28/01/2013

Preparando-se para a Quaresma durante a Pré-Quaresma


“Cristo no deserto servido pelos anjos” (1680) de Jean-Baptiste de Champaigne (1631-1681
Os dias da Pré-Quaresma estão aí. Os Evangelhos para estes domingos nos ensinam que nossa salvação é um dom, não o resultado de nossos esforços, que é realizado pelo poder da Palavra de Deus, para que pela fé em nosso Jesus, subamos a Jerusalém com ele, tendo nossos olhos abertos para ver que Ele é realmente o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Com esta maravilhosa fundamentação teológica, também lembramos as sábias palavras de Adolf Köberle: “De qualquer forma, até o ascetismo pode ser descrito pela declaração paradoxal: seu exercício não pode dar salvação a ninguém, mas sua negligência pode corromper qualquer um.” [ The Quest for Holiness, pág. 194]

Então, para não cair neste corrompimento, as disciplinas da Quaresma são colocadas diante de nós. Não como ferramentas que devemos usar apenas durante os dias da Quaresma, mas como um treinamento para todos os nossos dias de combate ao velho homem no poder do Espírito Santo, com a alegre cooperação do novo homem.
  • ORAÇÃO - Posso passar mais tempo propositalmente em oração nesta Quaresma? Esta é uma oração que pode ser usada:
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, Verbo eterno do Pai,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, o Verbo por quem todas as coisas foram feitas,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, anunciado pelos profetas em sinais e palavras,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, concebido pelo Espírito Santo
na plenitude do tempo,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, nascido da
Santa Virgem,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, louvado pelos anjos,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, adorado pelos pastores,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, adorado pelos magos,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, segurado por São Simeão,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, glorificado por Santa Ana,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, obediente a seus pais,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, submetido ao batismo de pecador,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que jejuou no deserto,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que expulsou demônios,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que purificou os leprosos,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que deus vista aos cegos e audição aos surdos,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que ensinou os preceitos do reino,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que ressuscitou os mortos,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que andou sobre as águas e transformando água em vinho,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, exaltado pelos pequeninos,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que entrou em sua cidade para ser sacrificado,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que deu seu corpo e sangue para ser comido e bebido,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que orou no jardim das Oliveiras,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, amarrado e escarnecido,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, despido e açoitado,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, inocentemente condenado à morte,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que abriu os braços sobre a cruz para abraçar o mundo,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que conheceu a solidão do nosso exílio e pecado,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que esmagou a morte pela morte,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que verteu água e sangue para salvar o mundo,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que santificou nossas sepulturas repousando numa tumba,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que desceu ao inferno e libertou os cativos,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que ressurgiu vitorioso sobre a morte e pecado,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que apareceu aos discípulos no partir do pão,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que ascendeu triunfante,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que está assentado à mão direita do Pai,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, Sumo Sacerdote, que vive eternamente para interceder por nós,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, que virá sobre as nuvens de glória para renovar todas as coisas,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, Juiz do último dia,
tem piedade de mim, pecador.
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador.
  • ESMOLA - Posso encontrar formas de aumentar meus donativos aos pobres e sofredores deste mundo? Posso crescer na experiência da verdade profunda das palavras de nosso Senhor: “Mais bem-aventurado é dar que receber”? O que posso fazer para concretamente abençoar os pobres neste período de Quaresma tanto em minha própria comunidade local e no mundo?
  • JEJUM - Posso limitar meu consumo de alimentos durante esses dias? Uma tradição do jejum ocidental seria incentivá-lo a comer apenas 1/4 da refeição no café da manhã, um almoço regular, e 1/4 da refeição à noite. Ninguém que tenha uma condição médica que colocaria em risco seu corpo (ou esteja grávida) deveria jejuar desta maneira; mas outros podem encontrar uma lembrança muito frutífera e útil de que “não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”.
  • CONFISSÃO - Antes de entrar na Quaresma, por que não agendar um horário com o pastor para confessar seus pecados e receber o perdão? Esta dádiva maravilhosa é muito subutilizada na Igreja - Lutero afirmava que fora tão abençoado pela confissão, que nunca deixou ninguém privá-lo disso. Infelizmente, temos privado a nós mesmos muitas vezes.

  • COMPROMISSO DE PARTICIPAR DO CULTOS EXTRAS - Assumir um compromisso de estar presente quando a Palavra de Deus é pregada, louvores cantados e seu sacramento distribuído durante os dias da Quaresma. A Quaresma no meio da semana é uma grande bênção quando seguimos a Paixão de nosso Senhor. É a Palavra de Deus que nos transforma, e por isso quanto mais deixamos que a Palavra de Cristo habite ricamente em nós, mais a nossa alegria no Reino irá aumentar.

Estas são apenas algumas considerações para nos preparamos para entrar nos grandes dias da “Fastenzeit” – a Santa Quaresma!

Tradução do artigo "Using Gesimatide to Prepare for Lent" do Rev. William C. Weedon, diretor de Culto e capelão do Centro Internacional da Igreja Luterana – Sínodo Missouri.

27/01/2013

O Tempo da Pré-Quaresma


Proclamação do Santo Evangelho no Domingo da Septuagesima na Redeemer Lutheran Church em Fort Wayne (EUA)

No Ano Eclesiástico Tradicional estamos entrando no tempo da Septuagésima, também conhecido como Pré-Quaresma. Os três solas da Reforma perpassam esta curta época de três domingos: Septuagesima, Sexagesima e Quinquagesima.

