30/05/2021

O SINAL DA CRUZ

 


A Graça de nosso Senhor Jesus T Cristo e o Amor do Pai e a Comunhão do Espírito Santo sejam com todos, hoje e sempre!

Hoje estamos celebrando a Solenidade da Santíssima Trindade, uma data extremamente importante da Igreja Cristã, onde somos lembrado quem é o Deus que nós adoramos. E, ensinados pelo Credo Atanasiano, nós “honramos um Único Deus na Trindade e a Trindade na Unidade”.

Certamente, explicar a Doutrina da Santíssima Trindade de forma racional é uma tarefa impossível. Afinal, esta Doutrina é um Mistério de Deus. E justamente por ser um Mistério de Deus não precisamos nos desesperar em querer explicar ou obter uma explicação. Antes, como certa vez escreveu Felipe Melanchton, colaborador de Martinho Lutero na Reforma da Igreja, “os Mistérios de Deus não devem ser investigados, mas devem ser adorados e honrados”.

A Solenidade da Santíssima Trindade, portanto, é um dia de honra e adoração. E uma das formas de realizarmos isso é justamente testemunhando a respeito deste Deus que cremos, ensinamos e confessamos. E, sem dúvida alguma, uma das formas mais belas de testemunharmos a Santíssima Trindade e a Obra da Salvação é através do Sinal da Cruz.

Mas, o que este sinal realmente significa? Qual a sua origem? Existe alguma base bíblica e teológica para ele? Vale a pena nos persignarmos dizendo as palavras da Santíssima Trindade em forma de cruz?

Estas perguntas são importantes porque quando olhamos para os nossos materiais de Culto e Ensino vamos perceber que eles estão repletos de indicações a respeito do Sinal da Cruz. Observe:

 

a) No Hinário Luterano, logo no início das Ordens Litúrgicas há a seguinte indicação: “Em lembrança do seu Batismo todos poderão fazer o Sinal da Cruz”.

b) No Catecismo Menor, ao ensinar as Orações da Manhã e da Noite, Martinho Lutero recomenda: “Ao acordar, ou, antes de se recolher, faça o Sinal da Santa Cruz”.

c)  No Livro de Liturgias, é dito que o oficiante, ao celebrar o Santo Batismo, deve marcar aquele que está sendo Batizado com “o Sinal da Cruz tanto no rosto quanto no coração, em afirmação do seu resgate por Cristo”.

 

Estes são somente alguns exemplos que mostram para nós que o Sinal da Cruz não é algo pecaminoso, nem errado e muito menos proibido. Pelo contrário, ao que parece, é um sinal que acompanha a vida do cristão em todo o tempo.

Sabendo de tudo isso, agora podemos responder as questões levantadas anteriormente: Há alguma base bíblica e teológica para este sinal? Qual o significado dele? Qual a sua origem? E por que ele é usado pelos cristãos?

 A resposta para estas questões se inicia com descobertas arqueológicas. Em 1873, no Monte das Oliveiras, foram encontradas inscrições em sepulcros que remontam a época de Jesus, e estas estavam acompanhadas do Sinal da Cruz. Já em 1945, túmulos do século I d.C. foram encontrados contendo também o Sinal da Cruz. Portanto, estas descobertas evidenciam que os primeiros cristãos, de alguma forma, já usavam o Sinal da Cruz e se identificam com ele. Mas, por quê?

Existem dois textos bíblicos que nos auxiliam neste ponto e, provavelmente foram os incentivos que os primeiros cristãos tiveram para o uso do Sinal da Cruz.

 

a) Ezequiel 9: 1-6 = Que sinal é este que foi marcado na testa das pessoas e os preservaram da matança? Apesar de nossas traduções para o português não especificarem que sinal era este, o Texto Hebraico, o Original do Antigo Testamento deixa bem claro. No verso 4, ele diz: “faça um ‘tau’ na testa dos homens”. O ‘tau’ é a última letra do Alfabeto Hebraico e sua forma é parecida com uma cruz. Portanto, um tipo de Sinal da Cruz estava sendo marcado sobre o povo no tempo do Profeta Ezequiel. Este sinal, naquele momento foi um selo de propriedade de Deus. E obviamente, tinha a intenção de apontar para Cristo e sua Obra Redentora na Cruz.

b) Apocalipse 7: 1-4 = O Apóstolo João vê aqueles que foram selados por Deus como sendo sua propriedade, marcados com um sinal em sua testa. Aliando, portanto este texto com a referência de Ezequiel 9, os primeiros cristãos costumeiramente faziam o Sinal da Cruz, lembrando que eram batizados e redimidos por Cristo.


O Sinal da Cruz, portanto, não é algo que veio do nada, não é mera superstição e também não é algo restrito a Igreja Romana. Há uma base bíblica e teológica que motivou os cristãos em toda a história a fazerem uso deste belíssimo Sinal como marca de que são “propriedade exclusiva de Deus” por meio da Obra de Cristo. Além disso, este Sinal usado com as palavras batismais em referência a Santíssima Trindade, testemunha quem é este Deus que pertencemos. Não um deus qualquer, mas é o “Pai e Filho e Espírito Santo”.

Vocês, meus irmãos, portanto, podem tranquilamente fazer o Sinal da Cruz, como sugere nosso hinário, ensina o nosso catecismo e fala nosso livro de liturgias. Não há problema algum em usar este sinal. No entanto, mesmo havendo uma base bíblica, teológica e histórica para o seu uso, não existe nenhuma obrigação em fazê-lo. Deste modo, se você não tem o costume ou não se sente a vontade em fazer, não precisa ser constrangido com isso. Porém, não deve, de forma alguma, considerar errado aquele que faz, pois como pudemos perceber até aqui, o Sinal da Cruz é uma belíssima marca que nos recorda o nosso resgate por Cristo na Cruz e, ao mesmo tempo, é um grandioso testemunho do Deus que nós cristãos, cremos, ensinamos e confessamos: a Santíssima Trindade, Deus “Pai e Filho e Espírito Santo”.

Amém!

Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Igreja Luterana em Naviraí/MS
Solenidade da Santíssima Trindade – 30 de Maio, 2021 AD

 

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