31/10/2016

Halloween: participação obrigatória?


Mesmo luteranos, que não tem muito problema com o Halloween, podem se deparar com a deturpação da festividade e das brincadeiras quando a temática é abordada em escolas seculares. E, assim como podemos ser evangélicos e sensatos com quem gosta de brincar no Halloween e o entende como uma cultura surgida dentro de um contexto cristão (já apresentamos esta possibilidade em artigos anteriores postados aqui no blog), também devemos, dentro da liberdade cristã, respeitar quem não gosta e não vê algo divertido e agregador nesta festa, especialmente quando se ultrapassa o limite do bom senso.  É o que aborda a procuradora federal (PRF4) Rosângela Fernandes da Silveira John em artigo publicado no Zero Hora, que transcrevemos abaixo.

Artigo: Halloween: participação obrigatória?

Por: Rosângela Fernandes da Silveira John, Procuradora federal
31/10/2009 - 03h20min

No Brasil, até há pouco tempo, 31 de outubro era uma data qualquer, já que não encontra qualquer referência com nossa cultura. Mas isso mudou. Hoje em dia é comemorado o Halloween ou o Dia das Bruxas. Algumas escolas comemoram inserindo o tema nas próprias atividades didáticas. Alunos devem desenhar/criar seres imaginários do mal de toda espécie: bruxas, diabos, fantasmas, vampiros, monstros. Até mesmo o Jason Voorhees – Sexta-Feira 13 – pode ser lembrado e homenageado. São realizados até desfiles com concurso de fantasias. Todos têm que gostar. É um atropelo, mães correndo atrás de fantasias (e quem não pode comprar?) em busca do mais horrendo. O mais horrendo ganha o concurso.

Dá para parar e pensar se gostamos de Halloween? Temos o direito de não gostar?

O simbolismo da data, além de bruxas, envolve demônios, fantasmas, morte, trevas, esqueletos, medo e terror.

Festejar isso na escola é certo? Agrega? Como funciona na cabeça das crianças?

Fala-se muito em ser “do bem”. Entretanto, aparece na festa da escola até o Jason Voorhees, brutal assassino da série Sexta-Feira 13, que elimina jovens com requintes de crueldade (sim, é permitido participar das festividades fantasiado de Jason). E o Jason pode ganhar o concurso de melhor fantasia com sua faca machete suja de sangue!

Não se trata aqui de questionar preferências ou gosto por filme de terror. Trata-se de refletir sobre a capacidade infantil de discernir o que é do bem do que é do mal. Como esta ficção contribui para a formação da personalidade do cidadão que queremos para o futuro?

Pode-se pensar em algo mais concreto: e a criança que nitidamente expressa pavor, tem pesadelos, chora de medo ou simplesmente se permite não gostar de tais seres e símbolos? Ela tem esse direito? Ou ela é obrigada a gostar e a participar das atividades? Na hipótese de não participar, como ela vai resolver o constrangimento de explicar a cada professor e a cada colega por que não gosta de Halloween??!!

Ao decidir onde matricular seu filho, os pais levam em conta vários fatores, entre eles a linha religiosa adotada pela escola. Porém, a partir da última quinzena do mês de outubro, sem escolha, os pais podem ser surpreendidos pela obrigatória comemoração do Halloween, na qual a participação do filho é, inclusive, avaliada.

Estamos diante da imposição de costumes “importados”, com objetivos principalmente comerciais, que são “engolidos” sem qualquer reflexão.

É comum ouvir: “É só uma brincadeira, é um trabalho lúdico. As crianças adoram. Não tem conotação religiosa”.

Ao contrário dessa afirmação, em síntese podemos afirmar que as comemorações do Halloween remontam crenças e rituais celtas, professados pelos druidas, membros de um culto sacerdotal pagão na antiga França, Inglaterra e Irlanda. Ainda hoje, em todo o mundo existem adeptos e seguidores dessas crenças e rituais como religião.

Assim, o Halloween tem cunho religioso, e o fato de as escolas adotarem como data comemorativa atenta contra um dos mais elementares princípios constitucionais: o direito fundamental de liberdade de crença, assegurado pelo artigo 5º, incisos VI e VIII, da Constituição Federal.

