29/06/2020

São Pedro e São Paulo, Apóstolos (29 de junho)



Atos 15.1–12 (13–21)
Gálatas 2.1–10
Mateus 16.13–19


Assim confessou São Pedro: “O senhor é o Cristo, o Filho do Deus vivo”. E Cristo prometeu edificar a sua Igreja sobre esta confissão por meio do perdão dos pecados (Mt 16.16–19). Jesus fez isso para que não tentássemos construir a Igreja por nós mesmos, nesta ou naquela pessoa, ou por qualquer meio humano. “Ninguém se glorie nos homens”, seja Paulo ou Cefas, “tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo é de Deus” (1 Co 3.21–23). O mesmo Senhor que operou eficazmente no ministério de Pedro também operou eficazmente no ministério de Paulo e continua operando eficazmente em seu Evangelho e Sacramentos (Gl 2.7–8). A Igreja de todos os tempos deve ser chamada a ouvir e crer na Palavra do Evangelho, que proclama o perdão gratuito dos pecados por amor de Cristo, independente da Lei. O Espírito Santo não faz distinção entre as pessoas, mas purifica os corações somente pela fé. Desta forma, “cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus” (At 15.7–11). Tanto Paulo quanto Pedro foram lançados na prisão (At 12.1–11), ambos escreveram parte das Escrituras (2 Pe 3.15-16), ambos resistiram ao mundo — às vezes até um ao outro (Gl 2.11-16) — mas tudo isso para que a verdade do evangelho permanecesse entre nós (Gl 2.5).

ORAÇÃO DO DIA:

Misericordioso e eterno Deus, teus santos apóstolos Pedro e Paulo receberam graça e força para sacrificar suas vidas em favor de teu Filho. Fortalece-nos pelo teu Espírito Santo para que possamos confessar tua verdade e estarmos sempre prontos a sacrificar nossas vidas por aquele que sacrificou sua vida por nós, o próprio Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

Imagem: São Pedro e São Paulo, por Giovanni Battista Crespi, chamado de Cerano (1573-1632)

27/06/2020

Quarto Domingo após Pentecostes - 28 de junho de 2020 (Ano A – Próprio 8)



Jeremias 28.5–9
Salmo 119.153-160
Romanos 7.1–13
Mateus 10.34–42


O Senhor Jesus causa divisão na Terra para termos paz com Deus no céu

Os falsos profetas pregam o que seus ouvintes querem ouvir, prometendo paz mesmo quando o Senhor fala de “guerra, calamidade e peste” (Jr 28.8). Um “profeta enviado pelo Senhor” fala apenas o que o próprio Senhor já falou (Jr 28.9). A pregação da Lei de Deus é dura, pois confronta o pecado, trazendo-o à luz para mostrar “toda a sua força de pecado”, tornando-se morte para o pecador (Rm 7.13). Mas, por meio do nosso batismo em Cristo, “fomos libertos da lei, pois morremos para ela e já não estamos presos a seu poder” (Rm 7.6). Agora estamos “unidos com aquele que foi ressuscitado dos mortos” e, por isso, “podemos produzir uma colheita de boas obras para Deus” (Rm 7.4). Pertencer a Cristo nos torna incompatíveis com o mundo e nos separa de todos os laços terrenos, não apenas de nossa família humana, mas separa cada um da sua própria vida. É por isso que Cristo diz de forma tão contundente: “Não vim trazer paz, mas a espada” (Mt 10.34). No entanto, quem tomar sua cruz e seguir a Cristo, “quem abrir mão de sua vida” por causa de Cristo, encontrará nele uma nova vida (Mt 10.38-39).

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, pela ação do teu Espírito Santo concede que possamos ouvir com alegria a tua Palavra proclamada entre nós e seguir as tuas orientações; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

Imagem: Afresco de Joakim Skovgaard (1856-1933), na Catedral Luterana de Nossa Senhora (Vor Frue Domkirke - Vigorg, Dinamarca)

24/06/2020

A Natividade de São João Batista (24 de junho)


Isaías 40.1–5
Atos 13.13–26
Lucas 1.57–80


São João Batista não era o Cristo, mas apenas o seu precursor (At 13.25). O Senhor o “formou desde o ventre para ser o seu servo, para trazer Jacó de volta” a Deus através de seu batismo de arrependimento para o perdão dos pecados (Is 49.5), preparando assim o caminho para Cristo, o verdadeiro Servo do Senhor. Milagrosamente concebido da estéril Isabel e do sacerdote Zacarias, João Batista foi considerado como o maior entre os nascidos de mulher (Mt 11.11). A Igreja se alegra com a grande misericórdia do Senhor, tal como os vizinhos e parentes de Isabel se alegraram no nascimento de João Batista (Lc 1.58). Mas quando a língua de Zacarias se soltou, não era João Batista o tema de seu cântico: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo” (Lc 1.64, 68). João Batista é a voz que prepara o caminho do Senhor (Is 40.3). Este Senhor é Jesus, o Filho de Deus, nascido da Virgem Maria. João Batista era o profeta do Altíssimo, enviado “para dar ao seu povo conhecimento da salvação, por meio da remissão dos seus pecados”, pois Cristo, “o sol nascente”, estava chegando (Lc 1.76–79). Portanto, o que João Batista prega é o consolo de que a iniquidade é perdoada por Jesus, o Salvador prometido a Israel (At 13.23) e aos gentios, para ser “salvação até os confins da terra” (Is 49.6).

ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, que proclamaste a salvação através de João Batista, o precursor de Cristo, concede agora que conheçamos esta salvação e te sirvamos em santidade e justiça todos os dias de nossa vida; através de nosso Senhor Jesus Cristo, teu Filho, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (Feasts, Festivals and Occasions) editado pelo Rev. Sean Daenzer e publicado por LCMS Worship. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

20/06/2020

Terceiro Domingo após Pentecostes - 21 de junho de 2020 (Ano A – Próprio 7)


Jeremias 20.7–13
Salmo 91.1-10 (11-16)
Romanos 6.12–23
Mateus 10.5a, 21–33


Libertos do pecado e da morte, agora vivemos diante de Deus na justiça de Cristo

O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23). Ele nos libertou da escravidão do pecado e nos fez passar “da morte para a vida” (Rm 6.13). Não estamos mais “debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14). Mesmo que sejamos odiados e difamados pelo mundo por causa do nome de Cristo (Mt 10.22, 25), permanecemos sob o cuidado de nosso Pai Celestial, que conta “até os cabelos da cabeça” de cada um de nós e para o qual valemos “bem mais do que muitos pardais”(Mt 10.30–31). Pela Palavra de Cristo, nos tornamos servos e discípulos de nosso Senhor e Mestre, e sabemos que aquele “que ficar firme até o fim, esse será salvo” (Mt 10.22, 25). Cristo está conosco “como um poderoso guerreiro” para vencer nossos perseguidores (Jr 20.11). Pela justiça da fé, Ele livra nosso coração e nossa vida “das mãos dos malfeitores” e nos leva à terra dos vivos (Jr 20.12–13).

ORAÇÃO DO DIA:

Ó Deus, que em tua permanente presença sempre estás conosco, mantém-nos conscientes das tuas misericórdias diárias, a fim de podermos viver seguros e contentes em teu amor eterno; através de Jesus cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

Imagem: Dominica V Post Pentecosten, por Antonius II Wierix, após Bernardino Passeri (Jeronimo Nadal, Evangelicae Historiea Imagines - Antuérpia, 1593)

18/06/2020

C.F.W. Walther: autoridades governamentais na igreja


"As autoridades governamentais, se forem crentes, também estão na Igreja, mas não como autoridades com suas leis e poderes externos, mas como cristãos e irmãos e, por isso, iguais a todos os demais membros da igreja em poder e privilégio, mesmo que sejam príncipes, reis ou imperadores. Mateus 23.8; Lucas 22.25-26; Gálatas 2.28" (Die Rechte Gestalt apud Pieper, Dr. C.F.W. Walther as Theologian, pág. 132)

- C.F.W. Walther (1811-1887), teólogo conhecido como o "Lutero Americano", por sua sólida fundamentação nos escritos de Lutero e grande contribuição teológica para a Igreja do continente americano.

14/06/2020

Segundo Domingo após Pentecostes - 14 de junho de 2020 (Ano A – Próprio 6)


Êxodo 19.2–8
Salmo 100
Romanos 5.6–15
Mateus 9.35-10.8 (9–20)


O Senhor nosso Deus nos salva com amor e cuida de nós pelo ministério de seu Evangelho

O Santo Deus Triúno “prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5.8), ímpios e inimigos dele (Rm 5.6,10). O Filho encarnado nos justificou pelo seu sangue e nos reconciliou com seu Deus e Pai (Rm 5.9–10). Ao passo que o pecado e a morte se originaram com Adão, o perdão e a vida se tornaram abundantes para todos os seus descendentes “por meio de um só, a saber, Jesus Cristo” (Rm 5.12–17). Assim como o Senhor tirou Israel do Egito, assim também nos traz a Ele pelo Evangelho e faz de nós “um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êx 19.6) mediante nosso batismo em Cristo.“Tudo o que o SENHOR falou” (Êx 19.8), Cristo fez por nós. Assim como Cristo “subiu para encontrar-se com Deus” mediante sua cruz e ressurreição, assim também nos leva como “sobre asas de águia” para perto do Pai (Êx 19.3-4). Jesus também não nos deixa aflitos e exaustos “como ovelhas sem pastor” (Mt 9.36), mas nos envia seus trabalhadores com autoridade “para curar todo tipo de doenças e enfermidades” através do perdão dos pecados (Mt 10.1). Na proclamação do perdão, sabemos “que está próximo o Reino dos Céus” (Mt 10.7).