Septuagesima é o domingo da Sola Gratia conforme testemunha a parábola dos trabalhadores na vinha no Evangelho de  S. Mateus 20.1-16. Mas “graça” não significa ser livre para chafurdar na lama do pecado! Por isso, a Epístola apontada para este domingo (1 Coríntios 9.24-10.5), adverte-nos para a necessidade de disciplinar nossos corpos. A alegria da graça é que nos torna livres para trabalhar na vinha do Senhor e liberta do inferno da ociosidade!

Sexagésima é o domingo da Sola Scriptura conforme testemunha o Evangelho (S. Lucas 8.4-15) e a Epístola (Hebreus 4.9-13). Se há uma mudança operada em nossas vidas que seja duradoura e saudável, a Palavra de Deus (em todos os sentidos do termo!) é o agente dessa mudança. Isso significa dedicar um tempo diário para ouvir as Escrituras e procurar viver a partir dela, e acima de tudo reunir-se com juntamente com outros na celebração semanal para deixar a Palavra de Deus transformar verdadeiramente nossas vidas enquanto estamos unidos com Cristo.

Quinquagesima é o domingo do Solus Christus em que nós, com os olhos bem abertos para as misericórdias de Deus em Cristo, seguimos o nosso Salvador enquanto ele se dirige a Jerusalém para sofrer, morrer e ressuscitar dos mortos (S. Lucas 18.31-43). Jesus é nosso Senhor Vitorioso e gracioso Substituto.

O objetivo da Pré-Quaresma ou Tempo da Septuagésima é nos preparar para a grande jornada para a Páscoa, a qual chamamos de Quaresma. A Quaresma em si nos lembra de quantas vezes deixamos de viver a partir da novidade de vida que o Senhor nos concedeu nas águas batismais e nos convida para aquela vida de morte para pecado e ressurreição com nosso vitorioso Salvador. Arrependimento não tem a ver apenas com “sentir pena”, mas com “ter uma mente nova”, aprender a ver as coisas do ponto de vista do Senhor e viver a partir disso.

Então, onde você estiver, oramos para que você passe as próximas três semanas se preparando para uma Quaresma abençoada e feliz! Que o tempo que você investe com o seu Senhor Jesus nas semanas por vir realmente lhe tragam alegria, renovação e crescimento na união com Ele, que na cruz do Calvário conquistou o perdão por todos os nossos pecados e por sua vitoriosa ressurreição escancarou a sepultura!

Tradução e adaptação de artigo "Gesimatide" do Rev. William C. Weedon, diretor de Culto e capelão do Centro Internacional da Igreja Luterana – Sínodo Missouri.

Comemoração de S. João Crisóstomo, Pregador - 27 de janeiro


Chamado pelo nome adicional de Crisóstomo, que significa “Boca de ouro”, em grego, São João era uma força dominante na igreja cristã do século IV. Nascido em Antioquia por volta do ano 347, João foi instruído na fé cristã por sua piedosa mãe, Antusa. Depois de servir em uma série de ofícios cristãos, incluindo acólito e leitor, João foi ordenado presbítero e atribuídas responsabilidades de pregação. Suas mensagens simples, mas direta, encontraram uma audiência muito além de sua cidade natal. Em 398, João Crisóstomo foi feito Patriarca de Constantinopla. Sua determinação de reformar a igreja, o tribunal e a cidade o colocaram em conflito com as autoridades estabelecidas. Casualmente, ele foi exilado de sua cidade adotiva. Apesar de removido de suas paróquias e povo, continuou escrevendo e pregando até o momento de sua morte, em 407. É relatado que suas últimas palavras foram: “Glória a Deus por todas as coisas Amém.”

Coleta
Ó Deus, tu deste a teu servo João Crisóstomo graça para anunciar o Evangelho com eloquência e poder. Como bispo de grandes congregações de Antioquia e de Constantinopla, João sem medo suportou o opróbrio para a honra de teu nome. Misericordiosamente concede aos bispos e pastores de tua igreja que sejam como João na pregação e na fidelidade no ministério da Palavra para o seu povo, e fazei que todos sejamos participantes da natureza divina através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: LCMS Worship e Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House)

Domingo da Septuagesima – 27 de janeiro de 2013

“A parábola dos trabalhadores na vinha” (1637) de Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606–1669)

Cor litúrgica: Verde

Introito: Salmo 18.1-2a, 27, 32, 49; antífona Salmo 18.5-6
† Saltério: Salmo 95.1-9 (antífona v. 6)
† Antigo Testamento: Êxodo 17.1-7
† Gradual: Salmo 9.9-10, 18-19a
† Epístola: 1 Coríntios 9.24-10.05
† Trato: Salmo 130.1-4
† Evangelho: S. Mateus 20.1-16

Somente a Graça

O povo de Israel contendeu com o Senhor no deserto (Êxodo 17.1-7). Estavam insatisfeitos com a sua provisão. Da mesma forma, os primeiros trabalhadores na vinha reclamaram contra o proprietário da terra pelo salário que ele lhes proveu (S. Mateus 20.1-16). Eles o acusaram de ser injusto, mas na realidade ele estava sendo generoso. Porque o Senhor não quer tratar conosco a base do que nós merecemos, mas a base de sua graça abundante em Cristo. Os primeiros – aqueles que confiam em seus próprios méritos – serão os últimos, “razão por que ficaram prostrados no deserto” (1 Coríntios 10.5). Mas os últimos, aqueles que confiam em Cristo, serão os primeiros, pois a rocha era Cristo (1 Coríntios 9.24-10.5). Ele é o único que foi golpeado e de seu lado foi que saiu sangue e água para que nós possamos ser purificados de nosso pecado.

