17/11/2015

O nome de Jesus

Retrato de F. C. D. Wyneken, provavelmente pintada em Lesum (Alemanha), em 1842

“Foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.” (Lucas 2.21)
O Seu amor é um fardo ou o Seu jugo se tornou muito pesado? Você quer estar sob domínio do mundo e da sua própria justiça novamente? Você diz: “Oh não, não, mas o meu coração é fraco e indeciso, e o pecado é mais forte!” Não se desespere. Haverá tentações, provações e pecado o bastante; sim, você poderá ser dominado pela fraqueza do seu corpo. Mas você não está sob o domínio de seu próprio coração, mas de seu Jesus, que te salva de seus pecados e te dá renovada misericórdia através da Palavra e Sacramentos. O perdão dos pecados te envolve como o ar que respira; sim, ele está estendido ao seu redor como o céu. Aquele que te chamou é fiel. Ele fará isso por você. Tão Somente se agarre à Sua Palavra e Sacramento. Não abandone a oração. A morte poderá se encontrar contigo quando e onde ela quiser. Ela somente te levará para o ano eternamente novo, para a paz e bem-aventurança legítima. E mesmo quando você estiver na agonia de morte, esse nome gracioso iluminará o seu caminho e o levará com segurança ao outro lado: JESUS!

-- Rev. Friedrich Conrad Dietrich Wyneken (1810-1876), em sermão baseado em S. Lucas 2.21, em 1.1.1868, na Concordia Lutheran Church (Saint Louis, EUA)

10/11/2015

Hoje na História



Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Alemanha. Ele não foi um homem perfeito, mas aprendemos muito dele. Ainda hoje Irmão Martinho nos ajuda a sermos cristãos melhores através de seu legado.

Somente a Palavra. Somente a Graça. Somente a Fé.

09/11/2015

Comemoração do bem-aventurado Martin Chemnitz, Pastor e Confessor – 9 de novembro


Retrato de Martin Chemnitz, por Jeremy Johnson (Lakewood, CA, EUA)
Depois de Martinho Lutero, Martin Chemnitz (1522-1586) é considerado o teólogo mais importante da história da Igreja Luterana. Chemnitz combinava um intelecto penetrante e um conhecimento quase enciclopédico das Escrituras e dos Pais da Igreja com um amor genuíno pela igreja. Quando várias discordâncias doutrinárias eclodiram após a morte de Lutero, em 1546, Chemnitz dedicou-se inteiramente à restauração da unidade na Igreja Luterana. Ele se tornou o espírito empreendedor e principal autor da Fórmula de Concórdia de 1577, que pacificou as disputas doutrinais com base nas Escrituras e, em grande medida, conseguiu restaurar a unidade entre os luteranos. Chemnitz também escreveu os quatro volumes do Examen Concilii Tridentini [Exame do Concílio de Trento] (1565-1573), no qual ele submeteu rigorosamente os ensinamentos deste Concílio Católico Romano ao juízo das Escrituras e dos Pais da Igreja antiga. O Exame tornou-se a resposta luterana definitiva ao Concílio de Trento, bem como uma exposição minuciosa da fé da Confissão de Augsburgo. Como teólogo e clérigo, Chemnitz foi realmente um dom de Deus para a Igreja.

ORAÇÃO DO DIA:

Senhor Deus, Pai celestial, por meio do ensino de Martin Chemnitz tu nos prepara para a vinda de teu Filho para buscar sua Noiva, a Igreja, a fim de que, com toda a congregação dos redimidos, possamos, finalmente, entrar em tua eterna festa de casamento; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House, 2008. p. 896, 897)

31/10/2015

Lutero e as divisões do mundo

Compartilho com você o artigo do amigo Edmilson Schinelo sobre o movimento da Reforma propagado por Martinho Lutero. Boa Leitura!

Ilustração publicada em: Luther und dessen Reformation : mit 15 lithographirten folio-blättern / Baron von Löwenstern. Stuttgart, 1830. Inscrição: Anfang der Reformation / Luther lässt 95 sätze gegen den ablass an die scholsskirche zu Wittenberg anschlagen den 31 octbr. 1517.
 
