade e vem em humildade e singeleza, para salvar. Ele é a “Justiça nossa” que desce dos céus, se encarna pelo Espírito Santo na abençoada virgem Maria, é feito homem e realiza pelo ser humano aquilo que jamais o ser humano poderia fazer. Ele é o “Filho de Davi”, que ao realizar a sua Obra Redentora, responde aos nossos “Hosanas” com a conquista da Salvação.

Por tudo isso, ensina e admoesta o Apóstolo Paulo: “A nossa Salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos” (Romanos 13:11). Portanto, “deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da Luz” (Romanos 13:12). Em outras palavras, “revistam-se do Senhor Jesus Cristo” (Romanos 13.14) – o Rei da Glória que executa a Justiça e traz a Salvação.

Quem é o Rei da Glória? É o Senhor, a Justiça nossa, aquele que vem para salvar! E este é Jesus Cristo! Agora que sabem disso, sejam, pois, revestidos dele.

Mas como isso ocorre? Ora, vivendo uma vida de arrependimento e perdão que, na prática, é uma vida que repousa na Palavra e nos Sacramentos que ele mesmo instituiu por nós.  Afinal, este Rei da Glória que já veio e realizou a obra da Salvação por nós, também continua vindo a nós hoje por meio da Pregação e do Ensino da Palavra, por meio do Santo Batismo, da Santa Absolvição e da Santa Ceia! E é somente através destes Meios da Graça de Deus que podemos verdadeiramente reconhecer este Rei, sermos abençoados e abraçados por ele, e também sermos preparados, desde agora, para a sua vinda final, no último Dia.

Há quase dois mil anos, o Rei da Glória se encarnou pelo Espírito Santo e veio a nós para conquistar a Salvação em nosso favor; hoje este mesmo Rei da Glória continua vindo a nós na sua Santa Palavra e nos seus Santos Sacramentos para entregar os benefícios desta Salvação a cada um de nós e nos fortalecer nela; e no último dia, este Rei da Glória novamente virá – e ai sim, em toda a sua majestade e poder – para nos conceder a plenitude de vivermos e desfrutarmos eternamente desta Salvação conquistada e concedida por ele, Jesus Cristo, o Filho de Davi, o que vem em nome do Senhor, a Justiça nossa, o Senhor dos Exércitos, o Rei de toda a Glória!

Amém!

 

Rev. Helvécio José Batista Júnior
I Domingo no Advento


27/11/2022

I DOMINGO NO ADVENTO + Uma Ordem Litúrgica

 


Segue uma sugestão de Ordem Litúrgica, conforme oficiada no I Serviço Divino no Advento na Congregação Evangélica Luterana em Naviraí/MS










Caso você tenha o interesse nessa ou em outras Ordens Litúrgicas, por favor, entre em contato comigo, Rev. Helvécio J. Batista Jr. Será uma grande alegria compartilhar esse e outros materiais.


Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Ministro do Senhor na Igreja Luterana em Naviraí/MS
Whatsapp: (27) 9 9716 6877
Instagram: @rev_helveciojr









25/11/2022

I DOMINGO NO ADVENTO + Uma Introdução

 



SOBRE O ADVENTO

No início de dezembro de 1839, um teólogo alemão que cuidava de um orfanato, colocou quatro grandes velas e vinte velas pequenas ao redor de uma roda de carroça. Todos os dias uma vela era acesa, sendo que as grandes eram acesas aos domingos, como forma de ajudar as crianças a vivenciar o Advento. Assim, nascia o que hoje chamamos de “Coroa de Advento”.

A Igreja, vendo o valor da Coroa de Advento, a adota focando nas quatro grandes velas dos domingo, e a partir de então ela se torna um dos símbolos mais populares, usado pelos cristãos durante o período do Advento, tanto em igrejas quanto em lares.

A cada vela que é acesa, somos lembrados do Cristo que vem. Afinal, ele é a luz do mundo, a luz que escuridão alguma pode apagar. Desse modo, uma vela é acesa em cada domingo no Advento até que a coroa esteja completamente iluminada no Natal.

Por fim, visto que o Advento é um tempo de preparação, arrependimento e expectativa diante da vinda do Senhor, o roxo da realeza do “Rei que vem” é a cor tradicional para este período. Além disso, o uso de flores e dos cantos litúrgicos de exaltação como o “Gloria in Excelsis Deo” e o “Aleluia” são omitidos durantes os quatro domingos no Advento.

Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Ministro do Senhor na Igreja Luterana em Naviraí/MS
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24/11/2022

Dia Nacional de Ação de Graças


Deuteronômio 8.1-10
Salmo 67
Filipenses 4.6-20 ou 1 Timóteo 2.1-4
Lucas 17.11-19

A boa terra produz frutos generosos para nutrir e preservar a vida. Essa boa dádiva procede da generosidade, bondade e graça de Deus (Deuteronômio 8.1-10). Por isso, em oração e súplica oferecemos ações de graças a Ele, contentes em todas as circunstâncias, gratos pelo sustento necessário para nosso corpo, alma e espírito (1 Timóteo 2.1-4). Assim também, quando Deus remove a enfermidade por meio de sua Palavra, nos enchemos de alegria em sua onipotente graça e poder (Lucas 17.11-19).

