16/04/2022

A ressurreição de Cristo é a nossa própria ressurreição

A Ressurreição de Cristo e o triunfo do Ressuscitado sobre a morte e o diabo (1537), por Lucas Cranach, o Velho, (Schule / escola), Kronach 1472–1553 Weimar.

"Assim como em sua ressurreição, Cristo levou tudo consigo, de sorte que tanto céu como terra, sol e lua e todas as criaturas têm de ressurgir e ser renovados, ele também nos trará a nós em sua companhia. O mesmo Deus que ressuscitou a Cristo dos mortos também vivificará nossos corpos mortais, bem como o de todas as criaturas. Estas, agora, estão sujeitas à vaidade e com ardente expectativa aguardam a nossa glorificação, para, também, serem redimidas desta existência passageira e alcançarem a glória. No nosso caso, mais da metade da ressurreição já é fato consumado, pois a cabeça e o coração já estão lá no alto, restando apenas a menor parte, ou seja, que o corpo seja enterrado, para que também este seja renovado.

Ninguém nega que o corpo de uma pessoa morta não tem lá muito valor. Agora, a fé me dá uma compreensão mais nítida do que aquela que me vem através dos olhos e dos sentidos. Pois aí temos o texto que diz: Ele ressuscitou. Ele não ficou no túmulo nem tampouco sepultado na terra, mas ressuscitou dos mortos. E isto não em benefício próprio, mas por nossa causa, para que sua ressurreição seja nossa e para que nele também nós ressuscitemos e não fiquemos no túmulo e na morte, mas celebremos com ele, em nossos corpos, uma Páscoa que nunca termina."

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Sermões do Ano 1532, WA 36:161s)

Fonte: Castelo Forte: Devoções Diárias 1983. 09/04. (São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1983).

14/04/2022

Sexta-feira Santa



Sexta-feira Santa, o segundo dia do Tríduo Pascal, é um dia de lembrança solene da crucificação e morte de Jesus.

"Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!" (Lucas 23.46 NAA)

A Sexta-feira Santa é um dia de adoração, onde se permanece ao pé da cruz. A cor litúrgica é o preto. O altar da igreja permanece desnudado desde o culto da Quinta-feira Santa, mas também pode-se cobri-lo de preto, especialmente se o altar é muito ornamentado.

Há apenas o crucifixo no altar. Além disso, é costume nas igrejas luteranas escandinavas colocar no altar cinco rosas floridas para representar as chagas de Jesus e uma coroa de espinhos.

Os ofícios da igreja neste dia são calmos e reflexivos e normalmente são realizados sem o Sacramento do Altar. Geralmente os sinos da igreja não são tocados na Sexta-feira Santa, assim como o órgão e outros instrumentos musicais, sendo os hinos cantados sem acompanhamento.

Há diversos ofícios que são realizados durante a Sexta-feira Santa, lembrando a crucificação de Jesus:

ESTAÇÕES DA CRUZ: ofício devocional que consiste em 14 estações, cada uma representando um evento da Paixão de Jesus.

SETE PALAVRAS: ofício de meditação nas sete últimas palavras ditas por Cristo durante o tempo de sua crucificação.

TRE ORE: o ofício com homilias baseadas nas sete palavras é uma referência ao tempo em que Cristo esteve na cruz.

TENEBRAE: ofício geralmente realizado na noite da Sexta-feira Santa com apagamento gradual das luzes e velas.

Os luteranos tinham ainda muitos outros costumes que foram mudando com o passar do tempo. Na tradição luterana europeia a Sexta-feira Santa era um dia de profunda tristeza. Para os nascidos até a primeira metade do século XX, a Sexta-feira Santa era muitas vezes um dia de silêncio absoluto, todos ficavam em casa e visitas não eram permitidas. Também era proibido dar risada, brincar ou fazer barulho.

09/04/2022

Domingo de Ramos / Domingo da Paixão (Ano C) – 10 de abril de 2022

Entrada de Cristo em Jerusalém, por Charles Le Brun (1619-1690)

João 12.12–19 (Procissão do Domingo de Ramos)
Deuteronômio 32.36–39
Filipenses 2.5–11
Lucas 22.1–23.56 ou Lucas 23.1–56 ou João 12.20–43

O Rei de Israel entra em sua glória real pela senda da obediência humilde "até a morte, e morte de cruz" (Fp 2.8). Ele “vai segundo o que está determinado” (Lc 22.22), de acordo com as Escrituras, submetendo-se voluntariamente ao plano do Pai para a salvação dos pecadores. “Por isso também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9). Seu sofrimento e morte abre o caminho do arrependimento para a remissão dos pecados, porque ele vai para a cruz carregando os pecados do mundo. Em sua ressurreição, Deus Pai faz justiça ao seu povo e se compadece dos seus servos (Dt 32.36). Ele faz morrer e faz viver; ele fere a fim de sarar (Dt 32.39). Em memória dele, damos graças a Deus, confessando “que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.11). — Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod)

Deus misericordioso, assim como o povo de Jerusalém, com ramos nas mãos se reuniram para receber o teu amado Filho quando Ele entrou na sua Cidade Santa, concede que possamos sempre aclamá-lo como nosso Rei e, quando Ele voltar novamente, possamos ir ao seu encontro com o coração confiante e firme e segui-lo no caminho que conduz à vida eterna; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. — Oração para a Procissão de Ramos

Todo-poderoso e eterno Deus, que enviaste teu Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, para tomar sobre si nossa natureza pecaminosa e sofrer a morte sobre a cruz, concede que possamos seguir o exemplo de sua grande humilhação e paciência e sermos feitos participantes de sua ressurreição; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. Oração para o Domingo da Paixão

Quero, ó Cristo, meditar
no teu sofrimento;
do teu trono vem guiar
o meu pensamento.
Possa eu ver, ó meu Jesus,
quão atroz tormento
exigiu na infame cruz
nosso salvamento. 

Faze esta alma contemplar
tuas ansiedades,
teus grilhões, Jesus, e o mar
de perversidades:
cuspe, murros e aguilhão,
cravos, cruz e morte.
Meu Jesus! Oh! Que paixão!
Que suplício forte!

Sigmund Von Birken, 1626-1681 (Hinário Luterano 85.1-2)