Oração do dia
Ó Senhor, graciosamente ouve as orações do teu povo a fim de que nós, que sofremos as consequências do nosso pecado, possamos ser misericordiosamente libertados pela tua bondade, para a glória do teu nome; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

FonteLCMS - Lectionary Summaries—One Year e Culto Luterano - Lecionários (Editora Concórdia)

Período Pré-Quaresma no Ano Eclesiástico Tradicional

PRÉ-QUARESMA: Sola Gratia, Sola Scriptura, Solus Christus

27 de janeiro de 2013
SEPTUAGESIMA - S. Mateus 20. 1-16
Os trabalhadores na vinha
Somente a Graça!

3 de fevereiro de 2013
SEXAGESIMA - S. Lucas 8.4-15
O semeador e sua semente
Somente a Escritura!

10 de fevereiro de 2013
QUINQUAGESIMA - S. Lucas 18.31-43
A subida para Jerusalém
Somente Cristo!


Detalhe do retábulo de Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), na Igreja Santa Maria em Wittenberg, também conhecida como "Igreja Mãe da Reforma", onde Lutero pregou seus sermões, casou (1525) e batizou seus seis filhos.

26/01/2013

Festa de São Tito, Pastor e Confessor - 26 de janeiro

O Apóstolo Paulo instalando Tito em Gortina como primeiro bispo de Creta. Afrescos J N St. Barbara, 2008.

Cor litúrgica: Branca

Leituras bíblicas
† Salmo 71.1-14
† Atos 20.28-35
† Tito 1.1-9
† S. Lucas 10.1-9

Um discípulo e companheiro de São Paulo, a quem o grande santo apóstolo dirigiu uma de suas cartas. Paulo refere-se a Tito como “meu verdadeiro filho, segundo a fé comum”. Não mencionado nos Atos dos Apóstolos, é apontado em Gálatas, onde Paulo escreve sobre a viagem a Jerusalém com Barnabé, acompanhado por Tito. Ele foi então enviado a Corinto, na Grécia, onde conseguiu reconciliar a comunidade cristã com Paulo, seu fundador. Tito foi depois deixado na ilha de Creta, para ajudar a organizar a Igreja, embora ele logo tenha ido para a Dalmácia, na Croácia. De acordo com Eusébio de Cesareia na História Eclesiástica, ele serviu como o primeiro bispo de Creta. Ele foi enterrado em Gortina, Creta; sua cabeça foi posteriormente transladada para Veneza durante a invasão de Creta pelos Sarracenos em 832 e conservada em São Marcos, em Veneza, Itália. Passagens onde Tito é mencionado no Novo Testamento: 2 Coríntios 2.13; 2 Coríntios 7.6-14; 2 Coríntios 8.6-23; 2 Coríntios 12.18; Gálatas 2.1-3; 2 Timóteo 4.10; Tito 1.4.

Oração do dia
Todo-Poderoso Deus, tu chamaste Tito para a tarefa de pastor e mestre. Faça todos os pastores do teu rebanho diligentes em pregar tua santa Palavra, de modo que o mundo inteiro possa conhecer as riquezas imensuráveis de nosso Salvador, Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Rev. Paul T. McCain (First Things)

25/01/2013

Festa da Conversão de São Paulo - 25 de janeiro

“A conversão de São Paulo” (1675-1682) de Bartolomé Esteban Murillo (1617-1682)

Cor litúrgica: Branca

Leituras bíblicas
† Salmo 67
† Atos 9.1-22
† Gálatas 1.11-24
† S. Mateus 19.27-30

A experiência de mudança de vida de São Paulo na estrada para Damasco é narrada três vezes no livro de Atos (9.1-9; 22.6-11; 26.12-18). Como um arqui-inimigo dos cristãos, Saulo de Tarso partiu para Damasco para prender e trazer fiéis a Jerusalém para julgamento. Quando estava no caminho, viu uma luz cegante e ouviu as palavras: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?” A resposta veio: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues.” Em Damasco, onde Saulo foi levado depois de ficar cego, um discípulo chamado Ananias foi dirigido pelo Senhor em uma visão até Saulo para restaurar sua visão: “Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (Atos 9.15). Depois de receber a sua visão, Saulo foi batizado e passou a se tornar conhecido como Paulo, o grande apóstolo.

Leitura sugerida do Livro de Concórdia: Catecismo Maior IV 56-67


Oração do dia
Todo-poderoso Deus, tu transformaste o coração daquele que perseguia a Igreja e por sua pregação fizeste a luz do Evangelho brilhar em todo o mundo. Concede-nos sempre regozijar-se na luz salvadora de teu Evangelho e, seguindo o exemplo do apóstolo Paulo, espalhá-lo até os confins da terra; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.


Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House)

Festa de São Timóteo, Pastor e Confessor - 24 de janeiro

“Timóteo e sua avó” (1648) de Rembrandt van Rijn (1606-1669)

Cor litúrgica: Branca

Leituras bíblicas
† Salmo 71.15-24
† Atos 16.1-5
† 1 Timóteo 6.11-16
† S. Mateus 24.42-47

São Timóteo tinha cristãos fiéis em sua família. Sua mãe Eunice era uma mulher cristã e também filha de uma mulher cristã chamada Loide (2 Timóteo 1.5). O Livro de Atos dos Apóstolos relata que São Paulo encontrou Timóteo em sua segunda viagem missionária e queria que Timóteo continuasse com ele (16.1-3). Com o tempo, Timóteo se tornou um querido amigo e colaborador próximo do santo apóstolo, a quem Paulo confiou o trabalho missionário na Grécia e Ásia Menor. Timóteo também foi a Roma com Paulo. Segundo a tradição, após a morte de Paulo, Timóteo foi a Éfeso onde atuou como bispo e foi martirizado por volta do ano 97. Timóteo é mais lembrado como um fiel companheiro de Paulo, que prestou um grande serviço entre as igrejas gentílicas.

