15/08/2013

A Festa de Maria não é sobre Maria, mas sim sobre Jesus

Festa de Santa Maria, Mãe do Senhor
15 de Agosto Anno Domini 2013

Estudo Homilético e Devoção realizada na Capela do Seminário Concórdia (São Leopoldo/RS)

A Virgem e o Menino (1525-30), de Lucas Cranach, o Velho (* 1472, Kronach, † 1553, Weimar)

A Festa de Maria não é sobre Maria, mas sim sobre Jesus

Salmo 45.10-17; Isaías 61.7-11; Gálatas 4.4-7; Lucas 1.(39-45) 46-55

Contexto litúrgico

    A Festa de Santa Maria comemora a dormição da Virgem Maria, isto é, seu adormecer na morte e, seguramente, na fé em Cristo. A celebração do dia 15 de agosto surgiu no Oriente por volta do séc. V, confirmando uma antiga tradição da igreja. Por mais que seja uma festa em lembrança de Maria, em última instância, é uma festa cristocêntrica.

Estudos dos próprios do dia

Leituras 
  • Salmo 45.10-17: O Salmista dá conselho a uma mulher a qual chama de filha e na última estrofe afirma: “O teu nome, eu o farei celebrado de geração a geração, e, assim, os povos te louvarão para todo o sempre.
  • Gálatas 4.4-7: O Apóstolo Paulo escreve acerca da encarnação de Cristo: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.
  • Lucas 1.(39-45) 46-55: Na perícope, temos dois relatos importantes: 1. Visita que a Bem-aventurada Maria fez a Isabel; 2. Magnificat
Próprios do dia
  • Introito: O introito é uma ação de graças pela ação de Deus, pela seu constante auxílio e amparo.
  • Coleta do dia: A coleta pede para que todos os que foram redimidos pelo Sangue de Cristo, possam ser reunidos com ela na glória eterna.
  • Gradual:  O Salmo utilizado como gradual é 45.13-14 e pinta um quadro de uma princesa que ornada é levado ao rei.
  • Verso: O verso é parte do Magnificat, onde se enfatiza o anúncio da grandeza de Deus, pois, a alma de Maria está repleta de alegria por causa do criador.
  • Prefácio próprio: Se a celebração for dentro de um culto eucarístico, o pastor tem duas possibilidades dentro do livro de liturgia [Comissão de Culto da IELB. Culto Luterano: Liturgias. Porto Alegre: Concórdia Editora, 2010. p . 27 e 46.] : 1) Prefácio próprio “Anunciação do Senhor, A visitação e Santa Maria, Mãe do Senhor"; 2) Prefácio intitulado “Dia de todos os Santos.”
Estudo do texto
[Just Jr., Arthur A. Luke 1.1-9:50 A Theological Exposition of Sacred Scripture. Saint Louis: Concordia Publishing House, 2001. p.72-87.]

    A perícope é composta de dois blocos: 1) visita de Maria e 2) O cântico de Maria. A opção é pelo texto expandido, pois, não envolve somente o cântico de Maria, o Magnificat, mas também a visita que a bem-aventurada Mãe do Senhor fez a sua prima Isabel. O Dr. Arthur Just, em seu comentário sobre Lucas, afirma que as duas partes, 39-45 e 46-55 formam uma unidade.

Visita de Maria a Isabel

    Ao ouvir a Saudação o bebê, João Batista, que estava na barriga de Isabel estremece no ventre de sua mãe. Diante do verbo encarnado, este é o primeiro responso litúrgico que temos registrado no Novo Testamento.
    A cena pintada nesta visita é cheia da presença de Cristo. Tudo o que aconteceu nesta memorável visita é fruto da presença do Deus que se fez carne: João Batista chegou a estremecer no ventre de Isabel, Isabel ficou cheia do Espírito Santo e falou para Maria belíssimas palavras. Cada detalhe é um responso à presença de Jesus. Segundo o Dr. Just, aqui temos o primeiro texto litúrgico cristão.
    Isabel proclama Jesus no ventre da bem-aventurada Maria e ela é bem-aventurada, pois carrega dentro de si a fonte de toda bem-aventurança, a fonte de toda graça. A presença de Cristo enche e permeia todo o quadro que Lucas nos desenhou neste relato.
    O versículo 45 fala que Maria é bem-aventurada porque ela creu nas promessas que lhe foram ditas: “Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor.”

