Naquele Domingo em que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos, dois dos seus discípulos estavam a caminho de Emaús. Abatidos e confusos, eles percorrem em direção aquela aldeia incapazes de compreender tudo o que havia ocorrido naqueles últimos dias.
Crucificaram o nosso Senhor! Ele foi sepultado! Mas agora o seu túmulo está vazio! O que tudo isso significa?
Enquanto aqueles dois discípulos seguiam “conversando e discutindo” pela estrada, eis que “o próprio Jesus se aproximou e ia com eles”. No entanto, “os olhos” daqueles dois homens “estavam como que impedidos de o reconhecer”. E percebendo a aflição em seus semblantes, Jesus “lhes perguntou:”
“O que é que vocês estão discutindo pelo caminho?”
Ao ouvir aquela pergunta, “eles pararam entristecidos”. Afinal, aquele profeta poderoso em palavras e ações, que eles esperavam ser o Redentor de Israel, havia sido violentamente morto diante dos seus olhos. E agora? Ele realmente ressuscitou? Ele desapareceu? O que resta? Há ainda alguma fagulha de esperança que possa ascender uma luz em meio a esta escuridão?
A dor era imensa. “Será que você é o único que esteve em Jerusalém e não sabe o que aconteceu lá, nestes últimos dias?” Questiona um dos discípulos.
Jesus, ainda sem se revelar, pergunta a eles: “Do que se trata?” E eles explicam: “O Nazareno”, “poderoso diante de Deus e de todo o povo”, foi entregue a morte “pelos principais sacerdotes” e “pelas autoridades”. “Nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir Israel. Mas, depois de tudo isso, já estamos no terceiro dia desde que essas coisas aconteceram”.
Jesus escuta atentamente as palavras daquele dois discípulos, que continuam contando o ocorrido naqueles dias até que chegam à madrugada daquele domingo. Eles dizem: Hoje bem cedo, “algumas mulheres do nosso grupo nos surpreenderam. Indo de madrugada ao túmulo e não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo que viram anjos, os quais afirmam que ele vive”. Mas, será? “Alguns verificaram a exatidão do que as mulheres disseram”, porém, não viram a Jesus.
O Senhor, após ouvir todas estas coisas, toma a palavra e diz: “Como vocês são insensatos e como demoram para crer em tudo o que os profetas disseram! Não é verdade que o Cristo tinha de sofrer e entrar na sua glória?”
Isso chama atenção daqueles dois discípulos, que não conseguem responder nada. Porém, Jesus, pregando a eles, expõe a Palavra aos seus ouvidos, e “começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele nas Escrituras”.
A pregação de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo mexe com aqueles dois homens, e por isso, ao chegarem na aldeia, eles o convence a ficar.
“Fique conosco, porque é tarde, e o dia já está chegando ao fim”. E Jesus fica com eles! E que bom que ele permanece, pois é justamente naquele lugar, “quando estavam à mesa” para se alimentaram depois da viagem, que Jesus finalmente se revela para aqueles dois homens. Porém, isso ocorre de uma forma bastante singular: Na mesa, Jesus “pegou o pão” que nela estava “e o abençoou; depois, partiu o pão e o deu a eles”. Então, como que por um milagre divino, “os olhos” dos dois discípulos “se abriram, e eles reconheceram Jesus”.
Aquela viagem que iniciara em tristeza e desesperança, agora está sendo concluída em festa, alegria e esperança. Afinal, para aqueles dois homens, Jesus revelou sua presença e sua vitória sobre o pecado e a morte no “partir do Pão”, naquela emocionante “Eucaristia”, naquela refeição tão simples e ao mesmo tempo tão sublime que remeteu os seus discípulos à Santa Ceia que ele havia instituído. E foi assim que tudo passou a fazer sentido.
“Não é verdade que o coração nos ardia no peito, quando ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?”. Com esta perplexidade não mais entristecida, mas alegre, “os dois” passaram a testemunhar “o que lhes tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido o Senhor no Partir do Pão”.
Maravilha das maravilhas, não é mesmo? Que história magnifica! Entretanto, o que a torna ainda mais extraordinária é que esta história não é algo que somente fica no passado, ela chega até cada um de vocês hoje! Vocês que estão caminhando por essa vida, vocês que estão nessa peregrinação, muitas vezes também passam por aflições e angústias, e por isso, podem ficar tão entristecidos como estavam aqueles dois discípulos do Senhor. Mas, o nosso querido Salvador Jesus Cristo, não quer deixar vocês sozinhos com isso.
E é por isso, que conhecendo as tribulações de cada um, ele se coloca na sua estrada, na sua história. E ele faz isso por meio da Igreja, de forma especial dos seus servos, que desde Moisés, passando pelos Profetas, explicam as Escrituras para vocês.
Mas ele não para por ai! Hoje, além de pregar sua Palavra a vocês, ele também se coloca à Mesa com vocês, ele parte o Pão e o dá a cada um de vocês!
Assim como ocorreu em Emaús, hoje aqui neste lugar, Jesus se revela a cada um de vocês na Eucaristia, nesta simples e sublime refeição que, por causa de Cristo, é para nós Santa Ceia!
Meus irmãos, não há como ouvir o nosso Senhor em nenhum outro lugar a não ser na Pregação da sua Palavra, pois é ali que ele graciosamente fala conosco e faz os nossos corações arderem. Além disso, não há nenhuma outra forma de reconhecer Jesus a não ser ali onde ele se deu e se dá a conhecer aos seus: na Santa Ceia! É ali que você pode tocar e receber o Sagrado Corpo de Cristo, no Pão! É ali que você pode ser alcançado pelo Santo e Precioso Sangue de Cristo, no Vinho!
Por isso, não vivam na desesperança, tentando ouvir Jesus no seu coração ou em qualquer outro lugar que não seja a Pregação da sua Palavra. E principalmente, não se afaste de Jesus, afastando-se de sua Igreja, e desse modo abdicando de estar à Mesa com Cristo, e receber dele, no Pão e no Vinho abençoados, seu Corpo e seu Sangue, sua Pessoa e sua Obra, isto é, o Perdão dos Pecados, a Salvação e a Vida Eterna!
Amém!
Rev. Helvécio José Batista Júnior
Ministro do Senhor na Igreja Luterana "Santíssima Trindade"
Naviraí/MS ~ 2023 AD
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