Lutero e as divisões do mundo

Edmilson Schinelo
1. Em busca de uma história mais verdadeira

Há 500 anos, quando a Europa fundamentalista se lançava ao mar para conquistar novas terras, escravizando e exterminando povos indígenas e negros, muitas vozes se levantaram para denunciar o mau uso da religião. Mulheres e homens fizeram surgir, sob a ação do Espírito Santo, movimentos que ajudaram a recuperar o sonho do cristianismo primitivo.

Entre todas essas vozes, uma das que mais ecoaram foi a de um monge chamado Martinho Lutero. Com toda a sua fragilidade humana, com seus erros e acertos, Lutero conseguiu mostrar à Igreja de Cristo que estava na hora de "voltar a Jesus".

O papa Adriano VI, contemporâneo de Lutero, foi capaz de ler a ação do Espírito e assim escreveu a ele:
"Sabemos que, mesmo na Santa Sé, e desde muitos anos, muitas abominações foram cometidas (...). Faremos tudo para começar a reformar a corte de Roma, da qual veio todo o mal. É dela que sairá a cura, como dela veio a doença".
Infelizmente, o sucessor de Adriano IV não teve a mesma diplomacia. Lutero também foi se acirrando em suas posições e as rupturas se acentuaram. Disputas posteriores aumentaram as rivalidades, quase nunca permitindo, nem a católicos romanos nem a luteranos, registros históricos menos tendenciosos. Para a maioria dos romanos, Lutero transformou-se no semeador da discórdia, no culpado pelo surgimento de "outras igrejas não fundadas por Jesus Cristo". Para boa parte dos protestantes, Roma e seu poderio passaram a ser encarnação da besta do Apocalipse.

A inquisição condenou à morte Joana D'Arc, em nome da fé ela foi levada à fogueira. Mais tarde, a Igreja Romana reconheceu o seu erro e elevou Joana D'Arc à honra dos altares. No caso da Reforma, as feridas foram maiores, ainda não foi possível reconhecer todos os erros, de um lado ou de outro.

Algumas afirmações, entretanto, não podem continuar sendo repetidas. Não só por faltarem com a verdade, mas por não contribuírem para a construção da tão sonhada unidade.

2. Lutero dividiu a Igreja?

No ano de 450, sob o pretexto das discussões se Jesus tinha uma natureza (era só Deus) ou duas (a divina e a humana), houve a separação da Igreja Siriana. Em 1054, a Igreja de Constantinopla e a Igreja de Roma romperam as relações, excomungaram-se mutuamente, declarando-se inimigas. Uma chaga que até hoje não se curou. Isto para falar apenas das divisões maiores.

Cristãos e cristãs, de maneira geral, por desconhecimento histórico, continuam a repetir que Lutero foi o responsável pela divisão, sem reconhecer na verdade que, profeticamente, o que fez foi trazer à tona a divisão já existente. E ainda que acontecimentos posteriores viessem a provocar novas rupturas, é importante recuperar sua intenção inicial.

Lutero não falava em separar-se da Igreja de Cristo, mas em reformá-la. Daí o nome Reforma. Chegava aos seus ouvidos os mesmo apelos proféticos que trezentos anos antes, moveram Francisco de Assis: "Reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas". E a reconstrução passa pela busca da unidade. É por isso que o próprio Lutero assim orava a Deus:
"Ó eterno e misericordioso Deus, Tu és do Deus da Paz, do amor e da unidade e não da discórdia e da confusão, que permites em teus justos julgamentos. Este mundo, ao se esquecer de Ti, tem se dividido e quebrado. Só Tu podes criar e sustentar a unidade.