Lutero escreveu:

“Deus nosso Senhor deseja – com toda razão – que lhe demos a honra de agradecer por todos os seus benefícios. Na verdade, deveríamos fazer isso com gosto e boa vontade, pois trata-se de algo que não exige muito esforço e trabalho. Pois quanto custa voltar-se a Deus para dizer: “Senhor, tu me deste pés, mãos, olhos, isso e mais aquilo, tudo perfeito; agradeço-te do fundo do coração por tudo isso, pois são dádivas que recebi de ti”. Por outro lado, quanto lhe custa agradecer a seu pai ou sua mãe, a seu esposo ou sua esposa, a seu próximo quando lhe fazem um favor? Não é tão custoso assim, e deveria ser feito apenas para que se possa verificar que você se agradou do que lhe fizeram... As pessoas gostam de ouvir uma palavra de agradecimento, e isso lhes faz muito bem. O agradecimento também motiva as pessoas a ajudarem mais ainda numa próxima vez... Se vocês quiserem ser cristãos piedosos, aprendam a ser gratos, primeiramente a Deus, nosso gracioso Pai celeste, que nos dá corpo e vida e os sustenta; além disso, também nos dá tudo que se relaciona com a vida eterna. Sejam também gratos a seus pais, amigos, vizinhos e todos aqueles que fazem o bem para vocês, e retribuam-lhes o bem que fizeram. Assim que, se não for possível retribuir com obras, demonstrem sua alegria e gratidão por meio de palavras.” (Castelo Forte, 1983)

22/11/2022

Lutero e a música

Hoje é Dia do Músico. Mesmo dia em que cristãos lembram a vida e testemunho de Santa Cecília. Seu nome está ligado à música sacra devido a um relato de que louvava a Deus na ocasião de seu martírio.

A música é uma preciosa e boa dádiva de Deus. Entre os reformadores do século 16, Lutero se destaca como aquele que se dedicou tanto ao pensamento teológico quanto à música para ser cantada na igreja e no lar.

A devoção e estima de Lutero pela música é muito perceptível numa carta que escreveu em 1530 ao maestro e compositor Ludovico Senfl:

“Não há dúvida de que há muitas sementes de boa qualidade na mente daqueles que são movidos pela música. Aqueles, no entanto, que não se sentem tocados pela música, eu acredito que certamente são como tocos e blocos de pedra. Pois nós sabemos que a música. . . é detestável e insuportável para os demônios. De fato, julgo claramente, e não hesito em afirmar, que fora a teologia não há arte que possa ser equiparada à música, pois, exceto a teologia, somente a música produz o que de outra forma só a teologia dá, a saber, uma disposição calma e alegre. Prova manifesta disso é que o diabo, o criador de preocupações entristecedores e ansiedades inquietantes, foge ao som da música da mesma forma como foge da palavra da teologia. Esta é a razão pela qual os profetas não fizeram uso de outra arte, a não ser a música. Eles não expuseram sua teologia  como geometria, nem como aritmética, nem como astronomia, mas como música, de modo que mantiveram a teologia e a música fortemente conectadas e proclamaram a verdade por meio de salmos e canções... Meu amor pela música é abundante e transbordante, pois muitas vezes me revigorou e me libertou de grandes aborrecimentos.”

- Carta a Ludovico Senfl, Coburg, 4 de outubro de 1530 (LW 49:427-428)

🖼 Martinho Lutero com sua família, por Gustav Spengenber (1828-1891)

21/11/2022

AS PRIMÍCIAS

 


Deuteronômio 26. 1-11

 

            Olhando para estas palavras escritas por Moisés, em Deuteronômio 26, podemos achar que elas se restringem a apenas mais um texto para se falar sobre ofertas. Bom, o texto realmente fala sobre ofertas. Porém, ele é muito mais profundo e nos ajuda a perceber o porquê de nossas ofertas e de onde elas vêm.

 

Por isso, a primeira palavra que se destaca no texto é “herança” – “Ao entrar na terra que o SENHOR, seu Deus, lhe dá por herança” (Deuteronômio 26.1a). Ao contrário do que as vezes pensamos e até dizemos, o povo de Israel não conquistou a Terra Prometida, eles a ganharam, por herança, do próprio SENHOR. Desse modo, apesar de a terra de Canaã ser chamada de “a Terra de Israel”, ela não foi adquirida por Israel, mas foi graciosamente dada pelo SENHOR ao seu povo como “herança”. Por causa disso, continua o texto bíblico: “ao possuí-la e morar nela, você deve pegar as primícias de todos os frutos que colheu na terra que o SENHOR, seu Deus, lhe deu, colocá-las num cesto e ir ao lugar que o SENHOR, seu Deus, escolher para ali fazer habitar o seu Nome” (Deuteronômio 26. 1b-2).