A Constituição assegurou o direito dos pais de liberdade de crença que lhes permite festejar ou não o Dia das Bruxas. E a criança pode ter e expressar seu medo sem ser obrigada a gostar de bruxas, demônios, fantasmas, esqueletos. Pode, ainda, simplesmente não gostar sem explicar por que, tampouco pode ser constrangida por isso. É livre para gostar ou não gostar. O Halloween, enfim, não faz e não pode fazer parte do currículo escolar.

É de todo recomendável, pois, que escolas e educadores repensem o assunto hoje.

Reinheitsgebot e a Reforma

Alguns anos atrás, ainda na época do Seminário, tive a oportunidade de assistir algumas palestras realizadas pelo Pastor Renato Regauer. Me dou a liberdade de compartilhar com todos os leitores um texto produzido por ele:
"Sempre me despertou muita curiosidade uma inscrição encontrada em grande parte das garrafas de cerveja: “Produzida segundo a lei alemã de pureza da cerveja de 1516”. É a famosa Reinheitsgebot.

Na minha curiosidade fui investigar essa Lei, e encontrei o seguinte: No dia 22 de abril de 1516, o duque Guilherme IV da Baviera (Bavária, Bayern, região de Munique – Estado da Alemanha) passou por um Bierhaus (bar) e bebeu uma cerveja. Durante a noite o duque passou muito mal, levantou com muita dor de cabeça – uma ressaca enorme. Ele estava convencido de que a culpada era aquela cerveja produzida com ingredientes estranhos. De fato, os cervejeiros andavam inventando fórmulas – misturavam de tudo, inclusive incluíam ingredientes bizarros como fuligem e cal, para variar o sabor.

Sob essa violenta ressaca, naquele mesmo dia, 23 de abril de 1516 (um ano e meio antes da Reforma!), o duque Guilherme IV promulgou a lei da pureza da cerveja, que instituía que a cerveja deveria ser produzida apenas com estes três ingredientes: água limpa, malte de cevada e lúpulo. A levedura ainda não era conhecida na época, por isso foi incluída mais tarde.

Essa lei constitui um dos mais antigos decretos na área dos alimentos e em 1906 se estendeu a toda a Alemanha. Depois surgiram outras leis complementares, algumas delas muito curiosas como esta difundida em cartazes coladas às portas das latrinas que ficavam sobre os riachos: “O prefeito (Burgermeister) decreta que, uma vez que nas quartas-feiras se usa a água do riacho para fazer cerveja, a latrina não deve ser usada desde as terças”.

Assim, ainda hoje, a maioria dos produtores de cerveja de qualidade seguem essa lei, garantindo um produto natural e saudável. Aqui no Rio Grande do Sul são frequentes as adulterações de leite com água, cal, soda cáustica e formol. Sabemos como bebidas ou alimentos adulterados podem ser maléficos para a saúde e inclusive levar à morte.

Se alimentos para nutrir nosso corpo precisam ser limpos e puros, imaginem quando se trata dos nutrientes espirituais para a nossa alma! É isso que celebramos hoje: nossas almas não precisam estar de ressaca ou com dor de barriga, nem precisam morrer porque ingerimos um evangelho contaminado. Lutero, ao afixar suas 95 teses à porta da igreja em Wittenberg estava baixando um decreto de pureza do Evangelho – uma volta aos ingredientes originais e puros da fé cristã: sola Scriptura, sola Gratia, sola Fide"

Rev. Renato Regauer
Congregação Evangélica Luterana São Mateus - Sapiranga/RS
 

Missa Alemã de Lutero


Esta ordem litúrgica foi utilizada na Congregação Evangélica Luterana Paz, cidade de Ponta Grossa, Paraná, na comemoração dos 499 anos da Reforma Luterana.
Nota Introdutória: A Missa Alemã de Lutero foi oficiada pela primeira vez em 29 de outubro de 1525 na igreja de Wittemberg pelo diácono Jorge Rörer. A ordem que segue é o esquema da missa original. A epístola e o evangelho fazem parte dos próprios para o Dia da Reforma, segundo a série Trienal. Lutero fez orientações para o canto das leituras da epístola e do evangelho. Neste culto as leituras serão cantadas pelo oficiante, tentando aplicar as orientações de Lutero. Os três primeiros hinos indicados a serem cantados durante a Distribuição da Ceia são os mesmos que Lutero indicou originalmente.