(...) Concede, então, que voltemos à tua unidade e evitemos toda discórdia. E assim, sejamos de uma só vontade, um só conhecimento, uma só disposição e uma só compreensão sobre o fundamento de Jesus Cristo, nosso Senhor".
3. Lutero e a leitura da Bíblia

Também por desconhecimento, é costume ouvir, especialmente no mundo católico romano, a afirmação de que Lutero tirou sete livros da Bíblia. Isso não é verdade. Ao contrário, como grande teólogo que era, Lutero impulsionou um grande movimento de leitura e interpretação da Bíblia. A grande sede da Palavra de Deus foi diminuída não só pelas traduções que fez (o povo não sabia grego e hebraico e nem mesmo o latim), mas também pelos seus comentários exegéticos aos livros sagrados. É bom lembrar que a tradição romana proibia o manuseio da Bíblia para quem não fosse clérigo. Nem mesmo nos cursos de teologia incentiva-se o estudo da Palavra de Deus.

Lutero traduziu todos os livros, incluindo em sua edição também aqueles que não têm original em hebraico (chamados apócrifos em ambiente protestante ou deuterocanônicos no mundo católico). E não proibiu ninguém de utilizá-los.

Acontece que nem mesmo a Igreja de Roma tinha fechado a questão acerca do cânon, isso se dá apenas em Trento (1545-1577). Outros grupos reformados passarão a utilizar, como os judeus, apenas o cânon hebraico, mas isso não vem de Lutero. Dele, o que precisamos recuperar é o seu amor à Palavra de Deus.

4. Um bom conselho aos nossos governantes

Erasmo de Rotterdam, teólogo humanista muito admirado por Lutero, criticou fortemente o reformador quando este apoiou as atitudes dos príncipes alemães, que perseguiram com violência os movimentos camponeses que exigiam seus direitos. Ele estaria legitimando a opressão. Ora, o grande profeta da paz, Helder Câmara, apoiou o Golpe Militar de 1964, percebendo depois o seu erro. E ainda vemos hoje pastores e bispos apoiarem ações violentas contra os sem-terra.

Mas, se os príncipes alemães manipularam a intenção e o movimento de Lutero, é porque não ouviram sua própria voz. Certa vez, um príncipe pediu de Lutero alguns conselhos afim de que não agisse com tirania em relação a seu povo. A resposta de Lutero foi simples e, se fosse ouvida pelos governantes que se dizem donos do mundo, daria outros rumo a esse momento tão delicado de nossa história. Lutero lhe enviou como resposta um comentário ao Magnificat, com a seguinte introdução: "Se queres ser um bom governante, aprende da Virgem Maria. Ninguém como ela soube acreditar num Deus que derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes".

Façamos ecoar em nossos corações e em nossas relações o mesmo apelo! Só assim seremos capazes de reconstruir a unidade.

Edmilson Schinelo é biblista popular e assessor do CEBI. É católico romano.

28/10/2015

Festa de S. Simão e S. Judas, Apóstolos

“Cristo chamando seus primeiros discípulos” (1839) Adam Brenner (1800–1891)
Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu guias e mestres para o mundo inteiro, e “dispensadores dos mistérios divinos” (1 Co 4.1). Ordenou-lhes que brilhassem e iluminassem como archotes não só no país dos Judeus…, mas por toda a parte debaixo do sol, para os homens que habitem sobre toda a superfície da terra. É, portanto, verdadeira esta palavra de S. Paulo: “Ninguém atribui esta honra a si mesmo; recebemo-la por apelo de Deus” (Hb 5.4) …
Se ele achava que devia enviar os seus discípulos como o Pai o tinha enviado a ele (Jo 20.21), era necessário que estes, chamados a ser seus seguidores, descobrissem a que tarefa tinha o Pai enviado o Filho. Por isso nos explicou de diversas maneiras o caráter da sua própria missão. Disse um dia: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores, para que eles se convertam” (Lc 5.32). E também: “Eu desci do céu não para fazer a minha vontade mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38). E de outra vez: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para o julgar, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3.17).
Resumia em algumas palavras a função dos apóstolos, dizendo que os tinha enviado como o Pai o tinha enviado a ele: saberiam assim que lhes competia chamar os pecadores a se converterem, cuidar dos doentes, corporal e espiritualmente; nas suas funções de dispensadores, não procurar de modo algum fazer a sua própria vontade mas a vontade daquele que os tinha enviado; a fim de salvarem o mundo na medida em que ele aceitar os ensinamentos do Senhor.