 

Que lugar é este onde habita o Nome do SENHOR? O Tabernáculo, o Templo, a Igreja! Como fica claro, mais adiante, quando Salomão constrói o Templo e lembra a Palavra de Deus a Davi: “Você fez bem quando resolveu em seu coração edificar um Templo ao meu Nome” (1Reis 8.18).

 

            E como se realiza as ofertas das primícias neste lugar onde habita o Nome do SENHOR? “Você chegará ao sacerdote que estiver de serviço naqueles dias e lhe dirá: ‘Hoje declaro ao SENHOR, seu Deus, que entrei na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar aos nossos pais’. O sacerdote pegará o cesto e o colocará diante do Altar do SENHOR, seu Deus” (Deuteronômio 26. 3-4).

 

Observe que não existe uma troca de favores, barganha, compra de bênçãos ou algo assim. A oferta do povo de Deus no lugar onde habita o Nome do SENHOR é puramente uma oferta de gratidão, em reconhecimento pelo fato de que Deus e não o povo, conquistou a Terra Prometida.

 

            Isto se torna visível e audível na breve descrição da história de Israel que segue no texto como um Credo usado pelo povo: “Meu pai foi um arameu prestes a perecer. Ele foi para o Egito, e ali viveu como estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser uma nação grande, forte e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram, nos oprimiram e nos impuseram dura servidão. Clamamos ao SENHOR, Deus de nossos pais; e o SENHOR ouviu a nossa voz e viu a nossa angústia, o nosso trabalho e a nossa opressão. E o SENHOR nos tirou do Egito com mão poderosa, com braço estendido, com grande espanto, com sinais e milagres. Ele nos trouxe a este lugar e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel. Eis que, agora, trago as primícias dos frutos da terra que tu, ó SENHOR, me deste” (Deuteronômio 26. 5-10).

 

            Ao ofertarem as primícias da terra, os israelitas se lembram dos seus ancestrais, que não possuíram terra e sofreram inúmeras dificuldades no Egito, antes que o SENHOR finalmente os libertasse. Estas palavras de Deuteronômio 26. 5-10, revelam que esta oferta das primícias não é algo que o povo em si está fazendo para Deus, na verdade, elas confessam que esta oferta das primícias é um Dom do próprio Deus!

 

            A partir desta definição percebe-se que o “alegrar-se” e o “lembrar-se” sempre acompanhavam as ofertas do povo de Deus. Afinal, o povo estava alegre em ofertar daquilo que o SENHOR havia concedido a eles, e durante suas ofertas, eles se lembravam de como o SENHOR foi gracioso para com eles, e somente por isso, agora eles podem, em gratidão a este Deus, trazer as suas ofertas. 

 

            Hoje, as nossas ofertas continuam sendo ofertas de gratidão ao SENHOR por tudo o que ele tem feito por nós e em nossas vidas. Afinal, tudo o que nós somos, tudo o que nós temos e tudo o que nós fazemos vêm do SENHOR.

 

Alguém poderia questionar isso e dizer: eu trabalho duro para conseguir dinheiro, bens, etc. Eu conquisto o que eu tenho! Bom, olhemos para a nossa história: Se trabalhamos é porque temos forças e saúde para tal, e de onde vem isso? Nós conseguimos produzir saúde e força? Não! De novo, tudo o que somos, temos e fazemos vêm do SENHOR.

 

            O nosso ofertar não é uma obrigação da Fé, ele é um fruto da Fé, pois todo aquele que foi liberto da escravidão do pecado e fortalecido pelo SENHOR, deseja alegremente ofertar, pois é grato a Deus e se lembra de tudo o que o SENHOR tem feito em sua vida.

           

            O povo de Israel lembrou-se que fora libertado da Escravidão do Egito através das águas, e fortalecido na caminhada pelo deserto através do pão que desce dos céus até chegar a Terra Prometida. Por causa disso, ele é grato ao SENHOR e oferta as suas primícias. Da mesma forma, hoje, nós nos lembramos que também fomos libertos da Escravidão do pecado através das águas do Batismo, e fortalecidos durante toda a nossa vida nos desertos deste mundo pelo Pão que desce dos Céus e vem a nós na Ceia do Senhor, até chegarmos a Terra Prometida e Eterna conquistada por Cristo e dada de presente, por herança, a cada um de nós que fazemos parte do seu povo. Por causa disso, nós também somos gratos ao SENHOR e ofertamos nossas primícias.

 

            Para concluir, Moisés, no texto de Deuteronômio, lembra que por causa da Graça do SENHOR, você que oferta, em gratidão, “se alegrará por todo o bem que o SENHOR, seu Deus, tem dado a você e à sua casa” (Deuteronômio 26.11).

 

            No tempo de Moisés, hoje e até o fim dos dias, ofertar não é um requisito para se conquistar algo, mas é fruto da Fé, é um reconhecimento e lembrança de tudo o que o SENHOR tem feito, e por isso, é um ato de alegria, pois está acompanhado de imensa gratidão pelo fato do nosso SENHOR ser bom e sua misericórdia durar para todo o sempre!

