31/05/2017

A Visitação

“A Visitação” (2015), de Laura McGowan
Na Festa da Visitação lembramos a ocasião em que Maria visitou Isabel. A jovem mãe de nosso Senhor Jesus demonstrou coragem e fidelidade dignas de louvor ao carrega-lo no ventre. Com grande humildade, ela procurou dar toda a honra e glória a Deus por este milagre, e não para si mesma. Que o Espírito Santo nos ajude a reagir da mesma forma a todas as ações de Deus em nossas vidas!

Abaixo, uma bonita meditação de Lutero sobre o Cântico de Maria, o Magnificat, que se encontra na íntegra no volume 6 das Obras Selecionadas de Lutero em português:

Pois me fez grandes coisas aquele que é poderoso, e santo é seu nome.” [Lc 1.49]
 
Portanto, com essas palavras a santa mãe de Deus quer expressar o seguinte: nada de todas essas coisas e grandes bens é meu, mas aquele que é o único que faz todas as coisas e cujo poder exclusivo atua em tudo, este me fez estas grandes coisas. Pois a palavra “poderoso” não significa aqui um poder quiescente, como se diz que é poderoso um rei temporal, mesmo quando descansa e nada faz; mas é um poder ativo e uma atividade constante, que está em movimento e atividade permanente. Pois Deus não descansa, mas atua incessantemente...
 
Por isso ela acrescenta: “E santo é seu nome”. Isso significa: assim como não me arrogo a obra, também não me arrogo o nome e a honra. Pois a honra e o nome competem somente àquele que realiza a obra. Não é justo que um faça a obra e outro leve o nome e receba a honra. Eu sou apenas a oficina na qual ele trabalha, mas nada contribuí para a obra. Por isso ninguém me deve louvar nem dar-me a honra por me ter tornado a mãe de Deus. Mas deve-se honrar e louvar em mim a Deus e sua obra. Basta que as pessoas se alegrem comigo e me declarem bem-aventurada porque Deus me usou para fazer cm mim essas suas obras. Vê como ela atribui todas as coisas inteiramente a Deus. Não reclama para si nenhuma obra, nenhuma honra, nenhuma glória. Comporta-se como antes, quando ainda não tinha nada dessas coisas, também não busca mais honra do que antes. Não se vangloria, não alardeia que se tomou mãe de Deus, não exige honra, mas vai e trabalha na casa como antes, ordenha as vacas, cozinha, lava a louça, varre e ocupa-se como uma empregada ou uma dona de casa deve ocupar-se com trabalhos pequenos e insignificantes, como se não se importasse com esses dons e graças extraordinários...
 
É isso, portanto, o que significa: “Santo é seu nome”. Pois “santo” significa o que foi separado, consagrado a Deus, o que não se deve tocar nem manchar, mas honrar. “Nome” significa, por sua vez, boa reputação, fama, louvor e honra. De maneira que todos devem manter distância do nome de Deus, ninguém deve tocá-lo nem apropriar-se dele... Isso significa que ninguém deve usurpar o nome de Deus; pois significa profanar o nome de Deus quando nos gloriamos e aceitamos honra, ou quando encontramos agrado em nós mesmos e quando nos gloriamos de nossas obras ou bens, como o faz o mundo que blasfema e profana o nome de Deus sem cessar. Pelo contrário, como as obras são exclusivas de Deus, também o nome compete exclusivamente a ele, e todos os que santificam seu nome desta maneira e renunciam à honra e a glória, esses o honram de verdade.

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja, em O Magnificat (Obras Selecionadas de Lutero, vol. 6. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 1996. p. 51-52)

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