1.      Hino – “Castelo Forte” – Hinário Luterano nº 165
1. Castelo forte é nosso Deus/ defesa e boa espada; / da angústia livra desde os céus/ nossa alma atribulada. / Investe Satã/ com hábil afã/ e sabe lutar/ com força e ardil sem par; / igual não há na terra. /
2. Sem força para combates, / teríamos perdido. / Por nós batalha e irá vencer / Quem Deus tem escolhido. / Quem é vencedor? / Jesus Redentor, / o próprio Jeová, pois outro Deus não há; / triunfará na luta. /
3. O mundo venham assaltar / demônios mil, furiosos, / jamais nos podem assombrar, / seremos vitoriosos. / Do mundo o opressor, / com todo rigor / julgado ele está; / vencido cairá / por uma só palavra. /
4. O Verbo eterno ficará, / sabemos com certeza, / e nada nos perturbará / com Cristo por defesa. / Se vieres roubar / os bens, vida e o lar / que tudo se vá! / Proveito não lhes dá. / O céu é nossa herança. /

2.      Kyrie (cantado pelo oficiante)
P Kyrie eleison (Tradução, não canta, Ó Senhor, misericórdia). Christe eleison (Tradução, não canta, Ó Cristo, misericórdia). Kyrie eleison (Tradução, não canta, Ó Senhor, misericórdia).

3.      Coleta
P Ó Senhor Deus, Pai Celestial, derrama, te rogamos, o teu Espírito Santo sobre o teu povo fiel, mantém-nos constantes na tua graça e verdade, protege e consola-nos em todas as tentações, defende-nos de todos os inimigos da tua palavra, e concede à igreja militante de Cristo a tua paz salvadora; mediante Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos sem fim.                                           

4.      EPÍSTOLA (cantada pelo oficiante) – Rm 3.19-28

5.      HINO: “Fortalece a tua Igreja”
1. Fortalece a tua igreja, / ó bendito Salvador! / Dá-lhe tua plena graça, / vem, renova seu vigor. / Vivifica, vivifica / nossas almas, ó Senhor! / Vivifica, vivifica / nossas almas, ó Senhor! /
2. Vem, concede por bondade, / em perfeita comunhão, / a pureza na doutrina, / a constância na oração./ Purifica, purifica / nossas mentes, ó Senhor! / Purifica, purifica / nossas mentes, ó Senhor! /
3. Dá amor, fé e esperança / ao rebanho, ó bom Jesus, / a pregar teu Evangelho / e viver na eterna luz. / Santifica, santifica / nossas vidas, ó Senhor! / Santifica, santifica /  nossas vidas, ó Senhor!/

6.      EVANGELHO (cantado pelo oficiante) – Jo 8.31-36

7.      CREDO
1. Nós cremos todos num só deus: / nosso pai e criador, que governa terra e céus. / anjos cantam-lhe louvor. / tudo faz com seu poder, / sempre quer nos socorrer. /
2. E cremos no senhor Jesus,/ que da virgem-mãe nasceu;/ com sua morte lá na cruz /a satã por nós venceu./ vitorioso ressurgiu/ e com glória ao céu subiu./
3. E cremos no Consolador, /que do Filho o Pai provém, / sendo terno amparador/ dos que em aflições se vêem. / és Triúno, ó bom Senhor; /cantem todos eu louvor!

