Hoje a Igreja celebra a Confissão de São Pedro. Ainda hoje, Mediante a obra do Espírito Santo, continuamos a responder à pergunta de nosso Senhor em nosso uso dos Credos ecumênicos. A confissão da pessoa de Jesus como Cristo está diretamente ligada à sua obra, pois logo em seguida Jesus prediz sua paixão e morte pela primeira vez. Isto quer nos ensinar que a confissão de Cristo inevitavelmente nos levará a negar a nós mesmos, tomar a cruz e segui-lo.
A Confissão de Pedro também nos lembra que não existe outra resposta ou atitude possível à pergunta de Jesus, conforme Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) magistralmente escreve no seu último sermão pregado em Berlim, no Sexto Domingo após Trindade, em 23 de julho de 1933:
“Quem vocês dizem que eu sou?” Nesta situação inadiável, face a face com Cristo, não há espaço para “talvez”, nem “alguns dizem”, nem mais opiniões, mas apenas silêncio, ou então a única resposta que Pedro agora dá: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Aqui, em meio ao turbilhão de opiniões e perspectivas humanas, algo verdadeiramente novo é visível. Aqui o nome de Deus foi chamado; o nome do Eterno foi falado; o mistério foi trazido à luz. Isso não é mais pensamento humano, mas exatamente o oposto; isso é revelação divina e confissão de fé. “Bem-aventurado é você, Simão, filho de Jonas! Pois não foi carne e sangue que revelaram isso a você, mas meu Pai que está nos céus... tu és Pedro, a rocha, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”.
Qual é a diferença entre Pedro e os outros? Ele tem uma natureza tão heroica que se destaca dos outros? Não tem. Ele tem uma firmeza de caráter inigualável? Não tem. Ele tem uma lealdade tão inabalável? Não tem. Pedro realmente não é ninguém, ninguém além de uma pessoa que confessa, uma pessoa que encontrou Cristo em seu caminho e tendo o reconhecido, agora confessa sua fé em Cristo. E este Pedro, esta pessoa que confessa, agora é chamado como a rocha sobre a qual Cristo edificará a sua igreja.
A igreja de Pedro – que significa a igreja sobre a rocha, a igreja da confissão de Cristo. A igreja de Pedro não é a igreja de opiniões e pontos de vista, mas sim a igreja da revelação; não a igreja que fala sobre “o que as pessoas dizem”, mas a igreja na qual a confissão de Pedro está sendo feita e falada sempre de novo, a igreja que não faz nada além de somente e sempre fazer essa confissão, seja cantando, orando, pregando ou agindo. É a igreja que somente permanece na rocha na medida em que continuar fazendo isso, mas se ousar pensar em ir por outro caminho, por qualquer que seja razão, ou mesmo desviar o olhar por um momento, acaba se tornando a casa construída sobre a areia que o vento derruba (Mateus 7.26-27). [The Collected Sermons of Dietrich Bonhoeffer. Minneapolis: Fortress Press, 2012. p. 83-84]
Rev. Josemar da Silva Alves (18.01.2022)
A entrega das chaves a Pedro (1851), por Josef von Führich (1800-1876) |
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