14/06/2014

O Credo Atanasiano

O Credo Atanasiano, também conhecido como Quicumque Vult (seu início em latim), é um dos três grandes credos ecumênicos da igreja cristã. Lutero o considerou "a maior produção da igreja desde os tempos dos apóstolos". Seu valor está em apresentar claramente os atributos divinos de cada uma das pessoas da Santíssima Trindade e testemunhar a fé na perfeita igualdade das três pessoas. É apropriado como Confissão de Fé para a Festa da Santíssima Trindade.

O CREDO ATANASIANO
A Confissão Cristã da Santíssima Trindade

Logo no início do século IV surgiu um novo ensinamento que afirmava que Jesus não era Deus verdadeiro. Ário, um pastor do norte da África que propôs esta teoria, foi extremamente persuasivo, e logo a polêmica estava tão difundida que um concílio da igreja foi chamado para resolver a questão. Como resultado dessa reunião, em 325 d. C., surgiu o Credo Niceno, que confessa claramente que Jesus é verdadeiro Deus. Esse Credo, que foi ampliada em 381 d.C., a fim de defender a divindade do Espírito Santo, ainda é muito utilizado hoje como uma confissão da fé trinitária.
Apesar da clareza do Credo de Niceia, a controvérsia continuou por algum tempo. Perto do final do século V, um outro credo foi escrito que expunha maravilhosamente o mistério da Trindade de uma forma que nenhum outro credo havia feito. Embora atribuído a Atanásio, um oponente de Ário no século IV, este credo anônimo surgiu claramente numa fase posterior do debate.
O Credo de Atanásio proclama que os seus ensinamentos sobre a Santíssima Trindade e a encarnação de nosso Senhor são a fé católica (universal, cristã). Em outras palavras, que é isso que a verdadeira igreja de todos os tempos e todos os lugares confessa. Passados mais de quinze séculos, a igreja continua a confessar essa verdade, confiante que o Deus triúno, Pai, Filho, e Espírito Santo, se entregou para a nossa salvação.

  1. Aquele que quiser ser salvo, antes de tudo deverá ter a verdadeira fé cristã*.
  2. Aquele que não a conservar em sua totalidade e pureza, sem dúvida perecerá eternamente.
  3. E a verdadeira fé cristã* é esta,
  4. que honremos um único Deus na Trindade e a Trindade na Unidade, não confundido as pessoas nem dividindo a sustância divina.
  5. Pois uma é a pessoa do pessoa do Pai, outra a do Filho e outra a do Espírito Santo;
  6. mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um único Deus, iguais em glória e majestade eterna.
  7. Qual o Pai, tal o Filho, tal o Espírito Santo.
  8. O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado.
  9. O Pai é incomensurável, o Filho é incomensurável, o Espírito Santo é incomensurável.
  10. O Pai é eterno, O Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
  11. Contudo, não são três Eternos, mas um único Eterno.
  12. Do mesmo modo, não três Incriados, nem três Incomensuráveis, mas um único Incriado e um único incomensurável.
  13. Da mesma maneira, o Pai é todo-poderoso, o Filho é todo-poderoso, o Espírito Santo é todo-poderoso;
  14. contudo, não são três Todo-poderosos, mas um único Todo-poderoso.
  15. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus;
  16. todavia, não são três Deuses, mas um único Deus.
  17. Deste modo, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor;
  18. entretanto, não são três Senhores, mas um único Senhor.
  19. Visto que, segundo a verdade cristã, nos importa confessar cada pessoa por sua vez como sendo Deus e Senhor, é-nos proibido pela fé cristã* dizer que há três Deus e três Senhores.
  20. O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem gerado.
  21. O Filho provém apenas do Pai, não foi feito, nem criado, mas gerado.
  22. O Espírito Santo não foi feito,nem criado, nem gerado pelo Pai pelo Filho, mas deles procede.
  23. Logo, é um único Pai, não são três Pais; um único Filho, não três Filhos; um único Espírito Santo, não três Espíritos Santos.
  24. E nesta Trindade nenhuma pessoa é anterior ou posterior, nenhuma maior ou menor.
  25. mas todas as três pessoas são coeterna e iguais entre si; de modo que, como foi dito, em tudo seja honrada a Trindade na Unidade e a Unidade na Trindade.
  26. Portanto, quem quiser ser salvo, deverá pensar assim da Trindade.
  27. Entretanto, é necessário para a salvação eterna crer também fielmente na humanação de nosso Senhor Jesus Cristo.
  28. Esta é, portanto, a fé verdadeira: crermos e confessarmos que nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, é Deus e Homem.
  29. É Deus da substância do Pai, gerado antes dos tempos, e Homem da substância de sua mãe, nascido no tempo;
  30. Deus perfeito e Homem perfeito, subsistindo em alma racional e carne humana.
  31. Igual ao Pai segundo a divindade e menor do que o Pai segundo a sua humanidade.
  32. Ainda que é Deus e Homem, nem por isso são dois, mas um único Cristo.
  33. Um só, não pela transformação da divindade em humanidade, mas mediante a recepção da humanidade na divindade.
  34. É, de fato, um só, não pela fusão das duas substâncias, mas por unidade de pessoa.
  35. Pois, assim como corpo e alma racional constituem um único homem, Deus e homem é um único Cristo,
  36. o qual padeceu pela nossa salvação, desceu ao inferno, no terceiro dia ressuscitou dos mortos.
  37. Subiu ao céu, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
  38. E quando vier, todos os homens hão de ressuscitar com os seus corpos e dar contas de seus próprios atos,
  39. e aqueles que fizeram o bem irão para a vida eterna, mas aqueles que fizeram o mal, para o fogo eterno.
  40. Esta é a verdadeira fé cristã*. Aquele que não crer com firmeza e fidelidade, não poderá ser salvo.
* Cristã: o texto antigo diz “católica”, que significa toda a Igreja que confessa a totalidade da doutrina cristã. 

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