8.      Sermão
9.       Paráfrase do Pai Nosso e exortação aos que pretendem ir ao sacramento
P Caros amigos em Cristo, visto que estamos reunidos aqui em nome do Senhor para receber seu Sagrado Testamento, admoesto-vos, em primeiro lugar, que eleveis vosso coração a Deus para comigo orar o Pai Nosso como nos ensinou Cristo nosso Senhor, com a confortadora promessa de que será ouvido.
C Que Deus, nosso Pai do céu olhe misericordiosamente a nós, seus miseráveis filhos na terra, e nos conceda a graça de que seu santo nome seja santificado entre nós e em todo o mundo por ensinamento puro e correto de sua Palavra e por fervoroso amor de nossa vida; queira graciosamente afastar toda falsa doutrina e vida malvada, pelas quais seu digno nome é blasfemado e profanado.
P Que também seu Reino venha e seja aumentado, levando todos os pecadores ofuscados e presos pelo diabo em seu reino ao reconhecimento da fé autêntica em Jesus Cristo, seu Filho, e multiplicando o número dos cristãos. Que também sejamos fortalecidos com seu Espírito a cumprir e sofrer sua vontade na vida como na morte, no bem como no mal, sempre quebrando, sacrificando e aniquilando nossa vontade.
C Queria dar-nos também nosso pão de cada dia, guardar-nos da cobiça e preocupações do ventre, esperando dele o suficiente de tudo que é bom.
P Queira perdoar-nos também nossa culpa, assim como nós perdoamos aos que estão em dívida conosco, para que nosso coração tenha uma consciência tranqüila e segura perante ele e não temamos nem nos aterrorizemos jamais por pecado algum.
C Que não nos conduza a provações, mas nos ajude por seu Espírito a dominar a carne, a desprezar o mundo com sua natureza e vencer o diabo com todas as suas manhas.
PC E por fim, queira redimir-nos de todo o mal, físico e espiritual, temporal e eterno. Todos os que sinceramente almejam tudo isso, digam de coração: ‘Amém’, acreditando sem dúvida alguma que será realmente ouvido no céu, como nos promete Cristo: ‘O que pedirdes, crede que o tereis, e assim há de suceder [Mc 11.24]. Amém.’
P Além disso, eu vos exorto em Cristo que recebais o testamento de Cristo em verdadeira fé e, principalmente, graveis firmemente no coração as palavras em que Cristo nos presenteia com seu corpo e sangue para o perdão; que vos lembreis e agradeçais pelo amor imerecido que ele nos demonstrou ao nos redimir da ira de Deus, do pecado, da morte e do inferno por meio do seu sangue, tomando então exteriormente o pão e o vinho, isto é, seu corpo e sangue como garantia e penhor. Portanto, tomemos e usemos assim o testamento em seu nome e por sua ordem, por ele mesmo expressa.


11.  ORAÇÃO DO PAI NOSSO
Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores, e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do T mal, pois teu é o reino, o poder e glória para sempre. Amém.

12.  CELEBRAÇÃO DA CEIA E CONSAGRAÇÃO
Oficiante canta as Palavras da Instituição.

13.  DISTRIBUIÇÃO
1. Sanctus alemão: “No templo a Isaías sucedeu”: HL nº 234./ 2. “A Deus louvemos”: HL nº 264./ 3. Agnus Dei: HL nº 235.

14.  COLETA
P Agradecemos-te, Senhor Deus todo-poderoso, por nos teres saciado com esta dádiva salutar, e pedimos a tua misericórdia, que ela frutifique em nós para vigorosa fé em ti e fervoroso amor entre nós todos, por Jesus Cristo, nosso Senhor.
C Amém.

15.  BÊNÇÃO
P O Senhor te abençoe e te guarde. / O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti. O Senhor levante o seu rosto sobre ti e te dê a paz.                                       
C Amém.


24/10/2016

Festa de São Tiago de Jerusalém, primo ou irmão de Jesus e Mártir – 23 de outubro


São Tiago de Jerusalém (ou “Tiago, o Justo”) é referido por São Paulo como “o irmão do Senhor” (Gálatas 1.19). Alguns teólogos modernos acreditam que Tiago era filho de José e Maria e, portanto, um irmão biológico de Jesus. Mas na maior parte da Igreja (historicamente, e ainda hoje), o termo de Paulo “irmão” é entendido como “primo” ou “parente”, e Tiago é tido como o filho de uma irmã de José ou Maria, que ficou viúva e foi morar com eles. Juntamente com outros familiares de nosso Senhor (exceto sua mãe), Tiago não cria em Jesus até sua ressurreição (João 7.3-5; 1 Coríntios 15.7). Depois de se tornar um cristão, Tiago foi elevado a uma posição de liderança dentro da primeira comunidade cristã. Sobretudo após a saída de São Pedro de Jerusalém, Tiago foi reconhecido como o bispo da Igreja naquela cidade santa (Atos 12.17; 15.12 ss.). Segundo o historiador Josefo, Tiago foi martirizado em 62 d. C., sendo apedrejado até a morte pelos saduceus. Tiago foi o autor da Epístola no Novo Testamento que leva o seu nome. Nela, ele exorta seus leitores a permanecerem firmes na única fé verdadeira, mesmo diante de sofrimento e tentação, e viver a vida pela fé que há em Cristo Jesus. Tal fé, ele deixa claro, é uma coisa operante e ativa, que nunca cessa de fazer o bem, confessar o Evangelho com palavras e ações, e arrisca a sua vida, tanto agora como sempre, na cruz.


Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:
† Primeira Leitura: Atos 15.12-22a
† Salmo: Salmo 133 (antífona vers. 1)
† Epístola: Tiago 1.1-12
† Santo Evangelho: S. Mateus 13.54-58


ORAÇÃO DO DIA:


Pai Celestial, pastor do teu povo, tu levantaste Tiago, o Justo, irmão de nosso Senhor, para liderar e orientar a tua Igreja. Concede que possamos seguir o seu exemplo de oração e reconciliação e sermos fortalecido pelo testemunho de sua morte; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.


FonteTreasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p 841, 842)



São Tiago de Jerusalém, primo ou irmão de Jesus e Mártir



Treasury of Daily Prayer [Concordia Publishing House] observa que, enquanto alguns teólogos modernos acreditam que São Tiago tenha sido filho de José e da Virgem Maria, em grande parte da Igreja (historicamente e ainda hoje) o título de “irmão” é entendido como parente. São Tiago é o autor da epístola que leva seu nome no Novo Testamento, onde ele humildemente refere a si mesmo um “escravo de Jesus Cristo”. Josefo relata a história de seu martírio em 62 d. C.

O Pastor Gregory Wismar escreveu uma estrofe do hino “Por Todos os Santos” em honra de São Tiago de Jerusalém:

We sing of James, Christ's brother,
     Who at Jerusalem
Told how God loved the Gentiles
     And, in Christ, welcomed them.
Rejoicing in salvation
     May we too, by God's grace,
Extend Christ's invitation
     To all the human race.
(Lutheran Service Book, 518:27)

De Tiago, irmão de Cristo, entoamos
     Que em Jerusalém 
Mostrou como Deus os gentios amou
     E em Cristo, os acolhe também. 
Alegrando-se na salvação
     Possamos, pela graça divinal,
Estender a cristã convocação
     A toda raça terreal.
(Hinário Luterano da LCMS, 518:27)

A estrofe tem em mente o papel que São Tiago desempenhou no grande Concílio de Jerusalém, que ele presidiu, juntamente com São Pedro e São Paulo.


A coleta para o dia de hoje pede que “possamos seguir o seu exemplo de oração e reconciliação e sermos fortalecido pelo testemunho de sua morte".

Rev. William C. Weedon, diretor de Culto e capelão do Centro Internacional da Igreja Luterana – Sínodo Missouri. (Traduzido de Weedon's Blog, 23.10.2008)

Sermão pregado no dia de São Tiago (23/10)