 

 Amém!

Rev. Helvécio José Batista Júnior
Ministro do Senhor na Igreja Luterana em Naviraí/MS
Novembro, 2022 AD

20/11/2022

Último Domingo do Ano da Igreja - Ano C



Malaquias 3.13-18
Salmo 46
Colossenses 1.13-20
Lucas 23.27-43

🪔 Deus estabeleceu a paz por meio do sangue de Cristo derramado na cruz. Esta é a proclamação mais preciosa para este final do Ano da Igreja. Jesus governa todas as coisas: as visíveis e as invisíveis; os céus e a terra; os mortos e os vivos; os ímpios e os redimidos (Cl 1.13-20). Na cruz, Jesus proferiu palavras que perdoam e reservam o paraíso eterno para os pecadores arrependidos (Lc 23.27-43). Por meio de Cristo Jesus, Deus declara que cada um de nós somos seu tesouro particular para sempre (Ml 3.13-18).

📖 Lutero escreveu: “No jardim, Jesus foi consolado por um anjo. Aqui, na cruz, o consolo vem de um malfeitor pendurado a seu lado. Este é um Deus maravilhoso, que faz com que seu Filho seja consolado por um malfeitor. O malfeitor deve ter enxergado através do corpo de Cristo, através da desonra, zombaria e sofrimento, pois, do contrário, não teria podido crer nem confessar que Cristo era o Senhor e tinha um reino poderoso. E assim, Cristo passou pelo inferno e começa a ter consolo no malfeitor. Deus não permite que sua igreja morra. Por isso se diz com toda razão: A fé que morreu em Pedro, ressuscitou no malfeitor. Porque essa palavra tem de ficar de pé; “Domine entre os seus inimigos”. Então, Cristo se lembra: Apesar de tudo, tenho um Deus gracioso, que me preparou um reino e permite que o pecador desfrute do meu sofrimento. Por isso diz ao malfeitor: “Hoje você estará comigo no paraíso”. O malfeitor reconhece sua culpa e a inocência de Cristo. Por isso conclui: A inocência de Cristo vai me ajudar. E através de uma parede bem grossa ele consegue enxergar o coração de Cristo. O malfeitor é um dos nossos e somos semelhantes a ele. Por isso, invoquemos a Cristo e ele nos responderá: Sim, sim, exatamente como ao malfeitor.” (Castelo Forte com Meditações de Lutero, 1983)

🖼 Crucificação (1532), por Lucas Cranach (1472-1553)

04/11/2022

A ESPERANÇA CONCRETA

 


Então ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreva: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito Santo, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham
(Apocalipse 14:13)

 

A Graça de nosso Senhor Jesus T Cristo e o Amor do Pai e a Comunhão do Espírito Santo sejam com todos!

 No livro O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien, em um momento de guerra, em que a sombra da morte parecia cobrir toda a Terra Média, Gandalf – o Mago Branco, é questionado: “Então assim é o fim? Assim é a morte?”. Ao ouvir estas palavras, ele responde: “Fim? Não! A jornada não acaba aqui! A morte é apenas outro caminho que temos que tomar. Quando a cortina cinza desse mundo se enrola e tudo se transforma em vidro prata,  aí você vê, praias brancas e o além, os campos verdes longínquos sob um belo amanhecer!”.

 Ao ler estas palavras pela primeira vez, eu lembrei de tantas pessoas queridas em minha vida que já partiram. E ao pensar nessas pessoas me dei conta de que Gandalf – o Mago Branco, realmente estava certo: “A morte não é o fim! Ela não pode ser o fim! A jornada não pode terminar dessa forma!” Afinal, se eu acreditar que as histórias terminam no momento em que alguém fecha os olhos neste mundo, então eu estarei jogando fora toda a Esperança que as Sagradas Escrituras ensinam. “Ainda há praias brancas e o além, e campos verdes longínquos sob um belo amanhecer”. Ou seja, “há um novo dia” tanto para mim quanto para aqueles que já cerraram os seus olhos para esses dias.

A morte, em Cristo, é uma bem-aventurança, como nos ensina o próprio Espírito Santo no texto de Apocalipse 14:13, justamente pelo fato de que ela não representa e não é o fim da história! “Ela é apenas outro caminho”. E mais, ela é um outro caminho já trilhado e renovado pelo Senhor e Salvador Jesus.

 Por causa dele e da obra redentora que ele realizou, todas as pessoas que vivem nele não precisam mais se desesperar ou mesmo temer a morte, pois ela agora é um inimigo que se lança sobre nós já derrotado. E é por isso que assim proclama o Apóstolo Paulo: “Tragada foi a morte pela vitória de Cristo!” E continua: “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” (1Coríntios 15: 54-56). Essa vitória, obviamente, não nos impede de chorar. Mas, é importante que se diga: “Nem todas as lágrimas são ruins” (Gandalf, O Senhor dos Anéis). Afinal, o amor e o desejo de estar juntos novamente com os nossos queridos também se revelam em nós através das nossas lágrimas.