Reflexão de Valerius Herberger (21 de abril de 1562 - 18 de maio de 1627, pastor e teólogo luterano da Alemanha)

Amados, hoje nós celebramos a comemoração de São Timóteo. Ele nasceu em Listra (Atos 16.2); seu pai era pagão, mas sua mãe, Eunice, nascida israelita, tinha aceitado a fé cristã e entregado seu filho Timóteo para ser criado por sua mãe Loide que também era cristã. Então Timóteo aprendeu o catecismo de sua avó. Vejam queridos pais, que instrução diligente das crianças podem fazer! Agora, uma vez que ele era um bom, excelente pensador, São Paulo o aceitou como seu colega ou capelão, e visto que ele se aprimorava a cada dia, Paulo finalmente o ordenou como bispo de Éfeso, onde também foi morto pelos pagãos furiosos. São Paulo o amava muito, o que podemos ver a partir de ambas as epístolas que escreveu para ele. Em 1 Timóteo 1.2, ele o chama de seu querido filho na fé. A partir dessas duas epístolas, muitas passagens brilham como as estrelas do céu:
  • 1 Timóteo 1.5: “O fim do mandamento é a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.”
  • 1 Timóteo 1.15: “Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores.”
  • 2 Timóteo 3.12: “Na verdade, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.”
  • 2 Timóteo 3.16-17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja competente, capacitado para toda boa obra.”
Visto que São Paulo e São Timóteo eram queridos amigos, foram colocados lado a lado no calendário e também no dia de São Timóteo, o Evangelho de João 15.9-16 é lido, o qual fala de amor e amizade puros.

Oração do dia
Senhor Jesus Cristo, tu sempre tem dado à tua Igreja na terra pastores fiéis como Timóteo, para guiar e alimentar o teu rebanho. Faze todos os pastores diligentes na pregação de tua santa Palavra e administração de teus meios da graça, e concede sabedoria ao teu povo para seguir o caminho que conduz à vida eterna; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House)

20/01/2013

Segundo Domingo após Epifania - 20 de janeiro de 2013

“Casamento em Caná” (1580-85) de Andrea Boscoli (1560-1607)
Cor litúrgica: Verde

Leituras do Lecionário Anual
Introito: Salmo 66.1-5,20; antífona Salmo 66.4; 92.1
Antigo Testamento: Êxodo 33.12-23 ou Amós 9.11-15
Salmo: Salmo 67 (antífona: v. 1) ou Salmo 111 (antífona: v. 9)
Epístola: Efésios 5.22-33 ou Romanos 12.6-16
Evangelho: S. João 2.1-11
Gradual: Salmo 107.20-21
Verso: Salmo 148.2

O primeiro milagre de Jesus revela a Glória de Deus

A vinda do reino messiânico significa a restauração da criação. O sinal desta restauração é que “as parreiras produzirão tantas uvas, que o vinho vai correr à vontade, como um rio” (Amós 9.11-15). Quando os elementos de uma criação caída falham e estão acabando em uma festa de casamento, nosso Senhor Jesus dá passos para restaurar a criação e milagrosamente transforma a água em uma abundância do melhor vinho (S. João 2.1-11). Com este sinal, Cristo manifesta a sua glória. As “costas” de Deus (Êxodo 33.12-23) é revelada para aqueles que creem. Chegará a hora em que Jesus manifestará novamente a sua glória, levando a ruína da criação em seu próprio corpo para libertar-nos de acordo com seu poder. O Noivo vai dar a sua vida pela Noiva (Efésios 5.22-32) e do seu lado irá fluir água e sangue, os santos sacramentos pelos quais a noiva é purificada e torna uma só carne com ele. Através desse amor sacrificial de Cristo somos capazes de amar “uns aos outros com amor fraternal...” e tratar com “honra uns aos outros” (Romanos 12.6-16).

Oração do dia
Todo-poderoso e eterno Deus, que governas todas as coisas nos céus e na terra, com misericórdia escuta as orações do teu povo e concede-nos a tua paz durante todos os nossos dias; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: LCMS - Lectionary Summaries—One Year e Culto Luterano - Lecionários (Editora Concórdia)

Comemoração de Sara - 20 de janeiro

“O aparecimento do anjo a Sara” (1726-1728) de Giovanni Battista Tiepolo (1696 - 1770)

Sara foi esposa (e meia-irmã) do patriarca hebreu Abraão (Gênesis 11.29; 20.12). Em obediência à ordem divina (Gn 12.1), ela fez a longa e árdua jornada, juntamente com seu marido e familiares, de Ur dos Caldeus para Harã e, finalmente, para a terra de Canaã. Ela permaneceu sem filhos até a idade avançada. Mas, de acordo com a promessa de Deus, ela deu à luz um filho e herdeiro da aliança (Gn 21.1-3). Sara é lembrada e honrada como a esposa de Abraão e mãe de Isaque, o segundo dos três patriarcas. Ela também é destacada favoravelmente por sua hospitalidade aos estrangeiros (Gn 18.1-8). Após a sua morte, com a idade de 127 anos, foi sepultada na caverna de Macpela (Gn 23.19), onde seu marido foi mais tarde enterrado.