Magnificat 

    O Magnificat pode ser dividido em duas estrofes: 1) 1.46b – 49 reflete ação poderosa de Deus sobre Maria e sua resposta de louvor e agradecimento; 2) 1.50-55 é o cumprimento das promessas feitas por Deus para seu povo.
    Na primeira estrofe, Maria agradece a Deus que a contemplou. E ela ser lembrada por que Deus, o todo poderoso, fez grandes coisas. Este é o real motivo que é ela é bem aventura, pois, Deus fez grandes e maravilhosas coisas: “Porque contemplou na humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada.
    Em Lucas 11.27 temos um relato de alguém que enaltece o ventre e os seios que amamentaram Jesus. Jesus responde que abençoados são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a guardam. E Maria foi esta pessoa. Ela ouviu e guardou as promessas. Segundo Arthur Just, ela foi a primeira catecúmena. Ela foi a primeira cristã na nova aliança.
    A ênfase da segunda estrofe está no cumprimento das promessas feitas ao povo de Deus: a favor de Abraão e sua descendência. Ou seja, descreve a salvação de Deus em favor de Israel. O centro desta segunda estrofe está na palavra misericórdia. Por esta misericórdia Deus age.

Magnificat de Lutero
[Lutero, Martinho. O Magnificat. In: Obras Selecionadas – Volume 6.]

Neste texto, Lutero escreve sobre o Cântico de Maria e o dedica ao Duque João Frederico. Lutero chama atenção para três aspectos importantes:
  1. Maria como expressão de vida a partir do Espírito Santo.
  2. Como exemplo da graça de Deus
  3. Exemplo do agir de Deus na história. 
Citações do texto Magnificat de Lutero:
  1. Maria reconhece como primeira obra de Deus realizada nela o contemplar. Esta também é a obra maior, na qual se baseiam todas as demais e da qual emanam. Pois, quando Deus volta o seu rosto para alguém, para contemplá-lo, aí reina a pura graça e a bem-aventurança, e todos os dons e obras hão de seguir. (p. 44). 
  2. Portanto, quem quiser honrá-la devidamente não deve contemplá-la de forma isolada, mas deve vê-la diante de Deus e muito abaixo de Deus, despojando-a de tudo e (como ela diz) contemplando sua nulidade. Então ficarás maravilhado com a exuberante graça de Deus que contempla, recebe e abençoa ricamente e com tão grande misericórdia uma pessoa tão insignificante e nula. (p. 45)
  3. O mais nobre exemplo da graça de Deus para estimular a todo mundo a confiança, ao amor e ao louvor na graça divina. (p. 45)
  4. Ó bem aventurada virgem e mãe de Deus, que grande consolo nos revelou Deus em ti por ter contemplado tão misericordiosamente tua indignidade e nulidade. Isso nos mostra que, de agora em diante, a teu exemplo, também não desprezará a nós pobres homens nulos, mas que nos contemplará com misericórdia. (p. 45 e 46)
Bem-aventurada Maria na Bíblia

    A Bem-aventurada Maria, a mãe de Jesus, é mencionada várias vezes nos Evangelhos e no livro de Atos. Incidentes de sua vida que foram registrado: 1) noivado com José; 2)  a Anunciação do Anjo Gabriel que ela seria a Mãe do Messias; 3) visitação a Isabel, a mãe de João Batista; 4) na Natividade de Nosso Senhor;  5) as visitas dos pastores e os sábios;  6) a apresentação do Menino Jesus no templo; 7) a fuga para o Egito; 8) a visita pascal a Jerusalém, quando Jesus tinha doze anos; 9) o casamento em Caná da Galileia; 10) sua presença na crucificação, quando seu Filho a legou aos cuidados de seu discípulo João; 11) e seu encontro com  os Apóstolos no cenáculo depois da Ascensão, à espera do Espírito Santo prometido.
    Maria está presente em todos os eventos importantes da vida de seu Filho. Ela é especialmente lembrada e homenageada por sua obediência incondicional à vontade de Deus: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc 1.38); por sua lealdade a seu filho, mesmo quando ela não podia compreendê-lo: “Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser.” (Jo 2.5), e, acima de tudo, a mais excelsa honra concedida a ela por Deus, foi o fato que ela  tornou-se a mãe de Deus que se fez carne: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre!” (Lc 1.42). Segundo a tradição, Maria foi com o apóstolo João para Éfeso, onde morreu.
[Kinnaman. Scott A. (Ed.). Treasury of Daily Prayer.  Saint Louis: Concordia Publishing House, 2009. p. 625-626.]

