Introdução:
Em 25 de Junho de 1530, os Luteranos
– liderados por Filipe Melanchton, amigo e colaborador de Lutero – apresentaram
na cidade de Augsburgo, na Alemanha, diante do imperador Carlos V, a sua
confissão de Fé. Esta se tornou conhecida como Confissão de Augsburgo que, por
apresentar as verdades fundamentais da Fé Cristã, não se coloca como um credo
particular dos Luteranos, mas uma confissão de Fé de todos os cristãos, em que
através dos seus artigos ensina que somos salvos pela Graça de Deus (Sola Gratia), mediante a Fé (Sola Fide), conforme a Sagrada Escritura
(Sola Scriptura). Esta confissão,
juntamente com os Credos ecumênicos e outros escritos confessionais do século
XVI foram reunidos no Livro de Concórdia de 1580 – a exposição correta das
Sagradas Escrituras, aquilo que como cristãos, cremos, ensinamos e confessamos.
Resumo dos principais Artigos da primeira parte:
“Em primeiro lugar, ensina-se que há
uma só essência divina, que é chamada Deus e verdadeiramente é Deus (Dt 6.4). E, todavia, há três pessoas
nesta única essência divina: Pai e Filho e Espírito Santo (Mt 28.19), todas três uma única essência, eterna, indivisa, de
incomensurável poder, sabedoria e bondade” (CA I).
“Ensina-se, outrossim, que depois da
queda de Adão, todos os homens naturalmente nascidos são concebidos e nascidos
em pecado (Sl 51.5). Este pecado
condena eternamente a quantos não renascem (Jo 3.3-6) pelo Batismo e pelo Espírito Santo” (CA II).
“Ensina-se, também, que o Filho se
fez homem, nascido da Virgem Maria (Is
7.14), e que as duas naturezas, divina e humana, inseparavelmente unidas em
uma única pessoa, são um só Cristo (Lc
1.39-43), que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem” (CA III).
“Ensina-se, ainda, que não podemos
alcançar Perdão e Justiça diante de Deus por mérito ou obra nossos (Rm 3.10-12), porém, recebemos perdão
dos pecados e nos tornamos justos pela Graça (Ef 2.8-9), por causa de Cristo, mediante a Fé” (CA IV).
“Para recebermos essa Fé, instituiu
Deus o Ofício da Pregação (Jo 20.21-23,
Rm 10.14-15), dando-nos o Evangelho e os Sacramentos (1Co 4.1), pelos quais, como por meios, dá o seu Espírito, que opera
a Fé” (CA V).
“Ensina-se também que sempre haverá
e permanecerá uma única santa Igreja Cristã (Mt 16.16-18), que é a congregação de todos os crentes (Ef 4.5), entre os quais o Evangelho é
pregado puramente e os Sacramentos administrados de acordo com o Evangelho” (CA
VII, VIII).
“Do batismo se ensina que é
necessário (1Pe 3. 18-21) pois
oferece Graça (Tt 3. 4-7); que
também se devem batizar as crianças (At
2. 38-39), as quais, são entregues a Deus e a ele se tornam agradáveis” (CA
IX).
“Da Ceia do Senhor se ensina que o
verdadeiro Corpo e o verdadeiro Sangue de Cristo estão verdadeiramente
presentes na Ceia (Mt 26. 26-28) sob
o pão e do vinho (1Co 11. 20-26) e
são nela distribuídos e recebidos” (CA X).
“Da Confissão se ensina que se deve
conservar a Absolvição Particular, não a deixando cair em desuso na Igreja (Tg 5.16), ainda que nela seja
desnecessário enumerar (Sl 19.12) todos
os pecados. Mas que estimule o arrependimento e se receba o perdão” (CA XI e
XII).
“Ensina-se, ainda, que os
Sacramentos foram instituídos para serem sinais e testemunhos da vontade divina
para conosco, com o fim de que, por eles, se desperte e fortaleça a nossa Fé (Mc 16.16, Mt 26.28, Mt 16.19). Assim,
se ensina que, sem chamado regular (2Co
5.20), ninguém deve publicamente ensinar ou pregar ou administrar os
Sacramentos na Igreja” (CA XIII e XIV).
“Ensina-se, também, que toda
autoridade no mundo e todos os governos e leis ordenados são boas, criadas e
instituídas por Deus (Rm 13. 1-7), e
que cristãos podem, sem pecado, ocupar o cargo de autoridade. Por isso, os
cristãos têm o dever de estar sujeitos à autoridade (1Tm 2. 1-2) obedecer (At
5.29) em tudo o que não envolva pecado” (CA XVI).
“Também se ensina que Cristo voltará
no último dia para julgar (Mt 25. 31-34),
e ressuscitará todos os mortos (Jo 5.
28-29), dará aos crentes vida eterna, e condenará os descrentes ao castigo
eternos” (CA XVII).
“Ensina-se, além disso, que o homem
tem, até certo ponto, livre arbítrio para viver exteriormente de maneira
honesta e escolher entre aquilo que a razão compreende (1Co 2.14). Todavia, sem a Graça e o auxílio do Espírito Santo (Jo 6.44), o homem é incapaz de temer a
Deus de coração, ou crer (2Co 3. 4-6),
ou expulsar de si mesmo as más concupiscências inatas” (CA XVIII).
“Sobre os santos (Sl 149), se ensina que devemos
lembrar-nos deles (Hb 13.7), para
fortalecer a nossa Fé ao vermos como receberam Graça e foram ajudados pela Fé (Hb 12. 1-2); e, também tomemos exemplo
de suas obras. Entretanto, não se prova pela Escritura (1Tm 2. 3-6) que se devem invoca-los ou procurar auxílio junto a
eles” (CA XXI).
Conclusão:
Este é o resumo do que é ensinado em
nossas Igrejas para instrução na Palavra de Deus e consolo e vida dos fiéis. Por
isso, tudo o que cremos, ensinamos e confessamos está fundamentado na Escritura
e não se opõe a Igreja Cristo de todos os tempos. Desse modo, os confessores
luteranos, testemunharam sua Fé não como uma nova seita ou uma igreja
separatista, mas, como a una, sancta e
apostólica Igreja Cristã.
Continuemos hoje, a preservar as
verdades da Escritura em nossa vida e em nossas congregações, tendo a certeza
que mesmo diante dos ataques e tentações do mundo, do diabo e de nossa própria
carne, “a Palavra do SENHOR permanece
para sempre” (Is 40.3).
Rev. Helvécio
José Batista Júnior
Ministro do Senhor nas Igrejas Luteranas "Bom Pastor" e "Cristo Rei" em Cariacica/ES
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