Oração do dia
Senhor e Pai de todos nós, tu olhaste com favor para Sara em sua idade avançada, dando-lhe um novo nome, Sara, e com ele a promessa de muitas bênçãos de seu ventre. Dê-nos uma esperança vigorosa na alegria de nosso nome novo como batizados no Messias prometido, para que nós também possamos pode ser frutíferos em teu reino, abundantes nas obras de teu Espírito; por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: LCMS Worship.

18/01/2013

Festa da Confissão de S. Pedro - 18 de janeiro

“São Pedro”(1610-1614) de El Greco (1541-1614)

Cor litúrgica: Branca

Leituras bíblicas
† Salmo 118.19-29
† Atos 4.8-13
† 2 Pedro 1.1-15
† S. Marcos 8.27-35 (36-9.1)

Pétros, Pedro, que significa “rocha” fez uma confissão sólida, quando perguntado por Cristo, quem os homens dizem que ele é, “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!” Esta revelação é divina, não é dada a nós pela carne e sangue, mas por Deus Espírito Santo. E nosso Senhor disse a Pedro: “sobre esta pedra [petra] edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” [S. Mateus 16]. Mas pouco tempo depois de Cristo estava repreendendo o “homem-rocha” quando ele quis resistir, com todas as boas intenções, a verdadeira rocha sobre a qual a igreja é construída: Cristo, e este crucificado! Um paradoxo interessante é retratado para nós em S. Mateus 16, uma leitura muito saudável e digna para todos nós. A rocha de ofensa é a rocha sobre a qual a igreja é construída: um ensanguentado, sofrido e moribundo Jesus, desprezado e rejeitado, cruz e sofrimento, sem triunfo glorioso algum, pelo menos, não aos olhos do mundo. Através da mais profunda e humilde e desdenhosa vergonha e sofrimento é como o nosso Senhor edificar a sua Igreja. Ele usa fracos, vasos humanos, como São Pedro e as palavras de sua confissão. É sobre a pregação da confissão de Pedro que o Senhor continua a chamar, congregar, iluminar e santificar toda a cristandade na terra, e promete, até o fim, mantê-la com Jesus Cristo, nosso cabeça e mestre, na verdadeira fé. Louve a Deus pela confissão de São Pedro! Glórias a Cristo pela rocha sobre a qual a igreja é construída e pelos “homens-rochas” e “mulheres-rochas” que proclamam, partilham, ensinam e propagam a Palavra amplamente em todo o mundo, em todas as maravilhosas e variadas vocações dadas entre nós! Louvado seja Deus pela confissão de São Pedro, a confissão da Igreja em todo o mundo.

Coleta
Pai celestial, tu revelastes ao apóstolo Pedro a bendita verdade de que teu Filho Jesus é o Cristo. Fortalece-nos pela proclamação desta verdade para que nós também possamos confessar alegremente que não há salvação em nenhum outro; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Rev. Paul T. McCain

13/01/2013

Festa do Batismo de Nosso Senhor - 13 de janeiro

“O Batismo de Cristo” (c. 1665) de Bartolome Esteban Murillo (1617-1682)

Cor litúrgica: Branca

Leituras do Lecionário Anual
Introito: Salmo 89.1,26-28; antífona: Texto Litúrgico; Salmo 89.20
Antigo Testamento: Josué 3.1-3, 7-8, 13-17 ou Isaías 42.1-7
Salmo: Salmo 85 (antífona: v. 9)
Epístola: 1 Coríntios 1.26-31
Evangelho: S. Mateus 3.13-17
Gradual: Salmo 72.18-19
Verso: Salmo 143.10

Em seu batismo, Jesus toma lugar com os pecadores

Nosso Senhor Jesus é batizado para “cumprir toda a justiça”(S. Mateus 3.13-17). Ele participa de um batismo para os pecadores, a fim de que ele seja nosso substituto e sofra o juízo que merecemos. Nas águas, Jesus troca de lugar conosco. Nosso pecado torna-se o seu pecado. Sua justiça se torna a nossa justiça. Nossa glória é, portanto, em “Cristo Jesus, o qual se nos tornou ... justiça, e santificação, e redenção,” (1 Coríntios 1.26-31). Jesus é o “escolhido” enviado pelo Pai para nos libertar da prisão do pecado e da morte (Is. 42:1-7). Batizados em Cristo, também nós nos tornamos os escolhidos, amados do Pai. Pela morte, atravessamos o rio Jordão com Jesus (Josué 3) para a nova vida com Deus na terra prometida.

Oração do dia
Pai dos céus, ao ser batizado no Rio Jordão Jesus foi proclamado teu Filho amado e ungido com o Espírito Santo. Faze com que todos os batizados em seu nome sejam fiéis ao seu chamado como teus filhos e herdeiros com ele da vida eterna; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: LCMS - Lectionary Summaries—One Year e Culto Luterano - Lecionários (Editora Concórdia)

11/01/2013

Comemoração de John Hartmeister, Pastor e Fundador do Seminário Concórdia - 11 de janeiro

Réplica do Internato do primeiro Seminário no Memorial Histórico do Seminário Concórdia e Museu da Imigração Pomerana em Bom Jesus, São Lourenço do Sul/RS.