Honra aos Santos e Artigo XXI da Apologia da Confissão de Augsburgo: “Da invocação dos Santos”

    A Apologia da Confissão, a nossa norma normata, no seu vigésimo primeiro artigo prevê a honra aos santos de Cristo em três pontos: 1) ação de graças; 2) confirmação da fé; 3) imitação, primeiro da fé, em seguida das demais virtudes.
     Aplicando estas três honras a Bem-Aventura Maria, Mãe de Jesus:

  1. A primeira honra é a ação de graças: demos graças a Deus por ter mostrado o mais nobre exemplo da graça de Deus para estimular a todo mundo a confiança, ao amor e ao louvor na graça divina. Maria é uma representação muito importante para a Igreja. Ela é uma representação de ti e de mim. Eu digo que Maria é representação, pois ela estava cheia, repleta de Cristo. A exemplo do que aconteceu com Maria, você desde o Batismo está repleto de Cristo.  Cristo está em de ti.
  2. A segunda honra é a confirmação de nossa fé: Deus é o mesmo, ontem, hoje e eternamente, por que em Deus  não pode existir variação ou sombra de mudança. O mesmo Deus que contemplou e fez grandes coisas na vida de Maria é o mesmo Deus que te contempla e faz grandes coisas em tua vida. Ele é o teu Deus, é o teu Salvador.
  3. A terceira honra é a imitação, primeiro da fé, em seguida das demais virtudes: Maria foi a primeira cristã que temos registrada no Novo Testamento. Ela ouviu e confiou. Ela esteve com Jesus nos momentos importantes de sua vida tanto antes de sua Ascensão, como depois. A Bem-aventurada Maria ouviu e confiou.
Aspectos homiléticos

Objetivo: 
  1. Demonstrar que celebrar Maria é celebrar a presença física do Deus encarnado, Jesus Cristo;
  2. Honrar a Bem-Aventurada Maria conforme as nossas confissões preveem. 
Tema: A festa de Maria não é sobre Maria, mas sim sobre Jesus

Esboço básico: 
  1. Introdução:
    a. A festa de Maria não é sobre Maria, mas sim sobre Jesus;
    b. Cada detalhe do texto é resposta à presença física de Jesus;
  2. Análise do Evangelho do dia
    a. Visita de Maria a Isabel;
    b. Cântico de Maria
         i. Ação de Deus sobre Maria;
         ii. Ação de Deus sobre o povo;
  3. Citação das três honras a favor da lembrança dos santos - 21º artigo da Apologia da Confissão. Citar as três honras aplicando-as no caso da Bem-aventurada Maria. 
Sermão

A Festa de Maria não é sobre Maria, mas sim sobre Jesus

Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o Deus que se encarnou no ventre da Bem-aventurada Maria, o amor de Deus e comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.

     Meus caros irmãos em Cristo, devo lhes dizer de meu contentamento de poder estar diante de vós e pregar no dia da Bem-aventurada Maria, a Mãe de nosso Senhor. No semestre passado preguei sobre José, o Tutor de Jesus. Neste ano, estou tendo a oportunidade de pregar sobre toda a família.
    A festa de Maria não é sobre Maria, mas sim sobre Jesus. Estamos honrando a Bem Aventurada Mãe do Senhor, sim, nós estamos. Mas, no entanto, em uma última instância estamos honrando o Cristo encarnado, o Cristo que está presente entre nós.
      O Evangelho que acabamos de ouvir está repleto de Cristo. Cristo em cada linha, em cada ponto. Nós cantamos na liturgia, “Santo, Santo, Santo Senhor dos Exércitos, céus e a terra estão cheios de sua glória.” O Evangelho é bom exemplo disto, do Cristo que preenche todo espaço, toda vida, todo coração. A Bem Aventurada Maria está repleta de Cristo, o Emanuel, o Deus conosco.
     O nosso texto é composto de dois blocos: 1º) A visita de Maria a Isabel e o 2º) Cântico de Maria. Cada detalhe, cada linha, cada vírgula é uma reação à presença física de Jesus: João Batista estremece no ventre de Isabel; Isabel, cheia do Espírito Santo, proclama Cristo e o Cântico de Maria. Repito, cada detalhe deste texto é a resposta à presença de Cristo. Aqui temos o primeiro responso litúrgico da ação de Deus. Aqui temos o primeiro texto litúrgico cristão da nova aliança.