ORAÇÃO DO DIA:


Todo-poderoso, eterno Deus, que pela Palavra de teus apóstolos e profetas proclamaste para nós a tua vontade salvadora, concede-nos fé para crermos em tuas promessas, a fim de recebermos a salvação eterna; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém

— Comentário traduzido e adaptado de Lectionary Summaries (The Lutheran Church—Missouri Synod). Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Coleta é do Culto Luterano – Lecionários (Editora Concórdia).

Imagem: Reaping the Harvest, por Nathan Greene (nathangreene.com)

12/06/2020

Concílio Ecumênico de Niceia, A.D. 325 (12 de junho)


O Concílio de Niceia (325)

A pergunta fundamental que determina e orienta esse concilio é de tipo trinitário: que significa para os cristãos a Tríade divina? Em resumo, é preciso voltar à disputa entre Ário (256–336), presbítero da Igreja de Alexandria, e seu bispo, Alexandre. A reflexão de ambos se reduz ao pensamento de Orígenes. Ário, todavia, com base no medioplatonismo e num contexto de polêmica anti-sabeliana, radicalizou o subordinacionismo presente no mestre alexandrino. A ideia de que o Filho, por ser gerado, não pode ser coeterno com o Pai revelou-se um dos pontos centrais de seu pensamento. A exclusão da coeternidade caminhava simultaneamente com a afirmação de que o Filho não é gerado pela substância (ousia) do Pai, mas criado antes do tempo e em vista da criação. Para Ário, a consubstancialidade comportaria a divisão da substância divina em duas partes, reduzindo a divindade a categorias físicas. Consequentemente, a filiação divina de Cristo subsiste, não por natureza porém, mas por adoção e por graça. Alexandre, por sua vez, afirma a geração ab aeterno do Filho e, portanto, sua coeternidade com o Pai. Não é, por isso, criatura. Para afastar a objeção ariana de que a geração é semelhante à geração corpórea, o bispo alexandrino esclarecerá que ela se deu de modo inexplicável, sem divisão ou por eflúvio. Segundo Alexandre, a única nota que distingue o Filho do Pai é o fato de ser gerado. Quanto ao mais, o Filho é imagem e marca perfeitíssima dele, reproduzindo em tudo, em relação ao modelo, uma semelhança total. Se, em suas afirmações, Alexandre demonstra não possuir uma linguagem técnica para definir a união do Pai e do Filho, na polêmica com Ário, porém, preserva a condição de Cristo, verdadeiro Filho e verdadeiro Deus.

O conflito doutrinal entre Ário e Alexandre atingiu sobretudo o Oriente, onde as diversas tendências doutrinais foram levadas ao Concílio de Niceia na pessoa de alguns bispos importantes: ao lado de Ário e Alexandre, respectivamente expoentes de um origenismo radical e de um moderado, aparece, como figura intermediária, Eusébio de Cesareia, defensor do conceito teológico, mas também político, de “monarquia”. Ao ressaltá-la, Eusébio acentuará também a subordinação do Filho, sem o excluir, porém — nem a ele nem ao Espírito Santo — , do mundo da Divindade. Outro personagem-chave do Concílio de Niceia é Marcelo de Ancira, defensor resoluto de um monarquianismo econômico com base no qual Deus é uma mônada indivisível e o Logos uma faculdade operativa deste, desprovida de real subsistência. No momento da encarnação, a mônada ter-se-ia dilatado — mas sem distinção de pessoas — em díade e, com o envio do Espírito Santo, em tríade. Trata-se, porém, de uma fase de passagem ligada à economia (criação e redenção) e, ao seu término, a tríade seria reabsorvida na mônada originária.

Em Niceia, Eustáquio de Antioquia defenderá um monarquianismo moderado. Une-o a Marcelo a aversão ao subordinacionismo de Ário e à doutrina das três hipóstases, que lhe parecia uma forma de triteísmo.

Com essas diversas posições doutrinais chegou-se no Concilio de Niceia a uma fórmula de fé na qual se especificava: “Creio no Senhor Jesus Cristo, filho de Deus, único gerado pela essência do Pai, Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. No Concílio, o termo consubstancial (omoousios) foi imposto sem que fosse estranha a influência de Constantino. O uso que os monarquianistas já faziam dele, bem como a ambiguidade de significados e a conotação materialista que podia assumir, justifica por que, depois de Niceia, foi deixado de lado, inclusive pelos antiarianos. Será recuperado por Atanásio, depois de 355, sobretudo no Ocidente. No Oriente, todavia, as polêmicas sobre esse termo só se abrandarão devido ao papel esclarecedor de Basílio de Cesareia e de Gregório de Nazianzo, que interpretaram ousia (substância) no significado de substância divina comum às três hipóstases. Será o Concílio de Constantinopla de 381 que, recusando toda expressão de subordinacionismo, sancionará o reconhecimento da consubstancialidade também para o Espírito Santo.

Fonte: Luigi Padovese. Introdução à Teologia Patrística. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2004. p. 70–71