Johann Friedrich (John) Hartmeister (1877-1965), pastor e missionário do Sínodo de Missouri (EUA), foi um dos primeiros pastores enviado ao Brasil, chegando em Bom Jesus, São Lourenço do Sul (RS) em 1901. O Rev. Hartmeister fundou uma das primeiras comunidades do Sínodo de Missouri no Brasil, e junto com esta comunidade começou a funcionar o primeiro seminário de formação teológica para pastores e professores. O Seminário foi planejado numa conferência pastoral realizada em abril de 1903, em Bom Jesus. As aulas tiveram seu início no dia 27 de outubro de 1903, lembrado hoje como “Dia do Seminário”. Tudo que havia era a igreja local, a casa pastoral e um rústico galpão. Os alunos eram, no princípio, três, depois cinco. O diretor e único professor era o Rev. John Hartmeister. Depois de um ano e cinco meses de funcionamento, a escola fechou por um tempo quando o pastor e professor Hartmeister teve que voltar para os Estados Unidos. Depois a igreja decidiu reabrir a escola em Porto Alegre em 30 de maio de 1907.

10/01/2013

Os Pais Capadócios


Em tempos de novela da Capadócia (Salve Jorge) na Rede Globo, é oportuno lembrar o legado cristão daquela região, conhecendo um pouco sobre "Os Três Capadócios",  Basílio Magno, Gregório Nazianzeno e Gregório de Níssa, cuja memória a igreja celebra neste dia.

O texto é do livro Fundamentos da teologia histórica, de Alderi Souza de Matos, professor de História da Igreja e coordenador da área de Teologia Histórica do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo:

OS PAIS CAPADÓCIOS

Esses importantes pensadores cristãos gregos dominaram o cenário teológico na segunda metade do século IV e trabalharam juntos para tornar vitoriosa a fé nicena. Eram amigos de Atanásio e desenvolveram o seu pensamento teológico, criando as fórmulas que tornaram possível o consenso da maior parte dos teólogos orientais em torno da questão trinitária.
Os capadócios tomaram para si a tarefa de definir mais claramente a unidade e a diversidade existentes no Ser Divino, inclusive a terminologia adequada para isto, ou seja, de que em Deus há três hipóstases (subsistências individuais ou pessoas) e apenas uma “ousia” ou essência divina. Todos os três viveram na Capadócia, a região oriental da Ásia Menor, parte da moderna Turquia.

Basílio de Cesaréia

Basilio de Cesaréia (330-379) nasceu em uma família abastada e profundamente cristã, tendo sido o irmão mais velho de outro teólogo, Gregório de Nissa. Eles tinham uma irmã muito inteligente, Macrina (327-380), que participava de suas discussões teológicas e os influenciou fortemente.
Basílio fez os primeiros estudos em sua terra natal (Cesaréia, na Capadócia) e em Constantinopla, indo em 351 para Atenas, onde se tornou amigo de Gregório de Nazianzo. Retornou a Cesaréia por volta de 356 e ensinou retórica com grande sucesso. Abandonando uma promissora carreira na educação, resolveu dedicar-se à vida religiosa. Após ser batizado, viveu por vários anos como eremita. Deixou o isolamento em 364 a pedido do seu bispo, que estava enfrentando muita oposição de arianos extremistas. Foi ordenado presbítero e passou a escrever livros contra Eunômio, o líder desse grupo. Após a morte de Eusébio em 370, sucedeu-o como bispo de Cesaréia, função que o levou a envolver-se em controvérsias com os arianos, com os pneumatômacos ou macedonianos (que negavam a divindade do Espírito Santo) e com o imperador Valente (364-378). Destacou-se como líder monástico, administrador e teólogo.
Todas as obras teológicas de Basílio tiveram o objetivo de refutar os erros da época. As principais foram Contra Eunômio e Sobre o Espírito Santo. Rebatendo o ariano radical Eunômio, argumentou que não há contradição em dizer que o Filho é ao mesmo tempo gerado e eterno, ou dizer que ele é eternamente gerado. Refutando a acusação de triteísmo, afirmou e defendeu pela primeira vez a fórmula que resolveu em definitivo a controvérsia trinitária: no Ser Divino há uma só “ousia” (essência, substância) e três hipóstases (distinções pessoais).
Sua notável personalidade e enorme popularidade fizeram dele o mediador ideal entre o Oriente e o Ocidente. Através da sua influencia conciliadora e do trabalho dos seus colegas, a confusão sobre a terminologia nicena foi resolvida.
Basílio deu mais atenção ao Espírito Santo que os teólogos anteriores, mostrando que a terceira pessoa da Trindade não é uma criatura, e sim consubstancial com o Pai e o Filho. A defesa da divindade do Espírito Santo fica mais clara em suas muitas cartas. Seus argumentos são moderados, evitando polêmicas. Chegou a alterar a antiga doxologia usada em Cesaréia: “Glória seja ao Pai, por meio do Filho, juntamente com o (ao invés de simplesmente “no”) Espírito Santo”. Foi o primeiro teólogo cristão a escrever um tratado inteiro sobre o Espírito Santo e por isso ficou conhecido como “o teólogo do Espírito Santo”. Seu mérito foi introduzir definitivamente a terceira pessoa da Trindade na controvérsia ariana.

Gregório de Nazianzo

Gregório de Nazianzo (c. 330-390), amigo e colega de Basílio, era filho de um bispo. Sendo dotado de temperamento sensível, tinha predileção pela vida contemplativa e destacou-se como orador e poeta. Ficou conhecido na história como “o teólogo”. Ele foi patriarca de Constantinopla por breve tempo e presidiu o Concilio de Constantinopla (381). É dele o famoso dito ou principio cristológico e soteriológico de que “aquilo que não é assumido não é curado” (Epístola 101 a Cledônio). O melhor da sua produção teológica não está em tratados sistemáticos, mas em seus sermões, poemas e cartas, especialmente nos chamados Discursos teológicos, um conjunto de cinco sermões que marcaram a plena elaboração do pensamento trinitário. Como Basílio, ele também refutou o ariano extremado Eunômio, que afirmava que o Filho é inteiramente diferente do Pai (anomoios).
Sua grande contribuição à doutrina trinitária foi a ênfase no relacionamento interno entre as três pessoas divinas. Argumentou que as únicas distinções que podem ser estabelecidas entre as três pessoas da Trindade são aquelas referentes à origem de cada uma: o Pai é não-gerado, o Filho é gerado e o Espírito Santo é “procedente”. Dai falar-se na “processão” do Espírito.

