Retrato de Matthias Flacius por artistas anônimos do séc. XVI (Foto: Peter Michaelis) |
Matias Flácio Ilírico foi um reformador luterano que nasceu em 3 de março de 1520, em Labin, região da Istria, atualmente pertencente à Croácia. Aos dezesseis anos Flácio foi estudar em Veneza com o humanista Baptista Egnatius. Seu tio Baldus Lupetinus, provincial franciscano, o incentivou a continuar os estudos na Alemanha.
Flácio chegou em Augsburgo em 1539, onde ficou pouco tempo até se mudar para a Basileia, onde se matriculou na universidade e estudou hebraico e grego. Depois mudou-se para Tübingen para continuar os estudos.
Em 1541 Flácio foi recebido em Wittenberg por Philipp Melanchton e teve contato com Martinho Lutero. Aos vinte e quatro anos, Flácio recebeu o diploma de Mestrado na Universidade de Wittenberg. Sua graduação lhe valeu uma promoção imediata para professor de teologia.
Na sequência, Flácio mudou-se para Magdeburgo, onde começou a trabalhar nos 13 volumes de Ecclesiastica Historia (conhecidos popularmente como Centúrias de Magdeburgo) juntamente com Johannes Wigand e outros estudiosos. Ele também escreveu inúmeros tratados e panfletos sobre variados tópicos da teologia. Enquanto esteve em Magdeburgo, Flácio participou de tentativas de reconciliar as partes em conflito dentro luteranismo.
Em 1557, Flácio foi convidado para chefiar a recém-fundada faculdade de teologia na Universidade de Jena. Em Estrasburgo, Flácio completou o seu grande trabalho final, o Glossa compendiaria in Novum Testamentum (1570), um comentário sobre o Novo Testamento. Flácio passou seus últimos anos no convento de Weissen Frauen (também chamado Madalenas ou Penitentes) em Frankfurt, onde foi acolhido pela prioresa protestante Katharina von Meerfeld, juntamente com sua esposa enferma e filhos. Flácio morreu em Frankfurt, em 11 de março de 1575.
Muitos qualificam o trabalho hermenêutico de Flácio como sua conquista mais importantes e ele certamente foi um pioneiro nesta área. Sua Clavis Scripturae Sacrae (Chave para a Sagrada Escritura) estabelece que qualquer passagem da Bíblia deve ser interpretada levando-se em conta a finalidade e a estrutura de todo o capítulo ou determinado livro e que o sentido literal do texto deve ter prioridade sobre alegorias e metáforas. Flácio também contribuiu muito para a história e dogmática da Igreja.
Como teólogo, Flácio tentou permanecer fiel a Lutero, em particular à ênfase do reformador na vontade cativa. Infelizmente, o seu estilo muitas vezes abrasivo e sua posição extrema sobre o pecado original causou seu distanciamento de muitos outros luteranos firmes. Devido a isso, seu nome atingiu certo esquecimento e imerecido descrédito entre muitos luteranos confessionais, até mesmo nos dias atuais.
Em resumo, Flácio não conseguiu se encaixar entre os seus contemporâneos. No entanto, não podemos subestimar sua influência na preservação, promoção e exposição da teologia da Reforma Luterana. Em 1878, o biógrafo Johann Wilhelm Preger louvou Flácio: "Um homem de coragem resoluta, força insuperável, possuindo um extenso conhecimento raramente encontrado, com uma visão ampla e um espírito diligente."
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