     O primeiro ponto que quero destacar é a visita que Maria fez a Isabel. Nesta visita, Isabel, na presença de Cristo, o Deus que se encarna, o Deus conosco, diz: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre!
     Isabel proclama o Jesus que estava no ventre da bem-aventurada Maria. Sim, ela é bem aventurada, pois, carregou dentro de si a fonte de toda bem aventurança, a fonte de toda graça e de toda misericórdia.

     O segundo ponto que quero destacar é o cântico de Maria, “o Magnificat”. Podemos dividir o texto em duas estrofes: 1) Maria fala da ação de Deus sobre ela mesma; 2) Maria fala da ação de Deus sobre Israel.
     O cântico da Bem-aventurada Maria começa com um agradecimento a Deus. Maria diz: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador.” Maria tem motivos para agradecer a Deus.
     Ela engradece o Senhor “porque ele contemplou a humildade da sua serva.” Maria olha para si e vê quem ela é: “Uma mulher simples, pobre, uma humilde serva.” Ao ver quem ela era, ela pode ver com clareza quem Deus era e o que este Deus estava fazendo. Ao ter a real noção do que Deus estava fazendo ela exclama: “o Poderoso me fez grandes coisas.”
     A segunda estrofe, Maria exalta ação de Deus em favor de seu povo, a Abraão e toda a sua descendência. A chave desta ação está na misericórdia. Deus atua na história de seu povo por que “A sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.

     As nossas confissões aprovam e apontam  a honra para os santos. E fala em tríplice honra. A primeira honra é a ação de graças: demos graças a Deus por ter mostrado o mais nobre exemplo da graça de Deus para estimular a todo mundo a confiança, ao amor e ao louvor na graça divina. Maria é uma representação muito importante para a Igreja. Ela é uma representação de ti e de mim. Eu digo que Maria é representação, pois ela estava cheia, repleta de Cristo. A exemplo que aconteceu com Maria, você desde o Batismo está repleto de Cristo. Cristo está em de ti.
     A segunda honra é a confirmação de nossa fé: Deus é o mesmo, ontem, hoje e eternamente, por que em Deus  não pode existir variação ou sombra de mudança. O mesmo  Deus que contemplou e fez grandes coisas na vida de Maria é o mesmo Deus que te contempla e faz grandes coisas em tua vida. Ele é o teu Deus, é o teu Salvador.
     A terceira honra é a imitação, primeiro da fé, em seguida das demais virtudes: Maria foi a primeira cristã que temos registrada no Novo Testamento. Ela ouviu e confiou. Ela esteve com Jesus em momentos importantes de sua vida tanto antes de sua Ascensão, como depois. A Bem-Aventurada Maria, ouvi e confiou.

     Por isso meus caros irmãos, hoje nós celebramos a Festa da Bem-Aventurada Maria. No entanto, A festa de Maria não é sobre Maria, mas sim sobre Jesus, o Deus que se fez carne e habitou entre nós e em nós.
     Gostaria de concluir este sermão com as palavras de Lutero: “Ó bem-aventurada virgem e mãe de Deus, que grande consolo nos revelou Deus em ti por ter contemplado tão misericordiosamente tua indignidade e nulidade. Isso nos mostra que, de agora em diante, a teu exemplo, também não desprezará a nós pobres homens nulos, mas que nos contemplará com misericórdia.

     Que a Paz do Deus encarnado no ventre da Bem-aventurada Maria, guarde a tua mente e o teu coração para a vida eterna.

Elissandro Silva
Seminário Concórdia
São Leopoldo/RS
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Veja também a liturgia da Oração da Noite utilizada na Capela do Seminário Concórdia para a celebração desta data festiva.

