27/08/2020

As lágrimas de uma mãe pela salvação de um filho


Hoje o Calendário Luterano lembra de Mônica, a mãe de Agostinho. Ela era uma mulher temente e fiel que orava e derramava lágrimas na presença de Deus pela salvação de seu filho. O exemplo desta mãe fervorosa é um refrigério para muitas mães que estão aflitas pelos filhos que vivem afastados dos caminhos do Senhor. Muitas mães choram porque os filhos enveredaram para o caminho da criminalidade ou estão encarcerados. Que Deus tenha compaixão destas mães do presente assim como teve de sua serva Mônica no passado.

No livro Confissões, Agostinho relata as orações e lágrimas de sua mãe que o trouxeram para o caminho de Deus:

“E tu [ó Deus], “das alturas, me estendeste a tua mão e me libertaste” (Sl 144.7), e tiraste minha alma daquela profunda escuridão, enquanto a minha mãe, tua serva, que te é fiel, chorava por mim junto a ti mais do que as mães choram a morte física de seus filhos. Pois ela, mediante a fé e o espírito que recebera de ti, viu a morte na qual eu me encontrava, e tu deste ouvidos a ela, ó Senhor. Tu a ouviste e não desprezaste suas lágrimas que, escorrendo, regavam o chão sob seus olhos em qualquer lugar onde ela orasse. Sim, tu a ouviste. Pois de onde veio aquele sonho com o qual a confortaste, de modo que ela permitiu que eu morasse com ela e me sentasse com ela à mesma mesa, da qual ela havia começado a se afastar, por sua aversão e nojo às blasfêmias do meu erro? Pois ela se viu a si mesma, seguindo uma trilha rígida de fé, e viu um brilhante jovem que, alegre e sorridente, se aproximava dela, enquanto ela se afligia e se sentia oprimida pela dor. Mas ele (desejando instruí-la, como os jovens costumam fazer, e não ser instruído), quis saber quais eram as causas de sua dor e lágrimas constantes. Ela respondeu que chorava minha perdição, e o jovem pediu-lhe que se acalmasse e se desse por satisfeita. Depois disse-lhe para olhar e observar que lá onde ela estava, lá também estava eu. E quando ela olhou, viu-me seguindo a mesma trilha de fé. De onde veio isso, se não foi do fato de teus ouvidos estarem inclinados para o coração dela? Ó tu, Deus onipotente, que cuidas de cada um de nós, como se cada um fosse o único; e assim ages com todos, como se todos fossem apenas um!” (Livro 3: 19)
Agostinho também relata a insistente conversa de sua mãe com um bispo cristão, a fim de que este o dissuadisse da heresia maniqueísta e, ao invés disso, ela ouviu consoladoras palavras de Deus através daquele bispo:
“Tu deste a ela [Mônica] outra resposta, por meio de um dos teus sacerdotes, certo bispo criado dentro de tua Igreja e muito versado em teus livros. Quando essa mulher lhe suplicou que ele concordasse em conversar comigo, para refutar meus erros, dissuadindo-me de ideias perversas e ensinando-me coisas boas (pois isso ele com frequência fazia, quando encontrava pessoas preparadas para ouvi-lo), ele, sabiamente, se recusou... vendo que ela não estava satisfeita, mas continuava insistindo com súplicas e lágrimas para que ele se encontrasse comigo e discutisse essas coisas, o bispo, um tanto aborrecido com essa insistência, disse: “Vai para casa, e que Deus te abençoe, pois não é possível que o filho de tantas lágrimas venha a perecer”. Essa resposta ela a interpretou (conforme muitas vezes me disse em nossas conversas) como se viesse do céu.” (Livro 3: 21)
Depois de ter contato com a Palavra de Deus por intermédio do bispo Ambrósio e seguir a Cristo, Agostinho reconhece o benefício das lágrimas e orações de sua mãe em seu favor:
“Pois tuas mãos, ó meu Deus, com aquele objetivo secreto de tua providência, não abandonaram a minha alma. O sangue do coração de minha mãe, mediante suas lágrimas derramadas noite e dia, era um sacrifício oferecido a ti em meu benefício. E “tu fizeste maravilhas em meu favor” (Jl 2.26). Tu o fizeste, ó meu Deus pois, “o SENHOR firma os passos de um homem, quando a conduta deste o agrada” (Sl 37.23). Caso contrário, como conseguiremos nos salvar, senão pela tua mão que recria o que criaste?” (Livro 5: 13)
Fonte: Santo AGOSTINHO. Confissões. Trad.: Almiro Pisetta. São Paulo: Mundo Cristão, 2013.

Imagem: Mônica derramando lágrimas e o bispo Ambrósio apontando para Cristo e carregando a inscrição: “The son of these tears will not perish” (St. Monica Coptic Orthodox Church, Newport Beach, USA)

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