18/08/2022

A MULHER VESTIDA DE SOL

 


Uma breve reflexão em Apocalipse 12

Quem é esta “mulher vestida de sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça”? (Apocalipse 12:1). E o que ela simboliza?

 

            Para responder a estas questões precisamos, antes de qualquer coisa, olhar como se encerrou o capítulo anterior. E Apocalipse 11, em seu último verso traz a seguinte afirmação: “Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a Arca da sua Aliança no seu Santuário” (Apocalipse 11:19).

 

Na sequência desta visão da “Arca da Aliança no Santuário de Deus”, o Apóstolo João, diz: “Viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida de sol” (Apocalipse 12:1). Com base nessa estrutura, questionamos: Que conexão há entre essas duas visões? E meus queridos irmãos, apesar de num primeiro momento não parecer, a resposta para isso é bastante simples, porém, muito significativa!

 

            Uma boa forma de compreendermos a simbologia em Apocalipse é conhecendo bem o Antigo Testamento, e aqui, ele mais uma vez nos fornece um grande auxílio.

 

O que era a Arca da Aliança no Antigo Testamento? Ora, era um Meio da Presença do Senhor junto ao seu povo, visto que através dela “Deus se fazia presente e falava à Israel” (Êxodo 25:22). Assim, quando Moisés entrava na tenda do encontro, ele ouvia a voz do Senhor, que lhe falava de cima do propiciatório, que está sobre a arca da aliança entre os dois querubins!” (Números 7:89).

 

Então, quer dizer que a Arca em si era um objeto tão sagrado que fazia acontecer a Presença de Deus? Não era bem assim! Na verdade, o que tornava a Arca da Aliança tão santa não era ela própria, mas sim o que ela carregava: “A Palavra de Deus em tábuas de pedra” (Êxodo 25: 16 e 21), “o Maná que milagrosamente veio do Céu” (Êxodo 16:34) e “o Cajado do sumo sacerdote Arão que floresceu” (Números 17: 1-13).

 

Mas, o que tudo isso tem a ver com a “mulher” que aparece em  Apocalipse 12? Pois bem, observe primeiramente que ela não está apenas “vestida de sol”, ela também “estava grávida” (Apocalipse 12:2), e havia um “dragão” (Apocalipse 12:3) – que nós sabemos que em Apocalipse é uma imagem para a antiga serpente, Satanás – querendo “devorar o filho dela quando nascesse” (Apocalipse 12:4).

 

E quem seria esse filho? O Apóstolo o descreve como “um filho homem, que há de governar todas as nações, e que foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono” (Apocalipse 12:5). Ou seja, o “Filho” dessa mulher é “Homem”, é o “Rei sobre tudo” e está “junto de Deus, em seu próprio Trono”, um lugar reservado somente para Deus.

 

Ora, quem é o único nas Sagradas Escrituras que é chamado “Filho”, que é “Rei sobre tudo” e que mesmo sendo “verdadeiro Homem” também é “verdadeiro Deus”? Isso mesmo: Jesus Cristo! Portanto, se o filho é Jesus, a mulher só pode ser a Virgem Maria.

 

Agora que está claro que esta “mulher” em Apocalipse 12 é a abençoada Virgem Maria, fica fácil compreender sua relação com a “Arca da Aliança” da qual falamos anteriormente.

 

Vejam: A Arca da Aliança carregava a Palavra de Deus escrita em pedras; a Virgem Maria trazia em seu ventre a Palavra de Deus que se fez carne. Na Arca da Aliança havia o Maná que veio do céu; a Virgem Maria deu à luz ao Pão Vivo que desce do céu. A Arca da Aliança continha o cajado do sumo sacerdote Arão; a Virgem Maria foi a mãe de Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote para todo o sempre!

 

Essas relações que aparecem entre a “Arca da Aliança” e a “Mulher” aqui de Apocalipse 12 revelam algo muito importante para nós: a Virgem Maria é sim, abençoada, sagrada e santa como foi a Arca da Aliança. Porém, nada disso ela obteve por si mesma. Na verdade, o que a fez ser uma mulher especial foi “aquele que ela carregou em seu ventre”. Ou seja, o foco principal da história de Maria, da Arca da Aliança e aqui de Apocalipse 12 é Jesus Cristo! Afinal, o objetivo desse capítulo é falar sobre a “Encarnação do Verbo”, o “nascimento do Filho de Deus” e, a partir disso, revelar como sua Igreja vem sendo perseguida e atacada pelo inimigo.

 

Mas, onde está a Igreja nisso tudo? Ora, esta “Mulher” que aqui aparece é descrita como “vestida de sol”, justamente para indicar que ela está “revestida de Cristo”, pois ele é o “Sol da Justiça”, como muito bem destacado pelo profeta Malaquias (Malaquias 4:3).

 

Esta “mulher”, no entanto, não simboliza somente a Virgem Maria! Ela simboliza também algo a mais, e as “12 estrelas em sua cabeça” (Apocalipse 12:1) ajuda a perceber isso. Afinal, o número 12 em Apocalipse sempre lembra o povo de Deus e estrelas normalmente são uma referência aos Ministros do Senhor.

 

Portanto, a figura desta “mulher” também está atrelada a Igreja de Cristo, e isso até porque, mesmo tendo tido a honra de ser “a mãe do Filho de Deus”, a Virgem Maria também era uma “serva do Senhor”, uma “seguidora de seu Filho”, que confiava nele como sendo “o seu Salvador”. Deste modo, ela já prefigura a imagem da “Igreja Cristã”, isto é, de “todos aqueles que fazem parte do Corpo de Cristo, e por isso também são revestidos pelo Sol da Justiça”.

 

E a Igreja, assim como ocorreu com a Virgem Maria, é constantemente perseguida e atacada pelo Inimigo. Porém, há um detalhe muito importante a respeito disso: Os que são revestidos de Cristo são protegidos por Deus. Isto é, “aqueles que guardam os seus mandamentos e têm o testemunho de Jesus em suas vidas” (Apocalipse 12:17), podem sofrer, e de fato, irão sofrer, porém, em Cristo, serão “mais que vencedores”, pois ele luta e vence pelos seus!

 

            Hoje, como Igreja nós, revestidos de Cristo por meio do Santo Batismo, carregamos e somos reunidos ao redor do mesmo que havia na Arca da Aliança e do ventre de Maria: A Palavra, o Sacramento e o Ministério Pastoral. Enquanto essas coisas foram o principal em nossa vida e em nossa Congregação, então poderemos  ter a mesma certeza que teve a Virgem Maria: “Aqui está a serva do Senhor”, e também a mesma certeza que teve o povo de Israel no Antigo Testamento: “O Senhor está no meio de nós!”.

 

E como Apocalipse 12 nos leva para esta dupla simbologia, falando da Vigem Maria, mas também da Igreja de Cristo como um todo, nada melhor do que nesta semana em que lembramos o dia da Mãe de nosso Senhor, seguirmos a boa tradição que temos por herança e orarmos como Igreja, como Corpo de Cristo, da mesma forma que um dia a abençoada Virgem Maria orou: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador!” (S. Lucas 1:46)

 

Amém!

Rev. Helvécio J. Batista Jr.
Ministro do Senhor na Igreja Luterana em Naviraí/MS - Agosto, 2022 AD

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