 Olhando, então, para esta realidade, a Igreja Cristã desde muito cedo instituiu um dia de Celebração da Esperança e da Vitória sobre a morte: O Dia de Todos os Santos! E esta Celebração, também gerou uma importante ramificação: O Dia dos Fiéis Defuntos, um dia em que os cristãos lembram e choram pelos seus entes queridos.

 Em seu início, infelizmente essa data servia para lembrar as almas que estavam no purgatório. Porém, os verdadeiros cristãos que sabem que o purgatório nada mais é do que uma invenção humana e um ensino contrário a Fé, passaram a ter o Dia dos Fiéis Defuntos como sendo um dia de lembrança daqueles entes queridos que já haviam partido. Porém, não fazem isso em desespero e desolação, “como aqueles que não têm esperança” (1Tessalonicenses 4:13). Não! E é possível perceber isso justamente em uma das mais belas tradições que existe neste dia: O ato de levar flores aos cemitérios e colocá-las junto aos túmulos.

 Vocês já se perguntaram do porquê deste costume? Pois bem, a história é simples e significativa: Existe algo na natureza que melhor expresse a vida do que um belo arranjo de flores? Não! E por isso, os cristãos desde cedo depositam flores junto aos seus pois creem que um dia naquele local de morte florescerá a vida novamente. Afinal, “a morte não é o fim!” E se “são bem-aventurados os que morrem no Senhor”, então cremos como destaca um de nossos hinos: “Em Cristo os santos vão ressuscitar!” (Hinário Luterano, 403.5). E nisto nos agarramos porque assim o próprio Jesus prometeu, ao dizer: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá!” (S. João 11:25).

 O Dia de Todos os Santos e o Dia dos Fiéis Defuntos, portanto, celebram a vitória de Cristo sobre a morte. Pois conforme ensinam as Sagradas Escrituras: Todos aqueles que morreram em Cristo, alguns até de forma cruel como mártires, possuem as suas vidas guardadas junto ao Salvador, descansando e louvando seu nome, orando pela Igreja militante, pela Igreja aqui na terra, e no aguardo do Grande Dia do Senhor.

 O Apóstolo João nos brinda com essa verdade, descrevendo que ele viu junto ao Santuário Celestial uma “grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestes brancas, com ramos de palmeira nas mãos” (Apocalipse 7:9). Mas, quem são estes que fazem parte desta grande multidão celestial?

 Estes são os que vêm da grande tribulação, que lavaram suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro!” (Apocalipse 7:14). Ou seja, são todos aqueles que foram regenerados, purificados, justificados e santificados pelo Cordeiro de Deus que tira o pecado mundo. E por isso, naquele que seria o fim de seus dias, morreram no Senhor e, deste modo fazem parte da “Nova Jerusalém” que no último dia “descerá da parte de Deus, como uma noiva adornada para o seu noivo” (Apocalipse 21:2).  Por tudo isso, eles são chamados santos, pois são bem-aventurados!

Por fim, ainda cabe dizer que estes Santos não formam um grupo estático. Não! A cada dia ele cresce mais! Pois sempre que alguém é lavado e revestido pelo Cordeiro no Santo Batismo ele é tornado santo. E assim, permanecendo em Cristo, quando chega sua hora derradeira, ele também morre em Cristo. E ao morrer em Cristo, toma “este outro caminho”, que leva à Comunhão Celestial – a Igreja Triunfante – que em Cristo, aguarda a Ressurreição no último dia.

  E neste último dia, todos os que estiverem em Cristo poderão desfrutar, para todo o sempre, da Criação restaurada – o novo céu e nova terra, onde o próprio Deus enxugará “toda a lágrima. Onde não existirá mais morte, e não haverá luto, nem pranto e nem dor!” (Apocalipse 21:4).

 Até lá: “Rendemos glória ao nome de Jesus por todos os que estão na eterna luz”, pois “Cristo foi para eles a salvação, foi a luz deles na densa escuridão, e no combate deles, a proteção”. Assim sendo, “todos nós, crentes, podemos continuar a pelejar, e como os santos, no final ganhar o prêmio eterno, o galardão sem par!”. Isto é viver a comunhão dos santos, “uma comunhão bendita e divinal: nós fracos, e eles em poder real, mas todos – no céu e na terra – em Cristo, triunfando contra o mal” (Hinário Luterano, 297).

 Até lá, até o grande e glorioso Dia do Senhor, esperamos em Cristo na certeza de que todas as cores serão uma só, de que o céu e a terra se abraçarão para todo o sempre e junto aos nossos entes queridos poderemos desfrutar da história que jamais termina, da vida em abundância, do lugar que se chama eternidade!

 Amém!