Sermão pregado na Congregação Evangélica Luterana Paz de Ponta Grossa em honra a Deus pela vida de São Tiago, comemorado no dia 23 de outubro.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Alguém já ouviu em falar no termo adiáforo? É um termo usado pelos pais luteranos para designar aquilo que não é expressamente ordenado na Bíblia ou aquilo que não é proibido. Para o cristão, amar a Deus não é um adiáforo, crer em Jesus como Salvador também não, pois, a Bíblia orienta que devemos amar a Deus e confiar em Jesus como Salvador. Do outro lado temos as coisas proibidas, por exemplo, matar. Isto também não é um adiáforo, pois, Deus diz claramente: “Não matarás.” Adiáforo significa aquilo que não foi ordenado e nem proibido e neste quesito, temos a liberdade.
O sermão de hoje está divido em três partes: 1) Evangelho; 2) Atos e 3) Testemunho de Tiago no livro de Tiago.
A primeira parte é do Evangelho do dia (Mateus 13.54-58). Hoje estamos falando do São Tiago, irmão de Jesus. A grande pergunta que se fez, faz e ainda se fará é:  "Tiago é irmão de Jesus ou primo?" E este assunto foi discutido, rediscutido e não perdeu força ainda. Se considerar que Tiago é irmão de Jesus, estou assumindo que Maria teve outros filhos. Se eu disser que são primos, parto do pressuposto que Maria morreu virgem (Maria Semper Virgo).
Li um artigo que coloca as duas ideias na mesa, argumenta e conclui que ambas as leituras são possíveis. Se vocês permitirem compartilhar a minha opinião, que acompanha o tradição e por ser fã de carteirinha da Bem-Aventurada Virgem Maria, gosto da ideia de que Tiago era primo de Jesus. Comecei falando em adiáforos, creio que este caso seria um bom exemplo, pois, o fato de crer não vai abrir o céu para mim. Se não crer, o céu não será fechado. O céu é aberto para aquele que confia naquilo que o Filho da Bem-Aventurada Maria, Jesus Cristo, fez na cruz.  
A segunda parte vem do livro dos Atos dos Apóstolos 15.12-22: Se ele era fato primo de Jesus ou seu irmão, deixa de ser relevante no dia de hoje, pois, o mais importante é o seu testemunho. Se falarmos que a salvação é para todos, creio eu, que ninguém ficaria espantado e nem muito menos ofendido.
No entanto, no começo da fé cristã, isto não estava tão claro assim, aliás, não estava nada claro. Ocorreu discussão sobre quem seria salvo e quem não seria salvo. A ideia que era necessário ser judeu, passar pelos ritos judaicos, e finalmente após tudo, a pessoa estaria pronta para a fé cristã. E São Tiago, conduzido pelo Espírito Santo, nós dá a resposta: “Quando eles terminaram de falar, Tiago disse: — Meus irmãos, escutem! 14Simão acabou de explicar como Deus primeiro mostrou o seu cuidado pelos não judeus, escolhendo do meio deles um povo que seria dele. 15As palavras dos profetas estão bem de acordo com isso, pois as Escrituras Sagradas dizem: 16“Depois disso eu voltarei — diz o Senhor — e construirei de novo o reino de Davi, que é como uma casa que caiu. Juntarei de novo os pedaços dela e tornarei a levantá-la. 17Assim todas as outras pessoas, todos os outros povos que eu chamei para serem meus, vão procurar conhecer o Senhor. Assim diz o Senhor, 18 que anunciou essas coisas desde os tempos antigos.” 19E Tiago continuou: — A minha opinião é esta: eu acho que não devemos atrapalhar os não judeus que estão se convertendo a Deus.”
Terceira parte (Tiago 1.1-12): A terceira parte são os conselhos que ele nos deixa em seu livro sobre as provações, sabedoria, fé, o contentamento. Sobre as provações ele escreve: “Meus irmãos, sintam-se felizes quando passarem por todo tipo de aflições. 3Pois vocês sabem que, quando a sua fé vence essas provações, ela produz perseverança. 4Que essa perseverança seja perfeita a fim de que vocês sejam maduros e corretos, não falhando em nada!
Sobre a sabedoria e fé escreve: “Mas, se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos. 6Porém peçam com fé e não duvidem de modo nenhum, pois quem duvida é como as ondas do mar, que o vento leva de um lado para o outro. 7Quem é assim não pense que vai receber alguma coisa do Senhor, 8pois não tem firmeza e nunca sabe o que deve fazer.
Sobre o contentamento escreve: “O irmão que é pobre deve ficar contente quando Deus faz com que melhore de vida; 10e quem é rico deve sentir o mesmo quando Deus faz com que piore de vida.” E para concluir afirma: “Feliz é aquele que nas aflições continua fiel! Porque, depois de sair aprovado dessas aflições, receberá como prêmio a vida que Deus promete aos que o amam.”
Prezados membros da Congregação Paz, antes de comentar que a nossa congregação comemora os santos pelo simples fato de terem tal título, destacarei três pontos importantes:  1)lembre-se que nós estamos celebrando o que Deus fez na vida dele. Independentemente de ser ou não ser irmão de Jesus, ele foi um cristão fiel e sincero, louvemos a Deus por este servo.  2) Ele, inspirado pelo Espírito Santo, disse que não era para incomodar aqueles que Deus estava convertendo. Ou seja, seu testemunho conscientizou a Igreja de Cristo que a SALVAÇÂO era e é para todos. E, por último, e nem por isso menos importante, 3) conselhos que ele nos deu para todos os momentos de nossa vida.
Ao celebrar o dia de São Tiago, não estamos celebrando algo especial que ele tenha, mas sim celebramos O QUE DEUS PAI, DEUS FILHO E DEUS ESPÍRITO SANTO FIZERAM NELE E POR ELE. Amém. 


Artigo mencionado no sermão: Jesus tinha irmãos. Ou seriam primos