Festa de Santa Maria, Mãe de Nosso Senhor - 15 de agosto

“A Virgem e o Menino” (c. 1742), Pompeo Batoni (1708-1787)
Santa Maria, a mãe de Jesus, é mencionada várias vezes nos Evangelhos e no livro de Atos, com aproximadamente uma dezena de incidentes pontuais de sua vida sendo registrados: seu noivado com José; a anunciação pelo anjo Gabriel de que ela seria a mãe do Messias; sua visitação a Isabel, a mãe de João Batista; o nascimento de nosso Senhor; a visita dos pastores e magos; a apresentação do menino Jesus no templo; a fuga para o Egito; a visita a Jerusalém na Páscoa, quando Jesus tinha doze anos; o casamento em Caná da Galileia; sua presença na crucificação, quando seu Filho a confia aos cuidados de seu discípulo João, e seu encontro com os apóstolos no Cenáculo após a Ascensão, à espera do Espírito Santo prometido. Desta forma, Maria está presente na maioria dos eventos importantes na vida de seu filho. Ela é especialmente lembrada e honrado por sua obediência incondicional à vontade de Deus (“cumpra em mim conforme a tua palavra” [Lucas 1.38]), por sua lealdade a seu filho, mesmo quando ela não o compreendia (“Fazei tudo o que ele vos disser” [João 2.1-11]), e sobretudo pela mais alta honra que o céu lhe agraciou por ser a mãe de nosso Senhor (“Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre!” [Lucas 1.42]) . Segundo a tradição, Maria foi para Éfeso com o apóstolo João, onde morreu.

Cor litúrgica: Branca

LEITURAS:

Antigo Testamento: Isaías 61.7-11
Salmo: Salmo 45.10-17 (antífona vers. 6 )
Epístola: Gálatas 4.4-7
Santo Evangelho: S. Lucas 1.(39-45) 46-55

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, tu escolheste a Virgem Maria para ser a mãe de teu único filho. Concede que nós, que fomos redimidos pelo seu sangue, possamos tomar parte com ela na glória do teu reino eterno; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008. p. 625-626.)

14/08/2013

A piedade consiste em crer em Jesus Cristo e em amar o seu irmão

"Mãe cuidando de seu filho" (1728), Willem van Mieris (1662-1747)
A piedade consiste em servir a Deus e em cultuá-lo. Entre os cristãos, o culto a Deus não é aquela máscara pela qual afadigam seus corpos, com mortificações, cantando à noite, jejuando e torturando os corpos. A respeito desse culto, Deus nada sabe. Mas, ele é adorado de forma genuína, ali, onde a sua Palavra é manuseada com diligência, as almas são elevadas à fé e é ensinado o amor a Deus e ao próximo. Crer em Cristo, ser movido por sentimentos amigáveis pelo pobre e pelo fraco e, enfim, praticar-se coisas – esta é a nossa religião, isto é, a religião cristã. Se, depois, acrescenta-se a isso a cruz, tem-se a religião cristã perfeita. A piedade consiste em crer em Jesus Cristo e em amar o seu irmão. Acrescente-se a isso que a fé se exercite pela Palavra. Nesse caso, serve-se a Deus, pois se lhe preparam moradas do Espírito. Para essa piedade não se exigem grandes exercícios físicos, como, por exemplo, o jejum, mas, sim, que eu medite com diligência. Este é o trabalho da alma.

- Bem-aventurado Martinho Lutero (1483-1546), doutor e reformador da igreja (Anotações de Lutero sobre a Epístola de Paulo a Tito, 1527. OSel 10)