 

Rev. Helvécio J. Batista Júnior
Ministro do Senhor na Igreja Luterana em Naviraí/MS
02 de Novembro, 2022 AD


03/10/2022

ORAR EM FAVOR DE TODOS

 


A I Epístola de S. Paulo a Timóteo 2: 1-4
O Evangelho de nosso Senhor segundo S. Mateus 5: 43-45

Neste mês nosso país está vivendo mais um período de Eleições – eleições muito importantes que delineiam os rumos de nossos estados e de nossa nação. Porém, infelizmente e com imensa tristeza, constatamos que a cada evento como este – que deveria ser uma festa democrática – o que mais se enxerga é o ódio, a calúnia, a falta de respeito e o desejo para que o outro seja prejudicado. Por tudo isso, é oportuno que ouçamos com bastante atenção as inspiradas e preciosas palavras do Apóstolo Paulo registradas em sua I Epístola a Timóteo: “Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças em favor de todas as pessoas” (1Timóteo 2:1). Ou seja, antes de qualquer palavra de ódio, antes de qualquer repúdio, antes de qualquer desejo mal e antes de qualquer rancor pelo adversário e por aquele que pensa diferente, o Apóstolo pede a vocês que são cristãos, servos do Senhor e parte de sua Igreja, que orem em favor de todas as pessoas, e não somente em favor das que lhe convém!

 

E orar em favor de todas as pessoas significa exatamente isso: orar em favor de todos, sem exceção, sejam eles cristãos ou incrédulos, amigos ou inimigos, partidários ou contrários. Afinal, no que diz respeito a atitude cristã de orar, aquilo que Jesus ensinou a respeito desta prática, deste fruto da fé, e que nós obeservamos no Evangelho segundo S. Mateus 5, precisa ser levado a sério: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo.’ Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para demonstrarem que são filhos do Pai de vocês, que está nos céus. Porque ele faz o seu sol nascer sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (S. Mateus 5: 43-45).

 

A oração cristã não é o momento de fazer acepção, e justamente, por isso, o Apóstolo segue sua exortação, dizendo: “Orem em favor dos reis e de todos os que exercem autoridade, para que vivamos vida mansa e tranquila, com toda piedade e respeito” (1Timóteo 2:2). Assim, trazendo estas palavras para a nossa realidade atual, orem por todos os governantes, independentemente de quais foram ou serão eleitos, pois todos eles, em virtude de seu ofício, merecem honra e respeito. Além disso, orem por todos os que governam para que eles possam desempenhar bem e dignamente o seu ofício, pois isso trará benefícios também para vocês, que são cristãos, como parte da sociedade. Afinal, um governo civil estável permite que vocês e todos os cristãos possam levar adiante as suas vocações sem obstáculos ou grandes perseguições. Ainda, é preciso lembrar que mesmo um governante que seja ruim aos nossos olhos e que não esteja realizando bem seu trabalho, necessita também ser alvo de nossas orações, para que se arrependa e cumpra o seu dever, ou então, para que possa dar lugar a outro, de acordo com a boa e santa vontade de Deus.

 

            Acima de tudo isso, porém, orem em favor de todas as pessoas, inclusive em favor de todos os governantes, porque “isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador” (1Timóteo 2:3). Ou seja, orar é um mandamento de nosso Senhor, e ele se agrada quando colocamos em orações todos aqueles que estão ao nosso redor, bem como todos aqueles que nos governam, mesmo que estes não sejam para nós, as melhores ou as mais adequadas pessoas para tais funções.

 

Infelizmente, em nossos dias, é mais fácil desejar o mal, está muito mais na moda protestar contra o outro, e é mais politicamente correto defender exclusivamente a sua própria felicidade, em detrimento de seu próximo. Entretanto, a Palavra de nosso Deus, por meio do seu Apóstolo, como observamos na I Epístola a Timóteo, está admoestando os cristãos: antes dos desejos maus, orem pelo seu semelhante, independente de ele ter ou não ter a mesma ideologia de vida que você; antes de protestar contra tudo e todos, orem por aqueles que governam, independente se vocês os consideram amigos ou inimigos, para que eles possam exercer bem o seu ofício; e por fim, antes de defender exclusivamente a sua própria felicidade, orem também pela felicidade do outro, para que vocês não sejam pessoas tão solitárias que logo não terão mais motivos para alegria, mas sim que vocês possam viver em uma sociedade mais feliz, mais respeitosa e mais justa!

 

A minha oração é para que nosso Senhor abençoe esse período que estamos vivendo em nosso país! Que haja paz e tranquilidade! E que assim, cada um de nós possamos, movidos e conduzidos pelo Espírito Santo, exercer a cidadania não como quaisquer pessoas, mas como cristãos, que votam, torcem, oram e esperam pelo bem não somente de nós mesmos ou daqueles que gostamos ou admiramos, mas sim, de todas as pessoas!

 

Amém!