-- São Cirilo de Alexandria (380-444), pastor e confessor (Comentários sobre o evangelho de João)

Evangelho do Dia – Festa de São Simão e São Judas

Martírio de Simão (esquerda) e Judas (direita) em gravura de Hendrik Goltzius​ (1558–1617) no seu Zyklus der Apostel-Martyrien (1577-1582). Inscrição latina: Hic summo adsurgunt celo duo lumina, pacis / Semina qui iaciunt peregrinum leta per orbem, // Sed cum Idola facris expellunt impia templis / Occumbunt gladijs velut agni, et sijndera scandut.

Evangelho segundo S. João 15. (12-16) 17-21

17 Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
18 Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim.
19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.
20 Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.
21 Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou.

- Bíblia Sagrada J. F. de Almeida Revista e Atualizada (SBB)

Festa de São Simão e São Judas, Apóstolos – 28 de outubro

Nas listas dos doze apóstolos (Mt 10.2-4, Mc 3.16-19, Lc 6.14-16, At 1.13), a décima e décima primeira posição são ocupadas por Simão, o Zelote (ou “Cananeu”) e Judas (não o Iscariotes, mas “de Tiago”), que era possivelmente também conhecido como Tadeu. De acordo com a tradição cristã primitiva, Simão e Judas viajaram juntos como missionários para a Pérsia, onde foram martirizados. De uma certa forma, esta é a provável razão para estes dois apóstolos serem comemorados no mesmo dia.

São Simão (1611) de Peter Paul Rubens (1577–1640)
 Simão não é mencionado no Novo Testamento a não ser nas listas dos doze apóstolos. Consequentemente, ele é lembrado e honrado por causa de seu ofício, e assim apresenta-se diante de nós em nome e lugar de Cristo Jesus, nosso Senhor – na eternidade, assim como em sua vida e ministério terreno. Rendemos graças a Deus pelo chamado e envio de Simão, juntamente com Judas e todos os apóstolos, para pregar e ensinar o Santo Evangelho, proclamar o arrependimento e o perdão, e batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Jo 4.1-2; Mt 10; 28.16-20; Lc 24.46-49).

São Judas (c. 1609/10) de José de Ribera (1591–1652)
Judas aparece no Evangelho de João (14.22) na noite da traição de nosso Senhor e no início de sua Paixão, perguntando a Jesus por que razão ele deveria se manifestar aos discípulos e não ao mundo. A resposta que Jesus dá a esta pergunta é a ênfase pertinente para este dia festivo: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23). Seguramente, tanto Judas quanto Simão exemplificaram, na vida e na morte, seu amor por Jesus e sua fé na Palavra. Nós não apenas somos assim fortalecidos em nossa fé e vida cristã com o exemplo deles, mas somos, acima de tudo, encorajados pela fidelidade do Senhor em manter sua promessa de levá-los para fazer morada junto dele no céu. Lá eles vivem com Ele para sempre, onde devemos nos juntar a eles algum dia.

Cor litúrgica: Vermelha

LEITURAS:


† Antigo Testamento: Jeremias 26.1-16
† Salmo: Salmo 43 (antífona vers. 5b)
† Epístola: 1 Pedro 1.3-9
† Santo Evangelho: S. João 15. (12-16) 17-21


ORAÇÃO DO DIA:

Todo-poderoso Deus, tu escolheste os teus servos Simão e Judas para serem enumerados na gloriosa companhia dos apóstolos. Assim como eles foram fiéis e zelosos em sua missão, assim também possamos nós, com ardente devoção, tornar conhecido o amor e a misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.
Fonte: Treasury of Daily Prayer (St. Louis: Concordia Publishing House​, 2008. p. 857)