É um costume antigo da Igreja Cristã recordar homens e mulheres de fé no dia de sua morte terrena, o aniversário de seu “nascimento celestial” (dies natalis). Johann von Staupitz morreu em 28 de dezembro de 1524, mas sua lembrança foi movida do período de Natal para o mês de novembro, antecedendo os aniversários dos reformadores Martin Chemnitz (9/11) e Lutero (10/11).
Staupitz notabilizou-se por encorajar Lutero. Quando Martinho lhe disse que seus pecados eram grandes demais, Staupitz respondeu: “Cristo é o perdão de todos os pecados. Ele é um salvador real. Deus enviou o seu próprio Filho e o entregou por todos nós”.
Martinho Lutero descreveu Staupitz como seu “pai em Deus” e certa vez disse: “Se não fosse pelo Dr. Staupitz eu teria afundado no inferno”. Isso porque quando Lutero se perguntava “Quem pode amar um Deus irado que julga e condena?” e nada lhe trazia paz, apesar de todas as suas intercessões, o principal auxílio e conforto em meio a essas angústias e provações (anfechtungen, em alemão) veio de Johann von Staupitz, que recomendou Lutero a olhar para as chagas de Cristo, pois ali está o amor de Deus.
Staupitz me disse: Em vez de pretender disputar acerda da predestinação, seria melhor nem pensar nisso, mas apegar-se às feridas de Cristo e coloca-se Cristo diante dos olhos. Aí a predestinação já estará obrando, porque Deus destinou seu Filho a sofrer em favor dos pecadores. (WA TR 2, p. 227, nº 1820, apud Marc Lienhard. Martim Lutero: tempo, vida, mensagem, p. 40)Staupitz também recomendou que Lutero se tornasse um pregador, a fim de que, confortando a outros, ele próprio seria confortado; estimulou Lutero a obter um doutorado em teologia e assumir a cadeira do ensino da Bíblia na Universidade de Wittenberg. Diante de tamanha responsabilidade, Lutero sentiu-se incapaz e alegou que tanto trabalho acabaria matando-o, ao que Staupitz teria respondido: “Não se preocupe com isso, Deus também tem bastante trabalho no céu para homens inteligentes”.
O “versículo lema” de Staupitz era o Salmo “Sou teu, salva-me” (Sl 119.94), um texto que ele compartilhava com Lutero quando o jovem monge estava aflito pela graça de Deus.
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