 

Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Naviraí/MS – 2022 AD

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20/09/2022

A LOUCURA DA MISERICÓRDIA

 


O Evangelho de nosso Senhor segundo S. Lucas 16: 1-15

 

O Evangelho de nosso Senhor segundo S. Lucas 16 traz aquela que é considerada a parábola mais polêmica já contada por Jesus. E isto se dá pelo fato de que em uma leitura rápida, pode parecer que Jesus tenha elogiado a desonestidade do ser humano. E obviamente não é isso que está ocorrendo aqui.

 

            Olhemos, portanto, para a parábola em si: “certo homem rico tinha um administrador. Um dia ele recebeu uma denúncia de que esse administrador estava desperdiçando os seus bens. Então, chamando-o, lhe disse: que é isto que ouço a seu respeito? Preste contas da sua administração, porque você não pode mais ser o meu administrador” (S. Lucas 16: 1-2).

 

            O administrador daquele homem rico não pode contestar o seu superior, ele sabe que realmente estragou tudo, e que agora, na iminência de sua demissão precisa pensar no que fazer, afinal, por seu mau trabalho ele perdeu tudo o que tinha até então.

 

            Assim, aquele administrador começa a analisar suas opções, e para sua infelicidade, as conclusões que ele chega são as mais desanimadoras possíveis: “Que farei, agora demitido? Trabalhar na terra, não posso. De mendigar, tenho vergonha” (S. Lucas 16:3).

 

            Diante desse difícil quadro, aquele administrador percebe que por ele mesmo, por suas forças ou por suas capacidades, ele está totalmente perdido. Não há solução para o seu problema. Assim, ele nota: a sua salvação precisa vir de fora, a resolução da sua situação não está em si, o fim do seu desespero deve vir de outro até ele.

 

            Por causa disso, ele aposta na graça de seus devedores e então, “tendo chamado cada um” reduz drasticamente suas dívidas (S. Lucas 16: 4-7). Entretanto, é aí que algo fora do esperado acontece, algo que jamais aquele administrador poderia imaginar, algo que pode ser considerado loucura! Quando seu ex patrão ficou sabendo ele estava fazendo “o elogiou por sua esperteza” (S. Lucas 16:8).

 

            Mas, como assim? O homem rico está elogiando a desonestidade do administrador? Não! Ele, na verdade, está elogiando a sabedoria do administrador em perceber que a sua salvação não estava nele próprio e sim fora dele!

 

            Isso faz sentido em uma parábola contada por Jesus Cristo aos seus discípulos, sua Igreja? Sim! Porque mesmo que nós não gostemos de admitir, todos nós, por nossa própria natureza somos administradores infiéis. Estamos, por nós mesmos, na mesma situação do administrador da parábola, na iminência de nossa demissão. E assim como ele não tinha, nós também não temos nada em nós mesmos que possa mudar isso.

 

            E por favor, não vamos querer perceber o cisco no olho desse administrador infiel ou em qualquer outra pessoa e se esquecer da trave que está no nosso. Não é por menos que a cada Culto Divino, ao chegarmos na Casa do Senhor, somos lembrados de quem nós verdadeiramente somos por natureza: “pobres e miseráveis pecadores, isto é, pessoas pecaminosas e impuras”.

 

            Por isso que, se há alguma coisa valiosa na história do administrador da parábola contada por Jesus é justamente aquilo que foi elogiado pelo seu superior: “a sabedoria de perceber que a sua salvação não estava em si próprio, mas fora dele”.

 

            Nós, mesmo não cometendo as mesmas desonestidades desse personagem, mesmo sendo cristãos devotos, mesmo estando envolvidos no trabalho da Igreja do Senhor, acabamos muitas vezes achando que, ao menos em parte, a Salvação esteja em nós ou em nossos esforços e nossas obras. As vezes, achamos que nossas riquezas – independente do que sejam, desde dons até bens – podem nos garantir o perdão e a vida eterna. Afinal, tudo o que precisamos nós conquistamos, tudo o que queremos nós trabalhamos para ter, tudo o que ansiamos nós nos esforçamos e alcançamos. Nós pensamos assim, e muitas vezes agimos assim.

 

            Mas a verdade não é essa! Existem sim muitas coisas no nosso dia a dia que conquistamos e alcançamos por nossa persistência e esforço. Agora, naquilo que diz respeito ao Reino de Deus, isto é, as coisas de Deus, não! Nós não podemos conquistar ou alcançar, e é justamente por isso que Jesus contou esta parábola para os seus discípulos, para a sua Igreja, para que não achemos que talvez por alguma posição, ou por algo que tenhamos feito em meio a comunidade cristã, sejamos agora sejam dignos da salvação.

 

            E nossa inclinação, infelizmente, é essa: queremos nos justificar diante de Deus para que ele fique feliz conosco. Mas Jesus repreende esse pensamento, afirmando enfaticamente: “nenhum servo pode servir a dois senhores; porque irá odiar um e amar o outro ou irá se dedicar a um e desprezar o outro” (S. Lucas 16:13). Isto é, ou servimos a nós mesmos e aquilo que consideramos ser nossas maiores riquezas, ou então servimos ao Senhor e, nele, encontramos a verdadeira riqueza.