Gregório de Nissa

Gregório de Nissa (c. 335-395) era um irmão mais novo de Basílio Magno, e destacou-se como teólogo e expoente do misticismo. E considerado o mais brilhante dos capadócios, tendo feito melhor uso da filosofia grega (neoplatonismo) que os seus colegas.
Ele produziu escritos teológicos e exegéticos, assim como tratados sobre moralidade cristã e uma biografia de sua irmã Macrina. Recebeu grande influência de Orígenes, embora não o tenha seguido de modo servil.
Suas obras exegéticas tratam especialmente do sentido místico ou espiritual das Escrituras, tendo sido um dos primeiros a se referir à cruz como o anzol que fisgou Satanás. Suas obras trinitárias são: Sobre a Santa Trindade, Não três deuses: para Ablábio e Contra Eunômio, sendo a última uma tentativa de continuar a obra de Basílio. Fez o discurso inaugural do Concilio de Constantinopla.
À semelhança de Gregório Nazianzeno, afirmou que a única distinção possível das pessoas da Trindade deve basear-se em suas relações internas. Ao contrário de Atanásio, que relacionou a divindade do Filho com a salvação, o método teológico dos capadócios foi fazer uso de argumentos lógicos e bíblicos.
Sua principal contribuição ao pensamento trinitário foi a refutação da acusação de triteísmo feita pelos adversários. A diferença que existe entre três indivíduos humanos (como Pedro, Tiago e João) e as três pessoas da Trindade é que, embora cada conjunto partilhe de uma natureza comum (respectivamente humana e divina), os primeiros agem de modo distinto e independente um do outro, ao passo que em Deus toda a atividade é uma só, toda operação é comum às três pessoas da Divindade.

A relevância dos capadócios

A principal crítica feita aos pais capadócios é que eles deram ênfase quase exclusiva às especulações sobre a Trindade imanente ou ontológica (os relacionamentos interpessoais na eternidade), enquanto o Novo Testamento dá ênfase à Trindade econômica, ou seja, as atividades das três pessoas no mundo e na história da salvação.
No aspecto positivo, esses teólogos desempenharam importante papel no reconhecimento da plena divindade do Espírito Santo, dando um passo decisivo para a declaração completa da doutrina da Trindade. A principal ênfase dos capadócios foi a defesa da unidade de Deus. A única Divindade existe simultaneamente em três distintos “modos de ser” — Pai, Filho e Espírito Santo.
Uma característica distintiva dessa abordagem da Trindade é a prioridade atribuída ao Pai: ele é a fonte ou origem da Trindade, o fundamento da sua unidade. O ser do Pai é comunicado tanto ao Filho quanto ao Espírito de maneira distinta: o Filho é “gerado” do Pai e o Espírito “procede” ou “emana” do Pai. Respondendo à indagação de como uma só substância pode estar presente em três pessoas, os capadócios recorreram à relação entre o universal e o particular — o futuro realismo medieval, abordado na segunda parte deste livro.
O Concilio de Constantinopla (381) foi convocado pelo enérgico imperador Teodósio I, que no ano anterior havia oficializado o cristianismo católico e trinitário como a religião do Império Romano. Esse concílio coroou de uma vez por todas os esforços de Atanásio e dos capadócios ao condenar todos os tipos de subordinacionismo (hierarquia) e sabelianismo (ausência de distinções pessoais) dentro da Trindade. Ele revisou o Credo de Nicéia, tornando mais claras certas expressões e acrescentando um terceiro artigo sobre o Espírito Santo e a Igreja. Esse importante documento ficou conhecido na história da Igreja como Credo niceno ou niceno-constantinopolitano.
Ícone retratando Constantino (centro) e os Pais do Primeiro Concílio de Niceia (325).

Fonte: MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da teologia histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.

Comemoração de Basílio Magno de Cesaréia, Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa, Pastores e Confessores - 10 de janeiro


Ícone com a representação dos Três Capadócios, Basílio de Cesareia, Gregório Nazianzeno e Gregório de Nissa.

Basílio e os dois Gregórios, coletivamente conhecidos como os “Pais Capadócios” ou “Os Três Capadócios”, eram líderes da ortodoxia cristã na Ásia Menor (atual Turquia) no final do século quarto. Basílio e Gregório de Nissa eram irmãos e Gregório Nazianzeno era amigo destes. Todos os três foram influentes na formação da teologia ratificada pelo Concílio de Constantinopla de 381, a qual está expressa no Credo Niceno. A defesa das doutrinas do Espírito Santo e da Santíssima Trindade, juntamente com as contribuições para a liturgia da Igreja do Oriente, os coloca entre os mais influentes mestres e teólogos cristãos do tempo em que viveram.