11/08/2013

O Fariseu e o Publicano

Parábola do Fariseu e o Publicano

O Senhor, no Seu ensinamento, manda-nos orar isoladamente, na solidão ou mesmo em lugares retirados, até mesmo no nosso quarto (Mt 14.23; 6.6), o que se coaduna melhor com a fé. Sabemos que Deus está presente em todo o lado, que ouve e vê todos os homens, que o olhar da Sua majestade soberana penetra até no segredo. Com efeito, está escrito: “Será que Eu sou Deus só ao perto e não sou Deus ao longe? [...] Poderá alguém ocultar-se em lugares escondidos sem que Eu o veja? [...] Não sou Eu que encho o céu e a terra?” (Jr 23.23-24)
O homem de oração, irmãos bem amados, não deve ignorar como o publicano rezava no Templo, em comparação com o fariseu. O cobrador de impostos não levantava os olhos ao céu com descaramento, não erguia as mãos com insolência. Batia no peito, reconhecia os seus pecados interiores e escondidos, implorava o socorro da misericórdia divina. O fariseu, pelo contrário, fiava-se em si mesmo. E foi o publicano que mereceu ser reconhecido como justo. Porque rezava sem colocar a sua esperança de salvação na sua própria inocência, visto que ninguém é inocente. Rezava confessando os seus pecados, e a sua oração foi atendida por Aquele que perdoa aos humildes.

-- São Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago (A Oração do Senhor, §§ 4, 6)

Evangelho Dominical – Décimo Primeiro Domingo após Trindade

“O Fariseu e o Publicano” (1886-94), James Tissot (1836-1902)

Evangelho segundo S. Lucas 18.9-14

18.9   Jesus também contou esta parábola para os que achavam que eram muito bons e desprezavam os outros:
18.10   — Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro, cobrador de impostos.
18.11   O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos.
18.12   Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho.”
18.13   — Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!”
18.14   E Jesus terminou, dizendo: — Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido.

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (SBB)

10/08/2013

Dia de São Lourenço Mártir, 10 de agosto

"O Martírio de São Lourenço" (1621-22), Valentin De Boulogne (1591-1632)

Próprios tradicionais:

Introito: Glória e majestade estão diante dele, força e formosura, no seu santuário. (Sl 96.6)
Salmo. Cantai ao SENHOR um cântico novo, cantai ao SENHOR, todas as terras. (Sl 96.1) Gloria Patri. Antífona repetida.

Coleta: Ó Deus, que deste ao bem-aventurado Lourenço a graça de suportar seu suplício no fogo, apaga, nós te rogamos, as chamas dos nossos pecados; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Epístola: 2 Coríntios 9.6-10.

Gradual: Sondas-me o coração, de noite me visitas.

V. Provas-me no fogo e iniquidade nenhuma encontras em mim. (Sl 17.3)

Verso. Aleluia. Aleluia. Cantai ao SENHOR um cântico novo, cantai ao SENHOR, todas as terras. (Sl 96.1) Aleluia.

Evangelho: João 12.24-26

Fonte: LANG, Paul H. D. Ceremony and Celebration. Saint Louis: Concordia Publishing House, 1965. p. 177-178.

Comemoração de São Lourenço, Diácono e Mártir - 10 de agosto

“O Martírio de São Lourenço” (c. 1660), Jean-Baptiste de Champaigne (1631-1681)
No início do século III, Lourenço, provavelmente nascido em Huesca, na Espanha, encaminhou-se para Roma. Lá ele foi nomeado o primeiro dentre os os sete diáconos e lhe foi dada a responsabilidade de gerir a propriedade e finanças da Igreja, olhar pelos necessitados, pelos órfãos e viúvas. O imperador Valeriano, imaginando que a Igreja tinha bens valiosos que podiam ser confiscados, ordenou a Lourenço que apresentasse os “tesouros da Igreja”. Lourenço levou perante o imperador os pobres, aleijados, cegos e os que sofrem, dizendo: “eis os tesouros da Igreja”. Ele foi preso e, por fim, morto no ano 258 d. C. ao ser assado em uma grelha. Seu martírio deixou uma profunda impressão na jovem igreja. Logo em seguida, a data de sua morte, 10 de agosto, tornou-se um evento permanente no calendário comemorativo da Igreja antiga.

LEITURAS:

† Salmo 65.1-8 ou 34.1-10
† Deuteronômio 33.1-3 ou Isaías 26.1-4, 8-9, 12-13, 19-21
† Apocalipse 7.2-17 ou 21.9-11, 22-27; 22.1-5
† São Mateus 5.1-12

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-Poderoso Deus, tu chamaste Lourenço para ser diácono na tua Igreja para servir os teus santos com atos de amor, e tu lhe deste a coroa do martírio. Dá-nos a mesma caridade de coração para que possamos cumprir o teu amor, defendendo e amparando os pobres, a fim de que, ao amá-los, possamos amar a ti com todo o nosso coração; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (Concordia Publishing House, 2008), p. 610.