 

            Por tudo isso, nós cristãos precisamos chegar a mesma conclusão que chegou o administrador infiel da parábola: “Não consigo fazer isso, tenho vergonha daquilo, não há nada em mim mesmo que possa me ajudar. Então, preciso apostar no outro, preciso confiar em outro. A salvação para meu dilema, minha situação e minha vida não está em mim, mas está fora de mim!

 

            Se nós não formos por essa direção, seremos acusados por Jesus da mesma forma que os fariseus, os religiosos de seu tempo o foram: “Vocês são os que se justificam diante dos homens, mas Deus conhece o coração de vocês; pois aquilo que é elevado entre os homens é abominável diante de Deus” (S. Lucas 16: 14-15).

 

            O Apóstolo Paulo, conforme a Epístola de hoje, deixa bem claro onde está a salvação: em “Deus, nosso Salvador”, aquele que “deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Timóteo 2: 3-4). E antes de qualquer apego a sua ação para se chegar até Deus, o Apóstolo o lembra: “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e a humanidade, Jesus Cristo”, aquele que “deu a si mesmo em resgate por todos” (1Timóteo 2: 5-6). Portanto, não só  a salvação está fora de você como também o caminho para a salvação está fora de você!

 

Ainda cabe lembrar que o patrão na parábola de Jesus somente demite o seu administrador, não o cobra por seu desperdício, não o faz pagar pelos seus erros. E ele poderia exigir essas coisas, mas ao invés disso, ele age com misericórdia.

 

            Na relação de Deus conosco não é diferente. Se ele exigisse que nós pagássemos pelos nossos pecados, como nós as vezes achamos, usando aquelas erradíssimas frases, como por exemplo, “fulano está assim porque está pagando pelo que fez”, nós não teríamos nenhuma chance de misericórdia, vida e salvação.

 

            “Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre” (Salmo 113:2) por ele não agir assim. Na verdade, ele prefere “levantar o pobre do pó e tirar o necessitado do monte de lixo” (Salmo 113:7). Ou seja, por meio do “Mediador”, Jesus Cristo, ele prefere agir misericordiosamente em nossa vida, e assim, ao invés de nós pagarmos o preço pelos nossos pecados, outro o faz por nós, e na verdade já o fez, no alto de uma cruz! Para nós a salvação é Graça, pura Graça! Para Cristo, ela cobrou o derramamento do seu santo, inocente e precioso Sangue!

 

            Esse é o ponto! A desonestidade daquele administrador mostra quem realmente todos nós somos diante de Deus; já a ação daquele patrão em não exigir o pagamento por todos os erros do seu empregado revela a loucura que é a misericórdia de Deus por nós, pessoas pecaminosas e impuras que merecem a demissão eterna, mas que por causa da Obra de Cristo, o Mediador, foram agraciadas.

 

            Assim sendo, diante de tudo isso, façamos 3 coisas: a) paremos de olhar para nós mesmos e confiar em nós mesmos; b) lutemos contra a maldade, infidelidade e desonestidade que preenchem os nossos corações; c) e por fim, reconheçamos que nossa vida verdadeira, o perdão que precisamos, o caminho para a eternidade e a salvação não estão em nós, estão fora de nós, estão naquele que era, que é e que sempre será: o nosso Deus, nosso Senhor e Salvador.

 

Rev. Helvécio J. Batista Júnior
Ministro do Senhor em Naviraí/MS, 2022 AD

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18/09/2022

Décimo Quinto Domingo após Pentecostes - Ano C - Próprio 20

 


💒 DÉCIMO QUINTO DOMINGO APÓS PENTECOSTES - Ano C - Próprio 20

👑 Salmo 113

1️⃣ Antigo Testamento: Amós 8.4-7

2️⃣ Epístola: 1 Timóteo 2.1-15

✝️ Evangelho: Lucas 16.1-15

🪔 Fiéis mordomos dos dons de Deus se ancoram em constante súplica, oração, intercessão e ação de graças (1 Timóteo 2.1-15). Sabemos que a riqueza pertence a um mundo caído. A obsessão pelas riquezas ameaça nossa lealdade a Deus (Amós 8.4-7). Cristo supera o valor de todos os bens materiais. Ele é nosso tesouro eterno, que pagou o grandioso preço – resgatando nossa vidas à custa da sua própria vida (Lucas 16.1-15).

📖 C. F. W. Walther (1811-1887) escreveu: "Somente Cristo conquistou nossa entrada no céu por nós, mas nenhuma pessoa será admitida a menos que tenha testemunhas de que realmente creu nele. Essas testemunhas estão entre nossos irmãos a quem servimos com nossos bens e dons na terra ... Vamos, pois, nós pobres pecadores, agarrarmos a Cristo em fé e demonstrarmos essa fé através da mordomia responsável sobre todos os dons e bens que nos são confiados." (God Grant It. CPH, 2006. pág. 621)

🖼 Parábola do Administrador Infiel, por Andrei Nikolayevich Mironov (*1975)