Oração do dia
Todo-poderoso Deus, tu revelaste à tua Igreja a tua natureza eternal de gloriosa majestade e perfeito amor como um Deus em uma Trindade de Pessoas. Que a tua Igreja, com bispos como Basílio de Cesaréia, Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa, receba a graça de continuar firmes na confissão da verdadeira fé e constante em nossa adoração a ti, Pai, Filho e Espírito Santo, que vive e reina, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: LCMS Worship e Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House)

06/01/2013

Festa da Epifania de Nosso Senhor - 6 de janeiro

Geburt Christi / Natal / Natividade” (1853), de Franz von Rohden (1817-1903).
Cor litúrgica: Branca

Leituras do Lecionário Anual
Introito: Salmo 72.1–2, 10–11; antífona: Texto Litúrgico
Antigo Testamento: Isaías 60.1–6
Salmo: Salmo 24 (antífona: v. 7)
Epístola: Efésios 3.1–12
Evangelho: S. Mateus 2.1–12
Gradual: Isaías 60.6b, 1
Verso: S. Mateus 2.2b

O Senhor Deus se manifesta no Filho Encarnado

A Festa da Epifania enfoca a visita dos Magos do Oriente. Em consideração a isto, é um “Décimo Terceiro Dia” de Natal e ainda assinala também o início de um novo período litúrgico. Enquanto o Natal tinha focado na encarnação de Nosso Senhor - isto é, Deus se tornando carne – o período da Epifania enfatiza a manifestação ou auto-revelação de Deus naquela mesma carne de Cristo. A glória do SENHOR está brilhando sobre você. A terra está coberta de escuridão, os povos vivem nas trevas, mas a luz do SENHOR está brilhando sobre você; sobre você aparece a glória de Deus (Isaías 60.1-2). Ele faz isto principalmente pela sua Palavra do Evangelho, a qual Ele faz com que seja pregada dentro de sua Igreja na terra, não só para os judeus, mas também para os gentios (Efésios 3.8-10). Assim como os Reis Magos foram guiados pelas promessas da Sagrada Escritura para encontrar e adorar o Menino Jesus na casa com sua mãe (S. Mateus 2.5-11), o mesmo acontece quando Ele chama discípulos de todas as nações por meio da pregação da Palavra de Deus, para encontrá-lo e adorá-lo em sua Igreja (Isaías 60.3-6). Com ouro eles confessaram sua realeza, com incenso, sua divindade e com mirra, seu sacrifício sacerdotal (S. Mateus 2.11). — Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod)

Oração do dia 
Ó Deus, pela direção de uma estrela tornaste conhecido o teu Filho unigênito àqueles que não faziam parte do teu povo. Dirige a nós, que o conhecemos pela fé, a desfrutar nos céus da plenitude da sua divina presença; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

02/01/2013

Festa da Circuncisão e Nome de Jesus - 1º de janeiro

“Adoração do Nome de Jesus” (1578-1579) de El Greco (1541–1614). Localização: Monasterio de San Lorenzo, El Escorial (Espanha).


“O nome ‘Jesus’ é alimento, luz e remédio. Você tem este remédio para si mesmo, ó minha alma, e ele se oculta na cápsula da palavra, a qual certamente é Jesus, o portador da salvação."
 - São Bernardo, Sermão “De Coena Domini”, citado pelo Bem-aventurado Johann Gerhard
em “On Christ” (Concordia Publishing House, 2009) p. 12.


Cor litúrgica: Branca

Leituras bíblicas:
† Salmo 8
† Números 6.22-27
† Gálatas 3.23-29
† S. Lucas 2.21

Já no oitavo dia de vida de Jesus, seu destino de expiação é revelado em seu nome e em sua circuncisão. Naquele momento, o seu sangue é derramado pela primeira vez e Jesus recebe o nome dado a ele pelo anjo: “Você porá nele o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles.”(S. Mateus 1.21). Na circuncisão de Jesus, todas as pessoas são circuncidadas uma vez por todas, porque ele representa toda a humanidade. No Antigo Testamento, para os crentes que olhavam para as promessas de Deus a serem cumpridas no Messias, os benefícios da circuncisão incluíam o perdão dos pecados, justificação e incorporação ao povo de Deus. No Novo Testamento, São Paulo fala de seu equivalente, o Santo Batismo, como uma "circuncisão não feita por mão" e como "a circuncisão de Cristo" (Colossenses 2.11).

Coleta
Senhor Deus, tu fizeste teu Filho amado, nosso Salvador, sujeito à Lei e o levaste a derramar seu sangue em nosso favor. Concedei-nos a verdadeira circuncisão do Espírito para que nossos corações sejam purificados de todos os pecados; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: The Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House: 2008), p. 1078.

01/01/2013

Véspera de Ano Novo - 31 de dezembro

“A Luz do Mundo” (1851) de William Holman Hunt (1827–1910)

Cor litúrgica: Branca

A Véspera da Circuncisão e Nome de Jesus também pode ser observada no dia 31 de dezembro, utilizando os próprios para o dia 1º de janeiro.

Leituras bíblicas
† Salmo 90.1-12
† Isaías 30. (8-14) 15-17
† Romanos 8.31b-39
† S. Lucas 12.35-40

Neste dia, nos preparamos para celebrar o nome escolhido por Deus para o seu Filho amado, que veio em carne para salvar o seu povo dos seus pecados. É também um momento para fazer um balanço de nossas vidas, refletir sobre nossa breve passagem aqui na terra e se preparar para a eternidade com Deus através da fé em Cristo Jesus.

Coleta
Eterno Deus, nós confiamos à tua misericórdia e perdão o ano que agora termina e recomendamos à tua bênção e amor o tempo ainda por vir. No novo ano, habita entre nós com o teu Espírito Santo que possamos confiar sempre no nome salvador de nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.